Em mais uma reviravolta na disputa interna entre os grupos de João Doria e Aécio Neves pela liderança do PSDB na Câmara, o deputado Beto Pereira (MS), aliado do governador paulista, conseguiu nessa terça-feira, 17, a maioria da assinaturas dos colegas de bancada para assumir o posto.
Em uma articulação liderada por Doria, o suplente Miguel Haddad (PSDB-SP) assumiu provisoriamente a vaga do deputado Guilherme Mussi (PP-SP), que é aliado do governador. Com isso, a votação ficaria empatada em 16 a 16, mas outra manobra garantiu o voto decisivo.
Também suplente, Luiz Lauro Filho (PSB), sobrinho do prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB) - que é aliado de Doria - migrou para o PSDB e assumiu vaga na Câmara no lugar de Jefferson Campos, do PSD, que pediu licença. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, também está alinhado com o governador paulista.
Para não perder o mandato, Lauro Filho conseguiu convencer o PSB a expulsá-lo. “Dória é hoje é o grande líder do PSDB e um dos grandes líderes do Brasil. É hora do meio político reconhecer isso”, disse Jonas Donizette ao Estado. O prefeito evitou, porém, responder se atuou pela expulsão consensual do sobrinho.
Na semana passada, a reunião da bancada que elegeria o líder terminou empatada em 16 a 16. O grupo de Pereira então alegou que ele deveria assumir o posto por ser mais velho, como prevê o estatuto. Os correligionários do aliado de Aécio, Celso Sabino (PA), não aceitaram o critério, se retiraram e não reconheceram o resultado.
Para evitar que a disputa provoque um racha irreversível, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, disse que pode prorrogar o mandato do deputado Carlos Sampaio (SP) à frente da liderança até janeiro do ano que vem.
Em agosto, a Executiva Nacional do PSDB arquivou dois pedidos de expulsão do partido de Aécio Neves (MG). Um dos pedidos foi apresentado pelo diretório do PSDB na cidade de São Paulo. O outro, pelo diretório do partido no estado de São Paulo. O prefeito da capital paulista, Bruno Covas, chegou a dizer em julho: "Ou eu ou Aécio Neves."
Sabino foi o autor do relatório que livrou o mineiro. Aécio é acusado de receber propina no valor de R$ 2 milhões do empresário Joesley Batista, do grupo J&F.
A decisão da executiva foi considerada a primeira grande derrota interna de Doria no PSDB.