Comandante do PT de 1995 a 2002, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu surpreendeu ontem ao admitir que o PT pode ser vice, e não cabeça de chapa, em 2010, na disputa pela Presidência da República. Segundo ele, o partido "já mudou muito" e deve servir primeiro ao Brasil, "depois a si mesmo". Isso, ressaltou, não quer dizer que a legenda, necessariamente, não vá ter postulante à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Acredito que o PT vai, sim, evoluir para isso (admitir a possibilidade de não ter a cabeça de chapa), eu vou lutar para isso. Não significa que o PT não vá ter candidato ou candidata. Acho que o PT pode, sim (não ter candidato). Porque o que interessa é o Brasil, é projeto político, não é um partido só", afirmou ele, em entrevista. O ex-ministro disse que o sucesso do PT na articulação de uma candidatura a presidente depende apenas do próprio PT. " Se tiver bandeiras que a sociedade entenda que dão continuidade aos oito anos de Lula, o PT pode ter uma candidatura para apresentar à coalizão", afirmou. "Defendo que o PT tenha candidatura para apresentar à coalizão. Com todos os senões do Brasil. Não estamos no Chile, não estamos no Uruguai, que há 20, 30 anos têm coalizão." Dirceu citou também, como possíveis postulantes petistas ao Palácio do Planalto, os ministros Tarso Genro (Justiça), Dilma Rousseff (Casa Civil) e Marta Suplicy (Turismo); os senadores Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante (SP); o governador da Bahia, Jaques Wagner. E reconheceu o direito de outros partidos da base lançarem candidatos à Presidência. "O PSB tem um excelente nome que é o do companheiro Ciro Gomes", declarou. "Foi um excelente ministro do presidente Lula. Defendo uma reaproximação com o PSB e o PC do B." Ele disse ainda que o PMDB também tem direito a apresentar um candidato à aliança. O petista anunciou ainda uma agenda política que pretende defender, em viagens pelo País, e afirmou que o presidente Lula já apresentou o seu programa para o segundo mandato. "O PT tem que pensar o futuro", pregou. Dirceu também revelou como vai se preparar para enfrentar o julgamento do mensalão no STF. "Agora vou fazer uma mobilização popular e social, que não fiz, para minha defesa, para quando for julgado." Ele também atacou a oposição que, disse, está "cega".