Três semanas depois de desistir de sua pré-candidatura à Presidência da República, o ex-governador João Doria reuniu jornalistas para um café da manhã na capital nesta segunda-feira, 13. Ele anunciou que vai voltar a atuar no setor privado e permanece no PSDB.
A cúpula do tucana resistia à candidatura do ex-governador, que ficou isolado na sigla.
O tucano disse que recebeu um “honroso convite” para integrar, a partir de 1° de julho, o Conselho do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), entidade fundada por ele e hoje presidida por seu filho, João Doria Neto.
O ex-chanceler Celso Lafer e o ex-ministro Henrique Meirelles também farão parte do conselho do Lide.
Doria disse que não terá função executiva no grupo e nem será remunerado.
Em um discurso de cerca de 20 minutos, Doria falou sobre os 6 anos de vida pública entre as prévias do PSDB para a prefeitura em 2016 e a atribulada disputa interna pela vaga de candidato do PSDB ao Palácio do Planalto. Ele venceu as primárias para a escolha do presidenciável tucano, mas não conseguiu viabilizar a candidatura.
“Não sou um profissional da política. Sou um gestor. Mas respeito os profissionais da política”, disse o ex-governador.
Aliados
Além dos jornalistas, o ex-governador convidou para o evento, que ocorreu em um hotel de luxo na capital, os seus mais leais aliados no PSDB: os presidentes do diretório paulista da sigla, Marco Vinholi, e do diretório na capital, Fernando Alfredo, além dos ex-ministros Antônio Imbassahy (BA) e Henrique Meirelles.
Depois do café da manhã, que não teve direito a entrevista, uma fila se formou para cumprimentar Doria. O ex-governador se emocionou em vários momentos durante sua fala. De volta ao Lide, ele reassume o papel de anfitrião de políticos e empresários nos eventos da entidade.
Alguns aliados de Doria gostariam que ele disputasse uma vaga de deputado federal, mas o tucano rejeita esse possibilidade. Nas conversas na saída do evento, o ex-governador disse que pretende ajudar na campanha do governador Rodrigo Garcia (PSDB) à reeleição; seus interlocutores mas próximos não demonstraram entusiasmo com a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS), que já conquistou o apoio formal do PSDB e do Cidadania e deve ter o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) como vice na chapa presidencial.
A leitura no PSDB é que o ex-governador fez uma boa gestão em São Paulo e teria na vacina uma plataforma de lançamento para seu projeto presidencial, mas errou demais na condução politica, exagerou no marketing pessoal e colecionou ressentimentos irreconciliáveis dentro e fora do partido.
Ausente da arena eleitoral em 2022, Doria não deve voltar em 2024 na disputa municipal.