Eleição deixará sequelas na reputação das Forças Armadas brasileiras no exterior


Postura ambígua dos generais em relação ao sistema eleitoral afeta imagem da corporação mesmo se houver eleições sem incidentes

Por Oliver Stuenkel

A quarenta dias do primeiro turno das eleições brasileiras, com diplomatas e jornalistas do mundo inteiro já de olho no cenário político da quinta maior democracia do mundo, várias reportagens no exterior destacam as Forças Armadas como principal incógnita no pleito brasileiro. Nas entrevistas com analistas políticos brasileiros, além de indagar sobre quem tem mais chances de ganhar as eleições, jornalistas estrangeiros logo querem saber como as Forças Armadas reagiriam se Bolsonaro perdesse por uma margem estreita e questionasse o resultado das urnas.

Na imprensa internacional, essa pergunta é relevante por dois motivos. Em primeiro lugar, a derrota de Bolsonaro e sua recusa em aceitá-la são vistas como bastante plausíveis. Em segundo, a postura ambígua dos generais chama a atenção – por um lado, a promessa de que respeitarão o resultado do pleito; por outro, a aparente anuência por parte deles a teses estapafúrdias sobre supostas vulnerabilidades do sistema eleitoral, defendidas por bolsonaristas.

O presidente Jair Bolsonaro; imprensa internacional debate possível recusa do chefe do Executivo em aceitar eventual derrota na eleição Foto: Adriano Machado/Reuters
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Essa ambiguidade abre amplo espaço para interpretações de todo tipo. Recentemente, um diplomata europeu comentou (em off) que, em sua avaliação, as Forças Armadas pareciam não querer se comprometer e “manter todas as opções em aberto”, mesmo cientes do dano reputacional para a corporação no exterior. Outra hipótese frequente é a de que a caserna adota postura ambígua para poder negociar melhor com um possível governo Lula a manutenção de seus privilégios. Os generais não podem se queixar de tais avaliações, comuns nas embaixadas em Brasília. Afinal, se as Forças Armadas quisessem ter evitado os holofotes internacionais, poderiam ter encerrado o assunto meses atrás, deixando claro que não compartilham os questionamentos do presidente quanto à segurança das urnas.

O comportamento dos militares no contexto das eleições deste ano representa o terceiro baque reputacional no exterior para as Forças Armadas em três anos. O primeiro se deu quando os militares permitiram que a corporação fosse associada à missão fracassada em 2020 de reduzir o desmatamento da Amazônia, tema que gerou ampla cobertura e acabou se revelando uma encenação bolsonarista para tentar tranquilizar a comunidade internacional. O segundo baque ocorreu, conforme interpretação internacional, quando os fardados tiveram, na figura do ex-ministro de saúde Eduardo Pazuello, papel-chave na gestão desastrosa do governo brasileiro na pandemia. Ambos os casos arranharam a reputação relativamente positiva das Forças Armadas brasileiras no exterior, arduamente conquistada graças, entre outros fatores, às diversas missões de paz da ONU das quais participaram. Depois de ter sofrido danos reputacionais no âmbito ambiental e de saúde pública, as Forças Armadas hoje atraem atenção internacional indesejada no âmbito da democracia – mesmo se, como vários dos seus representantes não cansam de dizer, elas aceitarem o resultado das eleições presidenciais deste ano.

A quarenta dias do primeiro turno das eleições brasileiras, com diplomatas e jornalistas do mundo inteiro já de olho no cenário político da quinta maior democracia do mundo, várias reportagens no exterior destacam as Forças Armadas como principal incógnita no pleito brasileiro. Nas entrevistas com analistas políticos brasileiros, além de indagar sobre quem tem mais chances de ganhar as eleições, jornalistas estrangeiros logo querem saber como as Forças Armadas reagiriam se Bolsonaro perdesse por uma margem estreita e questionasse o resultado das urnas.

Na imprensa internacional, essa pergunta é relevante por dois motivos. Em primeiro lugar, a derrota de Bolsonaro e sua recusa em aceitá-la são vistas como bastante plausíveis. Em segundo, a postura ambígua dos generais chama a atenção – por um lado, a promessa de que respeitarão o resultado do pleito; por outro, a aparente anuência por parte deles a teses estapafúrdias sobre supostas vulnerabilidades do sistema eleitoral, defendidas por bolsonaristas.

O presidente Jair Bolsonaro; imprensa internacional debate possível recusa do chefe do Executivo em aceitar eventual derrota na eleição Foto: Adriano Machado/Reuters

Essa ambiguidade abre amplo espaço para interpretações de todo tipo. Recentemente, um diplomata europeu comentou (em off) que, em sua avaliação, as Forças Armadas pareciam não querer se comprometer e “manter todas as opções em aberto”, mesmo cientes do dano reputacional para a corporação no exterior. Outra hipótese frequente é a de que a caserna adota postura ambígua para poder negociar melhor com um possível governo Lula a manutenção de seus privilégios. Os generais não podem se queixar de tais avaliações, comuns nas embaixadas em Brasília. Afinal, se as Forças Armadas quisessem ter evitado os holofotes internacionais, poderiam ter encerrado o assunto meses atrás, deixando claro que não compartilham os questionamentos do presidente quanto à segurança das urnas.

O comportamento dos militares no contexto das eleições deste ano representa o terceiro baque reputacional no exterior para as Forças Armadas em três anos. O primeiro se deu quando os militares permitiram que a corporação fosse associada à missão fracassada em 2020 de reduzir o desmatamento da Amazônia, tema que gerou ampla cobertura e acabou se revelando uma encenação bolsonarista para tentar tranquilizar a comunidade internacional. O segundo baque ocorreu, conforme interpretação internacional, quando os fardados tiveram, na figura do ex-ministro de saúde Eduardo Pazuello, papel-chave na gestão desastrosa do governo brasileiro na pandemia. Ambos os casos arranharam a reputação relativamente positiva das Forças Armadas brasileiras no exterior, arduamente conquistada graças, entre outros fatores, às diversas missões de paz da ONU das quais participaram. Depois de ter sofrido danos reputacionais no âmbito ambiental e de saúde pública, as Forças Armadas hoje atraem atenção internacional indesejada no âmbito da democracia – mesmo se, como vários dos seus representantes não cansam de dizer, elas aceitarem o resultado das eleições presidenciais deste ano.

A quarenta dias do primeiro turno das eleições brasileiras, com diplomatas e jornalistas do mundo inteiro já de olho no cenário político da quinta maior democracia do mundo, várias reportagens no exterior destacam as Forças Armadas como principal incógnita no pleito brasileiro. Nas entrevistas com analistas políticos brasileiros, além de indagar sobre quem tem mais chances de ganhar as eleições, jornalistas estrangeiros logo querem saber como as Forças Armadas reagiriam se Bolsonaro perdesse por uma margem estreita e questionasse o resultado das urnas.

Na imprensa internacional, essa pergunta é relevante por dois motivos. Em primeiro lugar, a derrota de Bolsonaro e sua recusa em aceitá-la são vistas como bastante plausíveis. Em segundo, a postura ambígua dos generais chama a atenção – por um lado, a promessa de que respeitarão o resultado do pleito; por outro, a aparente anuência por parte deles a teses estapafúrdias sobre supostas vulnerabilidades do sistema eleitoral, defendidas por bolsonaristas.

O presidente Jair Bolsonaro; imprensa internacional debate possível recusa do chefe do Executivo em aceitar eventual derrota na eleição Foto: Adriano Machado/Reuters

Essa ambiguidade abre amplo espaço para interpretações de todo tipo. Recentemente, um diplomata europeu comentou (em off) que, em sua avaliação, as Forças Armadas pareciam não querer se comprometer e “manter todas as opções em aberto”, mesmo cientes do dano reputacional para a corporação no exterior. Outra hipótese frequente é a de que a caserna adota postura ambígua para poder negociar melhor com um possível governo Lula a manutenção de seus privilégios. Os generais não podem se queixar de tais avaliações, comuns nas embaixadas em Brasília. Afinal, se as Forças Armadas quisessem ter evitado os holofotes internacionais, poderiam ter encerrado o assunto meses atrás, deixando claro que não compartilham os questionamentos do presidente quanto à segurança das urnas.

O comportamento dos militares no contexto das eleições deste ano representa o terceiro baque reputacional no exterior para as Forças Armadas em três anos. O primeiro se deu quando os militares permitiram que a corporação fosse associada à missão fracassada em 2020 de reduzir o desmatamento da Amazônia, tema que gerou ampla cobertura e acabou se revelando uma encenação bolsonarista para tentar tranquilizar a comunidade internacional. O segundo baque ocorreu, conforme interpretação internacional, quando os fardados tiveram, na figura do ex-ministro de saúde Eduardo Pazuello, papel-chave na gestão desastrosa do governo brasileiro na pandemia. Ambos os casos arranharam a reputação relativamente positiva das Forças Armadas brasileiras no exterior, arduamente conquistada graças, entre outros fatores, às diversas missões de paz da ONU das quais participaram. Depois de ter sofrido danos reputacionais no âmbito ambiental e de saúde pública, as Forças Armadas hoje atraem atenção internacional indesejada no âmbito da democracia – mesmo se, como vários dos seus representantes não cansam de dizer, elas aceitarem o resultado das eleições presidenciais deste ano.

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