Rogério Marinho, mesmo derrotado, se credencia como voz do bolsonarismo; leia análise


Rodrigo Pacheco encontrou um adversário competitivo, turbinado pelo bolsonarismo de plantão e também pelo ex-presidente

Por Marco Antonio C. Teixeira
Atualização:

Rogério Marinho, senador eleito em 2022 pelo PL do Rio Grande do Norte, que ganhou notoriedade pública no exercício do cargo de secretário especial da Previdência Social e Trabalho e, em seguida, como ministro do Desenvolvimento Regional, ambos no governo Jair Bolsonaro, agora volta a ter protagonismo no cenário político nacional ao ser lançado como representante do bolsonarismo na disputa pela presidência do Senado. Mesmo derrotado por Rodrigo Pacheco.

Ex-parlamentar do PSB e do PSDB, Marinho tem uma trajetória de embates com o PT tanto em seu Estado, o Rio Grande do Norte, como em âmbito nacional, o que já o credenciava como um senador de oposição. Entretanto, o grau de conflito com o qual esse processo de disputa pela presidência do Senado se desenvolveu pode levá-lo à condição de voz da oposição fora dos muros da Casa alta, ocupando um espaço na disputa dentro da política institucional que até o momento Jair Bolsonaro demonstra ter dificuldade para ocupar.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que fez campanha para Rógerio Marinho, acompanha a eleição no Senado Foto: Wilton Junior/Estadão
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A disputa para o comando das duas casas legislativas foi bem diferente. Arthur Lira praticamente não teve adversário na Câmara dos Deputados. A candidatura Chico Alencar, do PSOL, não promoveu qualquer incomodo a sua reeleição. Entretanto, no Senado, Pacheco encontrou um adversário competitivo, turbinado pelo bolsonarismo de plantão e também pelo próprio Jair Bolsonaro, que, mesmo nos EUA, se mobilizou para pedir votos e certamente influenciou na volta de Michelle Bolsonaro ao Brasil a tempo de ela participar de eventos presenciais de apoio a Marinho. Bom lembrar que as indicações do presidente ao STF e ao TCU, dentre outras em outros órgãos, assim como a abertura de processos de impeachment contra ministros do Supremo, algo sempre presente como desejo no imaginário dos mais fundamentalistas, passam necessariamente pelo comando do Senado e da CCJ daquela Casa.

Com Lira e Pacheco à frente das duas Casas, é possível traçar dois prováveis cenários políticos. O primeiro é que o governo não terá obstáculos de natureza eleitoral à tramitação de projetos. Isso não significa que os parlamentares simplesmente vão apenas homologar os interesses do governo Lula. Mas, frente aos dissensos que certamente estarão presentes nos debates sobre reformas e projetos, vão exercer o papel de questionar e emendar projetos em função dos diferentes interesses que nas Casas se fazem representar. Caso Marinho estivesse no comando do Senado e em dívida com Jair Bolsonaro, certamente a corrida presidencial de 2026 seria antecipada.

O segundo cenário vale sobretudo para o Senado. Rogério Marinho, ainda que derrotado, sai credenciado como voz da oposição. O mesmo não se verifica na Câmara dos Deputados pela natureza da disputa entre Lira (agora tido como aliado de Lula) contra o segundo colocado Chico Alencar, do PSOL, que também compõe a base do governo e obteve somente 21 votos.

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Será muito saudável para a democracia que a oposição bolsonarista faça a disputa política pela via institucional e saia de vez da porta dos quartéis, enfraquecendo a ação golpista de grupos que ainda alimentam expectativas fora do jogo democrático.

MARCO ANTONIO C. TEIXEIRA É CIENTISTA POLÍTICO, PROFESSOR E COORDENADOR DO MESTRADO EM GESTÃO E POLITICAS PÚBLICAS DA FGV-EAESP

Rogério Marinho, senador eleito em 2022 pelo PL do Rio Grande do Norte, que ganhou notoriedade pública no exercício do cargo de secretário especial da Previdência Social e Trabalho e, em seguida, como ministro do Desenvolvimento Regional, ambos no governo Jair Bolsonaro, agora volta a ter protagonismo no cenário político nacional ao ser lançado como representante do bolsonarismo na disputa pela presidência do Senado. Mesmo derrotado por Rodrigo Pacheco.

Ex-parlamentar do PSB e do PSDB, Marinho tem uma trajetória de embates com o PT tanto em seu Estado, o Rio Grande do Norte, como em âmbito nacional, o que já o credenciava como um senador de oposição. Entretanto, o grau de conflito com o qual esse processo de disputa pela presidência do Senado se desenvolveu pode levá-lo à condição de voz da oposição fora dos muros da Casa alta, ocupando um espaço na disputa dentro da política institucional que até o momento Jair Bolsonaro demonstra ter dificuldade para ocupar.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que fez campanha para Rógerio Marinho, acompanha a eleição no Senado Foto: Wilton Junior/Estadão

A disputa para o comando das duas casas legislativas foi bem diferente. Arthur Lira praticamente não teve adversário na Câmara dos Deputados. A candidatura Chico Alencar, do PSOL, não promoveu qualquer incomodo a sua reeleição. Entretanto, no Senado, Pacheco encontrou um adversário competitivo, turbinado pelo bolsonarismo de plantão e também pelo próprio Jair Bolsonaro, que, mesmo nos EUA, se mobilizou para pedir votos e certamente influenciou na volta de Michelle Bolsonaro ao Brasil a tempo de ela participar de eventos presenciais de apoio a Marinho. Bom lembrar que as indicações do presidente ao STF e ao TCU, dentre outras em outros órgãos, assim como a abertura de processos de impeachment contra ministros do Supremo, algo sempre presente como desejo no imaginário dos mais fundamentalistas, passam necessariamente pelo comando do Senado e da CCJ daquela Casa.

Com Lira e Pacheco à frente das duas Casas, é possível traçar dois prováveis cenários políticos. O primeiro é que o governo não terá obstáculos de natureza eleitoral à tramitação de projetos. Isso não significa que os parlamentares simplesmente vão apenas homologar os interesses do governo Lula. Mas, frente aos dissensos que certamente estarão presentes nos debates sobre reformas e projetos, vão exercer o papel de questionar e emendar projetos em função dos diferentes interesses que nas Casas se fazem representar. Caso Marinho estivesse no comando do Senado e em dívida com Jair Bolsonaro, certamente a corrida presidencial de 2026 seria antecipada.

O segundo cenário vale sobretudo para o Senado. Rogério Marinho, ainda que derrotado, sai credenciado como voz da oposição. O mesmo não se verifica na Câmara dos Deputados pela natureza da disputa entre Lira (agora tido como aliado de Lula) contra o segundo colocado Chico Alencar, do PSOL, que também compõe a base do governo e obteve somente 21 votos.

Será muito saudável para a democracia que a oposição bolsonarista faça a disputa política pela via institucional e saia de vez da porta dos quartéis, enfraquecendo a ação golpista de grupos que ainda alimentam expectativas fora do jogo democrático.

MARCO ANTONIO C. TEIXEIRA É CIENTISTA POLÍTICO, PROFESSOR E COORDENADOR DO MESTRADO EM GESTÃO E POLITICAS PÚBLICAS DA FGV-EAESP

Rogério Marinho, senador eleito em 2022 pelo PL do Rio Grande do Norte, que ganhou notoriedade pública no exercício do cargo de secretário especial da Previdência Social e Trabalho e, em seguida, como ministro do Desenvolvimento Regional, ambos no governo Jair Bolsonaro, agora volta a ter protagonismo no cenário político nacional ao ser lançado como representante do bolsonarismo na disputa pela presidência do Senado. Mesmo derrotado por Rodrigo Pacheco.

Ex-parlamentar do PSB e do PSDB, Marinho tem uma trajetória de embates com o PT tanto em seu Estado, o Rio Grande do Norte, como em âmbito nacional, o que já o credenciava como um senador de oposição. Entretanto, o grau de conflito com o qual esse processo de disputa pela presidência do Senado se desenvolveu pode levá-lo à condição de voz da oposição fora dos muros da Casa alta, ocupando um espaço na disputa dentro da política institucional que até o momento Jair Bolsonaro demonstra ter dificuldade para ocupar.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que fez campanha para Rógerio Marinho, acompanha a eleição no Senado Foto: Wilton Junior/Estadão

A disputa para o comando das duas casas legislativas foi bem diferente. Arthur Lira praticamente não teve adversário na Câmara dos Deputados. A candidatura Chico Alencar, do PSOL, não promoveu qualquer incomodo a sua reeleição. Entretanto, no Senado, Pacheco encontrou um adversário competitivo, turbinado pelo bolsonarismo de plantão e também pelo próprio Jair Bolsonaro, que, mesmo nos EUA, se mobilizou para pedir votos e certamente influenciou na volta de Michelle Bolsonaro ao Brasil a tempo de ela participar de eventos presenciais de apoio a Marinho. Bom lembrar que as indicações do presidente ao STF e ao TCU, dentre outras em outros órgãos, assim como a abertura de processos de impeachment contra ministros do Supremo, algo sempre presente como desejo no imaginário dos mais fundamentalistas, passam necessariamente pelo comando do Senado e da CCJ daquela Casa.

Com Lira e Pacheco à frente das duas Casas, é possível traçar dois prováveis cenários políticos. O primeiro é que o governo não terá obstáculos de natureza eleitoral à tramitação de projetos. Isso não significa que os parlamentares simplesmente vão apenas homologar os interesses do governo Lula. Mas, frente aos dissensos que certamente estarão presentes nos debates sobre reformas e projetos, vão exercer o papel de questionar e emendar projetos em função dos diferentes interesses que nas Casas se fazem representar. Caso Marinho estivesse no comando do Senado e em dívida com Jair Bolsonaro, certamente a corrida presidencial de 2026 seria antecipada.

O segundo cenário vale sobretudo para o Senado. Rogério Marinho, ainda que derrotado, sai credenciado como voz da oposição. O mesmo não se verifica na Câmara dos Deputados pela natureza da disputa entre Lira (agora tido como aliado de Lula) contra o segundo colocado Chico Alencar, do PSOL, que também compõe a base do governo e obteve somente 21 votos.

Será muito saudável para a democracia que a oposição bolsonarista faça a disputa política pela via institucional e saia de vez da porta dos quartéis, enfraquecendo a ação golpista de grupos que ainda alimentam expectativas fora do jogo democrático.

MARCO ANTONIO C. TEIXEIRA É CIENTISTA POLÍTICO, PROFESSOR E COORDENADOR DO MESTRADO EM GESTÃO E POLITICAS PÚBLICAS DA FGV-EAESP

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