Eduardo Paes refaz elos com Lula e o PT de olho na reeleição


Prefeito atrai partido do presidente, além de PDT, PSB e PSDB, e investe milhões em unidades hospitalares em ensaio para 2024

Por Rayanderson Guerra
Atualização:

RIO - Para pavimentar seu caminho rumo à reeleição em 2024, quando deverá enfrentar um candidato da direita bolsonarista, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), investe na política e no orçamento. O chefe do Executivo municipal carioca aposta na volta da aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que no passado já garantiu recursos para as obras da Olimpíada de 2016. E Paes também prioriza a administração, onde dá atenção a duas áreas prioritariamente: saúde e transportes.

Depois de um início de governo com poucos recursos, os investimentos em saúde cresceram. Foram de 17,20% do orçamento municipal em 2019 – último ano da gestão do ex-prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) – para 22,30% no ano passado. Na semana passada, Paes inaugurou mais um setor do Super Centro Carioca de Saúde, um complexo de atendimento médico tratado como vitrine da atual gestão. Tinha ao lado o presidente Lula, as ministras da Saúde, Nísia Trindade, e da Igualdade Racial, Anielle Franco. O governador Cláudio Castro (PL) também marcou presença, sob vaias.

Prefeito do Rio, Eduardo Paes aposta em aliança com Lula para se reeleger, em 2024.  Foto: Mauro Pimentel/AFP
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A relação de Paes com o atual presidente voltou a se fortalecer na campanha do ano passado. Na disputa estadual, Paes apoiou a candidatura do ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), que ficou na terceira colocação. Já para a Presidência, embarcou na campanha petista e intensificou as críticas ao então presidente Jair Bolsonaro, que tentava a reeleição pelo PL.

Com o aval do presidente do PSD, Gilberto Kassab, o apoio de Paes a Lula durante as eleições presidenciais e o embarque oficial do PT no governo municipal são os primeiros movimentos do prefeito para a campanha à reeleição. Os petistas comandarão três secretarias do Rio: a vereadora Tainá de Paula assumirá a pasta de Meio Ambiente; o ex-vice-prefeito na primeira gestão de Paes, Adilson Pires, irá para a Assistência Social; e Diego Zeidan fica com a pasta de Economia Solidária.

Inauguração de complexo de saúde no Rio contou com a presença do presidente e de ministras.  Foto: Mauro Pimentel/AFP
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O embarque foi aprovado pelos diretórios municipal e estadual do PT. Apesar de Paes evitar o início das discussões sobre a campanha de 2024, o apoio do partido e do presidente Lula são dois dos principais ativos do prefeito em uma disputa contra o candidato do clã Bolsonaro, que tem o Rio de Janeiro como berço político.

Paes já oficializou as entradas na administração municipal do PSB, com a indicação de Tatiana Roque para a secretaria de Ciência e Tecnologia, do PDT e do PSDB, com Daniela Maia, irmã gêmea do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, para a secretaria de Turismo.

O prefeito ainda busca o apoio do União Brasil, partido cortejado pelo PL e por aliados de Bolsonaro. O partido do ex-presidente já trabalha para fortalecer nomes que sejam capazes de disputar a Prefeitura do Rio em 2024. Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-ministro e general da reserva Eduardo Pazuello (PL) são vistos por integrantes da legenda como possíveis candidatos. O ex-ministro e general Walter Braga Netto também é sondado para disputar um cargo majoritário no Rio de Janeiro.

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Frente ampla

A cientista política Mayra Goulart, coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), estuda política local e a sua influência federal. Segundo ela, Paes trabalha para reeditar na cidade uma frente ampla, como Lula fez em 2022, para se cacifar nas próximas eleições.

“Ponto importante ao se falar de política local é o efeito coattail, que é a influência na transferência de voto de um candidato de um distrito maior para um distrito menor. E temos o efeito coattail reverso, quando há a transferência, por exemplo, de vereadores para o prefeito ou governador. É isso que Eduardo Paes precisa buscar. É um relativo ponto fraco dele.”

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A pesquisadora explica ainda que o bolsonarismo encontra terreno fértil no Rio de Janeiro dado o contexto de violência e desigualdade. “O bolsonarismo tem um espaço preferencial de atuação no Rio de Janeiro. É um ambiente favorável à proliferação de discurso de ódio e violência, tendo em vista o cotidiano de violência e desigualdade. A população fica mais sensível a se identificar a um discurso violento e punitivista”, afirma.

Para acomodar todos os aliados, Paes substituiu mais da metade do primeiro e segundo escalão. Entre secretários, presidentes de fundações, autarquias e subprefeituras, o prefeito fez 38 trocas de fevereiro de 2021 até agora. A última mudança foi publicada no fim do mês passado para acomodar os políticos do PT, novos integrantes do governo.

Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Foto: Mauro Pimentel/AFP
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Investimentos

Um dos pontos mais criticados na gestão do ex-prefeito Crivella , a saúde, se tornou um dos focos do terceiro mandato de Paes à frente da prefeitura. Em 2020, último ano de Crivella, o orçamento geral do Executivo municipal foi de R$ 32,8 bilhões, dos quais R$ 5,6 bilhões foram destinados à área.

Já no primeiro ano da gestão Paes, os gastos na saúde saltaram para R$ 6,4 bilhões. No ano passado, a parte destinada à área foi ainda maior: R$ 8,8 bilhões.

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Um dos projetos que deve ser utilizado como carro-chefe na próxima campanha será o Super Centro de Saúde Carioca, um complexo de saúde pública. Com investimento de R$ 250 milhões, o espaço terá capacidade para 113 mil exames, consultas e procedimentos por mês. É previsto que o local faça atendimentos, exames e procedimentos que devem, segundo estimativas da prefeitura, zerar as filas na saúde até julho deste ano.

De acordo com o cientista político Marcus Ianoni, da Universidade Federal Fluminense (UFF), Paes aposta na comparação entre a sua gestão em áreas prioritárias da cidade com o mandato de Crivella para ampliar sua aprovação entre os cariocas.

“A saúde tomou um protagonismo ainda maior após a pandemia. As pessoas querem ver as melhorias de serviço na ponta. Crivella foi duramente criticado tanto pela gestão da saúde quanto dos transportes, com o BRT. Serão duas agendas que serão comparadas, e a campanha à reeleição deverá associar o candidato do bolsonarismo ao ex-prefeito”, disse.

Paes assumiu a gestão do BRT, sistema de ônibus articulados com pistas e estações exclusivas, enquanto o serviço não é novamente licitado. De acordo com a prefeitura, entre os principais problemas do sistema de transporte público da cidade estão o desaparecimento de ônibus, sumiço de linhas, falta de transparência do sistema de bilhetagem, além do abandono do BRT e das estações nos últimos quatro anos. Alvo de críticas, o modal passou a ser uma das prioridades de Paes no debate nas redes sociais. Ele tem publicado ações de conscientização e de enfrentamento ao vandalismo nas paradas e linhas, em seus perfis.

RIO - Para pavimentar seu caminho rumo à reeleição em 2024, quando deverá enfrentar um candidato da direita bolsonarista, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), investe na política e no orçamento. O chefe do Executivo municipal carioca aposta na volta da aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que no passado já garantiu recursos para as obras da Olimpíada de 2016. E Paes também prioriza a administração, onde dá atenção a duas áreas prioritariamente: saúde e transportes.

Depois de um início de governo com poucos recursos, os investimentos em saúde cresceram. Foram de 17,20% do orçamento municipal em 2019 – último ano da gestão do ex-prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) – para 22,30% no ano passado. Na semana passada, Paes inaugurou mais um setor do Super Centro Carioca de Saúde, um complexo de atendimento médico tratado como vitrine da atual gestão. Tinha ao lado o presidente Lula, as ministras da Saúde, Nísia Trindade, e da Igualdade Racial, Anielle Franco. O governador Cláudio Castro (PL) também marcou presença, sob vaias.

Prefeito do Rio, Eduardo Paes aposta em aliança com Lula para se reeleger, em 2024.  Foto: Mauro Pimentel/AFP

A relação de Paes com o atual presidente voltou a se fortalecer na campanha do ano passado. Na disputa estadual, Paes apoiou a candidatura do ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), que ficou na terceira colocação. Já para a Presidência, embarcou na campanha petista e intensificou as críticas ao então presidente Jair Bolsonaro, que tentava a reeleição pelo PL.

Com o aval do presidente do PSD, Gilberto Kassab, o apoio de Paes a Lula durante as eleições presidenciais e o embarque oficial do PT no governo municipal são os primeiros movimentos do prefeito para a campanha à reeleição. Os petistas comandarão três secretarias do Rio: a vereadora Tainá de Paula assumirá a pasta de Meio Ambiente; o ex-vice-prefeito na primeira gestão de Paes, Adilson Pires, irá para a Assistência Social; e Diego Zeidan fica com a pasta de Economia Solidária.

Inauguração de complexo de saúde no Rio contou com a presença do presidente e de ministras.  Foto: Mauro Pimentel/AFP

O embarque foi aprovado pelos diretórios municipal e estadual do PT. Apesar de Paes evitar o início das discussões sobre a campanha de 2024, o apoio do partido e do presidente Lula são dois dos principais ativos do prefeito em uma disputa contra o candidato do clã Bolsonaro, que tem o Rio de Janeiro como berço político.

Paes já oficializou as entradas na administração municipal do PSB, com a indicação de Tatiana Roque para a secretaria de Ciência e Tecnologia, do PDT e do PSDB, com Daniela Maia, irmã gêmea do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, para a secretaria de Turismo.

O prefeito ainda busca o apoio do União Brasil, partido cortejado pelo PL e por aliados de Bolsonaro. O partido do ex-presidente já trabalha para fortalecer nomes que sejam capazes de disputar a Prefeitura do Rio em 2024. Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-ministro e general da reserva Eduardo Pazuello (PL) são vistos por integrantes da legenda como possíveis candidatos. O ex-ministro e general Walter Braga Netto também é sondado para disputar um cargo majoritário no Rio de Janeiro.

Frente ampla

A cientista política Mayra Goulart, coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), estuda política local e a sua influência federal. Segundo ela, Paes trabalha para reeditar na cidade uma frente ampla, como Lula fez em 2022, para se cacifar nas próximas eleições.

“Ponto importante ao se falar de política local é o efeito coattail, que é a influência na transferência de voto de um candidato de um distrito maior para um distrito menor. E temos o efeito coattail reverso, quando há a transferência, por exemplo, de vereadores para o prefeito ou governador. É isso que Eduardo Paes precisa buscar. É um relativo ponto fraco dele.”

A pesquisadora explica ainda que o bolsonarismo encontra terreno fértil no Rio de Janeiro dado o contexto de violência e desigualdade. “O bolsonarismo tem um espaço preferencial de atuação no Rio de Janeiro. É um ambiente favorável à proliferação de discurso de ódio e violência, tendo em vista o cotidiano de violência e desigualdade. A população fica mais sensível a se identificar a um discurso violento e punitivista”, afirma.

Para acomodar todos os aliados, Paes substituiu mais da metade do primeiro e segundo escalão. Entre secretários, presidentes de fundações, autarquias e subprefeituras, o prefeito fez 38 trocas de fevereiro de 2021 até agora. A última mudança foi publicada no fim do mês passado para acomodar os políticos do PT, novos integrantes do governo.

Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Foto: Mauro Pimentel/AFP

Investimentos

Um dos pontos mais criticados na gestão do ex-prefeito Crivella , a saúde, se tornou um dos focos do terceiro mandato de Paes à frente da prefeitura. Em 2020, último ano de Crivella, o orçamento geral do Executivo municipal foi de R$ 32,8 bilhões, dos quais R$ 5,6 bilhões foram destinados à área.

Já no primeiro ano da gestão Paes, os gastos na saúde saltaram para R$ 6,4 bilhões. No ano passado, a parte destinada à área foi ainda maior: R$ 8,8 bilhões.

Um dos projetos que deve ser utilizado como carro-chefe na próxima campanha será o Super Centro de Saúde Carioca, um complexo de saúde pública. Com investimento de R$ 250 milhões, o espaço terá capacidade para 113 mil exames, consultas e procedimentos por mês. É previsto que o local faça atendimentos, exames e procedimentos que devem, segundo estimativas da prefeitura, zerar as filas na saúde até julho deste ano.

De acordo com o cientista político Marcus Ianoni, da Universidade Federal Fluminense (UFF), Paes aposta na comparação entre a sua gestão em áreas prioritárias da cidade com o mandato de Crivella para ampliar sua aprovação entre os cariocas.

“A saúde tomou um protagonismo ainda maior após a pandemia. As pessoas querem ver as melhorias de serviço na ponta. Crivella foi duramente criticado tanto pela gestão da saúde quanto dos transportes, com o BRT. Serão duas agendas que serão comparadas, e a campanha à reeleição deverá associar o candidato do bolsonarismo ao ex-prefeito”, disse.

Paes assumiu a gestão do BRT, sistema de ônibus articulados com pistas e estações exclusivas, enquanto o serviço não é novamente licitado. De acordo com a prefeitura, entre os principais problemas do sistema de transporte público da cidade estão o desaparecimento de ônibus, sumiço de linhas, falta de transparência do sistema de bilhetagem, além do abandono do BRT e das estações nos últimos quatro anos. Alvo de críticas, o modal passou a ser uma das prioridades de Paes no debate nas redes sociais. Ele tem publicado ações de conscientização e de enfrentamento ao vandalismo nas paradas e linhas, em seus perfis.

RIO - Para pavimentar seu caminho rumo à reeleição em 2024, quando deverá enfrentar um candidato da direita bolsonarista, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), investe na política e no orçamento. O chefe do Executivo municipal carioca aposta na volta da aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que no passado já garantiu recursos para as obras da Olimpíada de 2016. E Paes também prioriza a administração, onde dá atenção a duas áreas prioritariamente: saúde e transportes.

Depois de um início de governo com poucos recursos, os investimentos em saúde cresceram. Foram de 17,20% do orçamento municipal em 2019 – último ano da gestão do ex-prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) – para 22,30% no ano passado. Na semana passada, Paes inaugurou mais um setor do Super Centro Carioca de Saúde, um complexo de atendimento médico tratado como vitrine da atual gestão. Tinha ao lado o presidente Lula, as ministras da Saúde, Nísia Trindade, e da Igualdade Racial, Anielle Franco. O governador Cláudio Castro (PL) também marcou presença, sob vaias.

Prefeito do Rio, Eduardo Paes aposta em aliança com Lula para se reeleger, em 2024.  Foto: Mauro Pimentel/AFP

A relação de Paes com o atual presidente voltou a se fortalecer na campanha do ano passado. Na disputa estadual, Paes apoiou a candidatura do ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), que ficou na terceira colocação. Já para a Presidência, embarcou na campanha petista e intensificou as críticas ao então presidente Jair Bolsonaro, que tentava a reeleição pelo PL.

Com o aval do presidente do PSD, Gilberto Kassab, o apoio de Paes a Lula durante as eleições presidenciais e o embarque oficial do PT no governo municipal são os primeiros movimentos do prefeito para a campanha à reeleição. Os petistas comandarão três secretarias do Rio: a vereadora Tainá de Paula assumirá a pasta de Meio Ambiente; o ex-vice-prefeito na primeira gestão de Paes, Adilson Pires, irá para a Assistência Social; e Diego Zeidan fica com a pasta de Economia Solidária.

Inauguração de complexo de saúde no Rio contou com a presença do presidente e de ministras.  Foto: Mauro Pimentel/AFP

O embarque foi aprovado pelos diretórios municipal e estadual do PT. Apesar de Paes evitar o início das discussões sobre a campanha de 2024, o apoio do partido e do presidente Lula são dois dos principais ativos do prefeito em uma disputa contra o candidato do clã Bolsonaro, que tem o Rio de Janeiro como berço político.

Paes já oficializou as entradas na administração municipal do PSB, com a indicação de Tatiana Roque para a secretaria de Ciência e Tecnologia, do PDT e do PSDB, com Daniela Maia, irmã gêmea do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, para a secretaria de Turismo.

O prefeito ainda busca o apoio do União Brasil, partido cortejado pelo PL e por aliados de Bolsonaro. O partido do ex-presidente já trabalha para fortalecer nomes que sejam capazes de disputar a Prefeitura do Rio em 2024. Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-ministro e general da reserva Eduardo Pazuello (PL) são vistos por integrantes da legenda como possíveis candidatos. O ex-ministro e general Walter Braga Netto também é sondado para disputar um cargo majoritário no Rio de Janeiro.

Frente ampla

A cientista política Mayra Goulart, coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), estuda política local e a sua influência federal. Segundo ela, Paes trabalha para reeditar na cidade uma frente ampla, como Lula fez em 2022, para se cacifar nas próximas eleições.

“Ponto importante ao se falar de política local é o efeito coattail, que é a influência na transferência de voto de um candidato de um distrito maior para um distrito menor. E temos o efeito coattail reverso, quando há a transferência, por exemplo, de vereadores para o prefeito ou governador. É isso que Eduardo Paes precisa buscar. É um relativo ponto fraco dele.”

A pesquisadora explica ainda que o bolsonarismo encontra terreno fértil no Rio de Janeiro dado o contexto de violência e desigualdade. “O bolsonarismo tem um espaço preferencial de atuação no Rio de Janeiro. É um ambiente favorável à proliferação de discurso de ódio e violência, tendo em vista o cotidiano de violência e desigualdade. A população fica mais sensível a se identificar a um discurso violento e punitivista”, afirma.

Para acomodar todos os aliados, Paes substituiu mais da metade do primeiro e segundo escalão. Entre secretários, presidentes de fundações, autarquias e subprefeituras, o prefeito fez 38 trocas de fevereiro de 2021 até agora. A última mudança foi publicada no fim do mês passado para acomodar os políticos do PT, novos integrantes do governo.

Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Foto: Mauro Pimentel/AFP

Investimentos

Um dos pontos mais criticados na gestão do ex-prefeito Crivella , a saúde, se tornou um dos focos do terceiro mandato de Paes à frente da prefeitura. Em 2020, último ano de Crivella, o orçamento geral do Executivo municipal foi de R$ 32,8 bilhões, dos quais R$ 5,6 bilhões foram destinados à área.

Já no primeiro ano da gestão Paes, os gastos na saúde saltaram para R$ 6,4 bilhões. No ano passado, a parte destinada à área foi ainda maior: R$ 8,8 bilhões.

Um dos projetos que deve ser utilizado como carro-chefe na próxima campanha será o Super Centro de Saúde Carioca, um complexo de saúde pública. Com investimento de R$ 250 milhões, o espaço terá capacidade para 113 mil exames, consultas e procedimentos por mês. É previsto que o local faça atendimentos, exames e procedimentos que devem, segundo estimativas da prefeitura, zerar as filas na saúde até julho deste ano.

De acordo com o cientista político Marcus Ianoni, da Universidade Federal Fluminense (UFF), Paes aposta na comparação entre a sua gestão em áreas prioritárias da cidade com o mandato de Crivella para ampliar sua aprovação entre os cariocas.

“A saúde tomou um protagonismo ainda maior após a pandemia. As pessoas querem ver as melhorias de serviço na ponta. Crivella foi duramente criticado tanto pela gestão da saúde quanto dos transportes, com o BRT. Serão duas agendas que serão comparadas, e a campanha à reeleição deverá associar o candidato do bolsonarismo ao ex-prefeito”, disse.

Paes assumiu a gestão do BRT, sistema de ônibus articulados com pistas e estações exclusivas, enquanto o serviço não é novamente licitado. De acordo com a prefeitura, entre os principais problemas do sistema de transporte público da cidade estão o desaparecimento de ônibus, sumiço de linhas, falta de transparência do sistema de bilhetagem, além do abandono do BRT e das estações nos últimos quatro anos. Alvo de críticas, o modal passou a ser uma das prioridades de Paes no debate nas redes sociais. Ele tem publicado ações de conscientização e de enfrentamento ao vandalismo nas paradas e linhas, em seus perfis.

RIO - Para pavimentar seu caminho rumo à reeleição em 2024, quando deverá enfrentar um candidato da direita bolsonarista, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), investe na política e no orçamento. O chefe do Executivo municipal carioca aposta na volta da aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que no passado já garantiu recursos para as obras da Olimpíada de 2016. E Paes também prioriza a administração, onde dá atenção a duas áreas prioritariamente: saúde e transportes.

Depois de um início de governo com poucos recursos, os investimentos em saúde cresceram. Foram de 17,20% do orçamento municipal em 2019 – último ano da gestão do ex-prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) – para 22,30% no ano passado. Na semana passada, Paes inaugurou mais um setor do Super Centro Carioca de Saúde, um complexo de atendimento médico tratado como vitrine da atual gestão. Tinha ao lado o presidente Lula, as ministras da Saúde, Nísia Trindade, e da Igualdade Racial, Anielle Franco. O governador Cláudio Castro (PL) também marcou presença, sob vaias.

Prefeito do Rio, Eduardo Paes aposta em aliança com Lula para se reeleger, em 2024.  Foto: Mauro Pimentel/AFP

A relação de Paes com o atual presidente voltou a se fortalecer na campanha do ano passado. Na disputa estadual, Paes apoiou a candidatura do ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), que ficou na terceira colocação. Já para a Presidência, embarcou na campanha petista e intensificou as críticas ao então presidente Jair Bolsonaro, que tentava a reeleição pelo PL.

Com o aval do presidente do PSD, Gilberto Kassab, o apoio de Paes a Lula durante as eleições presidenciais e o embarque oficial do PT no governo municipal são os primeiros movimentos do prefeito para a campanha à reeleição. Os petistas comandarão três secretarias do Rio: a vereadora Tainá de Paula assumirá a pasta de Meio Ambiente; o ex-vice-prefeito na primeira gestão de Paes, Adilson Pires, irá para a Assistência Social; e Diego Zeidan fica com a pasta de Economia Solidária.

Inauguração de complexo de saúde no Rio contou com a presença do presidente e de ministras.  Foto: Mauro Pimentel/AFP

O embarque foi aprovado pelos diretórios municipal e estadual do PT. Apesar de Paes evitar o início das discussões sobre a campanha de 2024, o apoio do partido e do presidente Lula são dois dos principais ativos do prefeito em uma disputa contra o candidato do clã Bolsonaro, que tem o Rio de Janeiro como berço político.

Paes já oficializou as entradas na administração municipal do PSB, com a indicação de Tatiana Roque para a secretaria de Ciência e Tecnologia, do PDT e do PSDB, com Daniela Maia, irmã gêmea do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, para a secretaria de Turismo.

O prefeito ainda busca o apoio do União Brasil, partido cortejado pelo PL e por aliados de Bolsonaro. O partido do ex-presidente já trabalha para fortalecer nomes que sejam capazes de disputar a Prefeitura do Rio em 2024. Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-ministro e general da reserva Eduardo Pazuello (PL) são vistos por integrantes da legenda como possíveis candidatos. O ex-ministro e general Walter Braga Netto também é sondado para disputar um cargo majoritário no Rio de Janeiro.

Frente ampla

A cientista política Mayra Goulart, coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), estuda política local e a sua influência federal. Segundo ela, Paes trabalha para reeditar na cidade uma frente ampla, como Lula fez em 2022, para se cacifar nas próximas eleições.

“Ponto importante ao se falar de política local é o efeito coattail, que é a influência na transferência de voto de um candidato de um distrito maior para um distrito menor. E temos o efeito coattail reverso, quando há a transferência, por exemplo, de vereadores para o prefeito ou governador. É isso que Eduardo Paes precisa buscar. É um relativo ponto fraco dele.”

A pesquisadora explica ainda que o bolsonarismo encontra terreno fértil no Rio de Janeiro dado o contexto de violência e desigualdade. “O bolsonarismo tem um espaço preferencial de atuação no Rio de Janeiro. É um ambiente favorável à proliferação de discurso de ódio e violência, tendo em vista o cotidiano de violência e desigualdade. A população fica mais sensível a se identificar a um discurso violento e punitivista”, afirma.

Para acomodar todos os aliados, Paes substituiu mais da metade do primeiro e segundo escalão. Entre secretários, presidentes de fundações, autarquias e subprefeituras, o prefeito fez 38 trocas de fevereiro de 2021 até agora. A última mudança foi publicada no fim do mês passado para acomodar os políticos do PT, novos integrantes do governo.

Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Foto: Mauro Pimentel/AFP

Investimentos

Um dos pontos mais criticados na gestão do ex-prefeito Crivella , a saúde, se tornou um dos focos do terceiro mandato de Paes à frente da prefeitura. Em 2020, último ano de Crivella, o orçamento geral do Executivo municipal foi de R$ 32,8 bilhões, dos quais R$ 5,6 bilhões foram destinados à área.

Já no primeiro ano da gestão Paes, os gastos na saúde saltaram para R$ 6,4 bilhões. No ano passado, a parte destinada à área foi ainda maior: R$ 8,8 bilhões.

Um dos projetos que deve ser utilizado como carro-chefe na próxima campanha será o Super Centro de Saúde Carioca, um complexo de saúde pública. Com investimento de R$ 250 milhões, o espaço terá capacidade para 113 mil exames, consultas e procedimentos por mês. É previsto que o local faça atendimentos, exames e procedimentos que devem, segundo estimativas da prefeitura, zerar as filas na saúde até julho deste ano.

De acordo com o cientista político Marcus Ianoni, da Universidade Federal Fluminense (UFF), Paes aposta na comparação entre a sua gestão em áreas prioritárias da cidade com o mandato de Crivella para ampliar sua aprovação entre os cariocas.

“A saúde tomou um protagonismo ainda maior após a pandemia. As pessoas querem ver as melhorias de serviço na ponta. Crivella foi duramente criticado tanto pela gestão da saúde quanto dos transportes, com o BRT. Serão duas agendas que serão comparadas, e a campanha à reeleição deverá associar o candidato do bolsonarismo ao ex-prefeito”, disse.

Paes assumiu a gestão do BRT, sistema de ônibus articulados com pistas e estações exclusivas, enquanto o serviço não é novamente licitado. De acordo com a prefeitura, entre os principais problemas do sistema de transporte público da cidade estão o desaparecimento de ônibus, sumiço de linhas, falta de transparência do sistema de bilhetagem, além do abandono do BRT e das estações nos últimos quatro anos. Alvo de críticas, o modal passou a ser uma das prioridades de Paes no debate nas redes sociais. Ele tem publicado ações de conscientização e de enfrentamento ao vandalismo nas paradas e linhas, em seus perfis.

RIO - Para pavimentar seu caminho rumo à reeleição em 2024, quando deverá enfrentar um candidato da direita bolsonarista, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), investe na política e no orçamento. O chefe do Executivo municipal carioca aposta na volta da aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que no passado já garantiu recursos para as obras da Olimpíada de 2016. E Paes também prioriza a administração, onde dá atenção a duas áreas prioritariamente: saúde e transportes.

Depois de um início de governo com poucos recursos, os investimentos em saúde cresceram. Foram de 17,20% do orçamento municipal em 2019 – último ano da gestão do ex-prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) – para 22,30% no ano passado. Na semana passada, Paes inaugurou mais um setor do Super Centro Carioca de Saúde, um complexo de atendimento médico tratado como vitrine da atual gestão. Tinha ao lado o presidente Lula, as ministras da Saúde, Nísia Trindade, e da Igualdade Racial, Anielle Franco. O governador Cláudio Castro (PL) também marcou presença, sob vaias.

Prefeito do Rio, Eduardo Paes aposta em aliança com Lula para se reeleger, em 2024.  Foto: Mauro Pimentel/AFP

A relação de Paes com o atual presidente voltou a se fortalecer na campanha do ano passado. Na disputa estadual, Paes apoiou a candidatura do ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), que ficou na terceira colocação. Já para a Presidência, embarcou na campanha petista e intensificou as críticas ao então presidente Jair Bolsonaro, que tentava a reeleição pelo PL.

Com o aval do presidente do PSD, Gilberto Kassab, o apoio de Paes a Lula durante as eleições presidenciais e o embarque oficial do PT no governo municipal são os primeiros movimentos do prefeito para a campanha à reeleição. Os petistas comandarão três secretarias do Rio: a vereadora Tainá de Paula assumirá a pasta de Meio Ambiente; o ex-vice-prefeito na primeira gestão de Paes, Adilson Pires, irá para a Assistência Social; e Diego Zeidan fica com a pasta de Economia Solidária.

Inauguração de complexo de saúde no Rio contou com a presença do presidente e de ministras.  Foto: Mauro Pimentel/AFP

O embarque foi aprovado pelos diretórios municipal e estadual do PT. Apesar de Paes evitar o início das discussões sobre a campanha de 2024, o apoio do partido e do presidente Lula são dois dos principais ativos do prefeito em uma disputa contra o candidato do clã Bolsonaro, que tem o Rio de Janeiro como berço político.

Paes já oficializou as entradas na administração municipal do PSB, com a indicação de Tatiana Roque para a secretaria de Ciência e Tecnologia, do PDT e do PSDB, com Daniela Maia, irmã gêmea do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, para a secretaria de Turismo.

O prefeito ainda busca o apoio do União Brasil, partido cortejado pelo PL e por aliados de Bolsonaro. O partido do ex-presidente já trabalha para fortalecer nomes que sejam capazes de disputar a Prefeitura do Rio em 2024. Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-ministro e general da reserva Eduardo Pazuello (PL) são vistos por integrantes da legenda como possíveis candidatos. O ex-ministro e general Walter Braga Netto também é sondado para disputar um cargo majoritário no Rio de Janeiro.

Frente ampla

A cientista política Mayra Goulart, coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), estuda política local e a sua influência federal. Segundo ela, Paes trabalha para reeditar na cidade uma frente ampla, como Lula fez em 2022, para se cacifar nas próximas eleições.

“Ponto importante ao se falar de política local é o efeito coattail, que é a influência na transferência de voto de um candidato de um distrito maior para um distrito menor. E temos o efeito coattail reverso, quando há a transferência, por exemplo, de vereadores para o prefeito ou governador. É isso que Eduardo Paes precisa buscar. É um relativo ponto fraco dele.”

A pesquisadora explica ainda que o bolsonarismo encontra terreno fértil no Rio de Janeiro dado o contexto de violência e desigualdade. “O bolsonarismo tem um espaço preferencial de atuação no Rio de Janeiro. É um ambiente favorável à proliferação de discurso de ódio e violência, tendo em vista o cotidiano de violência e desigualdade. A população fica mais sensível a se identificar a um discurso violento e punitivista”, afirma.

Para acomodar todos os aliados, Paes substituiu mais da metade do primeiro e segundo escalão. Entre secretários, presidentes de fundações, autarquias e subprefeituras, o prefeito fez 38 trocas de fevereiro de 2021 até agora. A última mudança foi publicada no fim do mês passado para acomodar os políticos do PT, novos integrantes do governo.

Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Foto: Mauro Pimentel/AFP

Investimentos

Um dos pontos mais criticados na gestão do ex-prefeito Crivella , a saúde, se tornou um dos focos do terceiro mandato de Paes à frente da prefeitura. Em 2020, último ano de Crivella, o orçamento geral do Executivo municipal foi de R$ 32,8 bilhões, dos quais R$ 5,6 bilhões foram destinados à área.

Já no primeiro ano da gestão Paes, os gastos na saúde saltaram para R$ 6,4 bilhões. No ano passado, a parte destinada à área foi ainda maior: R$ 8,8 bilhões.

Um dos projetos que deve ser utilizado como carro-chefe na próxima campanha será o Super Centro de Saúde Carioca, um complexo de saúde pública. Com investimento de R$ 250 milhões, o espaço terá capacidade para 113 mil exames, consultas e procedimentos por mês. É previsto que o local faça atendimentos, exames e procedimentos que devem, segundo estimativas da prefeitura, zerar as filas na saúde até julho deste ano.

De acordo com o cientista político Marcus Ianoni, da Universidade Federal Fluminense (UFF), Paes aposta na comparação entre a sua gestão em áreas prioritárias da cidade com o mandato de Crivella para ampliar sua aprovação entre os cariocas.

“A saúde tomou um protagonismo ainda maior após a pandemia. As pessoas querem ver as melhorias de serviço na ponta. Crivella foi duramente criticado tanto pela gestão da saúde quanto dos transportes, com o BRT. Serão duas agendas que serão comparadas, e a campanha à reeleição deverá associar o candidato do bolsonarismo ao ex-prefeito”, disse.

Paes assumiu a gestão do BRT, sistema de ônibus articulados com pistas e estações exclusivas, enquanto o serviço não é novamente licitado. De acordo com a prefeitura, entre os principais problemas do sistema de transporte público da cidade estão o desaparecimento de ônibus, sumiço de linhas, falta de transparência do sistema de bilhetagem, além do abandono do BRT e das estações nos últimos quatro anos. Alvo de críticas, o modal passou a ser uma das prioridades de Paes no debate nas redes sociais. Ele tem publicado ações de conscientização e de enfrentamento ao vandalismo nas paradas e linhas, em seus perfis.

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