Derrite diz que serviço de PMs a empresa de segurança é irregular e será apurado


Secretário negou que proximidade com dono da CampSeg tenha relação com caso revelado pelo ‘Estadão’ e afirma que sua atuação é ‘institucional’; para Tarcísio, ‘policiamento ostensivo’ na região do Porto de Santos é essencial e visa evitar roubo de cargas e vandalização

Por Davi Medeiros
Atualização:

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que não tinha conhecimento sobre a atuação de efetivo e equipamento da Polícia Militar a serviço da CampSeg, empresa privada contratada para fazer a segurança da ferrovia da região do Porto de Santos. Segundo ele, o caso, que foi revelado pelo Estadão, será apurado pela corporação. O secretário disse ainda que os policiais envolvidos estavam de folga e não foram cedidos com aval do Estado.

“Se isso efetivamente aconteceu, vai ser apurado, (porque) não é permitido pelo próprio regulamento da Polícia Militar, não era do nosso conhecimento”, afirmou Derrite nesta segunda-feira, 10, no evento em que o governo apresentou o resultado dos 100 primeiros dias de trabalho.

Tanto Derrite quanto o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) defenderam ser necessário o reforço do Estado na segurança dos trilhos daquela região, que sofre com roubos de carga e vandalismo. Segundo eles, mesmo condenando o uso de policiais militares pela CampSeg, deve haver apoio “institucional” do governo para preservar a linha férrea e a competitividade do Porto de Santos.

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Integrantes de quadrilha que atacou trem que transportava soja em Cubatão, em janeiro deste ano. Foto: Polícia Militar

Como revelou o Estadão, a CampSeg, contratada para fazer a segurança da ferrovia na região do porto de Santos, arregimentou policiais militares, agentes prisionais e guardas civis para auxiliá-la na função. Vídeos e cópias de conversas de WhatsApp do grupo da empresa mostram indícios de desvio de viaturas para patrulhar a linha férrea em áreas rurais, além de possível acionamento do helicóptero Águia, da PM, por chefes da empresa.

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O dono da CampSeg, Nelson Santini, foi policial da Rota e trabalhou com Derrite no passado. Seu irmão, José Vicente Santini, é assessor especial do governo de São Paulo. À reportagem, Nelson Santini alegou não existir relação entre seus vínculos políticos e a prestação de serviços de segurança.

O secretário negou que sua proximidade com os irmãos implique em colaboração e afirmou que, de sua parte, seu papel é “institucional”. Ele admitiu ter recebido Antonio Neves, diretor da Rumo Logística (cliente da empresa de segurança), em janeiro para tratar da segurança da linha férrea, e justificou que o crime organizado na região de Santos estava inviabilizando o escoamento de grãos do País.

“Existia um problema gravíssimo de segurança pública com utilização do crime organizado. Em posse dessas informações, é óbvio que nós empregamos esforços para combater, coibir e reduzir (os crimes)”, disse. A Rumo é a responsável por administrar a linha férrea que sai do Porto de Santos e passa por outras cidades do litoral sul, como Cubatão, onde há ocorrências de roubo de vagões e interceptação de carga. Segundo Derrite, investigações apontaram que a empresa anterior responsável pelo trecho tinha ligação com o crime organizado e era conivente com a vandalização.

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O governador Tarcísio de Freitas declarou ser necessária a atuação institucional da segurança pública na região com “policiamento ostensivo”. Ele afirmou que o papel do Estado é não permitir que os crimes levem o Porto de Santos a perder oportunidade de negócios. “Estamos fazendo o nosso papel. O que está em jogo é a competitividade do Porto de Santos“, afirmou o chefe do Executivo paulista.

“Relação de contratação de empresa privada é problema da empresa. Passa a ser um problema do governo quando você começa a ver a vandalização de composições que vêm do porto de Santos”, disse Tarcísio. “É uma situação muito grave com projeção de prejuízo muito significativo. Não podemos ter um porto como o de Santos tão suscetível a esse tipo de ataque. Tinha quadrilhas especializadas em roubo de carga e a gente começou a ver que tinha um sujeito ‘trader’ de soja que começou a comercializar soja fruto de furto e dos ataques a essas composições. Bom, isso é um problema de segurança pública.” Segundo ele, as ocorrências demandavam “atuação imediata do sistema de segurança pública”.

Ataques

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Como também já mostrou o Estadão, trens de empresas ferroviárias que transportam cargas para o Porto de Santos foram alvo de uma rede criminosa - os bandidos estariam atrás de soja, açúcar, carne e combustível. Apenas em 2022 teriam ocorrido mais de 100 ocorrências do tipo. A Polícia Militar desencadeou uma operação na Baixada Santista para frear a ação de saques de trens e ao menos 22 suspeitos foram presos à época.

Ouvida pela reportagem, a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) disse que a ação desses criminosos colocava a segurança da população em risco e trazia prejuízos para a economia do País. Na mesma reportagem, a Rumo também se pronunciou, por meio de nota. “Todas as interferências na linha férrea são registradas em boletim de ocorrência, e a concessionária segue mantendo conversas com a Secretaria de Segurança Pública e com os comandos gerais das polícias Militar e Civil”, dizia um trecho do comunicado.

Privatizações

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Também nesta segunda-feira, o governador Tarcísio de Freitas assinou decretos que autorizam a Secretaria de Parcerias e Investimentos a dar andamento ao plano de privatizações, marca que ele busca imprimir à sua gestão. Um deles autoriza a contratação da International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial, para estudar a desestatização da Companhia de Saneamento Básico (Sabesp). Segundo ele, “a resistência à privatização é menor em São Paulo porque o paulista se habituou aos serviços privados”.

No campo da segurança pública, Tarcísio assinou decreto autorizando a abertura de concurso público para a contratação de 5,6 mil novos policiais militares. O governador destacou o compromisso de solucionar o déficit no efetivo da força, que ultrapassa 16 mil, segundo o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp).

O governador também autorizou estudos para a concessão das linhas remanescentes da Companhia Pública de Transporte Metropolitano (CPTM) - 10-Turquesa, 11-Coral, 12–Safira, 13-Jade e 14-Ônix - e anunciou investimento de R$ 5,6 bilhões até 2026 para a despoluição do Rio Tietê.

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No plano de ações sobre a Cracolândia, o governo anunciu a contratação de 200 profissionais para fazer abordagem qualificada com os dependentes químicos, e amanhã será inaugurado um Centro de Referência de Álcool Tabaco e Outras Drogas (Cratod) “repaginado” na capital paulista. Tentativas recentes de dispersar os usuários de drogas causaram problemas aos moradores do centro da cidade. No sábado, 8, dependentes químicos fizeram um arrastão em uma farmácia localizada na Avenida São João.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que não tinha conhecimento sobre a atuação de efetivo e equipamento da Polícia Militar a serviço da CampSeg, empresa privada contratada para fazer a segurança da ferrovia da região do Porto de Santos. Segundo ele, o caso, que foi revelado pelo Estadão, será apurado pela corporação. O secretário disse ainda que os policiais envolvidos estavam de folga e não foram cedidos com aval do Estado.

“Se isso efetivamente aconteceu, vai ser apurado, (porque) não é permitido pelo próprio regulamento da Polícia Militar, não era do nosso conhecimento”, afirmou Derrite nesta segunda-feira, 10, no evento em que o governo apresentou o resultado dos 100 primeiros dias de trabalho.

Tanto Derrite quanto o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) defenderam ser necessário o reforço do Estado na segurança dos trilhos daquela região, que sofre com roubos de carga e vandalismo. Segundo eles, mesmo condenando o uso de policiais militares pela CampSeg, deve haver apoio “institucional” do governo para preservar a linha férrea e a competitividade do Porto de Santos.

Integrantes de quadrilha que atacou trem que transportava soja em Cubatão, em janeiro deste ano. Foto: Polícia Militar

Como revelou o Estadão, a CampSeg, contratada para fazer a segurança da ferrovia na região do porto de Santos, arregimentou policiais militares, agentes prisionais e guardas civis para auxiliá-la na função. Vídeos e cópias de conversas de WhatsApp do grupo da empresa mostram indícios de desvio de viaturas para patrulhar a linha férrea em áreas rurais, além de possível acionamento do helicóptero Águia, da PM, por chefes da empresa.

O dono da CampSeg, Nelson Santini, foi policial da Rota e trabalhou com Derrite no passado. Seu irmão, José Vicente Santini, é assessor especial do governo de São Paulo. À reportagem, Nelson Santini alegou não existir relação entre seus vínculos políticos e a prestação de serviços de segurança.

O secretário negou que sua proximidade com os irmãos implique em colaboração e afirmou que, de sua parte, seu papel é “institucional”. Ele admitiu ter recebido Antonio Neves, diretor da Rumo Logística (cliente da empresa de segurança), em janeiro para tratar da segurança da linha férrea, e justificou que o crime organizado na região de Santos estava inviabilizando o escoamento de grãos do País.

“Existia um problema gravíssimo de segurança pública com utilização do crime organizado. Em posse dessas informações, é óbvio que nós empregamos esforços para combater, coibir e reduzir (os crimes)”, disse. A Rumo é a responsável por administrar a linha férrea que sai do Porto de Santos e passa por outras cidades do litoral sul, como Cubatão, onde há ocorrências de roubo de vagões e interceptação de carga. Segundo Derrite, investigações apontaram que a empresa anterior responsável pelo trecho tinha ligação com o crime organizado e era conivente com a vandalização.

O governador Tarcísio de Freitas declarou ser necessária a atuação institucional da segurança pública na região com “policiamento ostensivo”. Ele afirmou que o papel do Estado é não permitir que os crimes levem o Porto de Santos a perder oportunidade de negócios. “Estamos fazendo o nosso papel. O que está em jogo é a competitividade do Porto de Santos“, afirmou o chefe do Executivo paulista.

“Relação de contratação de empresa privada é problema da empresa. Passa a ser um problema do governo quando você começa a ver a vandalização de composições que vêm do porto de Santos”, disse Tarcísio. “É uma situação muito grave com projeção de prejuízo muito significativo. Não podemos ter um porto como o de Santos tão suscetível a esse tipo de ataque. Tinha quadrilhas especializadas em roubo de carga e a gente começou a ver que tinha um sujeito ‘trader’ de soja que começou a comercializar soja fruto de furto e dos ataques a essas composições. Bom, isso é um problema de segurança pública.” Segundo ele, as ocorrências demandavam “atuação imediata do sistema de segurança pública”.

Ataques

Como também já mostrou o Estadão, trens de empresas ferroviárias que transportam cargas para o Porto de Santos foram alvo de uma rede criminosa - os bandidos estariam atrás de soja, açúcar, carne e combustível. Apenas em 2022 teriam ocorrido mais de 100 ocorrências do tipo. A Polícia Militar desencadeou uma operação na Baixada Santista para frear a ação de saques de trens e ao menos 22 suspeitos foram presos à época.

Ouvida pela reportagem, a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) disse que a ação desses criminosos colocava a segurança da população em risco e trazia prejuízos para a economia do País. Na mesma reportagem, a Rumo também se pronunciou, por meio de nota. “Todas as interferências na linha férrea são registradas em boletim de ocorrência, e a concessionária segue mantendo conversas com a Secretaria de Segurança Pública e com os comandos gerais das polícias Militar e Civil”, dizia um trecho do comunicado.

Privatizações

Também nesta segunda-feira, o governador Tarcísio de Freitas assinou decretos que autorizam a Secretaria de Parcerias e Investimentos a dar andamento ao plano de privatizações, marca que ele busca imprimir à sua gestão. Um deles autoriza a contratação da International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial, para estudar a desestatização da Companhia de Saneamento Básico (Sabesp). Segundo ele, “a resistência à privatização é menor em São Paulo porque o paulista se habituou aos serviços privados”.

No campo da segurança pública, Tarcísio assinou decreto autorizando a abertura de concurso público para a contratação de 5,6 mil novos policiais militares. O governador destacou o compromisso de solucionar o déficit no efetivo da força, que ultrapassa 16 mil, segundo o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp).

O governador também autorizou estudos para a concessão das linhas remanescentes da Companhia Pública de Transporte Metropolitano (CPTM) - 10-Turquesa, 11-Coral, 12–Safira, 13-Jade e 14-Ônix - e anunciou investimento de R$ 5,6 bilhões até 2026 para a despoluição do Rio Tietê.

No plano de ações sobre a Cracolândia, o governo anunciu a contratação de 200 profissionais para fazer abordagem qualificada com os dependentes químicos, e amanhã será inaugurado um Centro de Referência de Álcool Tabaco e Outras Drogas (Cratod) “repaginado” na capital paulista. Tentativas recentes de dispersar os usuários de drogas causaram problemas aos moradores do centro da cidade. No sábado, 8, dependentes químicos fizeram um arrastão em uma farmácia localizada na Avenida São João.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que não tinha conhecimento sobre a atuação de efetivo e equipamento da Polícia Militar a serviço da CampSeg, empresa privada contratada para fazer a segurança da ferrovia da região do Porto de Santos. Segundo ele, o caso, que foi revelado pelo Estadão, será apurado pela corporação. O secretário disse ainda que os policiais envolvidos estavam de folga e não foram cedidos com aval do Estado.

“Se isso efetivamente aconteceu, vai ser apurado, (porque) não é permitido pelo próprio regulamento da Polícia Militar, não era do nosso conhecimento”, afirmou Derrite nesta segunda-feira, 10, no evento em que o governo apresentou o resultado dos 100 primeiros dias de trabalho.

Tanto Derrite quanto o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) defenderam ser necessário o reforço do Estado na segurança dos trilhos daquela região, que sofre com roubos de carga e vandalismo. Segundo eles, mesmo condenando o uso de policiais militares pela CampSeg, deve haver apoio “institucional” do governo para preservar a linha férrea e a competitividade do Porto de Santos.

Integrantes de quadrilha que atacou trem que transportava soja em Cubatão, em janeiro deste ano. Foto: Polícia Militar

Como revelou o Estadão, a CampSeg, contratada para fazer a segurança da ferrovia na região do porto de Santos, arregimentou policiais militares, agentes prisionais e guardas civis para auxiliá-la na função. Vídeos e cópias de conversas de WhatsApp do grupo da empresa mostram indícios de desvio de viaturas para patrulhar a linha férrea em áreas rurais, além de possível acionamento do helicóptero Águia, da PM, por chefes da empresa.

O dono da CampSeg, Nelson Santini, foi policial da Rota e trabalhou com Derrite no passado. Seu irmão, José Vicente Santini, é assessor especial do governo de São Paulo. À reportagem, Nelson Santini alegou não existir relação entre seus vínculos políticos e a prestação de serviços de segurança.

O secretário negou que sua proximidade com os irmãos implique em colaboração e afirmou que, de sua parte, seu papel é “institucional”. Ele admitiu ter recebido Antonio Neves, diretor da Rumo Logística (cliente da empresa de segurança), em janeiro para tratar da segurança da linha férrea, e justificou que o crime organizado na região de Santos estava inviabilizando o escoamento de grãos do País.

“Existia um problema gravíssimo de segurança pública com utilização do crime organizado. Em posse dessas informações, é óbvio que nós empregamos esforços para combater, coibir e reduzir (os crimes)”, disse. A Rumo é a responsável por administrar a linha férrea que sai do Porto de Santos e passa por outras cidades do litoral sul, como Cubatão, onde há ocorrências de roubo de vagões e interceptação de carga. Segundo Derrite, investigações apontaram que a empresa anterior responsável pelo trecho tinha ligação com o crime organizado e era conivente com a vandalização.

O governador Tarcísio de Freitas declarou ser necessária a atuação institucional da segurança pública na região com “policiamento ostensivo”. Ele afirmou que o papel do Estado é não permitir que os crimes levem o Porto de Santos a perder oportunidade de negócios. “Estamos fazendo o nosso papel. O que está em jogo é a competitividade do Porto de Santos“, afirmou o chefe do Executivo paulista.

“Relação de contratação de empresa privada é problema da empresa. Passa a ser um problema do governo quando você começa a ver a vandalização de composições que vêm do porto de Santos”, disse Tarcísio. “É uma situação muito grave com projeção de prejuízo muito significativo. Não podemos ter um porto como o de Santos tão suscetível a esse tipo de ataque. Tinha quadrilhas especializadas em roubo de carga e a gente começou a ver que tinha um sujeito ‘trader’ de soja que começou a comercializar soja fruto de furto e dos ataques a essas composições. Bom, isso é um problema de segurança pública.” Segundo ele, as ocorrências demandavam “atuação imediata do sistema de segurança pública”.

Ataques

Como também já mostrou o Estadão, trens de empresas ferroviárias que transportam cargas para o Porto de Santos foram alvo de uma rede criminosa - os bandidos estariam atrás de soja, açúcar, carne e combustível. Apenas em 2022 teriam ocorrido mais de 100 ocorrências do tipo. A Polícia Militar desencadeou uma operação na Baixada Santista para frear a ação de saques de trens e ao menos 22 suspeitos foram presos à época.

Ouvida pela reportagem, a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) disse que a ação desses criminosos colocava a segurança da população em risco e trazia prejuízos para a economia do País. Na mesma reportagem, a Rumo também se pronunciou, por meio de nota. “Todas as interferências na linha férrea são registradas em boletim de ocorrência, e a concessionária segue mantendo conversas com a Secretaria de Segurança Pública e com os comandos gerais das polícias Militar e Civil”, dizia um trecho do comunicado.

Privatizações

Também nesta segunda-feira, o governador Tarcísio de Freitas assinou decretos que autorizam a Secretaria de Parcerias e Investimentos a dar andamento ao plano de privatizações, marca que ele busca imprimir à sua gestão. Um deles autoriza a contratação da International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial, para estudar a desestatização da Companhia de Saneamento Básico (Sabesp). Segundo ele, “a resistência à privatização é menor em São Paulo porque o paulista se habituou aos serviços privados”.

No campo da segurança pública, Tarcísio assinou decreto autorizando a abertura de concurso público para a contratação de 5,6 mil novos policiais militares. O governador destacou o compromisso de solucionar o déficit no efetivo da força, que ultrapassa 16 mil, segundo o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp).

O governador também autorizou estudos para a concessão das linhas remanescentes da Companhia Pública de Transporte Metropolitano (CPTM) - 10-Turquesa, 11-Coral, 12–Safira, 13-Jade e 14-Ônix - e anunciou investimento de R$ 5,6 bilhões até 2026 para a despoluição do Rio Tietê.

No plano de ações sobre a Cracolândia, o governo anunciu a contratação de 200 profissionais para fazer abordagem qualificada com os dependentes químicos, e amanhã será inaugurado um Centro de Referência de Álcool Tabaco e Outras Drogas (Cratod) “repaginado” na capital paulista. Tentativas recentes de dispersar os usuários de drogas causaram problemas aos moradores do centro da cidade. No sábado, 8, dependentes químicos fizeram um arrastão em uma farmácia localizada na Avenida São João.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que não tinha conhecimento sobre a atuação de efetivo e equipamento da Polícia Militar a serviço da CampSeg, empresa privada contratada para fazer a segurança da ferrovia da região do Porto de Santos. Segundo ele, o caso, que foi revelado pelo Estadão, será apurado pela corporação. O secretário disse ainda que os policiais envolvidos estavam de folga e não foram cedidos com aval do Estado.

“Se isso efetivamente aconteceu, vai ser apurado, (porque) não é permitido pelo próprio regulamento da Polícia Militar, não era do nosso conhecimento”, afirmou Derrite nesta segunda-feira, 10, no evento em que o governo apresentou o resultado dos 100 primeiros dias de trabalho.

Tanto Derrite quanto o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) defenderam ser necessário o reforço do Estado na segurança dos trilhos daquela região, que sofre com roubos de carga e vandalismo. Segundo eles, mesmo condenando o uso de policiais militares pela CampSeg, deve haver apoio “institucional” do governo para preservar a linha férrea e a competitividade do Porto de Santos.

Integrantes de quadrilha que atacou trem que transportava soja em Cubatão, em janeiro deste ano. Foto: Polícia Militar

Como revelou o Estadão, a CampSeg, contratada para fazer a segurança da ferrovia na região do porto de Santos, arregimentou policiais militares, agentes prisionais e guardas civis para auxiliá-la na função. Vídeos e cópias de conversas de WhatsApp do grupo da empresa mostram indícios de desvio de viaturas para patrulhar a linha férrea em áreas rurais, além de possível acionamento do helicóptero Águia, da PM, por chefes da empresa.

O dono da CampSeg, Nelson Santini, foi policial da Rota e trabalhou com Derrite no passado. Seu irmão, José Vicente Santini, é assessor especial do governo de São Paulo. À reportagem, Nelson Santini alegou não existir relação entre seus vínculos políticos e a prestação de serviços de segurança.

O secretário negou que sua proximidade com os irmãos implique em colaboração e afirmou que, de sua parte, seu papel é “institucional”. Ele admitiu ter recebido Antonio Neves, diretor da Rumo Logística (cliente da empresa de segurança), em janeiro para tratar da segurança da linha férrea, e justificou que o crime organizado na região de Santos estava inviabilizando o escoamento de grãos do País.

“Existia um problema gravíssimo de segurança pública com utilização do crime organizado. Em posse dessas informações, é óbvio que nós empregamos esforços para combater, coibir e reduzir (os crimes)”, disse. A Rumo é a responsável por administrar a linha férrea que sai do Porto de Santos e passa por outras cidades do litoral sul, como Cubatão, onde há ocorrências de roubo de vagões e interceptação de carga. Segundo Derrite, investigações apontaram que a empresa anterior responsável pelo trecho tinha ligação com o crime organizado e era conivente com a vandalização.

O governador Tarcísio de Freitas declarou ser necessária a atuação institucional da segurança pública na região com “policiamento ostensivo”. Ele afirmou que o papel do Estado é não permitir que os crimes levem o Porto de Santos a perder oportunidade de negócios. “Estamos fazendo o nosso papel. O que está em jogo é a competitividade do Porto de Santos“, afirmou o chefe do Executivo paulista.

“Relação de contratação de empresa privada é problema da empresa. Passa a ser um problema do governo quando você começa a ver a vandalização de composições que vêm do porto de Santos”, disse Tarcísio. “É uma situação muito grave com projeção de prejuízo muito significativo. Não podemos ter um porto como o de Santos tão suscetível a esse tipo de ataque. Tinha quadrilhas especializadas em roubo de carga e a gente começou a ver que tinha um sujeito ‘trader’ de soja que começou a comercializar soja fruto de furto e dos ataques a essas composições. Bom, isso é um problema de segurança pública.” Segundo ele, as ocorrências demandavam “atuação imediata do sistema de segurança pública”.

Ataques

Como também já mostrou o Estadão, trens de empresas ferroviárias que transportam cargas para o Porto de Santos foram alvo de uma rede criminosa - os bandidos estariam atrás de soja, açúcar, carne e combustível. Apenas em 2022 teriam ocorrido mais de 100 ocorrências do tipo. A Polícia Militar desencadeou uma operação na Baixada Santista para frear a ação de saques de trens e ao menos 22 suspeitos foram presos à época.

Ouvida pela reportagem, a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) disse que a ação desses criminosos colocava a segurança da população em risco e trazia prejuízos para a economia do País. Na mesma reportagem, a Rumo também se pronunciou, por meio de nota. “Todas as interferências na linha férrea são registradas em boletim de ocorrência, e a concessionária segue mantendo conversas com a Secretaria de Segurança Pública e com os comandos gerais das polícias Militar e Civil”, dizia um trecho do comunicado.

Privatizações

Também nesta segunda-feira, o governador Tarcísio de Freitas assinou decretos que autorizam a Secretaria de Parcerias e Investimentos a dar andamento ao plano de privatizações, marca que ele busca imprimir à sua gestão. Um deles autoriza a contratação da International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial, para estudar a desestatização da Companhia de Saneamento Básico (Sabesp). Segundo ele, “a resistência à privatização é menor em São Paulo porque o paulista se habituou aos serviços privados”.

No campo da segurança pública, Tarcísio assinou decreto autorizando a abertura de concurso público para a contratação de 5,6 mil novos policiais militares. O governador destacou o compromisso de solucionar o déficit no efetivo da força, que ultrapassa 16 mil, segundo o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp).

O governador também autorizou estudos para a concessão das linhas remanescentes da Companhia Pública de Transporte Metropolitano (CPTM) - 10-Turquesa, 11-Coral, 12–Safira, 13-Jade e 14-Ônix - e anunciou investimento de R$ 5,6 bilhões até 2026 para a despoluição do Rio Tietê.

No plano de ações sobre a Cracolândia, o governo anunciu a contratação de 200 profissionais para fazer abordagem qualificada com os dependentes químicos, e amanhã será inaugurado um Centro de Referência de Álcool Tabaco e Outras Drogas (Cratod) “repaginado” na capital paulista. Tentativas recentes de dispersar os usuários de drogas causaram problemas aos moradores do centro da cidade. No sábado, 8, dependentes químicos fizeram um arrastão em uma farmácia localizada na Avenida São João.

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