A deputada federal Carol Dartora (PT-PR) denunciou uma atividade com apologia ao nazismo numa escola estadual de Arapongas, no Paraná. As imagens compartilhadas pela parlamentar nas redes sociais neste domingo, 8, mostram alunos ao lado de um boneco com o bigode em referência ao ditador Adolf Hitler, além de faixas vermelhas com a suástica pregadas nas paredes. A Secretaria de Educação do Paraná afirmou que está apurando o caso.
As fotos foram publicadas, originalmente, pelo perfil do Colégio Marques Caravelas na sexta-feira, 6, e apagadas horas depois. A descrição menciona que a atividade era parte de um projeto dos alunos do 3º do ensino médio sobre a Segunda Guerra Mundial. Segundo o texto, os estudantes também entrevistaram a filha de um soldado nazista, moradora de Rôlandia (PR).
“A senhora entrevistada é Relinda Kronemberg, nasceu em 1934 e com oito anos voltou para a Alemanha. O seu pai era nazista e queria lutar pelo país”, dizia a publicação, que foi deletada posteriormente.
O colégio ainda parabenizou a realização do evento e a iniciativa da professora responsável pela atividade na publicação. Além disso, classificou a conversa com a senhora como uma “belíssima e forte experiência”, que “certamente irá tocar os corações de todos que assistirem a entrevista”.
A publicação do colégio foi curtida pelo Núcleo Regional de Educação de Apucarana, braço da Secretaria de Educação do Estado na região.
Ao Estadão, a deputada Carol ressaltou que esse não é um caso isolado. “Há poucos meses, tivemos a deflagração de uma operação que fez busca e apreensão em diversas cidades dos Estados da região sul. Nesse cenário, é dever do campo democrático estar vigilante para qualquer ação ou discurso que possa fazer um regime nazista parecer justificável”, disse.
A parlamentar ainda afirmou que, nas postagens, havia comentários de alunos que não entenderam a gravidade da situação. “É dever do governo do Estado e de toda a sociedade não deixar essa deturpação acontecer.”
A imagem da suástica foi apropriada como símbolo do Partido Nazista, de Hitler, durante a Segunda Guerra, o que favoreceu a expansão do desenho no Ocidente. O símbolo, então, passou a ser associado ao fascismo e à supremacia branca, ideias defendidas pelo ditador alemão.
A associação dos temas ao desenho se dá, principalmente, pelo episódio que marcou tanto a história da Alemanha quanto do mundo: o Holocausto, em que um assassinato em massa de cerca de seis milhões de judeus foi promovido pelo estado alemão durante a guerra, por meio de um programa sistemático de extermínio étnico.
No Brasil, a apologia ao nazismo é considerada crime, segundo a Lei do Racismo (7.716/1989). “Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”, afirma a legislação que prevê pena de reclusão de um a três anos, além de multa.
Secretaria de Educação apura o episódio
Em nota, a Secretaria de Educação do Paraná afirmou que está apurando o caso. “A Seed-PR reforça que a apologia a quaisquer doutrinas, partidos, ideologias e demais referências ao nazismo são veementemente intoleradas em qualquer escola da rede estadual, sendo a situação relatada em Arapongas encarada com extrema gravidade. A Secretaria instaurou procedimento de averiguação urgente e voltará a se manifestar assim que o levantamento for concluído”, disse.