O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, afirmou que a deputada federal e pré-candiada à prefeitura de Belo Horizonte (BH), Duda Salabert, não possui preparo gerir a capital mineira. A fala repercutiu por ela ser filiada ao Partido Democrático trabalhista (PDT) e Ciro ser vice-presidente nacional da sigla. A legenda e a parlamentar se pronunciaram sobre o caso.
A declaração foi dada em entrevista ao podcast RivoNews na última terça-feira, 30. Na ocasião, jornalistas citaram pré-candidatos nas eleições municipais deste ano e questionaram com quais Ciro subiria ao palanque. Ao mencionarem Duda Salabert, o ex-governador deu uma resposta negativa. “Não tem preparo para ser prefeita de Belo Horizonte, nenhum preparo. É uma ególatra”, afirmou.
Minutos antes, ele explicou que o seu critério é “acreditar na pessoa” e que “ela seja capaz de fazer uma boa administração pelo povo”. O político ressalta que, mesmo sendo um integrante do PDT, é livre para se manifestar.
“Eu estou obrigado eticamente pelo PDT? Não. Eu não fui consultado, ninguém me perguntou nada e nem precisa perguntar”, explica.
Procurada, Duda Salabert disse ao Estadão que o vice-presidente nacional do seu partido “virou uma pessoa amarga e ressentida” após o resultado das últimas eleições, na qual ele concorria ao cargo de chefe do Executivo do País.
“Quem não o apoiou, trata como inimigo. Não fala nem com o próprio irmão. Virou uma linha auxiliar do bolsonarismo, está me criticando, criticando (Guilherme) Boulos , mas aplaudindo os bolsonaristas. Agora, no fundo do poço da política, tem que dar essas declarações pra ganhar alguma mídia. É um fim triste pra quem teve um futuro promissor há 30 anos”, declarou Salabert, concluindo que Ciro está saindo PDT.
Ainda na entrevista, o ex-candidato à presidência revelou que não tem nenhum plano ou razão para sair do partido, porém não pretende mais se concorrer a novos cargos; “não quero importunar os eleitores”, pontuou.
O PDT de Belo Horizonte também emitiu uma nota oficial a respeito das opiniões de Ciro. A legenda afirma que “ficou evidenciada a tentativa de atingir a imagem de mulher pública”, a qual pode ser primeira figura feminina eleita para gerir o município na história.
“Ora, é de causar espécie a falta de conhecimento do vice-presidente nacional do PDT, uma vez que, no exercício de seu mandato como deputada federal, foi eleita com mais de 200.000 (duzentos mil) votos, além de ter cumprido com brilhantismo a função parlamentar na Câmara Municipal de Belo Horizonte, que àquele instante era a vereadora mais bem votada da história da cidade’, diz trecho do documento.
A nota, que foi assinada pelo presidente municipal do PDT em Belo Horizonte, Bruno Martuchele de Sales, conclui requerendo providências sobre o ato de Ciro “uma vez que (a sigla) tem por preceito repreender atos que extrapolem o respeito à atividade parlamentar e política, por andar fora do decoro de suas ações, que possam ferir nossa democracia”, finaliza.