Eleição municipal é aperitivo da corrida presidencial


Por Elizabeth Lopes

Ao contrário do que ocorreu nas eleições municipais passadas, quando temas como ética, probidade administrativa e gestão pública dominaram o cenário eleitoral e transformaram-se no divisor de águas dos embates colocados para o eleitor, o pleito de outubro deste ano tende a ficar distante das discussões ideológicas e programáticas e centrar-se nos personagens políticos. ?Esta será uma eleição de nomes, em que as articulações não passam por projetos partidários ou ideológicos, mas sim por projetos políticos de poder?, destaca Marco Antonio Carvalho Teixeira, cientista político e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo. O cientista diz que um dos principais reflexos do foco nos projetos de poder é a fragmentação que vem ocorrendo nas articulações políticas, sobretudo nas grandes cidades. ?Não é apenas a esquerda que está saindo fragmentada nessas eleições, a oposição também está rachada?, destaca Teixeira, exemplificando com o fato de tradicionais aliados em São Paulo, o DEM e o PSDB, saírem com candidaturas próprias neste pleito, brigando pela mesma fatia do eleitorado. ?Podemos dizer que 2010 está começando pra valer nessas eleições.? O analista e diretor do Instituto de Pesquisas Brasmarket, Sidney Kuntz, também concorda com a avaliação de que essas eleições municipais darão o tom dos alinhamentos e dos nomes que estarão na disputa do cenário político em 2010. E exemplifica as fragmentações que estão ocorrendo em diversas localidades: em São Paulo, a petista Marta Suplicy não conseguiu atrair o apoio da base aliada do governo Lula à sua candidatura; no Rio de Janeiro, o PMDB do governador Sérgio Cabral desistiu de apoiar o candidato petista para lançar candidatura própria; em Porto Alegre, o PT da candidata Maria do Rosário também não agregou os tradicionais aliados e em Recife, dois candidatos da base aliada de Lula estão na disputa. Kuntz acredita que o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estar, pelo menos oficialmente, no páreo para a sucessão de 2010 motivou os partidos da base aliada de seu governo a tentar ?carreira solo? nessas eleições, como forma de cacifar alguns nomes. ?Além disso, a fragmentação que estamos assistindo ocorre pelo fato de que nenhum partido tem controle absoluto da legenda, os acordos locais numa eleição municipal se sobrepõem ao comando nacional?, argumenta. E reitera que esse cenário ?é o trampolim para as eleições de 2010?. Sem ideologia Na avaliação do doutor em Ciência Polícia e conselheiro do Movimento Voto Consciente, Humberto Dantas, as eleições locais fogem totalmente à lógica dos pleitos majoritários (campanhas para governos de Estado e Presidência da República, por exemplo) e são tradicionalmente voltadas para os acordos locais. ?Pode-se enterrar a ideologia nas eleições municipais, não tem esquerda e nem direita, o que conta é o interesse da localidade?, destaca ele, exemplificando com o fato de que apesar da celeuma criada pelo PT em Belo Horizonte, para proibir a aliança com o PSDB, as duas legendas já se aliaram em 901 cidades no pleito municipal de 2004. ?E com o antigo PFL (atual Democratas), o PT esteve aliado em 672 cidades em 2004?, cita. Dantas também partilha da opinião de que as eleições municipais de outubro deste ano, principalmente nas grandes cidades, irão determinar os alinhamentos políticos e os nomes que estarão disputando os cargos majoritários no pleito de 2010, principalmente os governos estaduais e o Palácio do Planalto. Apesar da falta de discussão ideológica que deverá marcar este pleito municipal, o conselheiro do Movimento Voto Consciente acredita que as questões locais das cidades, como trânsito, saúde, educação, transporte, segurança e infra-estrutura estarão em debate, principalmente por conta da cobrança da população que quer de seus candidatos propostas concretas de políticas públicas condizentes com as necessidades locais. A fragmentação das eleições municipais neste ano não é vista como um movimento fora do normal pelo cientista político e professor da PUC e FGV de São Paulo, Claudio Couto. ?É de se esperar que os partidos não se aproximem tanto nessas eleições, pois temos muitos nomes fortes na disputa e as legendas querem se fortalecer. No meu entender, este movimento é muito natural?, destaca. Ele concorda com a análise de Sidney Kuntz de que os partidos de esquerda e as legendas menores queiram se desvincular do PT. ?Nos últimos anos, esses partidos foram uma espécie de satélite do PT, agora, querem viabilizar suas lideranças.? Cláudio Couto destaca que as eleições municipais têm uma dinâmica própria que prioriza o debate de questões locais. ?Em cidades como São Paulo e Belo Horizonte, o trânsito deve estar no centro das discussões. No Rio de Janeiro, a dengue deve fazer parte dos debates dos candidatos?, exemplifica. E apesar da discussão ideológica não estar muito presente neste pleito, o professor avalia que a identificação que o eleitor faz dos partidos que estão na disputa e suas conseqüentes ideologias, ainda é um atalho para ele decidir o que mais se afina com os seus interesses, na hora do voto. E num contraponto à avaliação de que este pleito é uma ponte para 2010, Couto diz que mesmo que o movimento do atual cenário político vislumbre as eleições gerais, ?ainda há muita água para rolar debaixo da ponte?.

Ao contrário do que ocorreu nas eleições municipais passadas, quando temas como ética, probidade administrativa e gestão pública dominaram o cenário eleitoral e transformaram-se no divisor de águas dos embates colocados para o eleitor, o pleito de outubro deste ano tende a ficar distante das discussões ideológicas e programáticas e centrar-se nos personagens políticos. ?Esta será uma eleição de nomes, em que as articulações não passam por projetos partidários ou ideológicos, mas sim por projetos políticos de poder?, destaca Marco Antonio Carvalho Teixeira, cientista político e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo. O cientista diz que um dos principais reflexos do foco nos projetos de poder é a fragmentação que vem ocorrendo nas articulações políticas, sobretudo nas grandes cidades. ?Não é apenas a esquerda que está saindo fragmentada nessas eleições, a oposição também está rachada?, destaca Teixeira, exemplificando com o fato de tradicionais aliados em São Paulo, o DEM e o PSDB, saírem com candidaturas próprias neste pleito, brigando pela mesma fatia do eleitorado. ?Podemos dizer que 2010 está começando pra valer nessas eleições.? O analista e diretor do Instituto de Pesquisas Brasmarket, Sidney Kuntz, também concorda com a avaliação de que essas eleições municipais darão o tom dos alinhamentos e dos nomes que estarão na disputa do cenário político em 2010. E exemplifica as fragmentações que estão ocorrendo em diversas localidades: em São Paulo, a petista Marta Suplicy não conseguiu atrair o apoio da base aliada do governo Lula à sua candidatura; no Rio de Janeiro, o PMDB do governador Sérgio Cabral desistiu de apoiar o candidato petista para lançar candidatura própria; em Porto Alegre, o PT da candidata Maria do Rosário também não agregou os tradicionais aliados e em Recife, dois candidatos da base aliada de Lula estão na disputa. Kuntz acredita que o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estar, pelo menos oficialmente, no páreo para a sucessão de 2010 motivou os partidos da base aliada de seu governo a tentar ?carreira solo? nessas eleições, como forma de cacifar alguns nomes. ?Além disso, a fragmentação que estamos assistindo ocorre pelo fato de que nenhum partido tem controle absoluto da legenda, os acordos locais numa eleição municipal se sobrepõem ao comando nacional?, argumenta. E reitera que esse cenário ?é o trampolim para as eleições de 2010?. Sem ideologia Na avaliação do doutor em Ciência Polícia e conselheiro do Movimento Voto Consciente, Humberto Dantas, as eleições locais fogem totalmente à lógica dos pleitos majoritários (campanhas para governos de Estado e Presidência da República, por exemplo) e são tradicionalmente voltadas para os acordos locais. ?Pode-se enterrar a ideologia nas eleições municipais, não tem esquerda e nem direita, o que conta é o interesse da localidade?, destaca ele, exemplificando com o fato de que apesar da celeuma criada pelo PT em Belo Horizonte, para proibir a aliança com o PSDB, as duas legendas já se aliaram em 901 cidades no pleito municipal de 2004. ?E com o antigo PFL (atual Democratas), o PT esteve aliado em 672 cidades em 2004?, cita. Dantas também partilha da opinião de que as eleições municipais de outubro deste ano, principalmente nas grandes cidades, irão determinar os alinhamentos políticos e os nomes que estarão disputando os cargos majoritários no pleito de 2010, principalmente os governos estaduais e o Palácio do Planalto. Apesar da falta de discussão ideológica que deverá marcar este pleito municipal, o conselheiro do Movimento Voto Consciente acredita que as questões locais das cidades, como trânsito, saúde, educação, transporte, segurança e infra-estrutura estarão em debate, principalmente por conta da cobrança da população que quer de seus candidatos propostas concretas de políticas públicas condizentes com as necessidades locais. A fragmentação das eleições municipais neste ano não é vista como um movimento fora do normal pelo cientista político e professor da PUC e FGV de São Paulo, Claudio Couto. ?É de se esperar que os partidos não se aproximem tanto nessas eleições, pois temos muitos nomes fortes na disputa e as legendas querem se fortalecer. No meu entender, este movimento é muito natural?, destaca. Ele concorda com a análise de Sidney Kuntz de que os partidos de esquerda e as legendas menores queiram se desvincular do PT. ?Nos últimos anos, esses partidos foram uma espécie de satélite do PT, agora, querem viabilizar suas lideranças.? Cláudio Couto destaca que as eleições municipais têm uma dinâmica própria que prioriza o debate de questões locais. ?Em cidades como São Paulo e Belo Horizonte, o trânsito deve estar no centro das discussões. No Rio de Janeiro, a dengue deve fazer parte dos debates dos candidatos?, exemplifica. E apesar da discussão ideológica não estar muito presente neste pleito, o professor avalia que a identificação que o eleitor faz dos partidos que estão na disputa e suas conseqüentes ideologias, ainda é um atalho para ele decidir o que mais se afina com os seus interesses, na hora do voto. E num contraponto à avaliação de que este pleito é uma ponte para 2010, Couto diz que mesmo que o movimento do atual cenário político vislumbre as eleições gerais, ?ainda há muita água para rolar debaixo da ponte?.

Ao contrário do que ocorreu nas eleições municipais passadas, quando temas como ética, probidade administrativa e gestão pública dominaram o cenário eleitoral e transformaram-se no divisor de águas dos embates colocados para o eleitor, o pleito de outubro deste ano tende a ficar distante das discussões ideológicas e programáticas e centrar-se nos personagens políticos. ?Esta será uma eleição de nomes, em que as articulações não passam por projetos partidários ou ideológicos, mas sim por projetos políticos de poder?, destaca Marco Antonio Carvalho Teixeira, cientista político e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo. O cientista diz que um dos principais reflexos do foco nos projetos de poder é a fragmentação que vem ocorrendo nas articulações políticas, sobretudo nas grandes cidades. ?Não é apenas a esquerda que está saindo fragmentada nessas eleições, a oposição também está rachada?, destaca Teixeira, exemplificando com o fato de tradicionais aliados em São Paulo, o DEM e o PSDB, saírem com candidaturas próprias neste pleito, brigando pela mesma fatia do eleitorado. ?Podemos dizer que 2010 está começando pra valer nessas eleições.? O analista e diretor do Instituto de Pesquisas Brasmarket, Sidney Kuntz, também concorda com a avaliação de que essas eleições municipais darão o tom dos alinhamentos e dos nomes que estarão na disputa do cenário político em 2010. E exemplifica as fragmentações que estão ocorrendo em diversas localidades: em São Paulo, a petista Marta Suplicy não conseguiu atrair o apoio da base aliada do governo Lula à sua candidatura; no Rio de Janeiro, o PMDB do governador Sérgio Cabral desistiu de apoiar o candidato petista para lançar candidatura própria; em Porto Alegre, o PT da candidata Maria do Rosário também não agregou os tradicionais aliados e em Recife, dois candidatos da base aliada de Lula estão na disputa. Kuntz acredita que o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estar, pelo menos oficialmente, no páreo para a sucessão de 2010 motivou os partidos da base aliada de seu governo a tentar ?carreira solo? nessas eleições, como forma de cacifar alguns nomes. ?Além disso, a fragmentação que estamos assistindo ocorre pelo fato de que nenhum partido tem controle absoluto da legenda, os acordos locais numa eleição municipal se sobrepõem ao comando nacional?, argumenta. E reitera que esse cenário ?é o trampolim para as eleições de 2010?. Sem ideologia Na avaliação do doutor em Ciência Polícia e conselheiro do Movimento Voto Consciente, Humberto Dantas, as eleições locais fogem totalmente à lógica dos pleitos majoritários (campanhas para governos de Estado e Presidência da República, por exemplo) e são tradicionalmente voltadas para os acordos locais. ?Pode-se enterrar a ideologia nas eleições municipais, não tem esquerda e nem direita, o que conta é o interesse da localidade?, destaca ele, exemplificando com o fato de que apesar da celeuma criada pelo PT em Belo Horizonte, para proibir a aliança com o PSDB, as duas legendas já se aliaram em 901 cidades no pleito municipal de 2004. ?E com o antigo PFL (atual Democratas), o PT esteve aliado em 672 cidades em 2004?, cita. Dantas também partilha da opinião de que as eleições municipais de outubro deste ano, principalmente nas grandes cidades, irão determinar os alinhamentos políticos e os nomes que estarão disputando os cargos majoritários no pleito de 2010, principalmente os governos estaduais e o Palácio do Planalto. Apesar da falta de discussão ideológica que deverá marcar este pleito municipal, o conselheiro do Movimento Voto Consciente acredita que as questões locais das cidades, como trânsito, saúde, educação, transporte, segurança e infra-estrutura estarão em debate, principalmente por conta da cobrança da população que quer de seus candidatos propostas concretas de políticas públicas condizentes com as necessidades locais. A fragmentação das eleições municipais neste ano não é vista como um movimento fora do normal pelo cientista político e professor da PUC e FGV de São Paulo, Claudio Couto. ?É de se esperar que os partidos não se aproximem tanto nessas eleições, pois temos muitos nomes fortes na disputa e as legendas querem se fortalecer. No meu entender, este movimento é muito natural?, destaca. Ele concorda com a análise de Sidney Kuntz de que os partidos de esquerda e as legendas menores queiram se desvincular do PT. ?Nos últimos anos, esses partidos foram uma espécie de satélite do PT, agora, querem viabilizar suas lideranças.? Cláudio Couto destaca que as eleições municipais têm uma dinâmica própria que prioriza o debate de questões locais. ?Em cidades como São Paulo e Belo Horizonte, o trânsito deve estar no centro das discussões. No Rio de Janeiro, a dengue deve fazer parte dos debates dos candidatos?, exemplifica. E apesar da discussão ideológica não estar muito presente neste pleito, o professor avalia que a identificação que o eleitor faz dos partidos que estão na disputa e suas conseqüentes ideologias, ainda é um atalho para ele decidir o que mais se afina com os seus interesses, na hora do voto. E num contraponto à avaliação de que este pleito é uma ponte para 2010, Couto diz que mesmo que o movimento do atual cenário político vislumbre as eleições gerais, ?ainda há muita água para rolar debaixo da ponte?.

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