Cotado para suceder a Paulo Pimenta no comando da Secretaria de Comunicação Social (Secom) e um dos nomes favoritos para assumir o direção do PT a partir de 2025, o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), tenta ganhar protagonismo com ações de ajuda humanitária ao Rio Grande do Sul. Nas últimas semanas, o petista fez “dobradinhas” com a primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, na comunicação das ações do governo e articulou campanhas de arrecadação de doações com empresários do município do interior paulista.
Além de tentar ganhar projeção com ações de apoio ao Estado afetado pelas enchentes, Edinho conquistou destaque nas redes sociais de Janja, com quem viajou no dia 8 de maio, como integrante da comitiva ministerial de ação humanitária aos gaúchos. Edinho foi procurado pelo Estadão, mas não retornou o contato.
A primeira-dama publicou três vídeos ao lado do prefeito nos quais destaca a compra e a distribuição de purificadores de água para abrigos no Rio Grande do Sul. Em entrevista ao podcast Meio Tempo, da FGV-Rio, Edinho disse ter recebido da primeira-dama a missão de negociar a compra dos purificadores com um empresário da cidade de São Carlos, que é vizinha de Araraquara.
“A Janja me ligou pedindo que eu me localizasse na cidade vizinha a Araraquara, que é São Carlos, uma empresa que produz purificadores. Claro, eu passei o final de semana todo e localizamos essa empresa e eu pedi que o empresário não vendesse mais nenhum purificador porque havia um esforço grande para que nós pudéssemos comprar rapidamente aqueles purificadores e eles fossem transportados para o Rio Grande do Sul”, disse Edinho.
O atendimento ao chamado de Janja, além de ajudar as vítimas das enchentes, se transformou em vídeos curtos nas redes sociais que reuniram cerca de 1,5 milhão de visualizações cada. Em uma das publicações, a primeira-dama posou ao lado de Edinho no avião que transportava a comitiva ministerial para o Rio Grande do Sul e destacou a importância dos purificadores na ação humanitária promovida pelo Palácio do Planalto. “A gente não costuma fazer vídeos dentro do avião presidencial. Esse é o KC-30, o avião do presidente da República, e hoje ele está carregado”, afirmou Janja, ao lado de Edinho.
Janja e Edinho estiveram no Rio Grande do Sul ao longo da semana passada. A primeira-dama e o prefeito publicaram registros da viagem nas redes sociais. Edinho também tem auxiliado Janja com a comunicação nas redes e ela, por sua vez, dá destaque ao prefeito em seus perfis.
Edinho participou da entrega de 200 purificadores de água às terras gaúchas, uma iniciativa do governo federal que contou com o apoio de doações da sociedade civil.
Ao comentar sobre o caso nas redes sociais, Edinho afirmou que se tratava de retribuir, em nome de Araraquara, a solidariedade recebida quando a cidade paulista foi afetada por fortes chuvas, na virada de 2022 para 2023. Janja, por sua vez, destacou os esforços de Edinho na iniciativa.
Edinho pode ficar à frente do PT ou assumir Secom de Lula
Edson Antonio da Silva tem 58 anos, é formado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e se filiou ao PT na década de 1980. Pela sigla, foi prefeito de Araraquara de 2001 a 2008 e de 2017 em diante. Como está em seu segundo mandato consecutivo, Edinho não poderá concorrer à reeleição, mas é defendido por setores do partido para assumir novos postos.
Como Paulo Pimenta pode ficar à frente da autoridade federal no Estado afetado pelas enchentes até o final do ano, a sucessão pelo comando da pasta de Comunicação da Presidência está aberta. Edinho é favorito para assumir o cargo, que ele já chefiou entre 2015 e 2016. O prefeito de Araraquara também tem o nome encampado para suceder à deputada federal Gleisi Hoffmann na presidência do PT, contando inclusive com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A sigla elegerá o novo comando em 2025, mas, segundo o estatuto petista, se Edinho estiver em um cargo no Executivo federal, ele não poderá ocupar a direção do partido.
Além de chefiar o Executivo de Araraquara por quatro mandatos, Edinho presidiu o PT paulista, foi deputado estadual de 2011 a 2015 e, de março de 2015 a maio de 2016, chefiou a Secretaria de Comunicação Social da então presidente Dilma Rousseff (PT).
Edinho também é cotado para suceder a Pimenta na Secom por manter um bom relacionamento com o presidente Lula. Em 8 de janeiro do ano passado, enquanto vândalos depredavam as sedes dos Três Poderes em Brasília, o presidente estava em uma visita em Araraquara, afetada, à época, por fortes chuvas. Com o ataque na capital federal, a prefeitura da cidade do interior paulista foi transformada, de improviso, em gabinete de crise. Foi do gabinete de Edinho que Lula despachou durante os ataques.
Na ocasião, Edinho atribuiu a Janja o conselho que convenceu o presidente a não assinar um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para conter os vândalos em Brasília. Segundo o prefeito de Araraquara, a primeira-dama disse a Lula que assinar a GLO seria “entregar aos militares”. Diante do aviso, a alternativa escolhida foi a assinatura de um decreto de intervenção federal, sob o comando de Ricardo Cappelli, então secretário-executivo do Ministério da Justiça.