Quem assiste às sessões plenárias do Supremo Tribunal Federal (STF) geralmente estranha ver o ministro Joaquim Barbosa de pé, durante horas de julgamento, enquanto os demais ministros ficam sentados o tempo todo. É perceptível, também, a curiosidade dos estudantes de Direito que visitam o Supremo e, durante as sessões, ficam atentos aos movimentos de Barbosa: ele se levanta no meio da sessão, troca a cadeira do tribunal por uma especial e volta a sentar-se. É quase um rito que vai até ao final dos julgamentos. Joaquim Barbosa sofre com dores constantes na região sacro-ilíaca quando está sentado. Já comprou duas cadeiras especiais para tentar minimizar o problema - uma fica no plenário e outra em seu gabinete. A solução de momento é a melhor, ainda que seja paliativa: ficar em pé. Só assim as dores param. Durante a sessão em que foi aberta a ação penal contra os 40 suspeitos no mensalão, no ano passado, ele leu seu voto de pé e passou boa parte da sessão assim. Em seu gabinete, faz o mesmo. Para piorar a situação, Barbosa passou a integrar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Portanto, além das sessões do Supremo - às terças, quartas e quintas-feiras à tarde -, precisa comparecer às sessões de terças e quintas à noite no TSE. Essas dores, que começaram a afligi-lo há dois anos sem motivo aparente, geraram notícias de sua aposentadoria antecipada no STF. Barbosa nega. Diz que o rumor não passa disso: um boato. O professor de Ortopedia da Universidade de Brasília (UnB), Gustavo Veloso, explica que as dores nessa região do corpo são motivadas, em geral, por infecções, traumas provocados por algum acidente ou por doenças reumatológicas. "É possível que pessoas com dificuldade de ficar sentadas tenham alguma degeneração na região lombar. E a pressão sobre a coluna, quando estamos em pé, chega a ser 30% menor do que quando estamos sentados", explicou o médico. O tratamento para casos como esse é de médio prazo e envolve a mudança de hábitos na postura dos pacientes, exercícios para fortalecer a musculatura das costas e do abdômen e, em alguns casos, o uso de um colete para evitar movimentos que provoquem a dor. Cirurgia sé em casos extremos e, mesmo assim, os resultados são pouco expressivos. Joaquim Barbosa tem 53 anos. Foi indicado ao STF pelo presidente Lula e tem mandato até 2024.