Eles pediram votos, prometeram ‘mudar o Congresso’ e agora querem deixar o mandato; entenda


Levantamento do ‘Estadão’ aponta que 18 deputados em primeiro mandato são pré-candidatos a prefeito nas capitais; disputa nas principais cidades deve ter 38 membros da Câmara

Por Julia Affonso e Vinícius Valfré
Atualização:

BRASÍLIA - Com apenas oito meses de trabalho na Câmara, deputados recém-chegados ao Legislativo federal já dedicam tempo, energia e sola de sapato à próxima disputa eleitoral. Emendar uma eleição na outra está no radar de 18 deputados que mal assumiram o mandato de deputado federal e já cogitam abandonar o cargo e suas promessas de campanha para disputar uma vaga de prefeito.

Os estreantes são quase metade dos 38 deputados identificados pelo Estadão como pré-candidatos em 20 capitais do País. Eles negam que a movimentação pré-eleitoral prejudique o exercício da função para a qual pediram votos e dinheiro público em 2022. Dos 18 pré-candidatos para o ano que vem, 15 usaram R$ 17,9 milhões do Fundão Eleitoral no ano passado.

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A exposição e a estrutura do cargo de deputado ajudam nas chances de vitória nos municípios. E em caso de derrota, não há nenhum prejuízo ao mandato a ser administrado.

O candidato Guilherme Boulos durante a eleição pela Prefeitura de São Paulo em 2020 Foto: Felipe Rau/Estadão
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Na última eleição, o então candidato Guilherme Boulos (PSOL-SP) dizia que precisava fazer no Congresso a mesma militância que realizava em favor do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “Quero ser deputado para fazer esse enfrentamento lá, no espaço de poder”, disse, em um vídeo de campanha.

Além do pleito por moradias populares, Boulos também pedia votos dizendo que queria vir a Brasília lutar contra um “Congresso vendido”. “Você sabe por que eu quero ser deputado? Porque nunca o Congresso Nacional teve tanta importância como tem hoje”, frisava. Nos primeiros meses de mandato, apresentou 18 projetos de lei e três propostas para alterar a Constituição.

Mas já no primeiro ano do mandato que conquistou como o mais votado de São Paulo, ele se articula, com agendas públicas e privadas, para tentar virar prefeito da capital paulista. No início de agosto, seis meses após tomar posse na Câmara e dez meses depois da vitória nas urnas, Boulos foi a estrela de um evento no qual o PT anunciou o apoio a ele nas eleições de 2024. Boulos pretende ser o principal rival do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

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A deputada delegada Adriana Accorsi (PT-GO) é pré-candidata à Prefeitura de Goiânia, após ficar em 3º lugar em 2020. No ano passado, a então deputada estadual organizou uma “vaquinha” para chegar à Câmara e convocou seus eleitores para uma “caminhada pela justiça social, para reconstruir o Brasil”.

“Estamos começando nossa vaquinha eleitoral. Quero contar com a sua contribuição para minha pré-candidatura a deputada federal”, afirmou em vídeo publicado nas redes sociais.

Accorsi recebeu um total de R$ 1,1 milhão em recursos durante a corrida eleitoral de 2022. Do total, 94% saíram do Fundo Eleitoral de Campanha - verba pública usada pelos partidos para bancar as campanhas dos candidatos. A deputada arrecadou R$ 26,2 mil na “vaquinha”, segundo a prestação de contas apresentada ao TSE.

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Em outra publicação nas redes sociais, Accorsi disse que levaria ao Congresso uma “incansável luta por nossas mulheres e meninas”. Durante a campanha, a delegada chegou a participar de um debate sobre a necessidade de haver mais mulheres na política. Se for eleita prefeita de Goiânia, a deputada deverá ser substituída por um parlamentar homem. Ela apresentou 13 projetos de lei e uma Proposta de Emenda à Constituição - nenhuma aprovada pela Casa Legislativa até agora.

O advogado Marcos Pollon discursava em manifestação a favor de Jair Bolsonaro, em 2020. Em 2022, foi eleito deputado federal com o apoio do então presidente. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem ao menos seis parlamentares em primeiro mandato cotados para disputar prefeituras das capitais. Mais votado do Mato Grosso do Sul, Marcos Pollon (PL) fez a campanha à Câmara totalmente atrelado à pauta armamentista, em especial em defesa dos CACs (Colecionadores de armas de fogo, Atiradores esportivos e Caçadores).

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Ele dizia querer representar o segmento em Brasília para trabalhar uma legislação que facilitasse o acesso a armas de fogo. “A legislação precisa ser cristalina em favor da pauta armamentista, pois infelizmente os desarmamentistas buscam brechas nas interpretações judiciais para promover o controle do acesso às armas”, afirmou. “Somente com legisladores convictos conseguiremos mudar essa realidade.”

Deputados e deputadas em primeiro mandato são cotados para disputar prefeituras das capitais em 2024. Da esq. para dir.: Guilherme Boulos, Sargento Gonçalves, Ricardo Ayres, Marcos Pollon, Adriana Accorsi, Abílio Brunini, Duarte Junior e Tarcisio Motta Foto: Páginas oficiais da Câmara dos Deputados

Agora, ele tenta se viabilizar como o candidato da direita na disputa pela prefeitura de Campo Grande (MS). Se eleito prefeito, Pollon não terá atribuição constitucional de alterar ou criar leis pró-armas.

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É a mesma situação do colega de Câmara e de partido, deputado Sargento Gonçalves (PL-RN). Durante a campanha para a Câmara, Gonçalves disse que era uma “necessidade urgente” ter representantes em Brasília comprometidos com a pauta armamentista. Menos de um ano depois, o político já se colocou à disposição do partido para concorrer a prefeito de Natal (RN).

Deputada mira terceira eleição seguida

A deputada Duda Salabert (PDT-MG) quer ser prefeita de Belo Horizonte. Se o nome dela realmente estiver nas urnas em 2024, ela terá disputado três eleições em cinco anos. Eleita vereadora em 2020, largou o mandato pela metade para concorrer a uma vaga de deputada, uma vitória que representou a primeira de uma mulher trans de Minas Gerais.

“Sou professora há 20 anos. Quero usar minha experiência de sala de aula no Congresso Nacional para combater a evasão escolar no Brasil”, disse, em um vídeo eleitoral. Meses depois da posse em Brasília, já pensa na disputa municipal do ano que vem. Ela não ainda não se confirma como pré-candidata, mas diz não estar disposta a deixar Belo Horizonte “entregue à ultradireita”.

Ex-governador do Paraná e ex-prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB-PR) mirou uma vaga na Câmara, em 2022, como uma espécie de “reabilitação política”. Chamuscado por operações policiais e acusações de corrupção, perdeu a primeira eleição em quase duas décadas quando tentou uma cadeira no Senado em 2018.

A decisão de concorrer a uma vaga na Câmara era uma tentativa de se reerguer. “Não posso deixar que a biografia da minha família seja interrompida da maneira dramática e injusta como foi. Então, eu penso em pelo menos um mandato que seja”, disse, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, em março de 2022. Após voltar a ter um mandato, já é lembrado como pré-candidato à prefeitura de Curitiba.

O TSE estima que 152 milhões de eleitores irão às urnas para eleger prefeitos e vereadores em 2024. O primeiro turno ocorrerá em 6 de outubro do ano que vem.

Quem são os deputados pré-candidatos nas capitais

Belo Horizonte (MG): Duda Salabert (PDT, 1º mandato), Pedro Aihara (Patriota, 1º mandato) e Rogério Corrêa (PT)

Boa Vista (RR): Nicoletti (União Brasil) e Zé Haroldo Cathedral (PSD, 1º mandato)

Campo Grande (MS): Marcos Pollon (PL, 1º mandato) e Beto Pereira (PSDB)

Cuiabá (MT): Abílio Brunini (PL, 1º mandato)

Curitiba (PR): Beto Richa (PSDB, 1º mandato), Carol Dartora (PT, 1º mandato) e Luciano Ducci (PSB)

Fortaleza (CE): André Fernandes (PL, 1º mandato)

Goiânia (GO): Gustavo Gayer (PL, 1º mandato) e Adriana Accorsi (PT, 1º mandato)

João Pessoa (PB): Ruy Carneiro (Podemos)

Manaus (AM): Amom Mandel (Cidadania, 1º mandato)

Natal (RN): General Girão (PL), Natália Bonavides (PT) e Sargento Gonçalves (PL, 1º mandato)

Palmas (TO): Eli Borges (PL), Ricardo Ayres (Republicanos, 1º mandato) e Filipe Martins (PL)

Porto Alegre (RS): Fernanda Melchionna (PSOL) e Maria do Rosário (PT)

Porto Velho (RO): Fernando Máximo (União Brasil, 1º mandato)

Recife (PE): Tulio Gadelha (Rede)

Rio Branco (AC): Antônia Lucia (Republicanos)

Rio de Janeiro (RJ): Tarcísio Motta (PSOL, 1º mandato), Alexandre Ramagem (PL, 1ºmandato), Otoni de Paula (MDB) e Dr. Luizinho (PP)

Salvador (BA): Sargento Isidoro (Avante)

São Luís (MA): Duarte Júnior (PSB, 1º mandato)

São Paulo (SP): Guilherme Boulos (PSOL, 1º mandato), Tábata Amaral (PSB) e Kim Kataguiri (União Brasil)

Teresina (PI): Marcos Aurélio Sampaio (PSD)

O que dizem os deputados de primeiro mandato

Todos os 18 deputados foram procurados pela reportagem.

O deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) afirmou que a articulação da campanha não prejudica os trabalhos na Câmara e que ele “está trabalhando ativamente em seu mandato legislativo”. “Prova disso é que o deputado aprovou 2 projetos de lei (PL das Cozinhas Solidárias e PL do Consignado) em menos de seis meses. Além disso, Boulos participa de cinco comissões permanentes da Câmara e é relator de mais de 20 projetos”, disse.

A equipe do deputado também registrou que Boulos foi o segundo colocado na disputa pela prefeitura de São Paulo em 2020, então, “é natural” que haja expectativa para sua candidatura. “O deputado se elegeu para representar seus eleitores e assim o está fazendo, como mostra a atuação legislativa”, informou.

Pedro Aihara (Patriota-MG) declarou que ainda não existe decisão sobre uma nova candidatura, que não concorreu em 2022 pensando em 2024 e que está focado em “exercer o mandato de deputado federal da melhor forma possível”. “Se eu entender que posso servir ainda mais na cadeira de prefeito, posso me candidatar. Mas se entender que é mais pertinente permanecer no lugar onde estou, não tenho problema nem vaidade nenhuma em fazer isso”, disse.

O deputado Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR) informou que “sua atual prioridade é cumprir o mandato de quatro anos na Câmara dos Deputados”. O parlamentar declarou ao Estadão que “não tem pretensão de concorrer à eleição para prefeito da cidade de Boa Vista”. O nome dele foi citado pelo governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), como um dos concorrentes para o ano que vem.

“Neste momento, o meu compromisso e foco estão firmemente direcionados para outras áreas de atuação e responsabilidades, que se estendem além da esfera municipal. Portanto, reafirmo que seguirei trabalhando no legislativo federal, em busca de soluções que atendam aos anseios da população do estado de Roraima e do Brasil, " disse.

O deputado Amom Mandel (Cidadania-AM) afirmou que só existem especulações sobre uma nova candidatura e que ele não faz articulações com vistas a uma pré-campanha à prefeitura de Manaus.

“As articulações políticas existentes dizem respeito apenas ao mandato e ao ativismo político praticado desde antes do início da minha atuação partidária”, disse ao Estadão.

Tarcísio Motta (PSOL-RJ) confirmou que será candidato a prefeito do Rio de Janeiro porque essa foi a decisão partidária. Segundo ele, a preparação da pré-campanha não prejudica o mandato para o qual foi eleito em 2022 porque “a prioridade tanto do nosso mandato quanto da nossa pré-campanha é construir uma frente popular com movimentos sociais e articular uma aliança programática que contribua para o avanço dos direitos do povo brasileiro”.

O deputado do PSOL disse ainda que não haver problemas em justificar aos eleitores a ida para uma nova eleição. Segundo ele, a questão é contrária. “Diante do abismo em que o Rio se encontra, estava difícil explicar para meus eleitores por que eu não iria disputar a prefeitura no ano que vem”, disse.

Beto Richa (PSDB) informou estar “muito satisfeito” por ter o nome lembrado em Curitiba, mas que “ainda é cedo pra tomar uma decisão”.

A deputada Carol Dartora (PT-PR) confirmou nesta segunda-feira, 23, que tem interesse em disputar a Prefeitura de Curitiba. A parlamentar disse ao Estadão que seu projeto político “não está ligado a um mandato ou candidatura”.

“Tem a ver com uma visão de mundo e modelo de organização social. Estou na política para representar pessoas e anseios, para combater desigualdades e ajudar na construção de uma sociedade melhor”, afirmou.

Dartora declarou que a candidatura à prefeitura “é um desejo” que vem de seus eleitores. “Quem iniciou a sugestão desta possível candidatura foram as pessoas que me elegerem em 2022, já logo após ao resultado”, disse.

”Eu me elegi como deputada federal pensando em continuar fazendo as transformações sociais que acredito. A Câmara Federal é hoje o espaço onde faço esse trabalho. E sim, nosso mandato está trabalhando muito. E esse coletivo seguirá trabalhando arduamente por esse projeto em qualquer cenário.”

O deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) afirmou que se coloca como pré-candidato à prefeitura de Palmas. “Eu faço um trabalho de articulação para que seja indicado pelo meu partido nas convenções que acontecerão no ano que vem”, disse ao Estadão. “As articulações de campanha e pré-campanha não atrapalham meu mandato porque é exatamente minha exposição como deputado federal que me faz ser mais conhecido em Palmas, faz com que as pessoas possam saber o que penso sobre as políticas públicas.”

Questionado sobre como a opinião pública veria um parlamentar que entrou na Câmara em fevereiro e está envolvido em uma nova campanha eleitoral meses depois, Ayres disse que “é importante considerar que os eleitores querem ver seus representantes crescerem na política, ocuparem espaços mais importantes, mais relevantes com o passar do tempo”.

“O mandato de deputado federal é importantíssimo. Caso vença (a disputa pela prefeitura), não terá nenhum prejuízo, porque outro republicano viria ocupar meu lugar”, disse. “A oportunidade de administrar a capital do Estado do Tocantins me faz crescer na política e me faz colocar na prática aquilo que eu gostaria de fazer e não tive a condição no Legislativo, que é executar as políticas públicas importantes para a nossa sociedade.”

O deputado disse não ter se elegido para a Câmara pensando em disputar a prefeitura de Palmas. “A política é muito dinâmica. Essa oportunidade aconteceu por causa dos resultados da última eleição no que diz respeito ao crescimento do nosso partido no Tocantins”, registrou.

O deputado Duarte Junior (PSB-MA) chegou ao segundo turno da disputa para prefeito de São Luís, em 2020. Em 2022, conseguiu uma vaga na Câmara e confirma que no ano que vem vai para outra disputa municipal. Ele nega ter encarado a vitória para deputado como apenas um trampolim para concorrer à capital maranhense de novo e diz que, apesar de pouco tempo em Brasília, tem resultados e trabalho que fazem os maranhenses pedirem nova candidatura. “Um bom mandato, com bons índices, resultados, faz com que as pessoas reconheçam o talento do político e a possibilidade de ele executar outras missões”, afirmou.

Os demais não se manifestaram.

BRASÍLIA - Com apenas oito meses de trabalho na Câmara, deputados recém-chegados ao Legislativo federal já dedicam tempo, energia e sola de sapato à próxima disputa eleitoral. Emendar uma eleição na outra está no radar de 18 deputados que mal assumiram o mandato de deputado federal e já cogitam abandonar o cargo e suas promessas de campanha para disputar uma vaga de prefeito.

Os estreantes são quase metade dos 38 deputados identificados pelo Estadão como pré-candidatos em 20 capitais do País. Eles negam que a movimentação pré-eleitoral prejudique o exercício da função para a qual pediram votos e dinheiro público em 2022. Dos 18 pré-candidatos para o ano que vem, 15 usaram R$ 17,9 milhões do Fundão Eleitoral no ano passado.

A exposição e a estrutura do cargo de deputado ajudam nas chances de vitória nos municípios. E em caso de derrota, não há nenhum prejuízo ao mandato a ser administrado.

O candidato Guilherme Boulos durante a eleição pela Prefeitura de São Paulo em 2020 Foto: Felipe Rau/Estadão

Na última eleição, o então candidato Guilherme Boulos (PSOL-SP) dizia que precisava fazer no Congresso a mesma militância que realizava em favor do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “Quero ser deputado para fazer esse enfrentamento lá, no espaço de poder”, disse, em um vídeo de campanha.

Além do pleito por moradias populares, Boulos também pedia votos dizendo que queria vir a Brasília lutar contra um “Congresso vendido”. “Você sabe por que eu quero ser deputado? Porque nunca o Congresso Nacional teve tanta importância como tem hoje”, frisava. Nos primeiros meses de mandato, apresentou 18 projetos de lei e três propostas para alterar a Constituição.

Mas já no primeiro ano do mandato que conquistou como o mais votado de São Paulo, ele se articula, com agendas públicas e privadas, para tentar virar prefeito da capital paulista. No início de agosto, seis meses após tomar posse na Câmara e dez meses depois da vitória nas urnas, Boulos foi a estrela de um evento no qual o PT anunciou o apoio a ele nas eleições de 2024. Boulos pretende ser o principal rival do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

A deputada delegada Adriana Accorsi (PT-GO) é pré-candidata à Prefeitura de Goiânia, após ficar em 3º lugar em 2020. No ano passado, a então deputada estadual organizou uma “vaquinha” para chegar à Câmara e convocou seus eleitores para uma “caminhada pela justiça social, para reconstruir o Brasil”.

“Estamos começando nossa vaquinha eleitoral. Quero contar com a sua contribuição para minha pré-candidatura a deputada federal”, afirmou em vídeo publicado nas redes sociais.

Accorsi recebeu um total de R$ 1,1 milhão em recursos durante a corrida eleitoral de 2022. Do total, 94% saíram do Fundo Eleitoral de Campanha - verba pública usada pelos partidos para bancar as campanhas dos candidatos. A deputada arrecadou R$ 26,2 mil na “vaquinha”, segundo a prestação de contas apresentada ao TSE.

Em outra publicação nas redes sociais, Accorsi disse que levaria ao Congresso uma “incansável luta por nossas mulheres e meninas”. Durante a campanha, a delegada chegou a participar de um debate sobre a necessidade de haver mais mulheres na política. Se for eleita prefeita de Goiânia, a deputada deverá ser substituída por um parlamentar homem. Ela apresentou 13 projetos de lei e uma Proposta de Emenda à Constituição - nenhuma aprovada pela Casa Legislativa até agora.

O advogado Marcos Pollon discursava em manifestação a favor de Jair Bolsonaro, em 2020. Em 2022, foi eleito deputado federal com o apoio do então presidente. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem ao menos seis parlamentares em primeiro mandato cotados para disputar prefeituras das capitais. Mais votado do Mato Grosso do Sul, Marcos Pollon (PL) fez a campanha à Câmara totalmente atrelado à pauta armamentista, em especial em defesa dos CACs (Colecionadores de armas de fogo, Atiradores esportivos e Caçadores).

Ele dizia querer representar o segmento em Brasília para trabalhar uma legislação que facilitasse o acesso a armas de fogo. “A legislação precisa ser cristalina em favor da pauta armamentista, pois infelizmente os desarmamentistas buscam brechas nas interpretações judiciais para promover o controle do acesso às armas”, afirmou. “Somente com legisladores convictos conseguiremos mudar essa realidade.”

Deputados e deputadas em primeiro mandato são cotados para disputar prefeituras das capitais em 2024. Da esq. para dir.: Guilherme Boulos, Sargento Gonçalves, Ricardo Ayres, Marcos Pollon, Adriana Accorsi, Abílio Brunini, Duarte Junior e Tarcisio Motta Foto: Páginas oficiais da Câmara dos Deputados

Agora, ele tenta se viabilizar como o candidato da direita na disputa pela prefeitura de Campo Grande (MS). Se eleito prefeito, Pollon não terá atribuição constitucional de alterar ou criar leis pró-armas.

É a mesma situação do colega de Câmara e de partido, deputado Sargento Gonçalves (PL-RN). Durante a campanha para a Câmara, Gonçalves disse que era uma “necessidade urgente” ter representantes em Brasília comprometidos com a pauta armamentista. Menos de um ano depois, o político já se colocou à disposição do partido para concorrer a prefeito de Natal (RN).

Deputada mira terceira eleição seguida

A deputada Duda Salabert (PDT-MG) quer ser prefeita de Belo Horizonte. Se o nome dela realmente estiver nas urnas em 2024, ela terá disputado três eleições em cinco anos. Eleita vereadora em 2020, largou o mandato pela metade para concorrer a uma vaga de deputada, uma vitória que representou a primeira de uma mulher trans de Minas Gerais.

“Sou professora há 20 anos. Quero usar minha experiência de sala de aula no Congresso Nacional para combater a evasão escolar no Brasil”, disse, em um vídeo eleitoral. Meses depois da posse em Brasília, já pensa na disputa municipal do ano que vem. Ela não ainda não se confirma como pré-candidata, mas diz não estar disposta a deixar Belo Horizonte “entregue à ultradireita”.

Ex-governador do Paraná e ex-prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB-PR) mirou uma vaga na Câmara, em 2022, como uma espécie de “reabilitação política”. Chamuscado por operações policiais e acusações de corrupção, perdeu a primeira eleição em quase duas décadas quando tentou uma cadeira no Senado em 2018.

A decisão de concorrer a uma vaga na Câmara era uma tentativa de se reerguer. “Não posso deixar que a biografia da minha família seja interrompida da maneira dramática e injusta como foi. Então, eu penso em pelo menos um mandato que seja”, disse, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, em março de 2022. Após voltar a ter um mandato, já é lembrado como pré-candidato à prefeitura de Curitiba.

O TSE estima que 152 milhões de eleitores irão às urnas para eleger prefeitos e vereadores em 2024. O primeiro turno ocorrerá em 6 de outubro do ano que vem.

Quem são os deputados pré-candidatos nas capitais

Belo Horizonte (MG): Duda Salabert (PDT, 1º mandato), Pedro Aihara (Patriota, 1º mandato) e Rogério Corrêa (PT)

Boa Vista (RR): Nicoletti (União Brasil) e Zé Haroldo Cathedral (PSD, 1º mandato)

Campo Grande (MS): Marcos Pollon (PL, 1º mandato) e Beto Pereira (PSDB)

Cuiabá (MT): Abílio Brunini (PL, 1º mandato)

Curitiba (PR): Beto Richa (PSDB, 1º mandato), Carol Dartora (PT, 1º mandato) e Luciano Ducci (PSB)

Fortaleza (CE): André Fernandes (PL, 1º mandato)

Goiânia (GO): Gustavo Gayer (PL, 1º mandato) e Adriana Accorsi (PT, 1º mandato)

João Pessoa (PB): Ruy Carneiro (Podemos)

Manaus (AM): Amom Mandel (Cidadania, 1º mandato)

Natal (RN): General Girão (PL), Natália Bonavides (PT) e Sargento Gonçalves (PL, 1º mandato)

Palmas (TO): Eli Borges (PL), Ricardo Ayres (Republicanos, 1º mandato) e Filipe Martins (PL)

Porto Alegre (RS): Fernanda Melchionna (PSOL) e Maria do Rosário (PT)

Porto Velho (RO): Fernando Máximo (União Brasil, 1º mandato)

Recife (PE): Tulio Gadelha (Rede)

Rio Branco (AC): Antônia Lucia (Republicanos)

Rio de Janeiro (RJ): Tarcísio Motta (PSOL, 1º mandato), Alexandre Ramagem (PL, 1ºmandato), Otoni de Paula (MDB) e Dr. Luizinho (PP)

Salvador (BA): Sargento Isidoro (Avante)

São Luís (MA): Duarte Júnior (PSB, 1º mandato)

São Paulo (SP): Guilherme Boulos (PSOL, 1º mandato), Tábata Amaral (PSB) e Kim Kataguiri (União Brasil)

Teresina (PI): Marcos Aurélio Sampaio (PSD)

O que dizem os deputados de primeiro mandato

Todos os 18 deputados foram procurados pela reportagem.

O deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) afirmou que a articulação da campanha não prejudica os trabalhos na Câmara e que ele “está trabalhando ativamente em seu mandato legislativo”. “Prova disso é que o deputado aprovou 2 projetos de lei (PL das Cozinhas Solidárias e PL do Consignado) em menos de seis meses. Além disso, Boulos participa de cinco comissões permanentes da Câmara e é relator de mais de 20 projetos”, disse.

A equipe do deputado também registrou que Boulos foi o segundo colocado na disputa pela prefeitura de São Paulo em 2020, então, “é natural” que haja expectativa para sua candidatura. “O deputado se elegeu para representar seus eleitores e assim o está fazendo, como mostra a atuação legislativa”, informou.

Pedro Aihara (Patriota-MG) declarou que ainda não existe decisão sobre uma nova candidatura, que não concorreu em 2022 pensando em 2024 e que está focado em “exercer o mandato de deputado federal da melhor forma possível”. “Se eu entender que posso servir ainda mais na cadeira de prefeito, posso me candidatar. Mas se entender que é mais pertinente permanecer no lugar onde estou, não tenho problema nem vaidade nenhuma em fazer isso”, disse.

O deputado Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR) informou que “sua atual prioridade é cumprir o mandato de quatro anos na Câmara dos Deputados”. O parlamentar declarou ao Estadão que “não tem pretensão de concorrer à eleição para prefeito da cidade de Boa Vista”. O nome dele foi citado pelo governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), como um dos concorrentes para o ano que vem.

“Neste momento, o meu compromisso e foco estão firmemente direcionados para outras áreas de atuação e responsabilidades, que se estendem além da esfera municipal. Portanto, reafirmo que seguirei trabalhando no legislativo federal, em busca de soluções que atendam aos anseios da população do estado de Roraima e do Brasil, " disse.

O deputado Amom Mandel (Cidadania-AM) afirmou que só existem especulações sobre uma nova candidatura e que ele não faz articulações com vistas a uma pré-campanha à prefeitura de Manaus.

“As articulações políticas existentes dizem respeito apenas ao mandato e ao ativismo político praticado desde antes do início da minha atuação partidária”, disse ao Estadão.

Tarcísio Motta (PSOL-RJ) confirmou que será candidato a prefeito do Rio de Janeiro porque essa foi a decisão partidária. Segundo ele, a preparação da pré-campanha não prejudica o mandato para o qual foi eleito em 2022 porque “a prioridade tanto do nosso mandato quanto da nossa pré-campanha é construir uma frente popular com movimentos sociais e articular uma aliança programática que contribua para o avanço dos direitos do povo brasileiro”.

O deputado do PSOL disse ainda que não haver problemas em justificar aos eleitores a ida para uma nova eleição. Segundo ele, a questão é contrária. “Diante do abismo em que o Rio se encontra, estava difícil explicar para meus eleitores por que eu não iria disputar a prefeitura no ano que vem”, disse.

Beto Richa (PSDB) informou estar “muito satisfeito” por ter o nome lembrado em Curitiba, mas que “ainda é cedo pra tomar uma decisão”.

A deputada Carol Dartora (PT-PR) confirmou nesta segunda-feira, 23, que tem interesse em disputar a Prefeitura de Curitiba. A parlamentar disse ao Estadão que seu projeto político “não está ligado a um mandato ou candidatura”.

“Tem a ver com uma visão de mundo e modelo de organização social. Estou na política para representar pessoas e anseios, para combater desigualdades e ajudar na construção de uma sociedade melhor”, afirmou.

Dartora declarou que a candidatura à prefeitura “é um desejo” que vem de seus eleitores. “Quem iniciou a sugestão desta possível candidatura foram as pessoas que me elegerem em 2022, já logo após ao resultado”, disse.

”Eu me elegi como deputada federal pensando em continuar fazendo as transformações sociais que acredito. A Câmara Federal é hoje o espaço onde faço esse trabalho. E sim, nosso mandato está trabalhando muito. E esse coletivo seguirá trabalhando arduamente por esse projeto em qualquer cenário.”

O deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) afirmou que se coloca como pré-candidato à prefeitura de Palmas. “Eu faço um trabalho de articulação para que seja indicado pelo meu partido nas convenções que acontecerão no ano que vem”, disse ao Estadão. “As articulações de campanha e pré-campanha não atrapalham meu mandato porque é exatamente minha exposição como deputado federal que me faz ser mais conhecido em Palmas, faz com que as pessoas possam saber o que penso sobre as políticas públicas.”

Questionado sobre como a opinião pública veria um parlamentar que entrou na Câmara em fevereiro e está envolvido em uma nova campanha eleitoral meses depois, Ayres disse que “é importante considerar que os eleitores querem ver seus representantes crescerem na política, ocuparem espaços mais importantes, mais relevantes com o passar do tempo”.

“O mandato de deputado federal é importantíssimo. Caso vença (a disputa pela prefeitura), não terá nenhum prejuízo, porque outro republicano viria ocupar meu lugar”, disse. “A oportunidade de administrar a capital do Estado do Tocantins me faz crescer na política e me faz colocar na prática aquilo que eu gostaria de fazer e não tive a condição no Legislativo, que é executar as políticas públicas importantes para a nossa sociedade.”

O deputado disse não ter se elegido para a Câmara pensando em disputar a prefeitura de Palmas. “A política é muito dinâmica. Essa oportunidade aconteceu por causa dos resultados da última eleição no que diz respeito ao crescimento do nosso partido no Tocantins”, registrou.

O deputado Duarte Junior (PSB-MA) chegou ao segundo turno da disputa para prefeito de São Luís, em 2020. Em 2022, conseguiu uma vaga na Câmara e confirma que no ano que vem vai para outra disputa municipal. Ele nega ter encarado a vitória para deputado como apenas um trampolim para concorrer à capital maranhense de novo e diz que, apesar de pouco tempo em Brasília, tem resultados e trabalho que fazem os maranhenses pedirem nova candidatura. “Um bom mandato, com bons índices, resultados, faz com que as pessoas reconheçam o talento do político e a possibilidade de ele executar outras missões”, afirmou.

Os demais não se manifestaram.

BRASÍLIA - Com apenas oito meses de trabalho na Câmara, deputados recém-chegados ao Legislativo federal já dedicam tempo, energia e sola de sapato à próxima disputa eleitoral. Emendar uma eleição na outra está no radar de 18 deputados que mal assumiram o mandato de deputado federal e já cogitam abandonar o cargo e suas promessas de campanha para disputar uma vaga de prefeito.

Os estreantes são quase metade dos 38 deputados identificados pelo Estadão como pré-candidatos em 20 capitais do País. Eles negam que a movimentação pré-eleitoral prejudique o exercício da função para a qual pediram votos e dinheiro público em 2022. Dos 18 pré-candidatos para o ano que vem, 15 usaram R$ 17,9 milhões do Fundão Eleitoral no ano passado.

A exposição e a estrutura do cargo de deputado ajudam nas chances de vitória nos municípios. E em caso de derrota, não há nenhum prejuízo ao mandato a ser administrado.

O candidato Guilherme Boulos durante a eleição pela Prefeitura de São Paulo em 2020 Foto: Felipe Rau/Estadão

Na última eleição, o então candidato Guilherme Boulos (PSOL-SP) dizia que precisava fazer no Congresso a mesma militância que realizava em favor do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “Quero ser deputado para fazer esse enfrentamento lá, no espaço de poder”, disse, em um vídeo de campanha.

Além do pleito por moradias populares, Boulos também pedia votos dizendo que queria vir a Brasília lutar contra um “Congresso vendido”. “Você sabe por que eu quero ser deputado? Porque nunca o Congresso Nacional teve tanta importância como tem hoje”, frisava. Nos primeiros meses de mandato, apresentou 18 projetos de lei e três propostas para alterar a Constituição.

Mas já no primeiro ano do mandato que conquistou como o mais votado de São Paulo, ele se articula, com agendas públicas e privadas, para tentar virar prefeito da capital paulista. No início de agosto, seis meses após tomar posse na Câmara e dez meses depois da vitória nas urnas, Boulos foi a estrela de um evento no qual o PT anunciou o apoio a ele nas eleições de 2024. Boulos pretende ser o principal rival do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

A deputada delegada Adriana Accorsi (PT-GO) é pré-candidata à Prefeitura de Goiânia, após ficar em 3º lugar em 2020. No ano passado, a então deputada estadual organizou uma “vaquinha” para chegar à Câmara e convocou seus eleitores para uma “caminhada pela justiça social, para reconstruir o Brasil”.

“Estamos começando nossa vaquinha eleitoral. Quero contar com a sua contribuição para minha pré-candidatura a deputada federal”, afirmou em vídeo publicado nas redes sociais.

Accorsi recebeu um total de R$ 1,1 milhão em recursos durante a corrida eleitoral de 2022. Do total, 94% saíram do Fundo Eleitoral de Campanha - verba pública usada pelos partidos para bancar as campanhas dos candidatos. A deputada arrecadou R$ 26,2 mil na “vaquinha”, segundo a prestação de contas apresentada ao TSE.

Em outra publicação nas redes sociais, Accorsi disse que levaria ao Congresso uma “incansável luta por nossas mulheres e meninas”. Durante a campanha, a delegada chegou a participar de um debate sobre a necessidade de haver mais mulheres na política. Se for eleita prefeita de Goiânia, a deputada deverá ser substituída por um parlamentar homem. Ela apresentou 13 projetos de lei e uma Proposta de Emenda à Constituição - nenhuma aprovada pela Casa Legislativa até agora.

O advogado Marcos Pollon discursava em manifestação a favor de Jair Bolsonaro, em 2020. Em 2022, foi eleito deputado federal com o apoio do então presidente. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem ao menos seis parlamentares em primeiro mandato cotados para disputar prefeituras das capitais. Mais votado do Mato Grosso do Sul, Marcos Pollon (PL) fez a campanha à Câmara totalmente atrelado à pauta armamentista, em especial em defesa dos CACs (Colecionadores de armas de fogo, Atiradores esportivos e Caçadores).

Ele dizia querer representar o segmento em Brasília para trabalhar uma legislação que facilitasse o acesso a armas de fogo. “A legislação precisa ser cristalina em favor da pauta armamentista, pois infelizmente os desarmamentistas buscam brechas nas interpretações judiciais para promover o controle do acesso às armas”, afirmou. “Somente com legisladores convictos conseguiremos mudar essa realidade.”

Deputados e deputadas em primeiro mandato são cotados para disputar prefeituras das capitais em 2024. Da esq. para dir.: Guilherme Boulos, Sargento Gonçalves, Ricardo Ayres, Marcos Pollon, Adriana Accorsi, Abílio Brunini, Duarte Junior e Tarcisio Motta Foto: Páginas oficiais da Câmara dos Deputados

Agora, ele tenta se viabilizar como o candidato da direita na disputa pela prefeitura de Campo Grande (MS). Se eleito prefeito, Pollon não terá atribuição constitucional de alterar ou criar leis pró-armas.

É a mesma situação do colega de Câmara e de partido, deputado Sargento Gonçalves (PL-RN). Durante a campanha para a Câmara, Gonçalves disse que era uma “necessidade urgente” ter representantes em Brasília comprometidos com a pauta armamentista. Menos de um ano depois, o político já se colocou à disposição do partido para concorrer a prefeito de Natal (RN).

Deputada mira terceira eleição seguida

A deputada Duda Salabert (PDT-MG) quer ser prefeita de Belo Horizonte. Se o nome dela realmente estiver nas urnas em 2024, ela terá disputado três eleições em cinco anos. Eleita vereadora em 2020, largou o mandato pela metade para concorrer a uma vaga de deputada, uma vitória que representou a primeira de uma mulher trans de Minas Gerais.

“Sou professora há 20 anos. Quero usar minha experiência de sala de aula no Congresso Nacional para combater a evasão escolar no Brasil”, disse, em um vídeo eleitoral. Meses depois da posse em Brasília, já pensa na disputa municipal do ano que vem. Ela não ainda não se confirma como pré-candidata, mas diz não estar disposta a deixar Belo Horizonte “entregue à ultradireita”.

Ex-governador do Paraná e ex-prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB-PR) mirou uma vaga na Câmara, em 2022, como uma espécie de “reabilitação política”. Chamuscado por operações policiais e acusações de corrupção, perdeu a primeira eleição em quase duas décadas quando tentou uma cadeira no Senado em 2018.

A decisão de concorrer a uma vaga na Câmara era uma tentativa de se reerguer. “Não posso deixar que a biografia da minha família seja interrompida da maneira dramática e injusta como foi. Então, eu penso em pelo menos um mandato que seja”, disse, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, em março de 2022. Após voltar a ter um mandato, já é lembrado como pré-candidato à prefeitura de Curitiba.

O TSE estima que 152 milhões de eleitores irão às urnas para eleger prefeitos e vereadores em 2024. O primeiro turno ocorrerá em 6 de outubro do ano que vem.

Quem são os deputados pré-candidatos nas capitais

Belo Horizonte (MG): Duda Salabert (PDT, 1º mandato), Pedro Aihara (Patriota, 1º mandato) e Rogério Corrêa (PT)

Boa Vista (RR): Nicoletti (União Brasil) e Zé Haroldo Cathedral (PSD, 1º mandato)

Campo Grande (MS): Marcos Pollon (PL, 1º mandato) e Beto Pereira (PSDB)

Cuiabá (MT): Abílio Brunini (PL, 1º mandato)

Curitiba (PR): Beto Richa (PSDB, 1º mandato), Carol Dartora (PT, 1º mandato) e Luciano Ducci (PSB)

Fortaleza (CE): André Fernandes (PL, 1º mandato)

Goiânia (GO): Gustavo Gayer (PL, 1º mandato) e Adriana Accorsi (PT, 1º mandato)

João Pessoa (PB): Ruy Carneiro (Podemos)

Manaus (AM): Amom Mandel (Cidadania, 1º mandato)

Natal (RN): General Girão (PL), Natália Bonavides (PT) e Sargento Gonçalves (PL, 1º mandato)

Palmas (TO): Eli Borges (PL), Ricardo Ayres (Republicanos, 1º mandato) e Filipe Martins (PL)

Porto Alegre (RS): Fernanda Melchionna (PSOL) e Maria do Rosário (PT)

Porto Velho (RO): Fernando Máximo (União Brasil, 1º mandato)

Recife (PE): Tulio Gadelha (Rede)

Rio Branco (AC): Antônia Lucia (Republicanos)

Rio de Janeiro (RJ): Tarcísio Motta (PSOL, 1º mandato), Alexandre Ramagem (PL, 1ºmandato), Otoni de Paula (MDB) e Dr. Luizinho (PP)

Salvador (BA): Sargento Isidoro (Avante)

São Luís (MA): Duarte Júnior (PSB, 1º mandato)

São Paulo (SP): Guilherme Boulos (PSOL, 1º mandato), Tábata Amaral (PSB) e Kim Kataguiri (União Brasil)

Teresina (PI): Marcos Aurélio Sampaio (PSD)

O que dizem os deputados de primeiro mandato

Todos os 18 deputados foram procurados pela reportagem.

O deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) afirmou que a articulação da campanha não prejudica os trabalhos na Câmara e que ele “está trabalhando ativamente em seu mandato legislativo”. “Prova disso é que o deputado aprovou 2 projetos de lei (PL das Cozinhas Solidárias e PL do Consignado) em menos de seis meses. Além disso, Boulos participa de cinco comissões permanentes da Câmara e é relator de mais de 20 projetos”, disse.

A equipe do deputado também registrou que Boulos foi o segundo colocado na disputa pela prefeitura de São Paulo em 2020, então, “é natural” que haja expectativa para sua candidatura. “O deputado se elegeu para representar seus eleitores e assim o está fazendo, como mostra a atuação legislativa”, informou.

Pedro Aihara (Patriota-MG) declarou que ainda não existe decisão sobre uma nova candidatura, que não concorreu em 2022 pensando em 2024 e que está focado em “exercer o mandato de deputado federal da melhor forma possível”. “Se eu entender que posso servir ainda mais na cadeira de prefeito, posso me candidatar. Mas se entender que é mais pertinente permanecer no lugar onde estou, não tenho problema nem vaidade nenhuma em fazer isso”, disse.

O deputado Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR) informou que “sua atual prioridade é cumprir o mandato de quatro anos na Câmara dos Deputados”. O parlamentar declarou ao Estadão que “não tem pretensão de concorrer à eleição para prefeito da cidade de Boa Vista”. O nome dele foi citado pelo governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), como um dos concorrentes para o ano que vem.

“Neste momento, o meu compromisso e foco estão firmemente direcionados para outras áreas de atuação e responsabilidades, que se estendem além da esfera municipal. Portanto, reafirmo que seguirei trabalhando no legislativo federal, em busca de soluções que atendam aos anseios da população do estado de Roraima e do Brasil, " disse.

O deputado Amom Mandel (Cidadania-AM) afirmou que só existem especulações sobre uma nova candidatura e que ele não faz articulações com vistas a uma pré-campanha à prefeitura de Manaus.

“As articulações políticas existentes dizem respeito apenas ao mandato e ao ativismo político praticado desde antes do início da minha atuação partidária”, disse ao Estadão.

Tarcísio Motta (PSOL-RJ) confirmou que será candidato a prefeito do Rio de Janeiro porque essa foi a decisão partidária. Segundo ele, a preparação da pré-campanha não prejudica o mandato para o qual foi eleito em 2022 porque “a prioridade tanto do nosso mandato quanto da nossa pré-campanha é construir uma frente popular com movimentos sociais e articular uma aliança programática que contribua para o avanço dos direitos do povo brasileiro”.

O deputado do PSOL disse ainda que não haver problemas em justificar aos eleitores a ida para uma nova eleição. Segundo ele, a questão é contrária. “Diante do abismo em que o Rio se encontra, estava difícil explicar para meus eleitores por que eu não iria disputar a prefeitura no ano que vem”, disse.

Beto Richa (PSDB) informou estar “muito satisfeito” por ter o nome lembrado em Curitiba, mas que “ainda é cedo pra tomar uma decisão”.

A deputada Carol Dartora (PT-PR) confirmou nesta segunda-feira, 23, que tem interesse em disputar a Prefeitura de Curitiba. A parlamentar disse ao Estadão que seu projeto político “não está ligado a um mandato ou candidatura”.

“Tem a ver com uma visão de mundo e modelo de organização social. Estou na política para representar pessoas e anseios, para combater desigualdades e ajudar na construção de uma sociedade melhor”, afirmou.

Dartora declarou que a candidatura à prefeitura “é um desejo” que vem de seus eleitores. “Quem iniciou a sugestão desta possível candidatura foram as pessoas que me elegerem em 2022, já logo após ao resultado”, disse.

”Eu me elegi como deputada federal pensando em continuar fazendo as transformações sociais que acredito. A Câmara Federal é hoje o espaço onde faço esse trabalho. E sim, nosso mandato está trabalhando muito. E esse coletivo seguirá trabalhando arduamente por esse projeto em qualquer cenário.”

O deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) afirmou que se coloca como pré-candidato à prefeitura de Palmas. “Eu faço um trabalho de articulação para que seja indicado pelo meu partido nas convenções que acontecerão no ano que vem”, disse ao Estadão. “As articulações de campanha e pré-campanha não atrapalham meu mandato porque é exatamente minha exposição como deputado federal que me faz ser mais conhecido em Palmas, faz com que as pessoas possam saber o que penso sobre as políticas públicas.”

Questionado sobre como a opinião pública veria um parlamentar que entrou na Câmara em fevereiro e está envolvido em uma nova campanha eleitoral meses depois, Ayres disse que “é importante considerar que os eleitores querem ver seus representantes crescerem na política, ocuparem espaços mais importantes, mais relevantes com o passar do tempo”.

“O mandato de deputado federal é importantíssimo. Caso vença (a disputa pela prefeitura), não terá nenhum prejuízo, porque outro republicano viria ocupar meu lugar”, disse. “A oportunidade de administrar a capital do Estado do Tocantins me faz crescer na política e me faz colocar na prática aquilo que eu gostaria de fazer e não tive a condição no Legislativo, que é executar as políticas públicas importantes para a nossa sociedade.”

O deputado disse não ter se elegido para a Câmara pensando em disputar a prefeitura de Palmas. “A política é muito dinâmica. Essa oportunidade aconteceu por causa dos resultados da última eleição no que diz respeito ao crescimento do nosso partido no Tocantins”, registrou.

O deputado Duarte Junior (PSB-MA) chegou ao segundo turno da disputa para prefeito de São Luís, em 2020. Em 2022, conseguiu uma vaga na Câmara e confirma que no ano que vem vai para outra disputa municipal. Ele nega ter encarado a vitória para deputado como apenas um trampolim para concorrer à capital maranhense de novo e diz que, apesar de pouco tempo em Brasília, tem resultados e trabalho que fazem os maranhenses pedirem nova candidatura. “Um bom mandato, com bons índices, resultados, faz com que as pessoas reconheçam o talento do político e a possibilidade de ele executar outras missões”, afirmou.

Os demais não se manifestaram.

BRASÍLIA - Com apenas oito meses de trabalho na Câmara, deputados recém-chegados ao Legislativo federal já dedicam tempo, energia e sola de sapato à próxima disputa eleitoral. Emendar uma eleição na outra está no radar de 18 deputados que mal assumiram o mandato de deputado federal e já cogitam abandonar o cargo e suas promessas de campanha para disputar uma vaga de prefeito.

Os estreantes são quase metade dos 38 deputados identificados pelo Estadão como pré-candidatos em 20 capitais do País. Eles negam que a movimentação pré-eleitoral prejudique o exercício da função para a qual pediram votos e dinheiro público em 2022. Dos 18 pré-candidatos para o ano que vem, 15 usaram R$ 17,9 milhões do Fundão Eleitoral no ano passado.

A exposição e a estrutura do cargo de deputado ajudam nas chances de vitória nos municípios. E em caso de derrota, não há nenhum prejuízo ao mandato a ser administrado.

O candidato Guilherme Boulos durante a eleição pela Prefeitura de São Paulo em 2020 Foto: Felipe Rau/Estadão

Na última eleição, o então candidato Guilherme Boulos (PSOL-SP) dizia que precisava fazer no Congresso a mesma militância que realizava em favor do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “Quero ser deputado para fazer esse enfrentamento lá, no espaço de poder”, disse, em um vídeo de campanha.

Além do pleito por moradias populares, Boulos também pedia votos dizendo que queria vir a Brasília lutar contra um “Congresso vendido”. “Você sabe por que eu quero ser deputado? Porque nunca o Congresso Nacional teve tanta importância como tem hoje”, frisava. Nos primeiros meses de mandato, apresentou 18 projetos de lei e três propostas para alterar a Constituição.

Mas já no primeiro ano do mandato que conquistou como o mais votado de São Paulo, ele se articula, com agendas públicas e privadas, para tentar virar prefeito da capital paulista. No início de agosto, seis meses após tomar posse na Câmara e dez meses depois da vitória nas urnas, Boulos foi a estrela de um evento no qual o PT anunciou o apoio a ele nas eleições de 2024. Boulos pretende ser o principal rival do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

A deputada delegada Adriana Accorsi (PT-GO) é pré-candidata à Prefeitura de Goiânia, após ficar em 3º lugar em 2020. No ano passado, a então deputada estadual organizou uma “vaquinha” para chegar à Câmara e convocou seus eleitores para uma “caminhada pela justiça social, para reconstruir o Brasil”.

“Estamos começando nossa vaquinha eleitoral. Quero contar com a sua contribuição para minha pré-candidatura a deputada federal”, afirmou em vídeo publicado nas redes sociais.

Accorsi recebeu um total de R$ 1,1 milhão em recursos durante a corrida eleitoral de 2022. Do total, 94% saíram do Fundo Eleitoral de Campanha - verba pública usada pelos partidos para bancar as campanhas dos candidatos. A deputada arrecadou R$ 26,2 mil na “vaquinha”, segundo a prestação de contas apresentada ao TSE.

Em outra publicação nas redes sociais, Accorsi disse que levaria ao Congresso uma “incansável luta por nossas mulheres e meninas”. Durante a campanha, a delegada chegou a participar de um debate sobre a necessidade de haver mais mulheres na política. Se for eleita prefeita de Goiânia, a deputada deverá ser substituída por um parlamentar homem. Ela apresentou 13 projetos de lei e uma Proposta de Emenda à Constituição - nenhuma aprovada pela Casa Legislativa até agora.

O advogado Marcos Pollon discursava em manifestação a favor de Jair Bolsonaro, em 2020. Em 2022, foi eleito deputado federal com o apoio do então presidente. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem ao menos seis parlamentares em primeiro mandato cotados para disputar prefeituras das capitais. Mais votado do Mato Grosso do Sul, Marcos Pollon (PL) fez a campanha à Câmara totalmente atrelado à pauta armamentista, em especial em defesa dos CACs (Colecionadores de armas de fogo, Atiradores esportivos e Caçadores).

Ele dizia querer representar o segmento em Brasília para trabalhar uma legislação que facilitasse o acesso a armas de fogo. “A legislação precisa ser cristalina em favor da pauta armamentista, pois infelizmente os desarmamentistas buscam brechas nas interpretações judiciais para promover o controle do acesso às armas”, afirmou. “Somente com legisladores convictos conseguiremos mudar essa realidade.”

Deputados e deputadas em primeiro mandato são cotados para disputar prefeituras das capitais em 2024. Da esq. para dir.: Guilherme Boulos, Sargento Gonçalves, Ricardo Ayres, Marcos Pollon, Adriana Accorsi, Abílio Brunini, Duarte Junior e Tarcisio Motta Foto: Páginas oficiais da Câmara dos Deputados

Agora, ele tenta se viabilizar como o candidato da direita na disputa pela prefeitura de Campo Grande (MS). Se eleito prefeito, Pollon não terá atribuição constitucional de alterar ou criar leis pró-armas.

É a mesma situação do colega de Câmara e de partido, deputado Sargento Gonçalves (PL-RN). Durante a campanha para a Câmara, Gonçalves disse que era uma “necessidade urgente” ter representantes em Brasília comprometidos com a pauta armamentista. Menos de um ano depois, o político já se colocou à disposição do partido para concorrer a prefeito de Natal (RN).

Deputada mira terceira eleição seguida

A deputada Duda Salabert (PDT-MG) quer ser prefeita de Belo Horizonte. Se o nome dela realmente estiver nas urnas em 2024, ela terá disputado três eleições em cinco anos. Eleita vereadora em 2020, largou o mandato pela metade para concorrer a uma vaga de deputada, uma vitória que representou a primeira de uma mulher trans de Minas Gerais.

“Sou professora há 20 anos. Quero usar minha experiência de sala de aula no Congresso Nacional para combater a evasão escolar no Brasil”, disse, em um vídeo eleitoral. Meses depois da posse em Brasília, já pensa na disputa municipal do ano que vem. Ela não ainda não se confirma como pré-candidata, mas diz não estar disposta a deixar Belo Horizonte “entregue à ultradireita”.

Ex-governador do Paraná e ex-prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB-PR) mirou uma vaga na Câmara, em 2022, como uma espécie de “reabilitação política”. Chamuscado por operações policiais e acusações de corrupção, perdeu a primeira eleição em quase duas décadas quando tentou uma cadeira no Senado em 2018.

A decisão de concorrer a uma vaga na Câmara era uma tentativa de se reerguer. “Não posso deixar que a biografia da minha família seja interrompida da maneira dramática e injusta como foi. Então, eu penso em pelo menos um mandato que seja”, disse, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, em março de 2022. Após voltar a ter um mandato, já é lembrado como pré-candidato à prefeitura de Curitiba.

O TSE estima que 152 milhões de eleitores irão às urnas para eleger prefeitos e vereadores em 2024. O primeiro turno ocorrerá em 6 de outubro do ano que vem.

Quem são os deputados pré-candidatos nas capitais

Belo Horizonte (MG): Duda Salabert (PDT, 1º mandato), Pedro Aihara (Patriota, 1º mandato) e Rogério Corrêa (PT)

Boa Vista (RR): Nicoletti (União Brasil) e Zé Haroldo Cathedral (PSD, 1º mandato)

Campo Grande (MS): Marcos Pollon (PL, 1º mandato) e Beto Pereira (PSDB)

Cuiabá (MT): Abílio Brunini (PL, 1º mandato)

Curitiba (PR): Beto Richa (PSDB, 1º mandato), Carol Dartora (PT, 1º mandato) e Luciano Ducci (PSB)

Fortaleza (CE): André Fernandes (PL, 1º mandato)

Goiânia (GO): Gustavo Gayer (PL, 1º mandato) e Adriana Accorsi (PT, 1º mandato)

João Pessoa (PB): Ruy Carneiro (Podemos)

Manaus (AM): Amom Mandel (Cidadania, 1º mandato)

Natal (RN): General Girão (PL), Natália Bonavides (PT) e Sargento Gonçalves (PL, 1º mandato)

Palmas (TO): Eli Borges (PL), Ricardo Ayres (Republicanos, 1º mandato) e Filipe Martins (PL)

Porto Alegre (RS): Fernanda Melchionna (PSOL) e Maria do Rosário (PT)

Porto Velho (RO): Fernando Máximo (União Brasil, 1º mandato)

Recife (PE): Tulio Gadelha (Rede)

Rio Branco (AC): Antônia Lucia (Republicanos)

Rio de Janeiro (RJ): Tarcísio Motta (PSOL, 1º mandato), Alexandre Ramagem (PL, 1ºmandato), Otoni de Paula (MDB) e Dr. Luizinho (PP)

Salvador (BA): Sargento Isidoro (Avante)

São Luís (MA): Duarte Júnior (PSB, 1º mandato)

São Paulo (SP): Guilherme Boulos (PSOL, 1º mandato), Tábata Amaral (PSB) e Kim Kataguiri (União Brasil)

Teresina (PI): Marcos Aurélio Sampaio (PSD)

O que dizem os deputados de primeiro mandato

Todos os 18 deputados foram procurados pela reportagem.

O deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) afirmou que a articulação da campanha não prejudica os trabalhos na Câmara e que ele “está trabalhando ativamente em seu mandato legislativo”. “Prova disso é que o deputado aprovou 2 projetos de lei (PL das Cozinhas Solidárias e PL do Consignado) em menos de seis meses. Além disso, Boulos participa de cinco comissões permanentes da Câmara e é relator de mais de 20 projetos”, disse.

A equipe do deputado também registrou que Boulos foi o segundo colocado na disputa pela prefeitura de São Paulo em 2020, então, “é natural” que haja expectativa para sua candidatura. “O deputado se elegeu para representar seus eleitores e assim o está fazendo, como mostra a atuação legislativa”, informou.

Pedro Aihara (Patriota-MG) declarou que ainda não existe decisão sobre uma nova candidatura, que não concorreu em 2022 pensando em 2024 e que está focado em “exercer o mandato de deputado federal da melhor forma possível”. “Se eu entender que posso servir ainda mais na cadeira de prefeito, posso me candidatar. Mas se entender que é mais pertinente permanecer no lugar onde estou, não tenho problema nem vaidade nenhuma em fazer isso”, disse.

O deputado Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR) informou que “sua atual prioridade é cumprir o mandato de quatro anos na Câmara dos Deputados”. O parlamentar declarou ao Estadão que “não tem pretensão de concorrer à eleição para prefeito da cidade de Boa Vista”. O nome dele foi citado pelo governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), como um dos concorrentes para o ano que vem.

“Neste momento, o meu compromisso e foco estão firmemente direcionados para outras áreas de atuação e responsabilidades, que se estendem além da esfera municipal. Portanto, reafirmo que seguirei trabalhando no legislativo federal, em busca de soluções que atendam aos anseios da população do estado de Roraima e do Brasil, " disse.

O deputado Amom Mandel (Cidadania-AM) afirmou que só existem especulações sobre uma nova candidatura e que ele não faz articulações com vistas a uma pré-campanha à prefeitura de Manaus.

“As articulações políticas existentes dizem respeito apenas ao mandato e ao ativismo político praticado desde antes do início da minha atuação partidária”, disse ao Estadão.

Tarcísio Motta (PSOL-RJ) confirmou que será candidato a prefeito do Rio de Janeiro porque essa foi a decisão partidária. Segundo ele, a preparação da pré-campanha não prejudica o mandato para o qual foi eleito em 2022 porque “a prioridade tanto do nosso mandato quanto da nossa pré-campanha é construir uma frente popular com movimentos sociais e articular uma aliança programática que contribua para o avanço dos direitos do povo brasileiro”.

O deputado do PSOL disse ainda que não haver problemas em justificar aos eleitores a ida para uma nova eleição. Segundo ele, a questão é contrária. “Diante do abismo em que o Rio se encontra, estava difícil explicar para meus eleitores por que eu não iria disputar a prefeitura no ano que vem”, disse.

Beto Richa (PSDB) informou estar “muito satisfeito” por ter o nome lembrado em Curitiba, mas que “ainda é cedo pra tomar uma decisão”.

A deputada Carol Dartora (PT-PR) confirmou nesta segunda-feira, 23, que tem interesse em disputar a Prefeitura de Curitiba. A parlamentar disse ao Estadão que seu projeto político “não está ligado a um mandato ou candidatura”.

“Tem a ver com uma visão de mundo e modelo de organização social. Estou na política para representar pessoas e anseios, para combater desigualdades e ajudar na construção de uma sociedade melhor”, afirmou.

Dartora declarou que a candidatura à prefeitura “é um desejo” que vem de seus eleitores. “Quem iniciou a sugestão desta possível candidatura foram as pessoas que me elegerem em 2022, já logo após ao resultado”, disse.

”Eu me elegi como deputada federal pensando em continuar fazendo as transformações sociais que acredito. A Câmara Federal é hoje o espaço onde faço esse trabalho. E sim, nosso mandato está trabalhando muito. E esse coletivo seguirá trabalhando arduamente por esse projeto em qualquer cenário.”

O deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) afirmou que se coloca como pré-candidato à prefeitura de Palmas. “Eu faço um trabalho de articulação para que seja indicado pelo meu partido nas convenções que acontecerão no ano que vem”, disse ao Estadão. “As articulações de campanha e pré-campanha não atrapalham meu mandato porque é exatamente minha exposição como deputado federal que me faz ser mais conhecido em Palmas, faz com que as pessoas possam saber o que penso sobre as políticas públicas.”

Questionado sobre como a opinião pública veria um parlamentar que entrou na Câmara em fevereiro e está envolvido em uma nova campanha eleitoral meses depois, Ayres disse que “é importante considerar que os eleitores querem ver seus representantes crescerem na política, ocuparem espaços mais importantes, mais relevantes com o passar do tempo”.

“O mandato de deputado federal é importantíssimo. Caso vença (a disputa pela prefeitura), não terá nenhum prejuízo, porque outro republicano viria ocupar meu lugar”, disse. “A oportunidade de administrar a capital do Estado do Tocantins me faz crescer na política e me faz colocar na prática aquilo que eu gostaria de fazer e não tive a condição no Legislativo, que é executar as políticas públicas importantes para a nossa sociedade.”

O deputado disse não ter se elegido para a Câmara pensando em disputar a prefeitura de Palmas. “A política é muito dinâmica. Essa oportunidade aconteceu por causa dos resultados da última eleição no que diz respeito ao crescimento do nosso partido no Tocantins”, registrou.

O deputado Duarte Junior (PSB-MA) chegou ao segundo turno da disputa para prefeito de São Luís, em 2020. Em 2022, conseguiu uma vaga na Câmara e confirma que no ano que vem vai para outra disputa municipal. Ele nega ter encarado a vitória para deputado como apenas um trampolim para concorrer à capital maranhense de novo e diz que, apesar de pouco tempo em Brasília, tem resultados e trabalho que fazem os maranhenses pedirem nova candidatura. “Um bom mandato, com bons índices, resultados, faz com que as pessoas reconheçam o talento do político e a possibilidade de ele executar outras missões”, afirmou.

Os demais não se manifestaram.

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