‘Depois da leitura da carta de 1977, fizemos o pendura’, conta procurador de Justiça


Alunos de 1977, hoje procuradores, magistrados e advogados voltaram ao pátio da Faculdade de Direito do Largo São Francisco para a defesa do Estado Democrático de Direito

Por Marcelo Godoy
Atualização:

O grupo era formado em sua maioria por alunos do terceiro e do quarto ano da Faculdade de Direito do Largo São Francisco quando a Carta aos Brasileiros foi lida pelo professor Goffredo da Silva Telles Júnior no pátio do histórico prédio que abriga um dos mais antigos cursos de Direito do Brasil. Os jovens que em 1977 estavam na noite de 11 de agosto escutando o professor voltaram a se encontrar no mesmo lugar na manhã desta quinta-feira, 11, 45 anos anos depois, para a leitura de novo documento. “Depois da leitura da carta de 1977, saímos daqui e fizemos o pendura, menos o (Luiz Antonio) Marrey”, contou o procurador de Justiça aposentado e hoje advogado Marco Vinício Petrelluzzi.

A leitura da carta em defesa da democracia na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, em São Paulo Foto: Felipe Rau/Estadão
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Ao lado de Petrelluzzi, então aluno do 3º ano, estava Marrey, um dos articuladores do novo manifesto, o Estado de Direito Sempre!, que era aluno do 4.º ano. “É triste voltar aqui 45 anos depois pelo mesmo motivo”, afirmou Petrelluzzi. Ele e seus amigos comentavam que ninguém entre eles pensava que o manifesto fosse tomar a proporção que ganhou, com quase 1 milhão de adesões. “Não supúnhamos que fosse virar algo desse tamanho. Começamos com 300 assinaturas e foi crescendo no boca a boca”, contou. Marrey confirmou o que dizia colega de Ministério Público de São Paulo.

Por três vezes procurador-geral de Justiça, ex-secretário de Justiça (gestão José Serra) e da Casa Civil (gestão Alberto Goldman), Marrey contou que a medida que as adesões aumentaram rapidamente foi necessário criar um site para recolher novas assinaturas. “As pessoas estavam procurando algo para fazer, para reagir , o apoio foi se ampliando. Não encontrei ninguém que não se dispusesse assinar e procurar seus amigos para obter novas assinaturas”, afirmou. As primeiras 300 assinaturas demoraram um semana para serem reunidas, mas depois a velocidade aumento exponencialmente. “Foi como fogo em campo seco”, disse.

O juiz federal Ricardo Nascimento durante a leitura no pátio da Faculdade de Direito da USP Foto: Marcelo Godoy/Estadão
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Marrey, assim como Petrelluzzi estava em 1977 na faculdade. Perto deles, observava a conversa o subprocurador-geral da República Mario Bonsaglia. Recém-chegado de Avaré, onde estudara até o ensino médio, Bonsaglia estava no primeiro ano do curso quando testemunhou o ato feito por Goffredo. “Eu sabia pouco de política, além do que havia aprendido nas aulas de Educação Moral e Cívica. Vi a leitura da primeira carta e não podia deixar de vir para testemunhar sua segunda edição”, afirmou. O subprocurador-geral lembrou que, desta vez, a cavalaria da Polícia Militar, que estava na praça em frente a faculdade, fora convocada para proteger o ato enquanto em 1977 ela estivera ali porque resistir à ditadura dava cadeia.

Atrás de Bonsaglia estava o procurador Roberto Livianu, do Instituto Não Aceito Corrupção, que esperava que a leitura do documento provocasse os efeitos políticos necessários para a preservação da democracia no País. “Não há ligação político-partidária. É a cidadania viva.” A iniciativa de que todos tratavam começou quando o juiz federal Ricardo Nascimento decidiu que era chegado o momento de reeditar a carta de 1977. Outro ex-aluno da faculdade, o magistrado procurou os amigos até chegar ao grupo de Marrey. “Aproveitamos a rede de ex-alunos da São Francisco. Fixamos que a carta tinha de ser suprapartidária e fomos atrás dos alunos de 1977 com a primeira versão.”

O desembargador aposentado Luciano Ferreira Leite, no pátio da Faculdade de Direito do Largo São Francisco durante a leitura do manifesto Foto: Marcelo Godoy/ESTADÃO
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Nascimento circulava pelo pátio que ontem abrigava a aposentada maria Ivonete, de 89 anos, sentada em um dos bancos laterais embaixo das arcadas da faculdade. Em 1977, ela – então estudante de direito da Pontifício Universidade Católica (PUC), de São Paulo – assistiu à leitura da carta de Goffredo e saiu ontem cedo de casa para poder assistir ao novo ato. Perto dela estava o desembargador aposentado Luciano Ferreira Leite, do tribunal de Justiça de São Paulo. Ferreira Leite assessorou a comissão de sistematização durante a Assembleia Nacional Constituinte que fez a Carta de 1988, como representante da Associação paulista de Magistrados (Apamagis). Ex-aluno da faculdade – formou-se em 1958 – Ferreira Leite. “O pessoal da minha turma não sai mais de casa, mas eu achei importante estar aqui.”

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Leitura da carta em defesa da democracia foi transmitida em um telão no Largo São Francisco

O grupo era formado em sua maioria por alunos do terceiro e do quarto ano da Faculdade de Direito do Largo São Francisco quando a Carta aos Brasileiros foi lida pelo professor Goffredo da Silva Telles Júnior no pátio do histórico prédio que abriga um dos mais antigos cursos de Direito do Brasil. Os jovens que em 1977 estavam na noite de 11 de agosto escutando o professor voltaram a se encontrar no mesmo lugar na manhã desta quinta-feira, 11, 45 anos anos depois, para a leitura de novo documento. “Depois da leitura da carta de 1977, saímos daqui e fizemos o pendura, menos o (Luiz Antonio) Marrey”, contou o procurador de Justiça aposentado e hoje advogado Marco Vinício Petrelluzzi.

A leitura da carta em defesa da democracia na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, em São Paulo Foto: Felipe Rau/Estadão

Ao lado de Petrelluzzi, então aluno do 3º ano, estava Marrey, um dos articuladores do novo manifesto, o Estado de Direito Sempre!, que era aluno do 4.º ano. “É triste voltar aqui 45 anos depois pelo mesmo motivo”, afirmou Petrelluzzi. Ele e seus amigos comentavam que ninguém entre eles pensava que o manifesto fosse tomar a proporção que ganhou, com quase 1 milhão de adesões. “Não supúnhamos que fosse virar algo desse tamanho. Começamos com 300 assinaturas e foi crescendo no boca a boca”, contou. Marrey confirmou o que dizia colega de Ministério Público de São Paulo.

Por três vezes procurador-geral de Justiça, ex-secretário de Justiça (gestão José Serra) e da Casa Civil (gestão Alberto Goldman), Marrey contou que a medida que as adesões aumentaram rapidamente foi necessário criar um site para recolher novas assinaturas. “As pessoas estavam procurando algo para fazer, para reagir , o apoio foi se ampliando. Não encontrei ninguém que não se dispusesse assinar e procurar seus amigos para obter novas assinaturas”, afirmou. As primeiras 300 assinaturas demoraram um semana para serem reunidas, mas depois a velocidade aumento exponencialmente. “Foi como fogo em campo seco”, disse.

O juiz federal Ricardo Nascimento durante a leitura no pátio da Faculdade de Direito da USP Foto: Marcelo Godoy/Estadão

Marrey, assim como Petrelluzzi estava em 1977 na faculdade. Perto deles, observava a conversa o subprocurador-geral da República Mario Bonsaglia. Recém-chegado de Avaré, onde estudara até o ensino médio, Bonsaglia estava no primeiro ano do curso quando testemunhou o ato feito por Goffredo. “Eu sabia pouco de política, além do que havia aprendido nas aulas de Educação Moral e Cívica. Vi a leitura da primeira carta e não podia deixar de vir para testemunhar sua segunda edição”, afirmou. O subprocurador-geral lembrou que, desta vez, a cavalaria da Polícia Militar, que estava na praça em frente a faculdade, fora convocada para proteger o ato enquanto em 1977 ela estivera ali porque resistir à ditadura dava cadeia.

Atrás de Bonsaglia estava o procurador Roberto Livianu, do Instituto Não Aceito Corrupção, que esperava que a leitura do documento provocasse os efeitos políticos necessários para a preservação da democracia no País. “Não há ligação político-partidária. É a cidadania viva.” A iniciativa de que todos tratavam começou quando o juiz federal Ricardo Nascimento decidiu que era chegado o momento de reeditar a carta de 1977. Outro ex-aluno da faculdade, o magistrado procurou os amigos até chegar ao grupo de Marrey. “Aproveitamos a rede de ex-alunos da São Francisco. Fixamos que a carta tinha de ser suprapartidária e fomos atrás dos alunos de 1977 com a primeira versão.”

O desembargador aposentado Luciano Ferreira Leite, no pátio da Faculdade de Direito do Largo São Francisco durante a leitura do manifesto Foto: Marcelo Godoy/ESTADÃO

Nascimento circulava pelo pátio que ontem abrigava a aposentada maria Ivonete, de 89 anos, sentada em um dos bancos laterais embaixo das arcadas da faculdade. Em 1977, ela – então estudante de direito da Pontifício Universidade Católica (PUC), de São Paulo – assistiu à leitura da carta de Goffredo e saiu ontem cedo de casa para poder assistir ao novo ato. Perto dela estava o desembargador aposentado Luciano Ferreira Leite, do tribunal de Justiça de São Paulo. Ferreira Leite assessorou a comissão de sistematização durante a Assembleia Nacional Constituinte que fez a Carta de 1988, como representante da Associação paulista de Magistrados (Apamagis). Ex-aluno da faculdade – formou-se em 1958 – Ferreira Leite. “O pessoal da minha turma não sai mais de casa, mas eu achei importante estar aqui.”

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Leitura da carta em defesa da democracia foi transmitida em um telão no Largo São Francisco

O grupo era formado em sua maioria por alunos do terceiro e do quarto ano da Faculdade de Direito do Largo São Francisco quando a Carta aos Brasileiros foi lida pelo professor Goffredo da Silva Telles Júnior no pátio do histórico prédio que abriga um dos mais antigos cursos de Direito do Brasil. Os jovens que em 1977 estavam na noite de 11 de agosto escutando o professor voltaram a se encontrar no mesmo lugar na manhã desta quinta-feira, 11, 45 anos anos depois, para a leitura de novo documento. “Depois da leitura da carta de 1977, saímos daqui e fizemos o pendura, menos o (Luiz Antonio) Marrey”, contou o procurador de Justiça aposentado e hoje advogado Marco Vinício Petrelluzzi.

A leitura da carta em defesa da democracia na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, em São Paulo Foto: Felipe Rau/Estadão

Ao lado de Petrelluzzi, então aluno do 3º ano, estava Marrey, um dos articuladores do novo manifesto, o Estado de Direito Sempre!, que era aluno do 4.º ano. “É triste voltar aqui 45 anos depois pelo mesmo motivo”, afirmou Petrelluzzi. Ele e seus amigos comentavam que ninguém entre eles pensava que o manifesto fosse tomar a proporção que ganhou, com quase 1 milhão de adesões. “Não supúnhamos que fosse virar algo desse tamanho. Começamos com 300 assinaturas e foi crescendo no boca a boca”, contou. Marrey confirmou o que dizia colega de Ministério Público de São Paulo.

Por três vezes procurador-geral de Justiça, ex-secretário de Justiça (gestão José Serra) e da Casa Civil (gestão Alberto Goldman), Marrey contou que a medida que as adesões aumentaram rapidamente foi necessário criar um site para recolher novas assinaturas. “As pessoas estavam procurando algo para fazer, para reagir , o apoio foi se ampliando. Não encontrei ninguém que não se dispusesse assinar e procurar seus amigos para obter novas assinaturas”, afirmou. As primeiras 300 assinaturas demoraram um semana para serem reunidas, mas depois a velocidade aumento exponencialmente. “Foi como fogo em campo seco”, disse.

O juiz federal Ricardo Nascimento durante a leitura no pátio da Faculdade de Direito da USP Foto: Marcelo Godoy/Estadão

Marrey, assim como Petrelluzzi estava em 1977 na faculdade. Perto deles, observava a conversa o subprocurador-geral da República Mario Bonsaglia. Recém-chegado de Avaré, onde estudara até o ensino médio, Bonsaglia estava no primeiro ano do curso quando testemunhou o ato feito por Goffredo. “Eu sabia pouco de política, além do que havia aprendido nas aulas de Educação Moral e Cívica. Vi a leitura da primeira carta e não podia deixar de vir para testemunhar sua segunda edição”, afirmou. O subprocurador-geral lembrou que, desta vez, a cavalaria da Polícia Militar, que estava na praça em frente a faculdade, fora convocada para proteger o ato enquanto em 1977 ela estivera ali porque resistir à ditadura dava cadeia.

Atrás de Bonsaglia estava o procurador Roberto Livianu, do Instituto Não Aceito Corrupção, que esperava que a leitura do documento provocasse os efeitos políticos necessários para a preservação da democracia no País. “Não há ligação político-partidária. É a cidadania viva.” A iniciativa de que todos tratavam começou quando o juiz federal Ricardo Nascimento decidiu que era chegado o momento de reeditar a carta de 1977. Outro ex-aluno da faculdade, o magistrado procurou os amigos até chegar ao grupo de Marrey. “Aproveitamos a rede de ex-alunos da São Francisco. Fixamos que a carta tinha de ser suprapartidária e fomos atrás dos alunos de 1977 com a primeira versão.”

O desembargador aposentado Luciano Ferreira Leite, no pátio da Faculdade de Direito do Largo São Francisco durante a leitura do manifesto Foto: Marcelo Godoy/ESTADÃO

Nascimento circulava pelo pátio que ontem abrigava a aposentada maria Ivonete, de 89 anos, sentada em um dos bancos laterais embaixo das arcadas da faculdade. Em 1977, ela – então estudante de direito da Pontifício Universidade Católica (PUC), de São Paulo – assistiu à leitura da carta de Goffredo e saiu ontem cedo de casa para poder assistir ao novo ato. Perto dela estava o desembargador aposentado Luciano Ferreira Leite, do tribunal de Justiça de São Paulo. Ferreira Leite assessorou a comissão de sistematização durante a Assembleia Nacional Constituinte que fez a Carta de 1988, como representante da Associação paulista de Magistrados (Apamagis). Ex-aluno da faculdade – formou-se em 1958 – Ferreira Leite. “O pessoal da minha turma não sai mais de casa, mas eu achei importante estar aqui.”

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