Depois do segundo turno das eleições municipais, integrantes do PT divergiram sobre o tom otimista adotado no site do partido após o resultado das urnas. Em mensagem no grupo de WhatsApp do Diretório Nacional petista, o dirigente Valter Pomar disse que o título da matéria “PT consolida crescimento com vitórias em Fortaleza, Camaçari, Mauá e Pelotas” não correspondia à realidade.
“Tivemos uma derrota eleitoral das esquerdas em geral e do PT em particular. Por exemplo: das 15 cidades em que o PT e PSOL estavam no 2º turno, ganhamos em quatro, a saber Fortaleza (única capital que teremos), Camaçari, Mauá e Pelotas”, escreveu Pomar, um dos diretores da Fundação Perseu Abramo e líder da corrente petista Articulação de Esquerda.
Em texto publicado nesta segunda-feira, 28, em seu blog, Pomar disse que “existe gente na direção do Partido e na cúpula do governo que vive num metaverso” e criticou o balanço triunfalista.
“O sentimento na maior parte da base do Partido não é de vitória. Precisamos de um balanço de verdade, não de discursos de autocongratulação sem base na realidade”, destacou o dirigente, que não integra a Executiva petista.
Ainda no grupo de WhatsApp do Diretório Nacional do PT, o deputado Washington Quaquá (PT-RJ), prefeito eleito de Maricá, disse que o partido deveria se “repensar” diante do novo período histórico. No seu diagnóstico, o governo Lula precisa avaliar não apenas seus avanços como suas deficiências.
Como mostrou o Estadão, Quaquá publicou postagem nas redes sociais, neste domingo, 27, dizendo que a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) para a Prefeitura de São Paulo era a “crônica de uma morte anunciada”. O prefeito eleito de Maricá sustentou que o PT só venceu as disputas nos locais onde conseguiu ampliar o leque de alianças “para além da esquerda”, como em Fortaleza, “com pautas econômicas e sociais e não comportamentais”.
A Executiva Nacional do PT está reunida nesta segunda-feira, 28, em Brasília, para fazer um balanço das eleições municipais. Apesar das críticas internas, o Estadão apurou que a nota a ser aprovada terá um tom otimista e uma saudação aos militantes do partido que enfrentaram disputas com “máquinas poderosas”, como disse, em vídeo postado no Instagram, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.