Análises sobre o estado geral da nação

Opinião|Com atentado frustrado e fragilização de Biden, só um milagre tira eleição de Trump


A imagem do republicano com o rosto ensanguentado e com o punho erguido tem potencial para reduzir a abstenção entre os eleitores com maior capacidade de desequilibrar a disputa

Por Diogo Schelp
Atualização:

O poder eleitoral da martirização é inegável. Jair Bolsonaro sobreviveu a um grave atentado a faca em 2018 e isso contribuiu para sua vitória eleitoral por pelo menos três motivos. Primeiro, porque serviu à narrativa de que ele enfrentava interesses obscuros e poderosos e estava disposto a se sacrificar por essa luta. Segundo, por colocá-lo no centro das atenções da campanha. Terceiro, por eximí-lo da obrigação de participar de debates. Os dois últimos pontos não se aplicam ao americano Donald Trump, que escapou por um triz de ser assassinado durante um comício eleitoral no sábado (13). Mas o primeiro, o da martirização, tem tudo para ser decisivo para a volta do ex-presidente à Casa Branca.

Donald Trump após ser atingido por tiro de raspão em atentado na Pensilvânia Foto: Gene J. Puskar/AP Photo

O atentado frustrado contra Trump, no contexto do bipartidarismo americano, obviamente não vai fazer com que eleitores democratas se sensibilizem e mudem de voto em massa. Mas a imagem do republicano com o rosto ensanguentado e com o punho erguido, impassível e desafiador, pode ter impacto sobre um elemento fundamental e muitas vezes esquecido no processo eleitoral americano: a taxa de comparecimento nas urnas.

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Nos Estados Unidos, ao contrário do Brasil, o voto não é obrigatório. Com isso, enquanto por aqui cerca de 80% dos eleitores aparecem para votar, nas eleições presidenciais americanas a taxa de comparecimento fica em torno de 60%, uma das mais baixas em países democráticos. Uma menor abstenção beneficia de forma diferente candidatos democratas e republicanos. Tudo depende de quem decide votar.

Na campanha atual, segundo as pesquisas, o presidente Joe Biden se sai melhor entre cidadãos que compareceram regularmente às urnas em eleições passadas. Trump, por sua vez, tem mais preferência de voto entre eleitores com maior histórico de abstenção. O atentado contra ele pode ser a motivação que faltava para esses americanos saírem de casa no dia das eleições. E ainda melhor para Trump se forem eleitores brancos, com mais idade e menor escolaridade — justamente o perfil mais vulnerável às teorias conspiratórias que já começaram a se espalhar após a tentativa de assassinato.

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Os democratas, por sua vez, têm em Biden um candidato fragilizado, que sofre pressão dentro do próprio partido para abandonar a disputa. O maior incentivo que seus eleitores têm para votar é o de impedir o retorno de Trump ao poder. Será um milagre se conseguirem.

O poder eleitoral da martirização é inegável. Jair Bolsonaro sobreviveu a um grave atentado a faca em 2018 e isso contribuiu para sua vitória eleitoral por pelo menos três motivos. Primeiro, porque serviu à narrativa de que ele enfrentava interesses obscuros e poderosos e estava disposto a se sacrificar por essa luta. Segundo, por colocá-lo no centro das atenções da campanha. Terceiro, por eximí-lo da obrigação de participar de debates. Os dois últimos pontos não se aplicam ao americano Donald Trump, que escapou por um triz de ser assassinado durante um comício eleitoral no sábado (13). Mas o primeiro, o da martirização, tem tudo para ser decisivo para a volta do ex-presidente à Casa Branca.

Donald Trump após ser atingido por tiro de raspão em atentado na Pensilvânia Foto: Gene J. Puskar/AP Photo

O atentado frustrado contra Trump, no contexto do bipartidarismo americano, obviamente não vai fazer com que eleitores democratas se sensibilizem e mudem de voto em massa. Mas a imagem do republicano com o rosto ensanguentado e com o punho erguido, impassível e desafiador, pode ter impacto sobre um elemento fundamental e muitas vezes esquecido no processo eleitoral americano: a taxa de comparecimento nas urnas.

Nos Estados Unidos, ao contrário do Brasil, o voto não é obrigatório. Com isso, enquanto por aqui cerca de 80% dos eleitores aparecem para votar, nas eleições presidenciais americanas a taxa de comparecimento fica em torno de 60%, uma das mais baixas em países democráticos. Uma menor abstenção beneficia de forma diferente candidatos democratas e republicanos. Tudo depende de quem decide votar.

Na campanha atual, segundo as pesquisas, o presidente Joe Biden se sai melhor entre cidadãos que compareceram regularmente às urnas em eleições passadas. Trump, por sua vez, tem mais preferência de voto entre eleitores com maior histórico de abstenção. O atentado contra ele pode ser a motivação que faltava para esses americanos saírem de casa no dia das eleições. E ainda melhor para Trump se forem eleitores brancos, com mais idade e menor escolaridade — justamente o perfil mais vulnerável às teorias conspiratórias que já começaram a se espalhar após a tentativa de assassinato.

Os democratas, por sua vez, têm em Biden um candidato fragilizado, que sofre pressão dentro do próprio partido para abandonar a disputa. O maior incentivo que seus eleitores têm para votar é o de impedir o retorno de Trump ao poder. Será um milagre se conseguirem.

O poder eleitoral da martirização é inegável. Jair Bolsonaro sobreviveu a um grave atentado a faca em 2018 e isso contribuiu para sua vitória eleitoral por pelo menos três motivos. Primeiro, porque serviu à narrativa de que ele enfrentava interesses obscuros e poderosos e estava disposto a se sacrificar por essa luta. Segundo, por colocá-lo no centro das atenções da campanha. Terceiro, por eximí-lo da obrigação de participar de debates. Os dois últimos pontos não se aplicam ao americano Donald Trump, que escapou por um triz de ser assassinado durante um comício eleitoral no sábado (13). Mas o primeiro, o da martirização, tem tudo para ser decisivo para a volta do ex-presidente à Casa Branca.

Donald Trump após ser atingido por tiro de raspão em atentado na Pensilvânia Foto: Gene J. Puskar/AP Photo

O atentado frustrado contra Trump, no contexto do bipartidarismo americano, obviamente não vai fazer com que eleitores democratas se sensibilizem e mudem de voto em massa. Mas a imagem do republicano com o rosto ensanguentado e com o punho erguido, impassível e desafiador, pode ter impacto sobre um elemento fundamental e muitas vezes esquecido no processo eleitoral americano: a taxa de comparecimento nas urnas.

Nos Estados Unidos, ao contrário do Brasil, o voto não é obrigatório. Com isso, enquanto por aqui cerca de 80% dos eleitores aparecem para votar, nas eleições presidenciais americanas a taxa de comparecimento fica em torno de 60%, uma das mais baixas em países democráticos. Uma menor abstenção beneficia de forma diferente candidatos democratas e republicanos. Tudo depende de quem decide votar.

Na campanha atual, segundo as pesquisas, o presidente Joe Biden se sai melhor entre cidadãos que compareceram regularmente às urnas em eleições passadas. Trump, por sua vez, tem mais preferência de voto entre eleitores com maior histórico de abstenção. O atentado contra ele pode ser a motivação que faltava para esses americanos saírem de casa no dia das eleições. E ainda melhor para Trump se forem eleitores brancos, com mais idade e menor escolaridade — justamente o perfil mais vulnerável às teorias conspiratórias que já começaram a se espalhar após a tentativa de assassinato.

Os democratas, por sua vez, têm em Biden um candidato fragilizado, que sofre pressão dentro do próprio partido para abandonar a disputa. O maior incentivo que seus eleitores têm para votar é o de impedir o retorno de Trump ao poder. Será um milagre se conseguirem.

Opinião por Diogo Schelp

Jornalista e comentarista político, foi editor executivo da Veja entre 2012 e 2018. Posteriormente, foi redator-chefe da Istoé, colunista de política do UOL e comentarista da Jovem Pan News. É mestre em Relações Internacionais pela USP.

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