Direita moderada se organiza para ser alternativa ao extremismo


Processo começa com reestruturação do União Brasil e é encabeçado por antigos membros do Democratas, mas está aberto a aliados do PSDB e PP; objetivo é driblar polarização entre Lula e Bolsonaro

Por Monica Gugliano

A “centro-direita liberal” está se movimentando para ter um projeto que possa chamar de seu em 2026. A largada aconteceu com as mudanças no União Brasil, previstas para serem consumadas no dia 29 de fevereiro, com a troca do comando da sigla, que foi antecipada, pois estava prevista somente para maio. Sai o atual presidente Luciano Bivar, que validou a entrada de membros do partido no governo Lula, com três ministérios (Juscelino Filho, nas Comunicações; Celso Sabino, no Turismo, e Waldez Góes, na Integração e Desenvolvimento Regional), e deve entrar o advogado e vice-presidente do partido Antonio Rueda.

Antonio Rueda (ao centro ao lado dos deputados Lincoln Portela e Elmar Nascimento) assumirá o comando do União Brasil em fevereiro Foto: União Brasil SP/Divulgação

Bivar vinha de um processo de disputas, brigas e intrigas desde a fusão entre PSL e DEM, que aconteceu há dois anos. Rueda – que terá um mandato até 2028 - tem laços mais fortes com o grupo do antigo Democratas e assumirá com o projeto de delinear estratégias, estimular novas filiações e já organizar o União para as eleições municipais de prefeitos e vereadores em outubro. O partido é o terceiro na relação dos que mais recebem recursos do fundo partidário. De janeiro a setembro, a legenda obteve R$ 71 milhões, atrás apenas justamente do PL (R$ 100 milhões) e do PT (R$ 83 milhões), que encabeçam a polarização.

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A estratégia tem reunido um grupo de políticos, com ou sem mandato, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o deputado federal e ex-ministro Mendonça Filho, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto e vários outros que veem espaço na atual conjuntura para traçar um projeto que, na visão deles, seja consistente. O plano pretende reorganizar grupos do antigo PFL, DEM, mas está aberto ao PSDB e PP e acena principalmente aos tucanos de centro que viram o partido minguar nos últimos anos. “Somos um grupo liberal, com algumas ideias conservadoras, mas não como o bolsonarismo”, define Mendonça Filho.

São ideias e propostas para serem defendidas por esse grupo ideológico que ficou à margem da política nacional com a polarização registrada nos últimos anos entre PT e o bolsonarismo. Passam por questões como segurança, um tema que o governador de Goiás trata com extrema atenção e costuma apontar falhas na política nacional, como, a “liberalidade com que se trata o crime organizado” por exemplo, até a reforma trabalhista e a base nacional curricular.

Ex-ministro Mendonça Filho é um dos articuladores do projeto da direita para enfrentar a polarização entre Lula e Bolsonaro Foto: André Dusek/Estadão
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“A política e o Brasil foram dragadas por essa combinação de extrema-direita-esquerda. Temos que recuperar nosso espaço, que não é nem o petismo nem a direita do ex-presidente Jair Bolsonaro”, diz Mendonça Filho. Na prática, o grande passo para que esse grupo começasse a se reorganizar não foi dado pela política. Mas pela Justiça Eleitoral, ao tornar Bolsonaro inelegível pelos próximos anos. Abriu-se assim um espaço para aqueles que concordavam com seu projeto liberal na economia, mas discordavam da forma dele de agir.

As conversas têm avançado também com os governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Partido Novo), de Minas Gerais, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná e até, embora um pouco mais distante, com o tucano Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul. Tarcísio, aliado de primeira hora e ex-ministro de Bolsonaro, segundo esse grupo, é o primeiro nome que se coloca quando se pensa em um projeto para 2026.

Mas, até lá, primeiro será preciso convencer o governador de São Paulo. Não só por que se estiver bem no governo e Lula for candidato à reeleição, ele tem dito reservadamente que prefere disputar mais um mandato, como também porque será difícil para alguém que foi e, aparentemente, ainda é tão próximo de Bolsonaro, descartar o ex-presidente. Sem falar que Bolsonaro deve ser o maior eleitor da direita em 2026.

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Conversas também têm avançado com governadores do Sul e do Sudeste que compõem bloco de oposição ao atual governo Lula Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Tanto é que, passado o pior momento das CPIs e das investigações no STF quando se pensou que Bolsonaro poderia ser preso, ele retomou sua agenda, circulando com desenvoltura e alinhavando acordos para a eleição municipal. Entre eles, está, por exemplo, o governador do Rio, Claudio Castro (PL), que anunciou apoio e prometeu trabalhar pelo candidato à prefeitura, o ex-diretor da Agencia Brasileira de Inteligência (Abin), o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).

O planejamento do grupo passa ainda pela eleição das mesas da Câmara e do Senado em 2025. Já há dois candidatos colocados com o apoio do grupo, o deputado baiano Elmar Nascimento (União) e o senador Davi Alcolumbre (União-AP). O problema é que, reza a tradição, dificilmente as duas Casas são comandadas por membros do mesmo partido. Na hora em que for feito um acordo para valer, um deles, provavelmente, deverá abrir mão da disputa.

A “centro-direita liberal” está se movimentando para ter um projeto que possa chamar de seu em 2026. A largada aconteceu com as mudanças no União Brasil, previstas para serem consumadas no dia 29 de fevereiro, com a troca do comando da sigla, que foi antecipada, pois estava prevista somente para maio. Sai o atual presidente Luciano Bivar, que validou a entrada de membros do partido no governo Lula, com três ministérios (Juscelino Filho, nas Comunicações; Celso Sabino, no Turismo, e Waldez Góes, na Integração e Desenvolvimento Regional), e deve entrar o advogado e vice-presidente do partido Antonio Rueda.

Antonio Rueda (ao centro ao lado dos deputados Lincoln Portela e Elmar Nascimento) assumirá o comando do União Brasil em fevereiro Foto: União Brasil SP/Divulgação

Bivar vinha de um processo de disputas, brigas e intrigas desde a fusão entre PSL e DEM, que aconteceu há dois anos. Rueda – que terá um mandato até 2028 - tem laços mais fortes com o grupo do antigo Democratas e assumirá com o projeto de delinear estratégias, estimular novas filiações e já organizar o União para as eleições municipais de prefeitos e vereadores em outubro. O partido é o terceiro na relação dos que mais recebem recursos do fundo partidário. De janeiro a setembro, a legenda obteve R$ 71 milhões, atrás apenas justamente do PL (R$ 100 milhões) e do PT (R$ 83 milhões), que encabeçam a polarização.

A estratégia tem reunido um grupo de políticos, com ou sem mandato, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o deputado federal e ex-ministro Mendonça Filho, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto e vários outros que veem espaço na atual conjuntura para traçar um projeto que, na visão deles, seja consistente. O plano pretende reorganizar grupos do antigo PFL, DEM, mas está aberto ao PSDB e PP e acena principalmente aos tucanos de centro que viram o partido minguar nos últimos anos. “Somos um grupo liberal, com algumas ideias conservadoras, mas não como o bolsonarismo”, define Mendonça Filho.

São ideias e propostas para serem defendidas por esse grupo ideológico que ficou à margem da política nacional com a polarização registrada nos últimos anos entre PT e o bolsonarismo. Passam por questões como segurança, um tema que o governador de Goiás trata com extrema atenção e costuma apontar falhas na política nacional, como, a “liberalidade com que se trata o crime organizado” por exemplo, até a reforma trabalhista e a base nacional curricular.

Ex-ministro Mendonça Filho é um dos articuladores do projeto da direita para enfrentar a polarização entre Lula e Bolsonaro Foto: André Dusek/Estadão

“A política e o Brasil foram dragadas por essa combinação de extrema-direita-esquerda. Temos que recuperar nosso espaço, que não é nem o petismo nem a direita do ex-presidente Jair Bolsonaro”, diz Mendonça Filho. Na prática, o grande passo para que esse grupo começasse a se reorganizar não foi dado pela política. Mas pela Justiça Eleitoral, ao tornar Bolsonaro inelegível pelos próximos anos. Abriu-se assim um espaço para aqueles que concordavam com seu projeto liberal na economia, mas discordavam da forma dele de agir.

As conversas têm avançado também com os governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Partido Novo), de Minas Gerais, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná e até, embora um pouco mais distante, com o tucano Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul. Tarcísio, aliado de primeira hora e ex-ministro de Bolsonaro, segundo esse grupo, é o primeiro nome que se coloca quando se pensa em um projeto para 2026.

Mas, até lá, primeiro será preciso convencer o governador de São Paulo. Não só por que se estiver bem no governo e Lula for candidato à reeleição, ele tem dito reservadamente que prefere disputar mais um mandato, como também porque será difícil para alguém que foi e, aparentemente, ainda é tão próximo de Bolsonaro, descartar o ex-presidente. Sem falar que Bolsonaro deve ser o maior eleitor da direita em 2026.

Conversas também têm avançado com governadores do Sul e do Sudeste que compõem bloco de oposição ao atual governo Lula Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Tanto é que, passado o pior momento das CPIs e das investigações no STF quando se pensou que Bolsonaro poderia ser preso, ele retomou sua agenda, circulando com desenvoltura e alinhavando acordos para a eleição municipal. Entre eles, está, por exemplo, o governador do Rio, Claudio Castro (PL), que anunciou apoio e prometeu trabalhar pelo candidato à prefeitura, o ex-diretor da Agencia Brasileira de Inteligência (Abin), o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).

O planejamento do grupo passa ainda pela eleição das mesas da Câmara e do Senado em 2025. Já há dois candidatos colocados com o apoio do grupo, o deputado baiano Elmar Nascimento (União) e o senador Davi Alcolumbre (União-AP). O problema é que, reza a tradição, dificilmente as duas Casas são comandadas por membros do mesmo partido. Na hora em que for feito um acordo para valer, um deles, provavelmente, deverá abrir mão da disputa.

A “centro-direita liberal” está se movimentando para ter um projeto que possa chamar de seu em 2026. A largada aconteceu com as mudanças no União Brasil, previstas para serem consumadas no dia 29 de fevereiro, com a troca do comando da sigla, que foi antecipada, pois estava prevista somente para maio. Sai o atual presidente Luciano Bivar, que validou a entrada de membros do partido no governo Lula, com três ministérios (Juscelino Filho, nas Comunicações; Celso Sabino, no Turismo, e Waldez Góes, na Integração e Desenvolvimento Regional), e deve entrar o advogado e vice-presidente do partido Antonio Rueda.

Antonio Rueda (ao centro ao lado dos deputados Lincoln Portela e Elmar Nascimento) assumirá o comando do União Brasil em fevereiro Foto: União Brasil SP/Divulgação

Bivar vinha de um processo de disputas, brigas e intrigas desde a fusão entre PSL e DEM, que aconteceu há dois anos. Rueda – que terá um mandato até 2028 - tem laços mais fortes com o grupo do antigo Democratas e assumirá com o projeto de delinear estratégias, estimular novas filiações e já organizar o União para as eleições municipais de prefeitos e vereadores em outubro. O partido é o terceiro na relação dos que mais recebem recursos do fundo partidário. De janeiro a setembro, a legenda obteve R$ 71 milhões, atrás apenas justamente do PL (R$ 100 milhões) e do PT (R$ 83 milhões), que encabeçam a polarização.

A estratégia tem reunido um grupo de políticos, com ou sem mandato, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o deputado federal e ex-ministro Mendonça Filho, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto e vários outros que veem espaço na atual conjuntura para traçar um projeto que, na visão deles, seja consistente. O plano pretende reorganizar grupos do antigo PFL, DEM, mas está aberto ao PSDB e PP e acena principalmente aos tucanos de centro que viram o partido minguar nos últimos anos. “Somos um grupo liberal, com algumas ideias conservadoras, mas não como o bolsonarismo”, define Mendonça Filho.

São ideias e propostas para serem defendidas por esse grupo ideológico que ficou à margem da política nacional com a polarização registrada nos últimos anos entre PT e o bolsonarismo. Passam por questões como segurança, um tema que o governador de Goiás trata com extrema atenção e costuma apontar falhas na política nacional, como, a “liberalidade com que se trata o crime organizado” por exemplo, até a reforma trabalhista e a base nacional curricular.

Ex-ministro Mendonça Filho é um dos articuladores do projeto da direita para enfrentar a polarização entre Lula e Bolsonaro Foto: André Dusek/Estadão

“A política e o Brasil foram dragadas por essa combinação de extrema-direita-esquerda. Temos que recuperar nosso espaço, que não é nem o petismo nem a direita do ex-presidente Jair Bolsonaro”, diz Mendonça Filho. Na prática, o grande passo para que esse grupo começasse a se reorganizar não foi dado pela política. Mas pela Justiça Eleitoral, ao tornar Bolsonaro inelegível pelos próximos anos. Abriu-se assim um espaço para aqueles que concordavam com seu projeto liberal na economia, mas discordavam da forma dele de agir.

As conversas têm avançado também com os governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Partido Novo), de Minas Gerais, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná e até, embora um pouco mais distante, com o tucano Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul. Tarcísio, aliado de primeira hora e ex-ministro de Bolsonaro, segundo esse grupo, é o primeiro nome que se coloca quando se pensa em um projeto para 2026.

Mas, até lá, primeiro será preciso convencer o governador de São Paulo. Não só por que se estiver bem no governo e Lula for candidato à reeleição, ele tem dito reservadamente que prefere disputar mais um mandato, como também porque será difícil para alguém que foi e, aparentemente, ainda é tão próximo de Bolsonaro, descartar o ex-presidente. Sem falar que Bolsonaro deve ser o maior eleitor da direita em 2026.

Conversas também têm avançado com governadores do Sul e do Sudeste que compõem bloco de oposição ao atual governo Lula Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Tanto é que, passado o pior momento das CPIs e das investigações no STF quando se pensou que Bolsonaro poderia ser preso, ele retomou sua agenda, circulando com desenvoltura e alinhavando acordos para a eleição municipal. Entre eles, está, por exemplo, o governador do Rio, Claudio Castro (PL), que anunciou apoio e prometeu trabalhar pelo candidato à prefeitura, o ex-diretor da Agencia Brasileira de Inteligência (Abin), o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).

O planejamento do grupo passa ainda pela eleição das mesas da Câmara e do Senado em 2025. Já há dois candidatos colocados com o apoio do grupo, o deputado baiano Elmar Nascimento (União) e o senador Davi Alcolumbre (União-AP). O problema é que, reza a tradição, dificilmente as duas Casas são comandadas por membros do mesmo partido. Na hora em que for feito um acordo para valer, um deles, provavelmente, deverá abrir mão da disputa.

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