O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) abriu os discursos no ato de aliados do pai, Jair Bolsonaro, na Avenida Paulista pedindo o fim das prisões de aliados por atos antidemocráticos, a anistia para os presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro, o encerramento dos inquéritos das fake news e das milícias digitais no Supremo Tribunal Federal (STF) e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
No trio do ato organizado pelo pastor Silas Malafaia neste sábado, chamou Moraes de “psicopata” ao mencionar decisões do ministro relacionadas aos presos do 8 de janeiro.
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“Um psicopata é capaz de colocar velinhas em uma cadeia por anos por capricho pessoal. Um psicopata é capaz de separar um mãe de seus dois filhos”, disse o deputado, afirmando ainda que Moraes tinha um plano de colocá-lo na cadeia.
O filho de Bolsonaro citou presos do 8 de janeiro, como o empresário baiano Cleriston Pereira da Cunha, que morreu após passar mal na prisão, e Débora Rodrigues dos Santos, denunciada ao STF por ser flagrada escrevendo a frase “Perdeu, mané” na estátua da Justiça, durante ataques antidemocráticos de 8 de Janeiro, em Brasília.
Segunda a discursar, a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) defendeu o impeachment de Alexandre de Moraes e afirmou que deputados e senadores irão obstruir todos os trabalhos do Congresso até que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), receba o pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal.
“Não existe ministro acima da lei e da Constituição. Agora, no Parlamento, mais de 150 deputados já assinaram o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes, que será entregue na segunda-feira. Temos 31 senadores confirmados. O que queremos é que Rodrigo Pacheco receba esse pedido e encaminhe para análise, como manda a lei”, declarou Bia Kicis.
A deputada federal Julia Zanatta (PL) falou logo em seguida, chamando o presidente do Senado Federal Rodrigo Pacheco (PSD) de covarde.
“Não pode o poder de decisão ficar na mão desse homem [Pacheco], não pode prisões políticas continuarem, não pode abolir o estado democrático de direito usando a constituição e as nossas leis. Por isso, eu vou lutar pelo meu último dia de vida pela anistia dos presos políticos, pela liberdade, porque eu não fui eleita para ser capacho de ministro do STF que não tem voto popular”.
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) fez um discurso inflamado durante o ato bolsonarista na Avenida Paulista neste 7 de setembro, cobrando os parlamentares que não assinaram o pedido de impeachment de Moraes.
“Temos, neste caminhão, verdadeiros guerreiros do Senado. Mas cadê o resto? Até o momento, 31 senadores se posicionaram a favor do impeachment do Alexandre de Moraes. O que está acontecendo com os outros 50 senadores? Onde estão os senadores que juraram defender a nossa Constituição? Onde estão os senadores que se comprometeram a defender nossas liberdades? Vamos cobrar cada um deles, vamos transformar a vida deles em um inferno. Não vamos dar voz a quem se vender para essa ditadura”, disse Gustavo Gayer.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL) iniciou sua fala criticando a decisão de Moraes de derrubar o X (antigo Twitter), se referindo ao ministro como um “tirano” e “criminoso”.
“Um criminoso que usa dos seus poderes a qualquer preço para poder silenciar e calar e impedir que nós saibamos a verdade. Quando ele derruba o X, o antigo Twitter, ele impede não somente a nossa voz, mas impede todas as vozes”, afirmou o deputado que também pediu a liberdade dos presos. “Se um bandido é descondenado e assume a presidência da República e tem a sua liberdade, quanto mais baderneiros também merecem ter a sua liberdade”, se referindo à soltura do presidente Lula (PT).
Outros aliados fizeram discursos duros
O senador Magno Malta (PL-ES) começou sua frase relembrando a facada sofrida por Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018, em Juiz de Fora (MG), episódio que completou seis anos nesta sexta-feira. Malta afirmou que há um “consórcio de perversos” no País, referindo-se ao Supremo Tribunal Federal e ao governo federal, e declarou que o Brasil vive hoje sob uma “censura coletiva”. O senador também fez um apelo para que os demais senadores não se “acovardem” e pediu a Pacheco para que receba o pedido de impeachment de Moraes.
“É a sua hora [Rodrigo Pacheco]. Pode ser a sua redenção. Você precisa colocar o rito que vai receber no dia 9, das mãos da oposição, dos guerreiros deputados e senadores, para que nós possamos responder ao povo brasileiro de uma forma jurídica contra aqueles que atropelaram a Constituição, que desrespeitaram nossa lei, aqueles que pisaram e cuspiram no texto constitucional”, afirmou o senador, acrescentando que Moraes é o “CEO de um consórcio de perversos”.
Silas Malafaia pede prisão de Moraes e usa absolvição de Lula para justificar inocência de Bolsonaro
O pastor Silas Malafaia, que organizou o ato, ficou responsável pelo discurso “mais duro” contra Moraes, já que Bolsonaro optou por não se dirigir ao ministro como fez em 25 de fevereiro. Malafaia iniciou seu discurso dizendo que mostraria porque Moraes é o “criminoso” e não o ex-presidente, afirmando que não há acusação sustentável na lei para condená-lo. “Alexandre de Moraes tem que sofrer impeachment e ir para a cadeia. Lugar de criminoso é na cadeia”.
Fazendo papel de advogado do ex-presidente, o pastor defendeu que Bolsonaro não roubou um bem público, mas sim “ganhou” as jóias, minimizou os fatos que levaram o Bolsonaro à inelegibilidade por 8 anos e trouxe ainda a absolvição de Lula como justificativa. “Se o Supremo Tribunal Federal derrubou os crimes reais de Lula, pelo qual ele foi condenado, eu tenho certeza, presidente, que o Supremo Tribunal Federal vai derrubar a sua inelegibilidade”.
Malafaia ainda defendeu que o ex-presidente não deveria ser condenado pelos atos antidemocráticos do 8 de janeiro porque não houve uso de armas. “Presidente, você foi embora para a América [Estado Unidos], você é um fenômeno. Você conseguiu reunir faxineira, dona de casa, idosos, para dar um golpe, sem nem a vassoura na mão”.
O pastor finalizou o discurso dirigindo a palavra a todos os ministros do STF, afirmando que estão “jogando na lata do lixo a reputação da mais alta corte” e cobrando o senador Rodrigo Pacheco “Qual é o legado que tu vai deixar para a tua família e para as outras gerações? Está sentado em cima do impeachment de Alexandre de Moraes”.