Eleição em Curitiba, sem Bolsonaro, vira motivo de apreensão e alívio na disputa por ‘direita raiz’


Vice de Eduardo Pimentel (PSD) é do partido do ex-presidente, mas Bolsonaro apoia Cristina Graeml (PMB) e sua quase ida à capital paranaense causou alvoroço no PL

Por Guilherme Caetano
Atualização:

BRASÍLIA – Na acirrada disputa pela prefeitura de Curitiba, cidade-berço da Operação Lava Jato e capital de um dos Estados mais alinhados à direita, uma ausência tem virado motivo tanto de apreensão quanto e alívio: a de Jair Bolsonaro (PL).

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Na medida em que os dois candidatos disputando o segundo turno, o atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB), brigam por cada voto do eleitorado conservador, o silêncio do ex-presidente se tornou crucial para a definição do pleito na cidade de 1,8 milhão de habitantes.

O vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) e a jornalista Cristina Graeml (PMB) Foto: @eduardopimentel_ via Instagram e @cristinagraemljornalista via Facebook

O apoio declarado de Bolsonaro a Graeml às vésperas do primeiro turno foi visto como fundamental para que a jornalista de 54 anos, novata na política que deixou o jornal Gazeta do Povo em maio deste ano para concorrer por um partido nanico, garantisse seu lugar no duelo final. O episódio pegou o PL de surpresa, já que o partido mantém a vice do PSD, com Paulo Martins.

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Com 31,17% dos votos, Graeml desbancou candidatos como o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB, 19,44%) e o deputado federal Ney Leprevost (União, 6,49%), cuja vice era Rosângela Moro, esposa do popular ex-juiz e senador Sergio Moro (União). Pimentel saiu levemente à frente, com 33,51%.

Ainda que as pesquisas mais recentes indiquem manutenção da vantagem do candidato do PSD – ele marca 51,4% contra 43% de Graeml na AtlasIntel, enquanto a Quaest também aponta superioridade, com o placar de 42% a 39% –, o que faz sua campanha respirar aliviada é o distanciamento de Bolsonaro do pleito.

Mas o ex-presidente chegou perto de causar uma reviravolta na disputa. Dias atrás, chegou à cúpula do PL a informação de que Bolsonaro planejava viajar a Curitiba nesta semana final de campanha para subir ao palanque de Graeml, e os dirigentes correram para desmobilizar a viagem.

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Na segunda-feira, 21, o senador Rogério Marinho (PL-RN), secretário-geral da legenda e incumbido de conversar com Bolsonaro enquanto o presidente Valdemar Costa Neto é proibido judicialmente de manter contato com o ex-presidente, telefonou para o aliado e o convenceu a passar longe do Paraná.

“Eu mandei um recado ao Bolsonaro, (falei): ‘Nós temos um aliado lá que é de direita e defende as pautas da direita, que é o Ratinho (Júnior, do PSD), sempre te prestigiou, governador bem aprovado. Você vai ficar mal com ele?’ Aí ele maneirou. Mas Bolsonaro tinha marcado de ir pra lá, esses dias, para ajudar a mulher”, afirmou Valdemar ao Estadão.

O que poderia ser uma saia-justa para o partido ganha ares de crise pelo fato de ter sido o próprio Bolsonaro a ter convencido Martins a desistir da pré-candidatura à prefeitura de Curitiba para integrar a vice do PSD, de acordo com dirigentes do PL. Pimentel, que tinha o apoio oficial ex-presidente, vem se negando a responder se considera o gesto como uma traição.

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Na ausência de Bolsonaro, Graeml apelou a um boneco de papelão do ex-presidente durante um comício nesta semana. Mas, se ela não pode ter o ex-presidente no palanque, as ideias do aliado estão em peso em seu cardápio de propostas para a capital paranaense.

Ela questiona a transparência e credibilidade do processo eleitoral de 2022, diz existir uma “indústria que estimula o aborto”, coloca dúvidas sobre a eficácia das vacinas, defende anistia a pessoas que foram multadas durante a pandemia por desrespeitar as orientações sanitárias e usa o termo “ideologia de gênero” para se referir a políticas de diversidade de gênero e sexual.

Com duas candidaturas de direita na corrida por um eleitorado também conservador, Graeml vem tentando colar no adversário a pecha de esquerdista. Numa entrevista coletiva após o primeiro turno, a candidata deu o tom do que considera um fator desestabilizador para a definição da vitória: “Eu acho que a grande pergunta que o eleitor precisa se fazer neste momento é: quem o PT vai apoiar no segundo turno em Curitiba? Essa é a grande pergunta”, declarou ela.

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Com 40 anos e herdeiro de uma família política – é neto do ex-governador Paulo Pimentel –, o vice-prefeito se define como de centro-direita, e tem dito que busca dialogar com o eleitor “de esquerda, de centro e de direita”, o que desagrada bolsonaristas. O perfil menos radical deve render a Pimentel parte dos votos de esquerda, mas nem isso levou o PT a declarar apoio à sua candidatura, como acusa a adversária.

“Vamos falar sobre quem apoia quem? O vice na nossa coligação é do PL, o Paulo Martins, um candidato do partido do Bolsonaro. Mas essa eleição não se trata do Bolsonaro, nem do Greca, nem do Ratinho Júnior”, diz um trecho de um vídeo publicado pelo candidato do PSD, em resposta à campanha do PMB.

Nessa reta final do segundo turno, a campanha de Pimentel, por sua vez, explora conflitos internos dentro do próprio partido da adversária. Em guerra, o PMB se declara “neutro” no segundo turno e, nos bastidores, há uma tendência de apoio ao candidato do PSD.

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No mês de setembro, o diretório nacional do partido, presidido por Suêd Haidar, expulsou Fabiano dos Santos, ex-presidente da legenda nanica no Paraná e fiador da campanha de Graeml. A nova gestão, conduzida pelo consultor imobiliário Irineu Fritz, passou a espalhar acusações contra aliados da candidata no partido.

O atual vice-prefeito também tem batido na tecla da “gestão” para se contrapor à rival. Em suas redes sociais, ele tenta associá-la ao improviso, à inexperiência e à segregação ideológica. Sua propaganda eleitoral exibe Ratinho Júnior e o prefeito Rafael Greca, ambos do PSD, como os principais fiadores de sua campanha. Com Bolsonaro longe de Curitiba, o eventual ônibus ou bônus sobre a eleição ficará com esses padrinhos políticos quando o resultado das urnas for divulgado no próximo domingo, 27.

BRASÍLIA – Na acirrada disputa pela prefeitura de Curitiba, cidade-berço da Operação Lava Jato e capital de um dos Estados mais alinhados à direita, uma ausência tem virado motivo tanto de apreensão quanto e alívio: a de Jair Bolsonaro (PL).

Na medida em que os dois candidatos disputando o segundo turno, o atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB), brigam por cada voto do eleitorado conservador, o silêncio do ex-presidente se tornou crucial para a definição do pleito na cidade de 1,8 milhão de habitantes.

O vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) e a jornalista Cristina Graeml (PMB) Foto: @eduardopimentel_ via Instagram e @cristinagraemljornalista via Facebook

O apoio declarado de Bolsonaro a Graeml às vésperas do primeiro turno foi visto como fundamental para que a jornalista de 54 anos, novata na política que deixou o jornal Gazeta do Povo em maio deste ano para concorrer por um partido nanico, garantisse seu lugar no duelo final. O episódio pegou o PL de surpresa, já que o partido mantém a vice do PSD, com Paulo Martins.

Com 31,17% dos votos, Graeml desbancou candidatos como o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB, 19,44%) e o deputado federal Ney Leprevost (União, 6,49%), cuja vice era Rosângela Moro, esposa do popular ex-juiz e senador Sergio Moro (União). Pimentel saiu levemente à frente, com 33,51%.

Ainda que as pesquisas mais recentes indiquem manutenção da vantagem do candidato do PSD – ele marca 51,4% contra 43% de Graeml na AtlasIntel, enquanto a Quaest também aponta superioridade, com o placar de 42% a 39% –, o que faz sua campanha respirar aliviada é o distanciamento de Bolsonaro do pleito.

Mas o ex-presidente chegou perto de causar uma reviravolta na disputa. Dias atrás, chegou à cúpula do PL a informação de que Bolsonaro planejava viajar a Curitiba nesta semana final de campanha para subir ao palanque de Graeml, e os dirigentes correram para desmobilizar a viagem.

Na segunda-feira, 21, o senador Rogério Marinho (PL-RN), secretário-geral da legenda e incumbido de conversar com Bolsonaro enquanto o presidente Valdemar Costa Neto é proibido judicialmente de manter contato com o ex-presidente, telefonou para o aliado e o convenceu a passar longe do Paraná.

“Eu mandei um recado ao Bolsonaro, (falei): ‘Nós temos um aliado lá que é de direita e defende as pautas da direita, que é o Ratinho (Júnior, do PSD), sempre te prestigiou, governador bem aprovado. Você vai ficar mal com ele?’ Aí ele maneirou. Mas Bolsonaro tinha marcado de ir pra lá, esses dias, para ajudar a mulher”, afirmou Valdemar ao Estadão.

O que poderia ser uma saia-justa para o partido ganha ares de crise pelo fato de ter sido o próprio Bolsonaro a ter convencido Martins a desistir da pré-candidatura à prefeitura de Curitiba para integrar a vice do PSD, de acordo com dirigentes do PL. Pimentel, que tinha o apoio oficial ex-presidente, vem se negando a responder se considera o gesto como uma traição.

Na ausência de Bolsonaro, Graeml apelou a um boneco de papelão do ex-presidente durante um comício nesta semana. Mas, se ela não pode ter o ex-presidente no palanque, as ideias do aliado estão em peso em seu cardápio de propostas para a capital paranaense.

Ela questiona a transparência e credibilidade do processo eleitoral de 2022, diz existir uma “indústria que estimula o aborto”, coloca dúvidas sobre a eficácia das vacinas, defende anistia a pessoas que foram multadas durante a pandemia por desrespeitar as orientações sanitárias e usa o termo “ideologia de gênero” para se referir a políticas de diversidade de gênero e sexual.

Com duas candidaturas de direita na corrida por um eleitorado também conservador, Graeml vem tentando colar no adversário a pecha de esquerdista. Numa entrevista coletiva após o primeiro turno, a candidata deu o tom do que considera um fator desestabilizador para a definição da vitória: “Eu acho que a grande pergunta que o eleitor precisa se fazer neste momento é: quem o PT vai apoiar no segundo turno em Curitiba? Essa é a grande pergunta”, declarou ela.

Com 40 anos e herdeiro de uma família política – é neto do ex-governador Paulo Pimentel –, o vice-prefeito se define como de centro-direita, e tem dito que busca dialogar com o eleitor “de esquerda, de centro e de direita”, o que desagrada bolsonaristas. O perfil menos radical deve render a Pimentel parte dos votos de esquerda, mas nem isso levou o PT a declarar apoio à sua candidatura, como acusa a adversária.

“Vamos falar sobre quem apoia quem? O vice na nossa coligação é do PL, o Paulo Martins, um candidato do partido do Bolsonaro. Mas essa eleição não se trata do Bolsonaro, nem do Greca, nem do Ratinho Júnior”, diz um trecho de um vídeo publicado pelo candidato do PSD, em resposta à campanha do PMB.

Nessa reta final do segundo turno, a campanha de Pimentel, por sua vez, explora conflitos internos dentro do próprio partido da adversária. Em guerra, o PMB se declara “neutro” no segundo turno e, nos bastidores, há uma tendência de apoio ao candidato do PSD.

No mês de setembro, o diretório nacional do partido, presidido por Suêd Haidar, expulsou Fabiano dos Santos, ex-presidente da legenda nanica no Paraná e fiador da campanha de Graeml. A nova gestão, conduzida pelo consultor imobiliário Irineu Fritz, passou a espalhar acusações contra aliados da candidata no partido.

O atual vice-prefeito também tem batido na tecla da “gestão” para se contrapor à rival. Em suas redes sociais, ele tenta associá-la ao improviso, à inexperiência e à segregação ideológica. Sua propaganda eleitoral exibe Ratinho Júnior e o prefeito Rafael Greca, ambos do PSD, como os principais fiadores de sua campanha. Com Bolsonaro longe de Curitiba, o eventual ônibus ou bônus sobre a eleição ficará com esses padrinhos políticos quando o resultado das urnas for divulgado no próximo domingo, 27.

BRASÍLIA – Na acirrada disputa pela prefeitura de Curitiba, cidade-berço da Operação Lava Jato e capital de um dos Estados mais alinhados à direita, uma ausência tem virado motivo tanto de apreensão quanto e alívio: a de Jair Bolsonaro (PL).

Na medida em que os dois candidatos disputando o segundo turno, o atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB), brigam por cada voto do eleitorado conservador, o silêncio do ex-presidente se tornou crucial para a definição do pleito na cidade de 1,8 milhão de habitantes.

O vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) e a jornalista Cristina Graeml (PMB) Foto: @eduardopimentel_ via Instagram e @cristinagraemljornalista via Facebook

O apoio declarado de Bolsonaro a Graeml às vésperas do primeiro turno foi visto como fundamental para que a jornalista de 54 anos, novata na política que deixou o jornal Gazeta do Povo em maio deste ano para concorrer por um partido nanico, garantisse seu lugar no duelo final. O episódio pegou o PL de surpresa, já que o partido mantém a vice do PSD, com Paulo Martins.

Com 31,17% dos votos, Graeml desbancou candidatos como o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB, 19,44%) e o deputado federal Ney Leprevost (União, 6,49%), cuja vice era Rosângela Moro, esposa do popular ex-juiz e senador Sergio Moro (União). Pimentel saiu levemente à frente, com 33,51%.

Ainda que as pesquisas mais recentes indiquem manutenção da vantagem do candidato do PSD – ele marca 51,4% contra 43% de Graeml na AtlasIntel, enquanto a Quaest também aponta superioridade, com o placar de 42% a 39% –, o que faz sua campanha respirar aliviada é o distanciamento de Bolsonaro do pleito.

Mas o ex-presidente chegou perto de causar uma reviravolta na disputa. Dias atrás, chegou à cúpula do PL a informação de que Bolsonaro planejava viajar a Curitiba nesta semana final de campanha para subir ao palanque de Graeml, e os dirigentes correram para desmobilizar a viagem.

Na segunda-feira, 21, o senador Rogério Marinho (PL-RN), secretário-geral da legenda e incumbido de conversar com Bolsonaro enquanto o presidente Valdemar Costa Neto é proibido judicialmente de manter contato com o ex-presidente, telefonou para o aliado e o convenceu a passar longe do Paraná.

“Eu mandei um recado ao Bolsonaro, (falei): ‘Nós temos um aliado lá que é de direita e defende as pautas da direita, que é o Ratinho (Júnior, do PSD), sempre te prestigiou, governador bem aprovado. Você vai ficar mal com ele?’ Aí ele maneirou. Mas Bolsonaro tinha marcado de ir pra lá, esses dias, para ajudar a mulher”, afirmou Valdemar ao Estadão.

O que poderia ser uma saia-justa para o partido ganha ares de crise pelo fato de ter sido o próprio Bolsonaro a ter convencido Martins a desistir da pré-candidatura à prefeitura de Curitiba para integrar a vice do PSD, de acordo com dirigentes do PL. Pimentel, que tinha o apoio oficial ex-presidente, vem se negando a responder se considera o gesto como uma traição.

Na ausência de Bolsonaro, Graeml apelou a um boneco de papelão do ex-presidente durante um comício nesta semana. Mas, se ela não pode ter o ex-presidente no palanque, as ideias do aliado estão em peso em seu cardápio de propostas para a capital paranaense.

Ela questiona a transparência e credibilidade do processo eleitoral de 2022, diz existir uma “indústria que estimula o aborto”, coloca dúvidas sobre a eficácia das vacinas, defende anistia a pessoas que foram multadas durante a pandemia por desrespeitar as orientações sanitárias e usa o termo “ideologia de gênero” para se referir a políticas de diversidade de gênero e sexual.

Com duas candidaturas de direita na corrida por um eleitorado também conservador, Graeml vem tentando colar no adversário a pecha de esquerdista. Numa entrevista coletiva após o primeiro turno, a candidata deu o tom do que considera um fator desestabilizador para a definição da vitória: “Eu acho que a grande pergunta que o eleitor precisa se fazer neste momento é: quem o PT vai apoiar no segundo turno em Curitiba? Essa é a grande pergunta”, declarou ela.

Com 40 anos e herdeiro de uma família política – é neto do ex-governador Paulo Pimentel –, o vice-prefeito se define como de centro-direita, e tem dito que busca dialogar com o eleitor “de esquerda, de centro e de direita”, o que desagrada bolsonaristas. O perfil menos radical deve render a Pimentel parte dos votos de esquerda, mas nem isso levou o PT a declarar apoio à sua candidatura, como acusa a adversária.

“Vamos falar sobre quem apoia quem? O vice na nossa coligação é do PL, o Paulo Martins, um candidato do partido do Bolsonaro. Mas essa eleição não se trata do Bolsonaro, nem do Greca, nem do Ratinho Júnior”, diz um trecho de um vídeo publicado pelo candidato do PSD, em resposta à campanha do PMB.

Nessa reta final do segundo turno, a campanha de Pimentel, por sua vez, explora conflitos internos dentro do próprio partido da adversária. Em guerra, o PMB se declara “neutro” no segundo turno e, nos bastidores, há uma tendência de apoio ao candidato do PSD.

No mês de setembro, o diretório nacional do partido, presidido por Suêd Haidar, expulsou Fabiano dos Santos, ex-presidente da legenda nanica no Paraná e fiador da campanha de Graeml. A nova gestão, conduzida pelo consultor imobiliário Irineu Fritz, passou a espalhar acusações contra aliados da candidata no partido.

O atual vice-prefeito também tem batido na tecla da “gestão” para se contrapor à rival. Em suas redes sociais, ele tenta associá-la ao improviso, à inexperiência e à segregação ideológica. Sua propaganda eleitoral exibe Ratinho Júnior e o prefeito Rafael Greca, ambos do PSD, como os principais fiadores de sua campanha. Com Bolsonaro longe de Curitiba, o eventual ônibus ou bônus sobre a eleição ficará com esses padrinhos políticos quando o resultado das urnas for divulgado no próximo domingo, 27.

BRASÍLIA – Na acirrada disputa pela prefeitura de Curitiba, cidade-berço da Operação Lava Jato e capital de um dos Estados mais alinhados à direita, uma ausência tem virado motivo tanto de apreensão quanto e alívio: a de Jair Bolsonaro (PL).

Na medida em que os dois candidatos disputando o segundo turno, o atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB), brigam por cada voto do eleitorado conservador, o silêncio do ex-presidente se tornou crucial para a definição do pleito na cidade de 1,8 milhão de habitantes.

O vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) e a jornalista Cristina Graeml (PMB) Foto: @eduardopimentel_ via Instagram e @cristinagraemljornalista via Facebook

O apoio declarado de Bolsonaro a Graeml às vésperas do primeiro turno foi visto como fundamental para que a jornalista de 54 anos, novata na política que deixou o jornal Gazeta do Povo em maio deste ano para concorrer por um partido nanico, garantisse seu lugar no duelo final. O episódio pegou o PL de surpresa, já que o partido mantém a vice do PSD, com Paulo Martins.

Com 31,17% dos votos, Graeml desbancou candidatos como o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB, 19,44%) e o deputado federal Ney Leprevost (União, 6,49%), cuja vice era Rosângela Moro, esposa do popular ex-juiz e senador Sergio Moro (União). Pimentel saiu levemente à frente, com 33,51%.

Ainda que as pesquisas mais recentes indiquem manutenção da vantagem do candidato do PSD – ele marca 51,4% contra 43% de Graeml na AtlasIntel, enquanto a Quaest também aponta superioridade, com o placar de 42% a 39% –, o que faz sua campanha respirar aliviada é o distanciamento de Bolsonaro do pleito.

Mas o ex-presidente chegou perto de causar uma reviravolta na disputa. Dias atrás, chegou à cúpula do PL a informação de que Bolsonaro planejava viajar a Curitiba nesta semana final de campanha para subir ao palanque de Graeml, e os dirigentes correram para desmobilizar a viagem.

Na segunda-feira, 21, o senador Rogério Marinho (PL-RN), secretário-geral da legenda e incumbido de conversar com Bolsonaro enquanto o presidente Valdemar Costa Neto é proibido judicialmente de manter contato com o ex-presidente, telefonou para o aliado e o convenceu a passar longe do Paraná.

“Eu mandei um recado ao Bolsonaro, (falei): ‘Nós temos um aliado lá que é de direita e defende as pautas da direita, que é o Ratinho (Júnior, do PSD), sempre te prestigiou, governador bem aprovado. Você vai ficar mal com ele?’ Aí ele maneirou. Mas Bolsonaro tinha marcado de ir pra lá, esses dias, para ajudar a mulher”, afirmou Valdemar ao Estadão.

O que poderia ser uma saia-justa para o partido ganha ares de crise pelo fato de ter sido o próprio Bolsonaro a ter convencido Martins a desistir da pré-candidatura à prefeitura de Curitiba para integrar a vice do PSD, de acordo com dirigentes do PL. Pimentel, que tinha o apoio oficial ex-presidente, vem se negando a responder se considera o gesto como uma traição.

Na ausência de Bolsonaro, Graeml apelou a um boneco de papelão do ex-presidente durante um comício nesta semana. Mas, se ela não pode ter o ex-presidente no palanque, as ideias do aliado estão em peso em seu cardápio de propostas para a capital paranaense.

Ela questiona a transparência e credibilidade do processo eleitoral de 2022, diz existir uma “indústria que estimula o aborto”, coloca dúvidas sobre a eficácia das vacinas, defende anistia a pessoas que foram multadas durante a pandemia por desrespeitar as orientações sanitárias e usa o termo “ideologia de gênero” para se referir a políticas de diversidade de gênero e sexual.

Com duas candidaturas de direita na corrida por um eleitorado também conservador, Graeml vem tentando colar no adversário a pecha de esquerdista. Numa entrevista coletiva após o primeiro turno, a candidata deu o tom do que considera um fator desestabilizador para a definição da vitória: “Eu acho que a grande pergunta que o eleitor precisa se fazer neste momento é: quem o PT vai apoiar no segundo turno em Curitiba? Essa é a grande pergunta”, declarou ela.

Com 40 anos e herdeiro de uma família política – é neto do ex-governador Paulo Pimentel –, o vice-prefeito se define como de centro-direita, e tem dito que busca dialogar com o eleitor “de esquerda, de centro e de direita”, o que desagrada bolsonaristas. O perfil menos radical deve render a Pimentel parte dos votos de esquerda, mas nem isso levou o PT a declarar apoio à sua candidatura, como acusa a adversária.

“Vamos falar sobre quem apoia quem? O vice na nossa coligação é do PL, o Paulo Martins, um candidato do partido do Bolsonaro. Mas essa eleição não se trata do Bolsonaro, nem do Greca, nem do Ratinho Júnior”, diz um trecho de um vídeo publicado pelo candidato do PSD, em resposta à campanha do PMB.

Nessa reta final do segundo turno, a campanha de Pimentel, por sua vez, explora conflitos internos dentro do próprio partido da adversária. Em guerra, o PMB se declara “neutro” no segundo turno e, nos bastidores, há uma tendência de apoio ao candidato do PSD.

No mês de setembro, o diretório nacional do partido, presidido por Suêd Haidar, expulsou Fabiano dos Santos, ex-presidente da legenda nanica no Paraná e fiador da campanha de Graeml. A nova gestão, conduzida pelo consultor imobiliário Irineu Fritz, passou a espalhar acusações contra aliados da candidata no partido.

O atual vice-prefeito também tem batido na tecla da “gestão” para se contrapor à rival. Em suas redes sociais, ele tenta associá-la ao improviso, à inexperiência e à segregação ideológica. Sua propaganda eleitoral exibe Ratinho Júnior e o prefeito Rafael Greca, ambos do PSD, como os principais fiadores de sua campanha. Com Bolsonaro longe de Curitiba, o eventual ônibus ou bônus sobre a eleição ficará com esses padrinhos políticos quando o resultado das urnas for divulgado no próximo domingo, 27.

BRASÍLIA – Na acirrada disputa pela prefeitura de Curitiba, cidade-berço da Operação Lava Jato e capital de um dos Estados mais alinhados à direita, uma ausência tem virado motivo tanto de apreensão quanto e alívio: a de Jair Bolsonaro (PL).

Na medida em que os dois candidatos disputando o segundo turno, o atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB), brigam por cada voto do eleitorado conservador, o silêncio do ex-presidente se tornou crucial para a definição do pleito na cidade de 1,8 milhão de habitantes.

O vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) e a jornalista Cristina Graeml (PMB) Foto: @eduardopimentel_ via Instagram e @cristinagraemljornalista via Facebook

O apoio declarado de Bolsonaro a Graeml às vésperas do primeiro turno foi visto como fundamental para que a jornalista de 54 anos, novata na política que deixou o jornal Gazeta do Povo em maio deste ano para concorrer por um partido nanico, garantisse seu lugar no duelo final. O episódio pegou o PL de surpresa, já que o partido mantém a vice do PSD, com Paulo Martins.

Com 31,17% dos votos, Graeml desbancou candidatos como o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB, 19,44%) e o deputado federal Ney Leprevost (União, 6,49%), cuja vice era Rosângela Moro, esposa do popular ex-juiz e senador Sergio Moro (União). Pimentel saiu levemente à frente, com 33,51%.

Ainda que as pesquisas mais recentes indiquem manutenção da vantagem do candidato do PSD – ele marca 51,4% contra 43% de Graeml na AtlasIntel, enquanto a Quaest também aponta superioridade, com o placar de 42% a 39% –, o que faz sua campanha respirar aliviada é o distanciamento de Bolsonaro do pleito.

Mas o ex-presidente chegou perto de causar uma reviravolta na disputa. Dias atrás, chegou à cúpula do PL a informação de que Bolsonaro planejava viajar a Curitiba nesta semana final de campanha para subir ao palanque de Graeml, e os dirigentes correram para desmobilizar a viagem.

Na segunda-feira, 21, o senador Rogério Marinho (PL-RN), secretário-geral da legenda e incumbido de conversar com Bolsonaro enquanto o presidente Valdemar Costa Neto é proibido judicialmente de manter contato com o ex-presidente, telefonou para o aliado e o convenceu a passar longe do Paraná.

“Eu mandei um recado ao Bolsonaro, (falei): ‘Nós temos um aliado lá que é de direita e defende as pautas da direita, que é o Ratinho (Júnior, do PSD), sempre te prestigiou, governador bem aprovado. Você vai ficar mal com ele?’ Aí ele maneirou. Mas Bolsonaro tinha marcado de ir pra lá, esses dias, para ajudar a mulher”, afirmou Valdemar ao Estadão.

O que poderia ser uma saia-justa para o partido ganha ares de crise pelo fato de ter sido o próprio Bolsonaro a ter convencido Martins a desistir da pré-candidatura à prefeitura de Curitiba para integrar a vice do PSD, de acordo com dirigentes do PL. Pimentel, que tinha o apoio oficial ex-presidente, vem se negando a responder se considera o gesto como uma traição.

Na ausência de Bolsonaro, Graeml apelou a um boneco de papelão do ex-presidente durante um comício nesta semana. Mas, se ela não pode ter o ex-presidente no palanque, as ideias do aliado estão em peso em seu cardápio de propostas para a capital paranaense.

Ela questiona a transparência e credibilidade do processo eleitoral de 2022, diz existir uma “indústria que estimula o aborto”, coloca dúvidas sobre a eficácia das vacinas, defende anistia a pessoas que foram multadas durante a pandemia por desrespeitar as orientações sanitárias e usa o termo “ideologia de gênero” para se referir a políticas de diversidade de gênero e sexual.

Com duas candidaturas de direita na corrida por um eleitorado também conservador, Graeml vem tentando colar no adversário a pecha de esquerdista. Numa entrevista coletiva após o primeiro turno, a candidata deu o tom do que considera um fator desestabilizador para a definição da vitória: “Eu acho que a grande pergunta que o eleitor precisa se fazer neste momento é: quem o PT vai apoiar no segundo turno em Curitiba? Essa é a grande pergunta”, declarou ela.

Com 40 anos e herdeiro de uma família política – é neto do ex-governador Paulo Pimentel –, o vice-prefeito se define como de centro-direita, e tem dito que busca dialogar com o eleitor “de esquerda, de centro e de direita”, o que desagrada bolsonaristas. O perfil menos radical deve render a Pimentel parte dos votos de esquerda, mas nem isso levou o PT a declarar apoio à sua candidatura, como acusa a adversária.

“Vamos falar sobre quem apoia quem? O vice na nossa coligação é do PL, o Paulo Martins, um candidato do partido do Bolsonaro. Mas essa eleição não se trata do Bolsonaro, nem do Greca, nem do Ratinho Júnior”, diz um trecho de um vídeo publicado pelo candidato do PSD, em resposta à campanha do PMB.

Nessa reta final do segundo turno, a campanha de Pimentel, por sua vez, explora conflitos internos dentro do próprio partido da adversária. Em guerra, o PMB se declara “neutro” no segundo turno e, nos bastidores, há uma tendência de apoio ao candidato do PSD.

No mês de setembro, o diretório nacional do partido, presidido por Suêd Haidar, expulsou Fabiano dos Santos, ex-presidente da legenda nanica no Paraná e fiador da campanha de Graeml. A nova gestão, conduzida pelo consultor imobiliário Irineu Fritz, passou a espalhar acusações contra aliados da candidata no partido.

O atual vice-prefeito também tem batido na tecla da “gestão” para se contrapor à rival. Em suas redes sociais, ele tenta associá-la ao improviso, à inexperiência e à segregação ideológica. Sua propaganda eleitoral exibe Ratinho Júnior e o prefeito Rafael Greca, ambos do PSD, como os principais fiadores de sua campanha. Com Bolsonaro longe de Curitiba, o eventual ônibus ou bônus sobre a eleição ficará com esses padrinhos políticos quando o resultado das urnas for divulgado no próximo domingo, 27.

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