Análises sobre o estado geral da nação

Opinião|Bolsonaro confirma apoios em manifestação coreografada, mas não muda o seu destino


Ato serviu para reforçar laços de lealdade de aliados e cumpriu objetivo de produzir foto da força do ex-presidente, mas é inócuo para destino na Justiça

Por Diogo Schelp
Atualização:

“Essa fotografia vai rodar o mundo”, disse Jair Bolsonaro em seu discurso diante de milhares de apoiadores na Avenida Paulista, neste domingo, 25. Não é uma frase que merece ir para as manchetes a respeito da manifestação de desagravo e apoio ao ex-presidente ocorrida em São Paulo, mas talvez por isso mesmo resuma com perfeição o que foi o ato. Primeiro, por expressar o quanto Bolsonaro anseia, quase desesperadamente, por ser reconhecido, no Brasil e no mundo, como um ator imprescindível da política nacional. Segundo, por expor que o real objetivo embutido no esforço de reunir uma multidão de verde e amarelo e um punhado de aliados políticos ao se redor era o de produzir uma prova visual irrefutável da sua força política. E, terceiro, por sintetizar o conteúdo rarefeito do discurso de Bolsonaro.

A manifestação, coreografada do asfalto ao carro de som, cumpriu seu objetivo. Conseguiu confirmar que nenhum outro político no Brasil consegue mobilizar as massas da mesma forma, com tanta facilidade. Demonstrou a obediência servil dos apoiadores, que cumpriram a determinação de não exibir cartazes com mensagens golpistas e que foram capazes de se conter nas palavras de ordem contra o ministro Alexandre de Moraes mesmo quando o pastor Silas Malafaia gritou que ele tinha sangue nas mãos pela morte na prisão de um dos réus do 8 de janeiro, Cleriston Pereira da Cunha.

Ato convocado por Bolsonaro após investigações sobre golpe buscava uma fotografia pra mostrar a força de Bolsonaro Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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O ato serviu, também, para apertar os laços de lealdade e dependência que prendem alguns políticos de relevo a Bolsonaro. Não é possível ser neutro em um ato de defesa a um ex-presidente suspeito de tentar um golpe de Estado. Isso ficou claro no discurso de Tarcísio de Freitas. O governador de São Paulo tentou não se comprometer, mas o resultado foi constrangedor. “Eu tenho certeza que vocês estavam com saudade de vestir verde e amarelo”, disse ele. A última vez que militantes bolsonaristas marcharam em grande número com suas camisas da Seleção e se enrolaram na bandeira brasileira foi para invadir as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Mas Bolsonaro em cima de um carro de som sem bradar ofensas e ataques às instituições e aos inimigos de sempre não é o mesmo Bolsonaro de sempre. É tirar do populista a essência do populismo. E, para surpresa de ninguém, ele não cumpriu a promessa de apresentar sua defesa às suspeitas que embasam as investigações da Polícia Federal. Nos parcos trechos em que fez menção ao caso, Bolsonaro disse que preparar um decreto de estado de sítio não é golpe e que golpe precisa de tanques nas ruas e conspiração. Ou seja, deu a entender que, quaisquer que fossem suas intenções, estavam de acordo com a Constituição, e omitiu os indícios de que houve uma tentativa de diversas pessoas do seu círculo próximo (conspiração) de obter apoio para uma intervenção militar (tanques nas ruas).

“Creio que está explicada essa questão”, disse Bolsonaro, acrescentando em seguida que é preciso virar essa página da nossa história. Do ponto de vista do seu destino jurídico, as palavras de Bolsonaro e a foto da multidão na Avenida Paulista são inócuas. Do ponto de vista histórico, mantêm muitas lacunas a serem preenchidas, não páginas viradas.

“Essa fotografia vai rodar o mundo”, disse Jair Bolsonaro em seu discurso diante de milhares de apoiadores na Avenida Paulista, neste domingo, 25. Não é uma frase que merece ir para as manchetes a respeito da manifestação de desagravo e apoio ao ex-presidente ocorrida em São Paulo, mas talvez por isso mesmo resuma com perfeição o que foi o ato. Primeiro, por expressar o quanto Bolsonaro anseia, quase desesperadamente, por ser reconhecido, no Brasil e no mundo, como um ator imprescindível da política nacional. Segundo, por expor que o real objetivo embutido no esforço de reunir uma multidão de verde e amarelo e um punhado de aliados políticos ao se redor era o de produzir uma prova visual irrefutável da sua força política. E, terceiro, por sintetizar o conteúdo rarefeito do discurso de Bolsonaro.

A manifestação, coreografada do asfalto ao carro de som, cumpriu seu objetivo. Conseguiu confirmar que nenhum outro político no Brasil consegue mobilizar as massas da mesma forma, com tanta facilidade. Demonstrou a obediência servil dos apoiadores, que cumpriram a determinação de não exibir cartazes com mensagens golpistas e que foram capazes de se conter nas palavras de ordem contra o ministro Alexandre de Moraes mesmo quando o pastor Silas Malafaia gritou que ele tinha sangue nas mãos pela morte na prisão de um dos réus do 8 de janeiro, Cleriston Pereira da Cunha.

Ato convocado por Bolsonaro após investigações sobre golpe buscava uma fotografia pra mostrar a força de Bolsonaro Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O ato serviu, também, para apertar os laços de lealdade e dependência que prendem alguns políticos de relevo a Bolsonaro. Não é possível ser neutro em um ato de defesa a um ex-presidente suspeito de tentar um golpe de Estado. Isso ficou claro no discurso de Tarcísio de Freitas. O governador de São Paulo tentou não se comprometer, mas o resultado foi constrangedor. “Eu tenho certeza que vocês estavam com saudade de vestir verde e amarelo”, disse ele. A última vez que militantes bolsonaristas marcharam em grande número com suas camisas da Seleção e se enrolaram na bandeira brasileira foi para invadir as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Mas Bolsonaro em cima de um carro de som sem bradar ofensas e ataques às instituições e aos inimigos de sempre não é o mesmo Bolsonaro de sempre. É tirar do populista a essência do populismo. E, para surpresa de ninguém, ele não cumpriu a promessa de apresentar sua defesa às suspeitas que embasam as investigações da Polícia Federal. Nos parcos trechos em que fez menção ao caso, Bolsonaro disse que preparar um decreto de estado de sítio não é golpe e que golpe precisa de tanques nas ruas e conspiração. Ou seja, deu a entender que, quaisquer que fossem suas intenções, estavam de acordo com a Constituição, e omitiu os indícios de que houve uma tentativa de diversas pessoas do seu círculo próximo (conspiração) de obter apoio para uma intervenção militar (tanques nas ruas).

“Creio que está explicada essa questão”, disse Bolsonaro, acrescentando em seguida que é preciso virar essa página da nossa história. Do ponto de vista do seu destino jurídico, as palavras de Bolsonaro e a foto da multidão na Avenida Paulista são inócuas. Do ponto de vista histórico, mantêm muitas lacunas a serem preenchidas, não páginas viradas.

“Essa fotografia vai rodar o mundo”, disse Jair Bolsonaro em seu discurso diante de milhares de apoiadores na Avenida Paulista, neste domingo, 25. Não é uma frase que merece ir para as manchetes a respeito da manifestação de desagravo e apoio ao ex-presidente ocorrida em São Paulo, mas talvez por isso mesmo resuma com perfeição o que foi o ato. Primeiro, por expressar o quanto Bolsonaro anseia, quase desesperadamente, por ser reconhecido, no Brasil e no mundo, como um ator imprescindível da política nacional. Segundo, por expor que o real objetivo embutido no esforço de reunir uma multidão de verde e amarelo e um punhado de aliados políticos ao se redor era o de produzir uma prova visual irrefutável da sua força política. E, terceiro, por sintetizar o conteúdo rarefeito do discurso de Bolsonaro.

A manifestação, coreografada do asfalto ao carro de som, cumpriu seu objetivo. Conseguiu confirmar que nenhum outro político no Brasil consegue mobilizar as massas da mesma forma, com tanta facilidade. Demonstrou a obediência servil dos apoiadores, que cumpriram a determinação de não exibir cartazes com mensagens golpistas e que foram capazes de se conter nas palavras de ordem contra o ministro Alexandre de Moraes mesmo quando o pastor Silas Malafaia gritou que ele tinha sangue nas mãos pela morte na prisão de um dos réus do 8 de janeiro, Cleriston Pereira da Cunha.

Ato convocado por Bolsonaro após investigações sobre golpe buscava uma fotografia pra mostrar a força de Bolsonaro Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O ato serviu, também, para apertar os laços de lealdade e dependência que prendem alguns políticos de relevo a Bolsonaro. Não é possível ser neutro em um ato de defesa a um ex-presidente suspeito de tentar um golpe de Estado. Isso ficou claro no discurso de Tarcísio de Freitas. O governador de São Paulo tentou não se comprometer, mas o resultado foi constrangedor. “Eu tenho certeza que vocês estavam com saudade de vestir verde e amarelo”, disse ele. A última vez que militantes bolsonaristas marcharam em grande número com suas camisas da Seleção e se enrolaram na bandeira brasileira foi para invadir as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Mas Bolsonaro em cima de um carro de som sem bradar ofensas e ataques às instituições e aos inimigos de sempre não é o mesmo Bolsonaro de sempre. É tirar do populista a essência do populismo. E, para surpresa de ninguém, ele não cumpriu a promessa de apresentar sua defesa às suspeitas que embasam as investigações da Polícia Federal. Nos parcos trechos em que fez menção ao caso, Bolsonaro disse que preparar um decreto de estado de sítio não é golpe e que golpe precisa de tanques nas ruas e conspiração. Ou seja, deu a entender que, quaisquer que fossem suas intenções, estavam de acordo com a Constituição, e omitiu os indícios de que houve uma tentativa de diversas pessoas do seu círculo próximo (conspiração) de obter apoio para uma intervenção militar (tanques nas ruas).

“Creio que está explicada essa questão”, disse Bolsonaro, acrescentando em seguida que é preciso virar essa página da nossa história. Do ponto de vista do seu destino jurídico, as palavras de Bolsonaro e a foto da multidão na Avenida Paulista são inócuas. Do ponto de vista histórico, mantêm muitas lacunas a serem preenchidas, não páginas viradas.

“Essa fotografia vai rodar o mundo”, disse Jair Bolsonaro em seu discurso diante de milhares de apoiadores na Avenida Paulista, neste domingo, 25. Não é uma frase que merece ir para as manchetes a respeito da manifestação de desagravo e apoio ao ex-presidente ocorrida em São Paulo, mas talvez por isso mesmo resuma com perfeição o que foi o ato. Primeiro, por expressar o quanto Bolsonaro anseia, quase desesperadamente, por ser reconhecido, no Brasil e no mundo, como um ator imprescindível da política nacional. Segundo, por expor que o real objetivo embutido no esforço de reunir uma multidão de verde e amarelo e um punhado de aliados políticos ao se redor era o de produzir uma prova visual irrefutável da sua força política. E, terceiro, por sintetizar o conteúdo rarefeito do discurso de Bolsonaro.

A manifestação, coreografada do asfalto ao carro de som, cumpriu seu objetivo. Conseguiu confirmar que nenhum outro político no Brasil consegue mobilizar as massas da mesma forma, com tanta facilidade. Demonstrou a obediência servil dos apoiadores, que cumpriram a determinação de não exibir cartazes com mensagens golpistas e que foram capazes de se conter nas palavras de ordem contra o ministro Alexandre de Moraes mesmo quando o pastor Silas Malafaia gritou que ele tinha sangue nas mãos pela morte na prisão de um dos réus do 8 de janeiro, Cleriston Pereira da Cunha.

Ato convocado por Bolsonaro após investigações sobre golpe buscava uma fotografia pra mostrar a força de Bolsonaro Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O ato serviu, também, para apertar os laços de lealdade e dependência que prendem alguns políticos de relevo a Bolsonaro. Não é possível ser neutro em um ato de defesa a um ex-presidente suspeito de tentar um golpe de Estado. Isso ficou claro no discurso de Tarcísio de Freitas. O governador de São Paulo tentou não se comprometer, mas o resultado foi constrangedor. “Eu tenho certeza que vocês estavam com saudade de vestir verde e amarelo”, disse ele. A última vez que militantes bolsonaristas marcharam em grande número com suas camisas da Seleção e se enrolaram na bandeira brasileira foi para invadir as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Mas Bolsonaro em cima de um carro de som sem bradar ofensas e ataques às instituições e aos inimigos de sempre não é o mesmo Bolsonaro de sempre. É tirar do populista a essência do populismo. E, para surpresa de ninguém, ele não cumpriu a promessa de apresentar sua defesa às suspeitas que embasam as investigações da Polícia Federal. Nos parcos trechos em que fez menção ao caso, Bolsonaro disse que preparar um decreto de estado de sítio não é golpe e que golpe precisa de tanques nas ruas e conspiração. Ou seja, deu a entender que, quaisquer que fossem suas intenções, estavam de acordo com a Constituição, e omitiu os indícios de que houve uma tentativa de diversas pessoas do seu círculo próximo (conspiração) de obter apoio para uma intervenção militar (tanques nas ruas).

“Creio que está explicada essa questão”, disse Bolsonaro, acrescentando em seguida que é preciso virar essa página da nossa história. Do ponto de vista do seu destino jurídico, as palavras de Bolsonaro e a foto da multidão na Avenida Paulista são inócuas. Do ponto de vista histórico, mantêm muitas lacunas a serem preenchidas, não páginas viradas.

Opinião por Diogo Schelp

Jornalista e comentarista político, foi editor executivo da Veja entre 2012 e 2018. Posteriormente, foi redator-chefe da Istoé, colunista de política do UOL e comentarista da Jovem Pan News. É mestre em Relações Internacionais pela USP.

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