Eleição em Belém tem COP escanteada, ‘prefeitos sensação’ e peso dos Barbalho contra bolsonarista


O deputado estadual Igor Normando (MDB) e o deputado federal Éder Mauro (PL) chegam para o segundo turno após terem superado o atual prefeito da capital paraense, Edmilson Rodrigues (PSOL)

Por Vinícius Valfré
Atualização:

BRASÍLIA - A reta final da disputa em 2º turno em Belém (PA) foi marcada por reforços extraterritoriais na campanha do candidato Igor Normando (MDB), favorito nas pesquisas, e por acusações do adversário, Éder Mauro (PL), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de uso da máquina do governo estadual contra ele.

Em um dos maiores atos da última semana de campanha, os prefeitos de Macapá (AP), Dr. Furlan (MDB), e do Recife (PE), João Campos (PSB), desembarcaram na capital paraense para apoiar Normando. Ambos foram reeleitos com votações expressivas e se movimentam por protagonismo no debate político nacional.

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Os candidatos Igor Normando (MDB) e Éder Mauro (PL) disputam o 2º turno em Belém (PA) Foto: @igornormando e @edermauropa via Instagram

João Campos tem subido em palanques de candidatos da centro-esquerda. Furlan também saiu do Amapá após impor uma derrota ao grupo do senador Davi Alcolumbre (União-AP), cotado para voltar a presidir o Congresso Nacional.

“Não tenho dúvida que Belém espera alguém preparado, pronto pra fazer muito. Quero dizer a vocês que a juventude está pronta para poder governar, fazer bem feito”, disse João Campos no comício do candidato de Belém, de 37 anos.

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A disputa na capital do Pará deixou pelo caminho o atual prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), que obteve 9,78% dos votos na votação em primeiro turno. Igor Normando e Éder Mauro passaram, respectivamente, com 44,89% e 31,48%.

Integrante da tropa de choque de Jair Bolsonaro (PL) na Câmara, o candidato Éder Mauro tem no ex-presidente a principal referência. No segundo turno, porém, ele buscou moderar o discurso em busca de ampliar o leque de alianças e evitou nacionalizar a campanha. Para aliados consultados pela reportagem, seja qual for o resultado das urnas no domingo, Éder Mauro já conseguiu se posicionar como a “principal força oposicionista” da cidade e pode comemorar uma queda nos índices de rejeição.

A Praça do Relógio, no Complexo do Ver-o-Peso, em Belém (PA) Foto: Vinícius Valfré/Estadão
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Com 30 anos dedicados à polícia do Pará, o delegado tem insistido na bandeira da segurança pública e batido na tecla de que enfrenta uma oligarquia de políticos tradicionais. O candidato acusou o governador Hélder Barbalho (MDB) de usar a Polícia Militar para impedir uma carreata dele e de distribuir cestas básicas com finalidade eleitoral.

“Quiseram impedir a nossa agenda usando o abuso de poder. Eles usam até a polícia, que é obrigada a obedecer a oligarquia ‘barbalhista’ para não sofrer perseguição”, disse, durante um compromisso.

Igor Normando é primo do governador Hélder Barbalho (MDB), seu principal fiador. O emedebista entrou de cabeça na campanha do deputado estadual e costurou acordos importantes para o segundo turno.

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O candidato do clã Barbalho vai para a segunda votação com o apoio do prefeito derrotado e, ao mesmo tempo, com o de Everaldo Eguchi (PRTB). O delegado federal foi somente o penúltimo colocado no primeiro turno, mas carrega a marca de ter ido ao segundo turno em 2020 com o apoio de Jair Bolsonaro.

“Éder Mauro é representante da direita, mas tem dificuldades de fazer alianças. Ele tem uma postura de radicalização e tenta fazer um discurso mais ameno. Talvez ele tenha chegado num limite e cresça pouco no segundo turno. Igor tem uma coalizão que uniu setores da esquerda e da direita”, destacou o cientista político Carlos Augusto de Souza, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Campanha na cidade da COP-30 ignora grandes temas

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O fato de Belém sediar a COP-30, a conferência mundial para clima da Organização das Nações Unidas (ONU), em novembro de 2025, entrou lateralmente na campanha eleitoral. Apesar de a marca do evento ser a discussão de grandes temas como a renovação energética e a crise climática, esses assuntos passaram ao largo da disputa local.

As menções ficaram restritas à consequência prática da COP para a infraestrutura da cidade, destacou o coordenador do Observatório Social de Belém, Ivan Costa. Em preparação para receber as lideranças mundiais, uma série de obras estão em andamento.

O governo federal prevê, em parceria com governos locais, investimentos da ordem de R$ 3,7 bilhões em Belém. As intervenções são viabilizadas por meio da Itaipu, do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES).

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“O foco esteve mais no impacto do evento e menos no objetivo dele, que é discutir sustentabilidade, mudanças climáticas. Isso não esteve colocado. Possivelmente porque ainda seja uma discussão distante da maioria da população, que é carente do ponto de vista econômico. Tratar desses conceitos acaba saindo da lógica da política tradicional”, comentou Costa.

Normando explorou bem a preparação para a conferência. Ele usou a agenda para se associar ao governador e à parceria política que poderá fazer para manter o ritmo de realizações.

Mauro precisou reajustar o discurso porque, na Câmara, não aceitava a relação entre o desmatamento e o aquecimento global. Como deputado, também se disse desinteressado com a conferência mundial e propôs projetos criticados por ambientalistas. Entre eles, um que pretendia viabilizar licenciamento ambiental de pequenos garimpos em unidades de conservação. Na campanha, negou ser “anticlima”.

BRASÍLIA - A reta final da disputa em 2º turno em Belém (PA) foi marcada por reforços extraterritoriais na campanha do candidato Igor Normando (MDB), favorito nas pesquisas, e por acusações do adversário, Éder Mauro (PL), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de uso da máquina do governo estadual contra ele.

Em um dos maiores atos da última semana de campanha, os prefeitos de Macapá (AP), Dr. Furlan (MDB), e do Recife (PE), João Campos (PSB), desembarcaram na capital paraense para apoiar Normando. Ambos foram reeleitos com votações expressivas e se movimentam por protagonismo no debate político nacional.

Os candidatos Igor Normando (MDB) e Éder Mauro (PL) disputam o 2º turno em Belém (PA) Foto: @igornormando e @edermauropa via Instagram

João Campos tem subido em palanques de candidatos da centro-esquerda. Furlan também saiu do Amapá após impor uma derrota ao grupo do senador Davi Alcolumbre (União-AP), cotado para voltar a presidir o Congresso Nacional.

“Não tenho dúvida que Belém espera alguém preparado, pronto pra fazer muito. Quero dizer a vocês que a juventude está pronta para poder governar, fazer bem feito”, disse João Campos no comício do candidato de Belém, de 37 anos.

A disputa na capital do Pará deixou pelo caminho o atual prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), que obteve 9,78% dos votos na votação em primeiro turno. Igor Normando e Éder Mauro passaram, respectivamente, com 44,89% e 31,48%.

Integrante da tropa de choque de Jair Bolsonaro (PL) na Câmara, o candidato Éder Mauro tem no ex-presidente a principal referência. No segundo turno, porém, ele buscou moderar o discurso em busca de ampliar o leque de alianças e evitou nacionalizar a campanha. Para aliados consultados pela reportagem, seja qual for o resultado das urnas no domingo, Éder Mauro já conseguiu se posicionar como a “principal força oposicionista” da cidade e pode comemorar uma queda nos índices de rejeição.

A Praça do Relógio, no Complexo do Ver-o-Peso, em Belém (PA) Foto: Vinícius Valfré/Estadão

Com 30 anos dedicados à polícia do Pará, o delegado tem insistido na bandeira da segurança pública e batido na tecla de que enfrenta uma oligarquia de políticos tradicionais. O candidato acusou o governador Hélder Barbalho (MDB) de usar a Polícia Militar para impedir uma carreata dele e de distribuir cestas básicas com finalidade eleitoral.

“Quiseram impedir a nossa agenda usando o abuso de poder. Eles usam até a polícia, que é obrigada a obedecer a oligarquia ‘barbalhista’ para não sofrer perseguição”, disse, durante um compromisso.

Igor Normando é primo do governador Hélder Barbalho (MDB), seu principal fiador. O emedebista entrou de cabeça na campanha do deputado estadual e costurou acordos importantes para o segundo turno.

O candidato do clã Barbalho vai para a segunda votação com o apoio do prefeito derrotado e, ao mesmo tempo, com o de Everaldo Eguchi (PRTB). O delegado federal foi somente o penúltimo colocado no primeiro turno, mas carrega a marca de ter ido ao segundo turno em 2020 com o apoio de Jair Bolsonaro.

“Éder Mauro é representante da direita, mas tem dificuldades de fazer alianças. Ele tem uma postura de radicalização e tenta fazer um discurso mais ameno. Talvez ele tenha chegado num limite e cresça pouco no segundo turno. Igor tem uma coalizão que uniu setores da esquerda e da direita”, destacou o cientista político Carlos Augusto de Souza, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Campanha na cidade da COP-30 ignora grandes temas

O fato de Belém sediar a COP-30, a conferência mundial para clima da Organização das Nações Unidas (ONU), em novembro de 2025, entrou lateralmente na campanha eleitoral. Apesar de a marca do evento ser a discussão de grandes temas como a renovação energética e a crise climática, esses assuntos passaram ao largo da disputa local.

As menções ficaram restritas à consequência prática da COP para a infraestrutura da cidade, destacou o coordenador do Observatório Social de Belém, Ivan Costa. Em preparação para receber as lideranças mundiais, uma série de obras estão em andamento.

O governo federal prevê, em parceria com governos locais, investimentos da ordem de R$ 3,7 bilhões em Belém. As intervenções são viabilizadas por meio da Itaipu, do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES).

“O foco esteve mais no impacto do evento e menos no objetivo dele, que é discutir sustentabilidade, mudanças climáticas. Isso não esteve colocado. Possivelmente porque ainda seja uma discussão distante da maioria da população, que é carente do ponto de vista econômico. Tratar desses conceitos acaba saindo da lógica da política tradicional”, comentou Costa.

Normando explorou bem a preparação para a conferência. Ele usou a agenda para se associar ao governador e à parceria política que poderá fazer para manter o ritmo de realizações.

Mauro precisou reajustar o discurso porque, na Câmara, não aceitava a relação entre o desmatamento e o aquecimento global. Como deputado, também se disse desinteressado com a conferência mundial e propôs projetos criticados por ambientalistas. Entre eles, um que pretendia viabilizar licenciamento ambiental de pequenos garimpos em unidades de conservação. Na campanha, negou ser “anticlima”.

BRASÍLIA - A reta final da disputa em 2º turno em Belém (PA) foi marcada por reforços extraterritoriais na campanha do candidato Igor Normando (MDB), favorito nas pesquisas, e por acusações do adversário, Éder Mauro (PL), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de uso da máquina do governo estadual contra ele.

Em um dos maiores atos da última semana de campanha, os prefeitos de Macapá (AP), Dr. Furlan (MDB), e do Recife (PE), João Campos (PSB), desembarcaram na capital paraense para apoiar Normando. Ambos foram reeleitos com votações expressivas e se movimentam por protagonismo no debate político nacional.

Os candidatos Igor Normando (MDB) e Éder Mauro (PL) disputam o 2º turno em Belém (PA) Foto: @igornormando e @edermauropa via Instagram

João Campos tem subido em palanques de candidatos da centro-esquerda. Furlan também saiu do Amapá após impor uma derrota ao grupo do senador Davi Alcolumbre (União-AP), cotado para voltar a presidir o Congresso Nacional.

“Não tenho dúvida que Belém espera alguém preparado, pronto pra fazer muito. Quero dizer a vocês que a juventude está pronta para poder governar, fazer bem feito”, disse João Campos no comício do candidato de Belém, de 37 anos.

A disputa na capital do Pará deixou pelo caminho o atual prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), que obteve 9,78% dos votos na votação em primeiro turno. Igor Normando e Éder Mauro passaram, respectivamente, com 44,89% e 31,48%.

Integrante da tropa de choque de Jair Bolsonaro (PL) na Câmara, o candidato Éder Mauro tem no ex-presidente a principal referência. No segundo turno, porém, ele buscou moderar o discurso em busca de ampliar o leque de alianças e evitou nacionalizar a campanha. Para aliados consultados pela reportagem, seja qual for o resultado das urnas no domingo, Éder Mauro já conseguiu se posicionar como a “principal força oposicionista” da cidade e pode comemorar uma queda nos índices de rejeição.

A Praça do Relógio, no Complexo do Ver-o-Peso, em Belém (PA) Foto: Vinícius Valfré/Estadão

Com 30 anos dedicados à polícia do Pará, o delegado tem insistido na bandeira da segurança pública e batido na tecla de que enfrenta uma oligarquia de políticos tradicionais. O candidato acusou o governador Hélder Barbalho (MDB) de usar a Polícia Militar para impedir uma carreata dele e de distribuir cestas básicas com finalidade eleitoral.

“Quiseram impedir a nossa agenda usando o abuso de poder. Eles usam até a polícia, que é obrigada a obedecer a oligarquia ‘barbalhista’ para não sofrer perseguição”, disse, durante um compromisso.

Igor Normando é primo do governador Hélder Barbalho (MDB), seu principal fiador. O emedebista entrou de cabeça na campanha do deputado estadual e costurou acordos importantes para o segundo turno.

O candidato do clã Barbalho vai para a segunda votação com o apoio do prefeito derrotado e, ao mesmo tempo, com o de Everaldo Eguchi (PRTB). O delegado federal foi somente o penúltimo colocado no primeiro turno, mas carrega a marca de ter ido ao segundo turno em 2020 com o apoio de Jair Bolsonaro.

“Éder Mauro é representante da direita, mas tem dificuldades de fazer alianças. Ele tem uma postura de radicalização e tenta fazer um discurso mais ameno. Talvez ele tenha chegado num limite e cresça pouco no segundo turno. Igor tem uma coalizão que uniu setores da esquerda e da direita”, destacou o cientista político Carlos Augusto de Souza, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Campanha na cidade da COP-30 ignora grandes temas

O fato de Belém sediar a COP-30, a conferência mundial para clima da Organização das Nações Unidas (ONU), em novembro de 2025, entrou lateralmente na campanha eleitoral. Apesar de a marca do evento ser a discussão de grandes temas como a renovação energética e a crise climática, esses assuntos passaram ao largo da disputa local.

As menções ficaram restritas à consequência prática da COP para a infraestrutura da cidade, destacou o coordenador do Observatório Social de Belém, Ivan Costa. Em preparação para receber as lideranças mundiais, uma série de obras estão em andamento.

O governo federal prevê, em parceria com governos locais, investimentos da ordem de R$ 3,7 bilhões em Belém. As intervenções são viabilizadas por meio da Itaipu, do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES).

“O foco esteve mais no impacto do evento e menos no objetivo dele, que é discutir sustentabilidade, mudanças climáticas. Isso não esteve colocado. Possivelmente porque ainda seja uma discussão distante da maioria da população, que é carente do ponto de vista econômico. Tratar desses conceitos acaba saindo da lógica da política tradicional”, comentou Costa.

Normando explorou bem a preparação para a conferência. Ele usou a agenda para se associar ao governador e à parceria política que poderá fazer para manter o ritmo de realizações.

Mauro precisou reajustar o discurso porque, na Câmara, não aceitava a relação entre o desmatamento e o aquecimento global. Como deputado, também se disse desinteressado com a conferência mundial e propôs projetos criticados por ambientalistas. Entre eles, um que pretendia viabilizar licenciamento ambiental de pequenos garimpos em unidades de conservação. Na campanha, negou ser “anticlima”.

BRASÍLIA - A reta final da disputa em 2º turno em Belém (PA) foi marcada por reforços extraterritoriais na campanha do candidato Igor Normando (MDB), favorito nas pesquisas, e por acusações do adversário, Éder Mauro (PL), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de uso da máquina do governo estadual contra ele.

Em um dos maiores atos da última semana de campanha, os prefeitos de Macapá (AP), Dr. Furlan (MDB), e do Recife (PE), João Campos (PSB), desembarcaram na capital paraense para apoiar Normando. Ambos foram reeleitos com votações expressivas e se movimentam por protagonismo no debate político nacional.

Os candidatos Igor Normando (MDB) e Éder Mauro (PL) disputam o 2º turno em Belém (PA) Foto: @igornormando e @edermauropa via Instagram

João Campos tem subido em palanques de candidatos da centro-esquerda. Furlan também saiu do Amapá após impor uma derrota ao grupo do senador Davi Alcolumbre (União-AP), cotado para voltar a presidir o Congresso Nacional.

“Não tenho dúvida que Belém espera alguém preparado, pronto pra fazer muito. Quero dizer a vocês que a juventude está pronta para poder governar, fazer bem feito”, disse João Campos no comício do candidato de Belém, de 37 anos.

A disputa na capital do Pará deixou pelo caminho o atual prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), que obteve 9,78% dos votos na votação em primeiro turno. Igor Normando e Éder Mauro passaram, respectivamente, com 44,89% e 31,48%.

Integrante da tropa de choque de Jair Bolsonaro (PL) na Câmara, o candidato Éder Mauro tem no ex-presidente a principal referência. No segundo turno, porém, ele buscou moderar o discurso em busca de ampliar o leque de alianças e evitou nacionalizar a campanha. Para aliados consultados pela reportagem, seja qual for o resultado das urnas no domingo, Éder Mauro já conseguiu se posicionar como a “principal força oposicionista” da cidade e pode comemorar uma queda nos índices de rejeição.

A Praça do Relógio, no Complexo do Ver-o-Peso, em Belém (PA) Foto: Vinícius Valfré/Estadão

Com 30 anos dedicados à polícia do Pará, o delegado tem insistido na bandeira da segurança pública e batido na tecla de que enfrenta uma oligarquia de políticos tradicionais. O candidato acusou o governador Hélder Barbalho (MDB) de usar a Polícia Militar para impedir uma carreata dele e de distribuir cestas básicas com finalidade eleitoral.

“Quiseram impedir a nossa agenda usando o abuso de poder. Eles usam até a polícia, que é obrigada a obedecer a oligarquia ‘barbalhista’ para não sofrer perseguição”, disse, durante um compromisso.

Igor Normando é primo do governador Hélder Barbalho (MDB), seu principal fiador. O emedebista entrou de cabeça na campanha do deputado estadual e costurou acordos importantes para o segundo turno.

O candidato do clã Barbalho vai para a segunda votação com o apoio do prefeito derrotado e, ao mesmo tempo, com o de Everaldo Eguchi (PRTB). O delegado federal foi somente o penúltimo colocado no primeiro turno, mas carrega a marca de ter ido ao segundo turno em 2020 com o apoio de Jair Bolsonaro.

“Éder Mauro é representante da direita, mas tem dificuldades de fazer alianças. Ele tem uma postura de radicalização e tenta fazer um discurso mais ameno. Talvez ele tenha chegado num limite e cresça pouco no segundo turno. Igor tem uma coalizão que uniu setores da esquerda e da direita”, destacou o cientista político Carlos Augusto de Souza, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Campanha na cidade da COP-30 ignora grandes temas

O fato de Belém sediar a COP-30, a conferência mundial para clima da Organização das Nações Unidas (ONU), em novembro de 2025, entrou lateralmente na campanha eleitoral. Apesar de a marca do evento ser a discussão de grandes temas como a renovação energética e a crise climática, esses assuntos passaram ao largo da disputa local.

As menções ficaram restritas à consequência prática da COP para a infraestrutura da cidade, destacou o coordenador do Observatório Social de Belém, Ivan Costa. Em preparação para receber as lideranças mundiais, uma série de obras estão em andamento.

O governo federal prevê, em parceria com governos locais, investimentos da ordem de R$ 3,7 bilhões em Belém. As intervenções são viabilizadas por meio da Itaipu, do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES).

“O foco esteve mais no impacto do evento e menos no objetivo dele, que é discutir sustentabilidade, mudanças climáticas. Isso não esteve colocado. Possivelmente porque ainda seja uma discussão distante da maioria da população, que é carente do ponto de vista econômico. Tratar desses conceitos acaba saindo da lógica da política tradicional”, comentou Costa.

Normando explorou bem a preparação para a conferência. Ele usou a agenda para se associar ao governador e à parceria política que poderá fazer para manter o ritmo de realizações.

Mauro precisou reajustar o discurso porque, na Câmara, não aceitava a relação entre o desmatamento e o aquecimento global. Como deputado, também se disse desinteressado com a conferência mundial e propôs projetos criticados por ambientalistas. Entre eles, um que pretendia viabilizar licenciamento ambiental de pequenos garimpos em unidades de conservação. Na campanha, negou ser “anticlima”.

BRASÍLIA - A reta final da disputa em 2º turno em Belém (PA) foi marcada por reforços extraterritoriais na campanha do candidato Igor Normando (MDB), favorito nas pesquisas, e por acusações do adversário, Éder Mauro (PL), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de uso da máquina do governo estadual contra ele.

Em um dos maiores atos da última semana de campanha, os prefeitos de Macapá (AP), Dr. Furlan (MDB), e do Recife (PE), João Campos (PSB), desembarcaram na capital paraense para apoiar Normando. Ambos foram reeleitos com votações expressivas e se movimentam por protagonismo no debate político nacional.

Os candidatos Igor Normando (MDB) e Éder Mauro (PL) disputam o 2º turno em Belém (PA) Foto: @igornormando e @edermauropa via Instagram

João Campos tem subido em palanques de candidatos da centro-esquerda. Furlan também saiu do Amapá após impor uma derrota ao grupo do senador Davi Alcolumbre (União-AP), cotado para voltar a presidir o Congresso Nacional.

“Não tenho dúvida que Belém espera alguém preparado, pronto pra fazer muito. Quero dizer a vocês que a juventude está pronta para poder governar, fazer bem feito”, disse João Campos no comício do candidato de Belém, de 37 anos.

A disputa na capital do Pará deixou pelo caminho o atual prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), que obteve 9,78% dos votos na votação em primeiro turno. Igor Normando e Éder Mauro passaram, respectivamente, com 44,89% e 31,48%.

Integrante da tropa de choque de Jair Bolsonaro (PL) na Câmara, o candidato Éder Mauro tem no ex-presidente a principal referência. No segundo turno, porém, ele buscou moderar o discurso em busca de ampliar o leque de alianças e evitou nacionalizar a campanha. Para aliados consultados pela reportagem, seja qual for o resultado das urnas no domingo, Éder Mauro já conseguiu se posicionar como a “principal força oposicionista” da cidade e pode comemorar uma queda nos índices de rejeição.

A Praça do Relógio, no Complexo do Ver-o-Peso, em Belém (PA) Foto: Vinícius Valfré/Estadão

Com 30 anos dedicados à polícia do Pará, o delegado tem insistido na bandeira da segurança pública e batido na tecla de que enfrenta uma oligarquia de políticos tradicionais. O candidato acusou o governador Hélder Barbalho (MDB) de usar a Polícia Militar para impedir uma carreata dele e de distribuir cestas básicas com finalidade eleitoral.

“Quiseram impedir a nossa agenda usando o abuso de poder. Eles usam até a polícia, que é obrigada a obedecer a oligarquia ‘barbalhista’ para não sofrer perseguição”, disse, durante um compromisso.

Igor Normando é primo do governador Hélder Barbalho (MDB), seu principal fiador. O emedebista entrou de cabeça na campanha do deputado estadual e costurou acordos importantes para o segundo turno.

O candidato do clã Barbalho vai para a segunda votação com o apoio do prefeito derrotado e, ao mesmo tempo, com o de Everaldo Eguchi (PRTB). O delegado federal foi somente o penúltimo colocado no primeiro turno, mas carrega a marca de ter ido ao segundo turno em 2020 com o apoio de Jair Bolsonaro.

“Éder Mauro é representante da direita, mas tem dificuldades de fazer alianças. Ele tem uma postura de radicalização e tenta fazer um discurso mais ameno. Talvez ele tenha chegado num limite e cresça pouco no segundo turno. Igor tem uma coalizão que uniu setores da esquerda e da direita”, destacou o cientista político Carlos Augusto de Souza, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Campanha na cidade da COP-30 ignora grandes temas

O fato de Belém sediar a COP-30, a conferência mundial para clima da Organização das Nações Unidas (ONU), em novembro de 2025, entrou lateralmente na campanha eleitoral. Apesar de a marca do evento ser a discussão de grandes temas como a renovação energética e a crise climática, esses assuntos passaram ao largo da disputa local.

As menções ficaram restritas à consequência prática da COP para a infraestrutura da cidade, destacou o coordenador do Observatório Social de Belém, Ivan Costa. Em preparação para receber as lideranças mundiais, uma série de obras estão em andamento.

O governo federal prevê, em parceria com governos locais, investimentos da ordem de R$ 3,7 bilhões em Belém. As intervenções são viabilizadas por meio da Itaipu, do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES).

“O foco esteve mais no impacto do evento e menos no objetivo dele, que é discutir sustentabilidade, mudanças climáticas. Isso não esteve colocado. Possivelmente porque ainda seja uma discussão distante da maioria da população, que é carente do ponto de vista econômico. Tratar desses conceitos acaba saindo da lógica da política tradicional”, comentou Costa.

Normando explorou bem a preparação para a conferência. Ele usou a agenda para se associar ao governador e à parceria política que poderá fazer para manter o ritmo de realizações.

Mauro precisou reajustar o discurso porque, na Câmara, não aceitava a relação entre o desmatamento e o aquecimento global. Como deputado, também se disse desinteressado com a conferência mundial e propôs projetos criticados por ambientalistas. Entre eles, um que pretendia viabilizar licenciamento ambiental de pequenos garimpos em unidades de conservação. Na campanha, negou ser “anticlima”.

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