Derrota reafirma diferenças com Aécio


Líder mineiro se destacou pela articulação; Serra demonstrava excesso de confiança no próprio poder político

Por Redação

BRASÍLIA - Na noite de domingo, quando o ritmo da contagem dos votos já expunha a derrota de José Serra, o senador eleito Aécio Neves começou a coletar números que pudessem explicar e justificar o desempenho em Minas do candidato tucano à Presidência. Aécio esperava pelas cobranças, mas não esperava que fosse responsabilizado por uma derrota que é de inteira responsabilidade de Serra.

 

No bastidor, os tucanos são unânimes ao expor a diferença entre Aécio e Serra. E a essência da diferença, dizem, está na articulação política: Aécio vinha usando o poder de Minas para articular aliança nacional, que incluiria PMDB e PSB, para disputar o Planalto em 2010. O PPS iria com qualquer tucano porque com o PT é que não podia ir.

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Aécio vinha "ajudando" o PSB a ser um partido médio - basta relembrar o jogo montado em torno da disputa pela prefeitura de Belo Horizonte, com Márcio Lacerda, em 2008. O tucano mineiro tinha a certeza de que poderia ser ajudado ao ter a seu lado líderes como o pernambucano Eduardo Campos e o cearense Ciro Gomes. No mínimo, qualidades de liderança à parte, os dois ajudariam a rachar votos no bunker lulista em que se transformou o Nordeste para Dilma, região onde Serra foi esmagado.

 

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No PMDB, a certeza da candidatura Aécio equivaleria a ter, no mínimo, as lideranças da Câmara com ele. A aliança jamais teria a formalidade que teve com o PT de Dilma e Lula, sobrando para Serra um quercismo mofado.

 

Serra havia aplainado diferenças com o DEM e o próprio PSDB, apenas no espaço político paulista, mas achou que chegaria lá carregado pelo "eu sou, eu faço, eu aconteço". Escudado no recall de eleições passadas, que, à partida, lhe dava em torno de 35% das intenções de voto, Serra achou que um DEM combalido e articulações partidárias regionais eram detalhes sem importância em um jogo eleitoral nobre - só ele conhecia a estirpe dessa nobreza política e como esse jogo deveria ser jogado.

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Espalhou-se no PSDB a certeza de que Serra engoliria, no horário eleitoral e nos debates, a inexperiente Dilma. "Serra não está se preparando para o debate porque ele domina todos esses assuntos de política pública", diziam seus assessores à véspera de cada debate. Eles ainda demonstravam impaciência e fastio com os jornalistas que insistiam em querer saber o óbvio.

 

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Aécio Neves havia se preparado e costurado alianças políticas para governar Minas (mais de uma vez), para ganhar a prefeitura de Belo Horizonte, para ser candidato ao Planalto (se Serra deixasse), para ganhar a disputa pelo Senado (independentemente da vontade de Serra), para fazer o companheiro de chapa ao Senado (Itamar Franco/PPS), para barrar o candidato do PT ao Senado (Fernando Pimentel), para fazer o seu sucessor ao governo de Minas e impor uma derrota ao Planalto (Hélio Costa/PMDB e Patrus Ananias/PT).

 

O que fez Aécio? Costurou alianças de olho na ideia de que precisaria roubar apoio de Lula para enfraquecer sua candidata. Faria, humildemente, o mesmo "roubo" feito por Lula, em 2002, quando, depois de três tentativas frustradas de chegar à Presidência só com alianças nanicas (1989, 1994, 1998), finalmente emplacou uma vitória para o Planalto.

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Em Minas, pelos acordos políticos fechados previamente e que atrelavam a disputa no maior colégio eleitoral ao esquema da pré-campanha presidencial de Aécio, o tucano Serra era uma espécie de estranho no ninho. Ainda assim, no Estado de Minas, de 2002 para 2010, os candidatos Alckmin e Serra, nos confrontos de segundo turno com Lula e Dilma, cresceram quase 6 pontos porcentuais. Em Belo Horizonte, subiram 26 pontos.

 

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Foi pouco? Serra esperava mais em Minas? É só olhar se Minas foi tão diferente do que aconteceu no resto do Sudeste. Ralos 8 pontos em São Paulo são aceitáveis onde os tucanos ocupam há duas décadas o poder? A surra de 20 pontos no Rio de Janeiro é compreensível? E, no Sul, ganhar por um ponto no Rio Grande do Sul está de bom tamanho?

BRASÍLIA - Na noite de domingo, quando o ritmo da contagem dos votos já expunha a derrota de José Serra, o senador eleito Aécio Neves começou a coletar números que pudessem explicar e justificar o desempenho em Minas do candidato tucano à Presidência. Aécio esperava pelas cobranças, mas não esperava que fosse responsabilizado por uma derrota que é de inteira responsabilidade de Serra.

 

No bastidor, os tucanos são unânimes ao expor a diferença entre Aécio e Serra. E a essência da diferença, dizem, está na articulação política: Aécio vinha usando o poder de Minas para articular aliança nacional, que incluiria PMDB e PSB, para disputar o Planalto em 2010. O PPS iria com qualquer tucano porque com o PT é que não podia ir.

 

Aécio vinha "ajudando" o PSB a ser um partido médio - basta relembrar o jogo montado em torno da disputa pela prefeitura de Belo Horizonte, com Márcio Lacerda, em 2008. O tucano mineiro tinha a certeza de que poderia ser ajudado ao ter a seu lado líderes como o pernambucano Eduardo Campos e o cearense Ciro Gomes. No mínimo, qualidades de liderança à parte, os dois ajudariam a rachar votos no bunker lulista em que se transformou o Nordeste para Dilma, região onde Serra foi esmagado.

 

No PMDB, a certeza da candidatura Aécio equivaleria a ter, no mínimo, as lideranças da Câmara com ele. A aliança jamais teria a formalidade que teve com o PT de Dilma e Lula, sobrando para Serra um quercismo mofado.

 

Serra havia aplainado diferenças com o DEM e o próprio PSDB, apenas no espaço político paulista, mas achou que chegaria lá carregado pelo "eu sou, eu faço, eu aconteço". Escudado no recall de eleições passadas, que, à partida, lhe dava em torno de 35% das intenções de voto, Serra achou que um DEM combalido e articulações partidárias regionais eram detalhes sem importância em um jogo eleitoral nobre - só ele conhecia a estirpe dessa nobreza política e como esse jogo deveria ser jogado.

 

Espalhou-se no PSDB a certeza de que Serra engoliria, no horário eleitoral e nos debates, a inexperiente Dilma. "Serra não está se preparando para o debate porque ele domina todos esses assuntos de política pública", diziam seus assessores à véspera de cada debate. Eles ainda demonstravam impaciência e fastio com os jornalistas que insistiam em querer saber o óbvio.

 

Aécio Neves havia se preparado e costurado alianças políticas para governar Minas (mais de uma vez), para ganhar a prefeitura de Belo Horizonte, para ser candidato ao Planalto (se Serra deixasse), para ganhar a disputa pelo Senado (independentemente da vontade de Serra), para fazer o companheiro de chapa ao Senado (Itamar Franco/PPS), para barrar o candidato do PT ao Senado (Fernando Pimentel), para fazer o seu sucessor ao governo de Minas e impor uma derrota ao Planalto (Hélio Costa/PMDB e Patrus Ananias/PT).

 

O que fez Aécio? Costurou alianças de olho na ideia de que precisaria roubar apoio de Lula para enfraquecer sua candidata. Faria, humildemente, o mesmo "roubo" feito por Lula, em 2002, quando, depois de três tentativas frustradas de chegar à Presidência só com alianças nanicas (1989, 1994, 1998), finalmente emplacou uma vitória para o Planalto.

 

Em Minas, pelos acordos políticos fechados previamente e que atrelavam a disputa no maior colégio eleitoral ao esquema da pré-campanha presidencial de Aécio, o tucano Serra era uma espécie de estranho no ninho. Ainda assim, no Estado de Minas, de 2002 para 2010, os candidatos Alckmin e Serra, nos confrontos de segundo turno com Lula e Dilma, cresceram quase 6 pontos porcentuais. Em Belo Horizonte, subiram 26 pontos.

 

Foi pouco? Serra esperava mais em Minas? É só olhar se Minas foi tão diferente do que aconteceu no resto do Sudeste. Ralos 8 pontos em São Paulo são aceitáveis onde os tucanos ocupam há duas décadas o poder? A surra de 20 pontos no Rio de Janeiro é compreensível? E, no Sul, ganhar por um ponto no Rio Grande do Sul está de bom tamanho?

BRASÍLIA - Na noite de domingo, quando o ritmo da contagem dos votos já expunha a derrota de José Serra, o senador eleito Aécio Neves começou a coletar números que pudessem explicar e justificar o desempenho em Minas do candidato tucano à Presidência. Aécio esperava pelas cobranças, mas não esperava que fosse responsabilizado por uma derrota que é de inteira responsabilidade de Serra.

 

No bastidor, os tucanos são unânimes ao expor a diferença entre Aécio e Serra. E a essência da diferença, dizem, está na articulação política: Aécio vinha usando o poder de Minas para articular aliança nacional, que incluiria PMDB e PSB, para disputar o Planalto em 2010. O PPS iria com qualquer tucano porque com o PT é que não podia ir.

 

Aécio vinha "ajudando" o PSB a ser um partido médio - basta relembrar o jogo montado em torno da disputa pela prefeitura de Belo Horizonte, com Márcio Lacerda, em 2008. O tucano mineiro tinha a certeza de que poderia ser ajudado ao ter a seu lado líderes como o pernambucano Eduardo Campos e o cearense Ciro Gomes. No mínimo, qualidades de liderança à parte, os dois ajudariam a rachar votos no bunker lulista em que se transformou o Nordeste para Dilma, região onde Serra foi esmagado.

 

No PMDB, a certeza da candidatura Aécio equivaleria a ter, no mínimo, as lideranças da Câmara com ele. A aliança jamais teria a formalidade que teve com o PT de Dilma e Lula, sobrando para Serra um quercismo mofado.

 

Serra havia aplainado diferenças com o DEM e o próprio PSDB, apenas no espaço político paulista, mas achou que chegaria lá carregado pelo "eu sou, eu faço, eu aconteço". Escudado no recall de eleições passadas, que, à partida, lhe dava em torno de 35% das intenções de voto, Serra achou que um DEM combalido e articulações partidárias regionais eram detalhes sem importância em um jogo eleitoral nobre - só ele conhecia a estirpe dessa nobreza política e como esse jogo deveria ser jogado.

 

Espalhou-se no PSDB a certeza de que Serra engoliria, no horário eleitoral e nos debates, a inexperiente Dilma. "Serra não está se preparando para o debate porque ele domina todos esses assuntos de política pública", diziam seus assessores à véspera de cada debate. Eles ainda demonstravam impaciência e fastio com os jornalistas que insistiam em querer saber o óbvio.

 

Aécio Neves havia se preparado e costurado alianças políticas para governar Minas (mais de uma vez), para ganhar a prefeitura de Belo Horizonte, para ser candidato ao Planalto (se Serra deixasse), para ganhar a disputa pelo Senado (independentemente da vontade de Serra), para fazer o companheiro de chapa ao Senado (Itamar Franco/PPS), para barrar o candidato do PT ao Senado (Fernando Pimentel), para fazer o seu sucessor ao governo de Minas e impor uma derrota ao Planalto (Hélio Costa/PMDB e Patrus Ananias/PT).

 

O que fez Aécio? Costurou alianças de olho na ideia de que precisaria roubar apoio de Lula para enfraquecer sua candidata. Faria, humildemente, o mesmo "roubo" feito por Lula, em 2002, quando, depois de três tentativas frustradas de chegar à Presidência só com alianças nanicas (1989, 1994, 1998), finalmente emplacou uma vitória para o Planalto.

 

Em Minas, pelos acordos políticos fechados previamente e que atrelavam a disputa no maior colégio eleitoral ao esquema da pré-campanha presidencial de Aécio, o tucano Serra era uma espécie de estranho no ninho. Ainda assim, no Estado de Minas, de 2002 para 2010, os candidatos Alckmin e Serra, nos confrontos de segundo turno com Lula e Dilma, cresceram quase 6 pontos porcentuais. Em Belo Horizonte, subiram 26 pontos.

 

Foi pouco? Serra esperava mais em Minas? É só olhar se Minas foi tão diferente do que aconteceu no resto do Sudeste. Ralos 8 pontos em São Paulo são aceitáveis onde os tucanos ocupam há duas décadas o poder? A surra de 20 pontos no Rio de Janeiro é compreensível? E, no Sul, ganhar por um ponto no Rio Grande do Sul está de bom tamanho?

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