Análises sobre o estado geral da nação

Opinião|Bolsonaro, Papai Noel de Lula, deixou três presentes para o primeiro ano de mandato do adversário


Entre as heranças do ex-presidente para o atual está a autonomia do Banco Central

Por Diogo Schelp

Lula conclui o primeiro ano do seu terceiro mandato com a popularidade estável, crescimento do PIB anual acima do previsto, inflação controlada e sem enfrentar constantes protestos de rua. Em parte, esse cenário deriva de presentes deixados por seu antecessor, Jair Bolsonaro.

Lula torceu o nariz quando abriu a embalagem, e continua dizendo que não gostou, mas a autonomia do Banco Central, aprovada em 2021, mostrou-se duplamente útil. Deu a ele, pela impossibilidade de trocar o presidente do BC, um bode expiatório caso a economia não desempenhasse bem. Bastaria culpar os juros altos, de responsabilidade do indicado de Bolsonaro. Lula moldou esse discurso desde o início em seus ataques a Roberto Campos Neto. Mas a equipe do BC conseguiu a redução da inflação sem achatar demais a curva do crescimento. De um jeito ou de outro, Lula sairia ganhando.

O presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Campos Neto, "herança" da gestão Bolsonaro para o governo petista Foto: Adriano Machado / REUTERS
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O segundo presente foi o fortalecimento da locomotiva da economia brasileira. O governo Bolsonaro foi um desastre em um amplo leque de áreas, da saúde à segurança pública, da educação ao meio ambiente, mas um setor foi favorecido: a agropecuária, grande responsável pelo desempenho do PIB atual. As verbas para o Plano Safra, por exemplo, foram turbinadas — em junho deste ano, Lula pegou o mesmo bonde e aumentou ainda mais os valores para a próxima safra.

O terceiro regalo do Papai Noel Bolsonaro a Lula foi involuntário. Era para ser um pacote-bomba, mas deu chabu. Trata-se do papel desempenhado por Bolsonaro antes e depois de perder a eleição e que desaguou na infame invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro. Depois de incutir a desconfiança no processo eleitoral, Bolsonaro adotou uma postura de quem não aceitava o resultado. Até o seu tradicional pronunciamento de 24 de dezembro foi cancelado, reforçando o silêncio nada inocente que incentivou seus apoiadores a permanecerem acampados na porta de quarteis.

O vandalismo de 8 de janeiro mobilizou políticos e ministros do STF contra o golpismo de vertente bolsonarista e Lula soube se valer disso. A punição aos invasores está sendo aplicada com mão pesada, enquanto os peixes grandes da mais do que evidente conspiração antidemocrática escapam da rede da justiça. Como resultado, os apoiadores de Bolsonaro sumiram das ruas e Lula desfrutou de um 2023 livre de grandes manifestações, ao contrário do que se previa. Nesse sentido, um ano tranquilo, mimo do adversário.

Lula conclui o primeiro ano do seu terceiro mandato com a popularidade estável, crescimento do PIB anual acima do previsto, inflação controlada e sem enfrentar constantes protestos de rua. Em parte, esse cenário deriva de presentes deixados por seu antecessor, Jair Bolsonaro.

Lula torceu o nariz quando abriu a embalagem, e continua dizendo que não gostou, mas a autonomia do Banco Central, aprovada em 2021, mostrou-se duplamente útil. Deu a ele, pela impossibilidade de trocar o presidente do BC, um bode expiatório caso a economia não desempenhasse bem. Bastaria culpar os juros altos, de responsabilidade do indicado de Bolsonaro. Lula moldou esse discurso desde o início em seus ataques a Roberto Campos Neto. Mas a equipe do BC conseguiu a redução da inflação sem achatar demais a curva do crescimento. De um jeito ou de outro, Lula sairia ganhando.

O presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Campos Neto, "herança" da gestão Bolsonaro para o governo petista Foto: Adriano Machado / REUTERS

O segundo presente foi o fortalecimento da locomotiva da economia brasileira. O governo Bolsonaro foi um desastre em um amplo leque de áreas, da saúde à segurança pública, da educação ao meio ambiente, mas um setor foi favorecido: a agropecuária, grande responsável pelo desempenho do PIB atual. As verbas para o Plano Safra, por exemplo, foram turbinadas — em junho deste ano, Lula pegou o mesmo bonde e aumentou ainda mais os valores para a próxima safra.

O terceiro regalo do Papai Noel Bolsonaro a Lula foi involuntário. Era para ser um pacote-bomba, mas deu chabu. Trata-se do papel desempenhado por Bolsonaro antes e depois de perder a eleição e que desaguou na infame invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro. Depois de incutir a desconfiança no processo eleitoral, Bolsonaro adotou uma postura de quem não aceitava o resultado. Até o seu tradicional pronunciamento de 24 de dezembro foi cancelado, reforçando o silêncio nada inocente que incentivou seus apoiadores a permanecerem acampados na porta de quarteis.

O vandalismo de 8 de janeiro mobilizou políticos e ministros do STF contra o golpismo de vertente bolsonarista e Lula soube se valer disso. A punição aos invasores está sendo aplicada com mão pesada, enquanto os peixes grandes da mais do que evidente conspiração antidemocrática escapam da rede da justiça. Como resultado, os apoiadores de Bolsonaro sumiram das ruas e Lula desfrutou de um 2023 livre de grandes manifestações, ao contrário do que se previa. Nesse sentido, um ano tranquilo, mimo do adversário.

Lula conclui o primeiro ano do seu terceiro mandato com a popularidade estável, crescimento do PIB anual acima do previsto, inflação controlada e sem enfrentar constantes protestos de rua. Em parte, esse cenário deriva de presentes deixados por seu antecessor, Jair Bolsonaro.

Lula torceu o nariz quando abriu a embalagem, e continua dizendo que não gostou, mas a autonomia do Banco Central, aprovada em 2021, mostrou-se duplamente útil. Deu a ele, pela impossibilidade de trocar o presidente do BC, um bode expiatório caso a economia não desempenhasse bem. Bastaria culpar os juros altos, de responsabilidade do indicado de Bolsonaro. Lula moldou esse discurso desde o início em seus ataques a Roberto Campos Neto. Mas a equipe do BC conseguiu a redução da inflação sem achatar demais a curva do crescimento. De um jeito ou de outro, Lula sairia ganhando.

O presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Campos Neto, "herança" da gestão Bolsonaro para o governo petista Foto: Adriano Machado / REUTERS

O segundo presente foi o fortalecimento da locomotiva da economia brasileira. O governo Bolsonaro foi um desastre em um amplo leque de áreas, da saúde à segurança pública, da educação ao meio ambiente, mas um setor foi favorecido: a agropecuária, grande responsável pelo desempenho do PIB atual. As verbas para o Plano Safra, por exemplo, foram turbinadas — em junho deste ano, Lula pegou o mesmo bonde e aumentou ainda mais os valores para a próxima safra.

O terceiro regalo do Papai Noel Bolsonaro a Lula foi involuntário. Era para ser um pacote-bomba, mas deu chabu. Trata-se do papel desempenhado por Bolsonaro antes e depois de perder a eleição e que desaguou na infame invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro. Depois de incutir a desconfiança no processo eleitoral, Bolsonaro adotou uma postura de quem não aceitava o resultado. Até o seu tradicional pronunciamento de 24 de dezembro foi cancelado, reforçando o silêncio nada inocente que incentivou seus apoiadores a permanecerem acampados na porta de quarteis.

O vandalismo de 8 de janeiro mobilizou políticos e ministros do STF contra o golpismo de vertente bolsonarista e Lula soube se valer disso. A punição aos invasores está sendo aplicada com mão pesada, enquanto os peixes grandes da mais do que evidente conspiração antidemocrática escapam da rede da justiça. Como resultado, os apoiadores de Bolsonaro sumiram das ruas e Lula desfrutou de um 2023 livre de grandes manifestações, ao contrário do que se previa. Nesse sentido, um ano tranquilo, mimo do adversário.

Lula conclui o primeiro ano do seu terceiro mandato com a popularidade estável, crescimento do PIB anual acima do previsto, inflação controlada e sem enfrentar constantes protestos de rua. Em parte, esse cenário deriva de presentes deixados por seu antecessor, Jair Bolsonaro.

Lula torceu o nariz quando abriu a embalagem, e continua dizendo que não gostou, mas a autonomia do Banco Central, aprovada em 2021, mostrou-se duplamente útil. Deu a ele, pela impossibilidade de trocar o presidente do BC, um bode expiatório caso a economia não desempenhasse bem. Bastaria culpar os juros altos, de responsabilidade do indicado de Bolsonaro. Lula moldou esse discurso desde o início em seus ataques a Roberto Campos Neto. Mas a equipe do BC conseguiu a redução da inflação sem achatar demais a curva do crescimento. De um jeito ou de outro, Lula sairia ganhando.

O presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Campos Neto, "herança" da gestão Bolsonaro para o governo petista Foto: Adriano Machado / REUTERS

O segundo presente foi o fortalecimento da locomotiva da economia brasileira. O governo Bolsonaro foi um desastre em um amplo leque de áreas, da saúde à segurança pública, da educação ao meio ambiente, mas um setor foi favorecido: a agropecuária, grande responsável pelo desempenho do PIB atual. As verbas para o Plano Safra, por exemplo, foram turbinadas — em junho deste ano, Lula pegou o mesmo bonde e aumentou ainda mais os valores para a próxima safra.

O terceiro regalo do Papai Noel Bolsonaro a Lula foi involuntário. Era para ser um pacote-bomba, mas deu chabu. Trata-se do papel desempenhado por Bolsonaro antes e depois de perder a eleição e que desaguou na infame invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro. Depois de incutir a desconfiança no processo eleitoral, Bolsonaro adotou uma postura de quem não aceitava o resultado. Até o seu tradicional pronunciamento de 24 de dezembro foi cancelado, reforçando o silêncio nada inocente que incentivou seus apoiadores a permanecerem acampados na porta de quarteis.

O vandalismo de 8 de janeiro mobilizou políticos e ministros do STF contra o golpismo de vertente bolsonarista e Lula soube se valer disso. A punição aos invasores está sendo aplicada com mão pesada, enquanto os peixes grandes da mais do que evidente conspiração antidemocrática escapam da rede da justiça. Como resultado, os apoiadores de Bolsonaro sumiram das ruas e Lula desfrutou de um 2023 livre de grandes manifestações, ao contrário do que se previa. Nesse sentido, um ano tranquilo, mimo do adversário.

Opinião por Diogo Schelp

Jornalista e comentarista político, foi editor executivo da Veja entre 2012 e 2018. Posteriormente, foi redator-chefe da Istoé, colunista de política do UOL e comentarista da Jovem Pan News. É mestre em Relações Internacionais pela USP.

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