Direita bolsonarista aposta em ‘vingança’ do governo Trump contra Moraes e o STF


Tanto Jason Miller, ex-porta-voz do presidente eleito dos EUA, quanto Filipe Martins, aliado do ex-presidente brasileiro, já foram alvo de Alexandre de Moraes, e bolsonaristas esperam revide por parte da Casa Branca

Por Guilherme Caetano

BRASÍLIA - Com a volta de Donald Trump ao comando dos Estados Unidos a partir de janeiro, aparece na direita bolsonarista a aposta de que ações tomadas pelas autoridades brasileiras sejam vingadas pelo novo presidente. Lideranças como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) vêm se mostrando dispostas a atuar como observadores da Casa Branca no Brasil.

Dois episódios têm sido levantados pelos bolsonaristas como alerta para uma eventual revanche do Partido Republicano americano. Tanto Jason Miller, ex-porta-voz de Trump, quanto Filipe Martins, ex-assessor para assuntos internacionais de Jair Bolsonaro (PL), já foram alvo de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) – e agora ambos os casos têm servido de combustível para os pedidos de reveses contra a Corte.

Donald Trump, Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro 
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Em setembro de 2021, Miller foi abordado pela Polícia Federal no aeroporto de Brasília, no âmbito do inquérito no STF que apurava a atuação das chamadas “milícias digitais”. O americano é fundador da rede social Gettr, que passou a acolher extremistas após bloqueios e suspensão de contas por parte de plataformas como Facebook e Twitter.

Já em fevereiro de 2024, Martins foi preso na Operação Tempus Veritatis, que apurava suposta tentativa de golpe de Estado gestada no governo Bolsonaro. Um dos argumentos para sua custódia foi o fato de seu nome constar na lista de passageiros do voo presidencial que decolou do Brasil com destino a Orlando (EUA) em 30 de dezembro de 2022. Desde a prisão, a defesa sustenta que, apesar de constar na lista de passageiros do voo, Martins não realizou a viagem e permaneceu no Brasil.

Eduardo colocou o caso Martins no radar na última semana. Ele publicou um vídeo dizendo que o novo Congresso dos Estados Unidos, tomado pelos republicanos pró-Trump, seria capaz de convocar servidores para solucionar o que ele chama de “falsificação da entrada de Martins” em solo americano.

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“Filipe Martins não foi aos Estados Unidos da maneira como a PF do Alexandre de Moraes estava acusando ele. Foi inserida uma entrada falsa do Martins no território americano por burocratas da imigração norte-americana. Agora que passaram as eleições, isso virá à tona através do Congresso dos Estados Unidos, porque um deputado e senador americanos têm poder de requisitar para prestar depoimento diversos burocratas. Requerendo as informações corretas, a gente provavelmente chegará às autoridades brasileiras que provocaram os americanos para fazer essa inserção falsa”, acusou o deputado, sugerindo sem provas um complô entre as administrações dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Joe Biden.

A atenção também recai sobre o bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), Tesla e SpaceX, que se tornou o maior desafeto internacional de Moraes após pedidos do STF para que contas suspeitas fossem bloqueadas na rede social. Bolsonaristas têm feito circular um vídeo em que o vice de Trump, J. D. Vance, diz que haverá retaliação a tentativas de censura na internet, após ser questionado por um entrevistador que cita o caso do Brasil.

“Sobre o tema da censura, nós sabemos o que está acontecendo no Brasil. Eles bloquearam o X, e agora tomaram posse da Starlink, no meu entendimento. A gente vai ver algum revide se você e o presidente Trump assumirem o governo?”, pergunta o apresentador Shawn Ryan, do canal homônimo no Youtube, numa entrevista feita em 11 de setembro deste ano.

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“Você falou do Brasil. O líder... Eu me esqueci exatamente qual é o cargo dele na União Europeia, mas enviar ao Elon (Musk) essa carta ameaçadora que basicamente diz que ele pode ser preso se você apoiar Donald Trump (...) O que os Estados Unidos deveriam dizer é: Se a Otan (aliança militar do Atlântico norte) quer que a gente continue apoiando eles, por que eles não respeitam os valores americanos?”, respondeu Vance.

Em seguida, ele se refere ao Brasil de forma pejorativa: “Eu não vou dizer para esses países de fundo de quintal como eles têm que viver, mas países europeus deveriam teoricamente compartilhar dos valores americanos especialmente sobre coisas básicas como liberdade de expressão”.

Homem mais rico do mundo, Musk se tornou um dos aliados mais poderosos de Trump após entrar de cabeça em sua campanha, e a partir de janeiro deve ter papel de destaque no segundo governo do republicano. No início do ano, ele deu início a uma campanha difamatória contra Moraes após o ministro seguir com investigações que requisitavam à rede social de Musk informações pessoais de perfis de bolsonaristas investigados. O episódio ganhou repercussão internacional.

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Enquanto isso, Eduardo deu mostras de que pode atuar como observador da Casa Branca no Brasil, contra o governo de seu próprio País. Ele acompanhou a apuração dos votos da eleição americana em Mar-a-Lago, casa de Trump na Flórida, acompanhado do ex-ministro do Turismo de Bolsonaro, Gilson Machado, e o vereador Gilson Machado Filho, recém-eleito em Recife — os únicos brasileiros da concorrida área VIP do bilionário. Durante a viagem, o trio mostrou a auxiliares de Trump uma notícia no celular relatando que Lula comparou o líder republicano ao nazismo. O deputado federal tem dito que “tudo o que Lula faz chegará ao presidente eleito dos Estados Unidos”.

“Nós mostramos as declarações de Lula para os assessores mais próximos de Trump. Eduardo vai trabalhar com os republicanos de alguma maneira para trazer a elegibilidade do presidente Bolsonaro”, diz Machado Filho, sugerindo pressão externa sobre autoridades brasileiras.

Deputados federais como Carla Zambelli (PL-SP), Júlia Zanatta (PL-SC) e Ricardo Salles (PL-SP) dizem esperar uma mudança de ventos que deve beneficiar a direita bolsonarista até 2026. “Alguma influência terá sem dúvida, tanto nesse assunto (inelegibilidade de Bolsonaro) quanto no tema 8 de Janeiro”, diz Salles, enquanto Zanatta afirma que “a direita brasileira vem ganhando terreno político e moral”, enquanto se torna mais competitiva no cenário internacional.

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Zambelli, por sua vez, diz esperar que haja algum tipo de sanção contra Moraes por parte do Congresso americano. “O que eu acho que pode acontecer é a retirada de visto americano para Moraes e outras figuras brasileiras, o que pode levá-los a repensar o que tem sido feito”, declara.

Aliados do entorno de Bolsonaro com quem o Estadão conversou reservadamente, no entanto, colocam dúvidas sobre a capacidade que o ex-presidente terá para recuperar os direitos políticos, tanto na Justiça Eleitoral quanto no Congresso. O ex-presidente foi condenado à inelegibilidade por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em junho de 2023. A Corte concluiu que Bolsonaro cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros para atacar o sistema eleitoral do País.

BRASÍLIA - Com a volta de Donald Trump ao comando dos Estados Unidos a partir de janeiro, aparece na direita bolsonarista a aposta de que ações tomadas pelas autoridades brasileiras sejam vingadas pelo novo presidente. Lideranças como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) vêm se mostrando dispostas a atuar como observadores da Casa Branca no Brasil.

Dois episódios têm sido levantados pelos bolsonaristas como alerta para uma eventual revanche do Partido Republicano americano. Tanto Jason Miller, ex-porta-voz de Trump, quanto Filipe Martins, ex-assessor para assuntos internacionais de Jair Bolsonaro (PL), já foram alvo de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) – e agora ambos os casos têm servido de combustível para os pedidos de reveses contra a Corte.

Donald Trump, Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro 

Em setembro de 2021, Miller foi abordado pela Polícia Federal no aeroporto de Brasília, no âmbito do inquérito no STF que apurava a atuação das chamadas “milícias digitais”. O americano é fundador da rede social Gettr, que passou a acolher extremistas após bloqueios e suspensão de contas por parte de plataformas como Facebook e Twitter.

Já em fevereiro de 2024, Martins foi preso na Operação Tempus Veritatis, que apurava suposta tentativa de golpe de Estado gestada no governo Bolsonaro. Um dos argumentos para sua custódia foi o fato de seu nome constar na lista de passageiros do voo presidencial que decolou do Brasil com destino a Orlando (EUA) em 30 de dezembro de 2022. Desde a prisão, a defesa sustenta que, apesar de constar na lista de passageiros do voo, Martins não realizou a viagem e permaneceu no Brasil.

Eduardo colocou o caso Martins no radar na última semana. Ele publicou um vídeo dizendo que o novo Congresso dos Estados Unidos, tomado pelos republicanos pró-Trump, seria capaz de convocar servidores para solucionar o que ele chama de “falsificação da entrada de Martins” em solo americano.

“Filipe Martins não foi aos Estados Unidos da maneira como a PF do Alexandre de Moraes estava acusando ele. Foi inserida uma entrada falsa do Martins no território americano por burocratas da imigração norte-americana. Agora que passaram as eleições, isso virá à tona através do Congresso dos Estados Unidos, porque um deputado e senador americanos têm poder de requisitar para prestar depoimento diversos burocratas. Requerendo as informações corretas, a gente provavelmente chegará às autoridades brasileiras que provocaram os americanos para fazer essa inserção falsa”, acusou o deputado, sugerindo sem provas um complô entre as administrações dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Joe Biden.

A atenção também recai sobre o bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), Tesla e SpaceX, que se tornou o maior desafeto internacional de Moraes após pedidos do STF para que contas suspeitas fossem bloqueadas na rede social. Bolsonaristas têm feito circular um vídeo em que o vice de Trump, J. D. Vance, diz que haverá retaliação a tentativas de censura na internet, após ser questionado por um entrevistador que cita o caso do Brasil.

“Sobre o tema da censura, nós sabemos o que está acontecendo no Brasil. Eles bloquearam o X, e agora tomaram posse da Starlink, no meu entendimento. A gente vai ver algum revide se você e o presidente Trump assumirem o governo?”, pergunta o apresentador Shawn Ryan, do canal homônimo no Youtube, numa entrevista feita em 11 de setembro deste ano.

“Você falou do Brasil. O líder... Eu me esqueci exatamente qual é o cargo dele na União Europeia, mas enviar ao Elon (Musk) essa carta ameaçadora que basicamente diz que ele pode ser preso se você apoiar Donald Trump (...) O que os Estados Unidos deveriam dizer é: Se a Otan (aliança militar do Atlântico norte) quer que a gente continue apoiando eles, por que eles não respeitam os valores americanos?”, respondeu Vance.

Em seguida, ele se refere ao Brasil de forma pejorativa: “Eu não vou dizer para esses países de fundo de quintal como eles têm que viver, mas países europeus deveriam teoricamente compartilhar dos valores americanos especialmente sobre coisas básicas como liberdade de expressão”.

Homem mais rico do mundo, Musk se tornou um dos aliados mais poderosos de Trump após entrar de cabeça em sua campanha, e a partir de janeiro deve ter papel de destaque no segundo governo do republicano. No início do ano, ele deu início a uma campanha difamatória contra Moraes após o ministro seguir com investigações que requisitavam à rede social de Musk informações pessoais de perfis de bolsonaristas investigados. O episódio ganhou repercussão internacional.

Enquanto isso, Eduardo deu mostras de que pode atuar como observador da Casa Branca no Brasil, contra o governo de seu próprio País. Ele acompanhou a apuração dos votos da eleição americana em Mar-a-Lago, casa de Trump na Flórida, acompanhado do ex-ministro do Turismo de Bolsonaro, Gilson Machado, e o vereador Gilson Machado Filho, recém-eleito em Recife — os únicos brasileiros da concorrida área VIP do bilionário. Durante a viagem, o trio mostrou a auxiliares de Trump uma notícia no celular relatando que Lula comparou o líder republicano ao nazismo. O deputado federal tem dito que “tudo o que Lula faz chegará ao presidente eleito dos Estados Unidos”.

“Nós mostramos as declarações de Lula para os assessores mais próximos de Trump. Eduardo vai trabalhar com os republicanos de alguma maneira para trazer a elegibilidade do presidente Bolsonaro”, diz Machado Filho, sugerindo pressão externa sobre autoridades brasileiras.

Deputados federais como Carla Zambelli (PL-SP), Júlia Zanatta (PL-SC) e Ricardo Salles (PL-SP) dizem esperar uma mudança de ventos que deve beneficiar a direita bolsonarista até 2026. “Alguma influência terá sem dúvida, tanto nesse assunto (inelegibilidade de Bolsonaro) quanto no tema 8 de Janeiro”, diz Salles, enquanto Zanatta afirma que “a direita brasileira vem ganhando terreno político e moral”, enquanto se torna mais competitiva no cenário internacional.

Zambelli, por sua vez, diz esperar que haja algum tipo de sanção contra Moraes por parte do Congresso americano. “O que eu acho que pode acontecer é a retirada de visto americano para Moraes e outras figuras brasileiras, o que pode levá-los a repensar o que tem sido feito”, declara.

Aliados do entorno de Bolsonaro com quem o Estadão conversou reservadamente, no entanto, colocam dúvidas sobre a capacidade que o ex-presidente terá para recuperar os direitos políticos, tanto na Justiça Eleitoral quanto no Congresso. O ex-presidente foi condenado à inelegibilidade por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em junho de 2023. A Corte concluiu que Bolsonaro cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros para atacar o sistema eleitoral do País.

BRASÍLIA - Com a volta de Donald Trump ao comando dos Estados Unidos a partir de janeiro, aparece na direita bolsonarista a aposta de que ações tomadas pelas autoridades brasileiras sejam vingadas pelo novo presidente. Lideranças como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) vêm se mostrando dispostas a atuar como observadores da Casa Branca no Brasil.

Dois episódios têm sido levantados pelos bolsonaristas como alerta para uma eventual revanche do Partido Republicano americano. Tanto Jason Miller, ex-porta-voz de Trump, quanto Filipe Martins, ex-assessor para assuntos internacionais de Jair Bolsonaro (PL), já foram alvo de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) – e agora ambos os casos têm servido de combustível para os pedidos de reveses contra a Corte.

Donald Trump, Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro 

Em setembro de 2021, Miller foi abordado pela Polícia Federal no aeroporto de Brasília, no âmbito do inquérito no STF que apurava a atuação das chamadas “milícias digitais”. O americano é fundador da rede social Gettr, que passou a acolher extremistas após bloqueios e suspensão de contas por parte de plataformas como Facebook e Twitter.

Já em fevereiro de 2024, Martins foi preso na Operação Tempus Veritatis, que apurava suposta tentativa de golpe de Estado gestada no governo Bolsonaro. Um dos argumentos para sua custódia foi o fato de seu nome constar na lista de passageiros do voo presidencial que decolou do Brasil com destino a Orlando (EUA) em 30 de dezembro de 2022. Desde a prisão, a defesa sustenta que, apesar de constar na lista de passageiros do voo, Martins não realizou a viagem e permaneceu no Brasil.

Eduardo colocou o caso Martins no radar na última semana. Ele publicou um vídeo dizendo que o novo Congresso dos Estados Unidos, tomado pelos republicanos pró-Trump, seria capaz de convocar servidores para solucionar o que ele chama de “falsificação da entrada de Martins” em solo americano.

“Filipe Martins não foi aos Estados Unidos da maneira como a PF do Alexandre de Moraes estava acusando ele. Foi inserida uma entrada falsa do Martins no território americano por burocratas da imigração norte-americana. Agora que passaram as eleições, isso virá à tona através do Congresso dos Estados Unidos, porque um deputado e senador americanos têm poder de requisitar para prestar depoimento diversos burocratas. Requerendo as informações corretas, a gente provavelmente chegará às autoridades brasileiras que provocaram os americanos para fazer essa inserção falsa”, acusou o deputado, sugerindo sem provas um complô entre as administrações dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Joe Biden.

A atenção também recai sobre o bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), Tesla e SpaceX, que se tornou o maior desafeto internacional de Moraes após pedidos do STF para que contas suspeitas fossem bloqueadas na rede social. Bolsonaristas têm feito circular um vídeo em que o vice de Trump, J. D. Vance, diz que haverá retaliação a tentativas de censura na internet, após ser questionado por um entrevistador que cita o caso do Brasil.

“Sobre o tema da censura, nós sabemos o que está acontecendo no Brasil. Eles bloquearam o X, e agora tomaram posse da Starlink, no meu entendimento. A gente vai ver algum revide se você e o presidente Trump assumirem o governo?”, pergunta o apresentador Shawn Ryan, do canal homônimo no Youtube, numa entrevista feita em 11 de setembro deste ano.

“Você falou do Brasil. O líder... Eu me esqueci exatamente qual é o cargo dele na União Europeia, mas enviar ao Elon (Musk) essa carta ameaçadora que basicamente diz que ele pode ser preso se você apoiar Donald Trump (...) O que os Estados Unidos deveriam dizer é: Se a Otan (aliança militar do Atlântico norte) quer que a gente continue apoiando eles, por que eles não respeitam os valores americanos?”, respondeu Vance.

Em seguida, ele se refere ao Brasil de forma pejorativa: “Eu não vou dizer para esses países de fundo de quintal como eles têm que viver, mas países europeus deveriam teoricamente compartilhar dos valores americanos especialmente sobre coisas básicas como liberdade de expressão”.

Homem mais rico do mundo, Musk se tornou um dos aliados mais poderosos de Trump após entrar de cabeça em sua campanha, e a partir de janeiro deve ter papel de destaque no segundo governo do republicano. No início do ano, ele deu início a uma campanha difamatória contra Moraes após o ministro seguir com investigações que requisitavam à rede social de Musk informações pessoais de perfis de bolsonaristas investigados. O episódio ganhou repercussão internacional.

Enquanto isso, Eduardo deu mostras de que pode atuar como observador da Casa Branca no Brasil, contra o governo de seu próprio País. Ele acompanhou a apuração dos votos da eleição americana em Mar-a-Lago, casa de Trump na Flórida, acompanhado do ex-ministro do Turismo de Bolsonaro, Gilson Machado, e o vereador Gilson Machado Filho, recém-eleito em Recife — os únicos brasileiros da concorrida área VIP do bilionário. Durante a viagem, o trio mostrou a auxiliares de Trump uma notícia no celular relatando que Lula comparou o líder republicano ao nazismo. O deputado federal tem dito que “tudo o que Lula faz chegará ao presidente eleito dos Estados Unidos”.

“Nós mostramos as declarações de Lula para os assessores mais próximos de Trump. Eduardo vai trabalhar com os republicanos de alguma maneira para trazer a elegibilidade do presidente Bolsonaro”, diz Machado Filho, sugerindo pressão externa sobre autoridades brasileiras.

Deputados federais como Carla Zambelli (PL-SP), Júlia Zanatta (PL-SC) e Ricardo Salles (PL-SP) dizem esperar uma mudança de ventos que deve beneficiar a direita bolsonarista até 2026. “Alguma influência terá sem dúvida, tanto nesse assunto (inelegibilidade de Bolsonaro) quanto no tema 8 de Janeiro”, diz Salles, enquanto Zanatta afirma que “a direita brasileira vem ganhando terreno político e moral”, enquanto se torna mais competitiva no cenário internacional.

Zambelli, por sua vez, diz esperar que haja algum tipo de sanção contra Moraes por parte do Congresso americano. “O que eu acho que pode acontecer é a retirada de visto americano para Moraes e outras figuras brasileiras, o que pode levá-los a repensar o que tem sido feito”, declara.

Aliados do entorno de Bolsonaro com quem o Estadão conversou reservadamente, no entanto, colocam dúvidas sobre a capacidade que o ex-presidente terá para recuperar os direitos políticos, tanto na Justiça Eleitoral quanto no Congresso. O ex-presidente foi condenado à inelegibilidade por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em junho de 2023. A Corte concluiu que Bolsonaro cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros para atacar o sistema eleitoral do País.

BRASÍLIA - Com a volta de Donald Trump ao comando dos Estados Unidos a partir de janeiro, aparece na direita bolsonarista a aposta de que ações tomadas pelas autoridades brasileiras sejam vingadas pelo novo presidente. Lideranças como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) vêm se mostrando dispostas a atuar como observadores da Casa Branca no Brasil.

Dois episódios têm sido levantados pelos bolsonaristas como alerta para uma eventual revanche do Partido Republicano americano. Tanto Jason Miller, ex-porta-voz de Trump, quanto Filipe Martins, ex-assessor para assuntos internacionais de Jair Bolsonaro (PL), já foram alvo de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) – e agora ambos os casos têm servido de combustível para os pedidos de reveses contra a Corte.

Donald Trump, Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro 

Em setembro de 2021, Miller foi abordado pela Polícia Federal no aeroporto de Brasília, no âmbito do inquérito no STF que apurava a atuação das chamadas “milícias digitais”. O americano é fundador da rede social Gettr, que passou a acolher extremistas após bloqueios e suspensão de contas por parte de plataformas como Facebook e Twitter.

Já em fevereiro de 2024, Martins foi preso na Operação Tempus Veritatis, que apurava suposta tentativa de golpe de Estado gestada no governo Bolsonaro. Um dos argumentos para sua custódia foi o fato de seu nome constar na lista de passageiros do voo presidencial que decolou do Brasil com destino a Orlando (EUA) em 30 de dezembro de 2022. Desde a prisão, a defesa sustenta que, apesar de constar na lista de passageiros do voo, Martins não realizou a viagem e permaneceu no Brasil.

Eduardo colocou o caso Martins no radar na última semana. Ele publicou um vídeo dizendo que o novo Congresso dos Estados Unidos, tomado pelos republicanos pró-Trump, seria capaz de convocar servidores para solucionar o que ele chama de “falsificação da entrada de Martins” em solo americano.

“Filipe Martins não foi aos Estados Unidos da maneira como a PF do Alexandre de Moraes estava acusando ele. Foi inserida uma entrada falsa do Martins no território americano por burocratas da imigração norte-americana. Agora que passaram as eleições, isso virá à tona através do Congresso dos Estados Unidos, porque um deputado e senador americanos têm poder de requisitar para prestar depoimento diversos burocratas. Requerendo as informações corretas, a gente provavelmente chegará às autoridades brasileiras que provocaram os americanos para fazer essa inserção falsa”, acusou o deputado, sugerindo sem provas um complô entre as administrações dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Joe Biden.

A atenção também recai sobre o bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), Tesla e SpaceX, que se tornou o maior desafeto internacional de Moraes após pedidos do STF para que contas suspeitas fossem bloqueadas na rede social. Bolsonaristas têm feito circular um vídeo em que o vice de Trump, J. D. Vance, diz que haverá retaliação a tentativas de censura na internet, após ser questionado por um entrevistador que cita o caso do Brasil.

“Sobre o tema da censura, nós sabemos o que está acontecendo no Brasil. Eles bloquearam o X, e agora tomaram posse da Starlink, no meu entendimento. A gente vai ver algum revide se você e o presidente Trump assumirem o governo?”, pergunta o apresentador Shawn Ryan, do canal homônimo no Youtube, numa entrevista feita em 11 de setembro deste ano.

“Você falou do Brasil. O líder... Eu me esqueci exatamente qual é o cargo dele na União Europeia, mas enviar ao Elon (Musk) essa carta ameaçadora que basicamente diz que ele pode ser preso se você apoiar Donald Trump (...) O que os Estados Unidos deveriam dizer é: Se a Otan (aliança militar do Atlântico norte) quer que a gente continue apoiando eles, por que eles não respeitam os valores americanos?”, respondeu Vance.

Em seguida, ele se refere ao Brasil de forma pejorativa: “Eu não vou dizer para esses países de fundo de quintal como eles têm que viver, mas países europeus deveriam teoricamente compartilhar dos valores americanos especialmente sobre coisas básicas como liberdade de expressão”.

Homem mais rico do mundo, Musk se tornou um dos aliados mais poderosos de Trump após entrar de cabeça em sua campanha, e a partir de janeiro deve ter papel de destaque no segundo governo do republicano. No início do ano, ele deu início a uma campanha difamatória contra Moraes após o ministro seguir com investigações que requisitavam à rede social de Musk informações pessoais de perfis de bolsonaristas investigados. O episódio ganhou repercussão internacional.

Enquanto isso, Eduardo deu mostras de que pode atuar como observador da Casa Branca no Brasil, contra o governo de seu próprio País. Ele acompanhou a apuração dos votos da eleição americana em Mar-a-Lago, casa de Trump na Flórida, acompanhado do ex-ministro do Turismo de Bolsonaro, Gilson Machado, e o vereador Gilson Machado Filho, recém-eleito em Recife — os únicos brasileiros da concorrida área VIP do bilionário. Durante a viagem, o trio mostrou a auxiliares de Trump uma notícia no celular relatando que Lula comparou o líder republicano ao nazismo. O deputado federal tem dito que “tudo o que Lula faz chegará ao presidente eleito dos Estados Unidos”.

“Nós mostramos as declarações de Lula para os assessores mais próximos de Trump. Eduardo vai trabalhar com os republicanos de alguma maneira para trazer a elegibilidade do presidente Bolsonaro”, diz Machado Filho, sugerindo pressão externa sobre autoridades brasileiras.

Deputados federais como Carla Zambelli (PL-SP), Júlia Zanatta (PL-SC) e Ricardo Salles (PL-SP) dizem esperar uma mudança de ventos que deve beneficiar a direita bolsonarista até 2026. “Alguma influência terá sem dúvida, tanto nesse assunto (inelegibilidade de Bolsonaro) quanto no tema 8 de Janeiro”, diz Salles, enquanto Zanatta afirma que “a direita brasileira vem ganhando terreno político e moral”, enquanto se torna mais competitiva no cenário internacional.

Zambelli, por sua vez, diz esperar que haja algum tipo de sanção contra Moraes por parte do Congresso americano. “O que eu acho que pode acontecer é a retirada de visto americano para Moraes e outras figuras brasileiras, o que pode levá-los a repensar o que tem sido feito”, declara.

Aliados do entorno de Bolsonaro com quem o Estadão conversou reservadamente, no entanto, colocam dúvidas sobre a capacidade que o ex-presidente terá para recuperar os direitos políticos, tanto na Justiça Eleitoral quanto no Congresso. O ex-presidente foi condenado à inelegibilidade por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em junho de 2023. A Corte concluiu que Bolsonaro cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros para atacar o sistema eleitoral do País.

BRASÍLIA - Com a volta de Donald Trump ao comando dos Estados Unidos a partir de janeiro, aparece na direita bolsonarista a aposta de que ações tomadas pelas autoridades brasileiras sejam vingadas pelo novo presidente. Lideranças como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) vêm se mostrando dispostas a atuar como observadores da Casa Branca no Brasil.

Dois episódios têm sido levantados pelos bolsonaristas como alerta para uma eventual revanche do Partido Republicano americano. Tanto Jason Miller, ex-porta-voz de Trump, quanto Filipe Martins, ex-assessor para assuntos internacionais de Jair Bolsonaro (PL), já foram alvo de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) – e agora ambos os casos têm servido de combustível para os pedidos de reveses contra a Corte.

Donald Trump, Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro 

Em setembro de 2021, Miller foi abordado pela Polícia Federal no aeroporto de Brasília, no âmbito do inquérito no STF que apurava a atuação das chamadas “milícias digitais”. O americano é fundador da rede social Gettr, que passou a acolher extremistas após bloqueios e suspensão de contas por parte de plataformas como Facebook e Twitter.

Já em fevereiro de 2024, Martins foi preso na Operação Tempus Veritatis, que apurava suposta tentativa de golpe de Estado gestada no governo Bolsonaro. Um dos argumentos para sua custódia foi o fato de seu nome constar na lista de passageiros do voo presidencial que decolou do Brasil com destino a Orlando (EUA) em 30 de dezembro de 2022. Desde a prisão, a defesa sustenta que, apesar de constar na lista de passageiros do voo, Martins não realizou a viagem e permaneceu no Brasil.

Eduardo colocou o caso Martins no radar na última semana. Ele publicou um vídeo dizendo que o novo Congresso dos Estados Unidos, tomado pelos republicanos pró-Trump, seria capaz de convocar servidores para solucionar o que ele chama de “falsificação da entrada de Martins” em solo americano.

“Filipe Martins não foi aos Estados Unidos da maneira como a PF do Alexandre de Moraes estava acusando ele. Foi inserida uma entrada falsa do Martins no território americano por burocratas da imigração norte-americana. Agora que passaram as eleições, isso virá à tona através do Congresso dos Estados Unidos, porque um deputado e senador americanos têm poder de requisitar para prestar depoimento diversos burocratas. Requerendo as informações corretas, a gente provavelmente chegará às autoridades brasileiras que provocaram os americanos para fazer essa inserção falsa”, acusou o deputado, sugerindo sem provas um complô entre as administrações dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Joe Biden.

A atenção também recai sobre o bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), Tesla e SpaceX, que se tornou o maior desafeto internacional de Moraes após pedidos do STF para que contas suspeitas fossem bloqueadas na rede social. Bolsonaristas têm feito circular um vídeo em que o vice de Trump, J. D. Vance, diz que haverá retaliação a tentativas de censura na internet, após ser questionado por um entrevistador que cita o caso do Brasil.

“Sobre o tema da censura, nós sabemos o que está acontecendo no Brasil. Eles bloquearam o X, e agora tomaram posse da Starlink, no meu entendimento. A gente vai ver algum revide se você e o presidente Trump assumirem o governo?”, pergunta o apresentador Shawn Ryan, do canal homônimo no Youtube, numa entrevista feita em 11 de setembro deste ano.

“Você falou do Brasil. O líder... Eu me esqueci exatamente qual é o cargo dele na União Europeia, mas enviar ao Elon (Musk) essa carta ameaçadora que basicamente diz que ele pode ser preso se você apoiar Donald Trump (...) O que os Estados Unidos deveriam dizer é: Se a Otan (aliança militar do Atlântico norte) quer que a gente continue apoiando eles, por que eles não respeitam os valores americanos?”, respondeu Vance.

Em seguida, ele se refere ao Brasil de forma pejorativa: “Eu não vou dizer para esses países de fundo de quintal como eles têm que viver, mas países europeus deveriam teoricamente compartilhar dos valores americanos especialmente sobre coisas básicas como liberdade de expressão”.

Homem mais rico do mundo, Musk se tornou um dos aliados mais poderosos de Trump após entrar de cabeça em sua campanha, e a partir de janeiro deve ter papel de destaque no segundo governo do republicano. No início do ano, ele deu início a uma campanha difamatória contra Moraes após o ministro seguir com investigações que requisitavam à rede social de Musk informações pessoais de perfis de bolsonaristas investigados. O episódio ganhou repercussão internacional.

Enquanto isso, Eduardo deu mostras de que pode atuar como observador da Casa Branca no Brasil, contra o governo de seu próprio País. Ele acompanhou a apuração dos votos da eleição americana em Mar-a-Lago, casa de Trump na Flórida, acompanhado do ex-ministro do Turismo de Bolsonaro, Gilson Machado, e o vereador Gilson Machado Filho, recém-eleito em Recife — os únicos brasileiros da concorrida área VIP do bilionário. Durante a viagem, o trio mostrou a auxiliares de Trump uma notícia no celular relatando que Lula comparou o líder republicano ao nazismo. O deputado federal tem dito que “tudo o que Lula faz chegará ao presidente eleito dos Estados Unidos”.

“Nós mostramos as declarações de Lula para os assessores mais próximos de Trump. Eduardo vai trabalhar com os republicanos de alguma maneira para trazer a elegibilidade do presidente Bolsonaro”, diz Machado Filho, sugerindo pressão externa sobre autoridades brasileiras.

Deputados federais como Carla Zambelli (PL-SP), Júlia Zanatta (PL-SC) e Ricardo Salles (PL-SP) dizem esperar uma mudança de ventos que deve beneficiar a direita bolsonarista até 2026. “Alguma influência terá sem dúvida, tanto nesse assunto (inelegibilidade de Bolsonaro) quanto no tema 8 de Janeiro”, diz Salles, enquanto Zanatta afirma que “a direita brasileira vem ganhando terreno político e moral”, enquanto se torna mais competitiva no cenário internacional.

Zambelli, por sua vez, diz esperar que haja algum tipo de sanção contra Moraes por parte do Congresso americano. “O que eu acho que pode acontecer é a retirada de visto americano para Moraes e outras figuras brasileiras, o que pode levá-los a repensar o que tem sido feito”, declara.

Aliados do entorno de Bolsonaro com quem o Estadão conversou reservadamente, no entanto, colocam dúvidas sobre a capacidade que o ex-presidente terá para recuperar os direitos políticos, tanto na Justiça Eleitoral quanto no Congresso. O ex-presidente foi condenado à inelegibilidade por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em junho de 2023. A Corte concluiu que Bolsonaro cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros para atacar o sistema eleitoral do País.

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