Com o último dia das convenções partidárias, 14 candidaturas foram oficializadas para disputa da Prefeitura de São Paulo nas eleições 2020, previstas para 15 de novembro.
O atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), tentará se reeleger. Além do apoio do governador João Doria (PSDB), Covas tem o apoio de aliança formada por dez partidos, garantindo o maior tempo de televisão e rádio para campanha do candidato.
O Republicanos anunciou o deputado federal Celso Russomanno como candidato, com Marcos da Costa (PTB) como vice. A chapa já recebeu sinalização de apoio do presidente Jair Bolsonaro, aliado do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson.
Após ter sido confirmada em convenção do Novo, a candidatura do empresário Filipe Sabará foi suspensa temporariamente pela sigla em 23 de setembro. De caráter liminar, a decisão tomada pelo Conselho de Ética do Partido não informou o motivo da punição. O conselho analisa a impugnação da candidatura.
O PT escolheu o ex-secretário municipal Jilmar Tatto em uma disputa interna apertada. A sigla disputa espaço entre o eleitor de esquerda com a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL), que tem como vice a ex-prefeita Luiza Erundina e apoio do PCB e da Unidade Popular.
O ex-governador Márcio França (PSB) aparece como um dos candidatos à Prefeitura de São Paulo, em aliança com o Avante e o PDT.
Pelo PSL, foi lançada a deputada federal Joice Hasselmann, com Ivan Leão Sayeg como vice. Andrea Matarazzo é o candidato do PSD, com Marta Costa na chapa e Levy Fidelix teve a candidatura divulgada pelo PRTB, com o vice-prefeito Jairo Glikson.
Também foram oficializadas as candidaturas de Antonio Carlos pelo PCO, Arthur ‘Mamãe Falei’ do Val pelo Patriota, Marina Helou pela Rede, Orlando Silva pelo PCdoB e Vera Lúcia pelo PSTU.
Confira abaixo quem são os candidatos para as eleições 2020:
Andrea Matarazzo (PSD)
Figura histórica do PSDB, Andrea Matarazzo deixou o partido em 2016, após 30 anos, devido a conflitos com João Doria na disputa para a candidatura à Prefeitura de São Paulo nas últimas eleições municipais.
Naquele ano, o ex-embaixador e ex-ministro se transferiu para o PSD e compôs a chapa de Marta Suplicy como candidato a vice-prefeito. Em fevereiro, Matarazzo fez acenos ao presidente Jair Bolsonaro, depois que Datena dispensou seu apoio. A vice na chapa é a deputada estadual Marta Costa, filha de José Wellington Bezerra da Costa, pastor presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil e do Ministério do Belém.
Antonio Carlos (PCO)
O Partido da Causa Operária (PCO) escolheu o professor da rede pública estadual Antonio Carlos como seu candidato. O jornalista Henrique Áreas, que foi o candidato no partido ao Executivo municipal em 2016, compõe a chapa como vice. A oficialização aconteceu em convenção virtual em 12 de setembro.
Apesar de ter se candidato a deputado federal em 2018, a candidatura de Antonio Carlos foi considerado inapta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Arthur 'Mamãe Falei' (Patriota)
Depois de ser expulso do Democratas, partido pelo qual se elegeu deputado estadual, Arthur do Val, conhecido como "Mamãe Falei", anunciou sua candidatura à prefeitura paulistana pelo Patriota. A corretora de imóveis Adelaide Oliveira - porta-voz do Vem Pra Rua, movimento que defendeu o impeachment de Dilma Rousseff em 2015 - é a vice na chapa.
Oficializado candidato em convenção drive-thru, Val é youtuber e uma das principais lideranças do Movimento Brasil Livre (MBL). Ao longo de 2019, ficou conhecido por seus discursos inflamados na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Durante as discussões da reforma previdenciária do Estado, chamou servidores públicos de "vagabundos" e causou uma confusão na Casa.
Bruno Covas (PSDB)
O atual prefeito de São Paulo, Bruno Covas, vai tentar a reeleição pelo PSDB, com o apoio do governador João Doria. Em um cenário marcado pela polarização, a estratégia será focar seu discurso no centro político. O vereador do MDB Ricardo Nunes compõe a chapa como vice.
Covas é neto do ex-governador Mário Covas e foi vice-prefeito de São Paulo, assumindo a cadeira de prefeito após Doria deixar a prefeitura para disputar o governo do Estado em 2018. No final de outubro do ano passado, o prefeito descobriu um câncer no estômago com metástase no fígado. Mesmo em tratamento, Covas não se licenciou da prefeitura.
O prefeito de São Paulo fechou uma aliança com dez partidos: DEM, Podemos, MDB, PSC, Progressistas, PL, PROS, Cidadania, PTC e PV. Este último retirou a pré-candidatura do médico sanitarista Eduardo Jorge para se juntar à coligação. Com a saída do advogado e produtor rural Ribas Paiva como pré-candidato, o PTC também se juntou ao apoio a Covas. As coligações garantem ao atual prefeito o maior tempo de exibição na campanha em TV e rádio.
Celso Russomanno (Republicanos)
O deputado federal Celso Russomanno foi confirmado pelo Republicanos como pré-candidato no começo de agosto, em um evento online. No último dia de convenção, a candidatura foi oficializada, com o advogado e ex-presidente da OAB paulista Marcos da Costa, do PTB, como vice. A aliança com Costa, que chegou a ser anunciado como candidato de seu partido à Prefeitura de São Paulo, reforça o apoio do presidente Jair Bolsonaro à chapa. O mandatário já sinalizou apoio público à dupla.
Russomanno já disputou a Prefeitura de São Paulo outras duas vezes: em 2012 e em 2016. Jornalista que fez carreira na TV, ele é conhecido como defensor dos direitos do consumidor. Em março, uma pesquisa Ibope, realizada parceria com o Estadão e a Associação Comercial de São Paulo, mostrou que Russomanno liderava as intenções de voto na cidade, com 24%.
No início de setembro, o candidato se encontrou com o presidente Bolsonaro para negociar apoio público do mandatário.
Filipe Sabará (Novo)
O Partido Novo, através de um processo seletivo, escolheu o nome de Filipe Sabará, ex-secretário municipal de Assistência Social da gestão Doria à frente da Prefeitura de São Paulo. A candidatura foi confirmada numa convenção em sistema drive-thru. A economista Marina Helena, que exerceu cargo no Ministério da Economia de Paulo Guedes, é a candidata a vice-prefeita.
Até outubro, ele ocupava o cargo de presidente do Fundo Social, órgão oficial de filantropia do governo estadual. Sabará pediu afastamento do cargo para disputar o pleito e rompeu com Doria, e passou a adotar um discurso mais alinhado com o bolsonarismo. Ele tem 36 anos e é formado em marketing, economia e comércio exterior.
No dia 23 de setembro, o Novo anunciou que a suspensão da candidatura de Sabará, em decisão tomada pelo Conselho de Ética do Partido. O motivo para a punição não foi informado e a impugnação está sendo analisada.
Em resposta, Sabará disse ser alvo de perseguição promovida por João Amoêdo, ex-presidente nacional da sigla, e "uma ala esquerdista minoritária" do partido.
Guilherme Boulos (PSOL)
Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e à frente das principais mobilizações de rua de movimentos sociais, Guilherme Boulos será o candidato do PSOL para a disputa da Prefeitura de São Paulo, e se coloca como um nome forte no campo da esquerda. Para marcar o compromisso com a periferia, a convenção para homologação da candidatura ocorreu na comunidade do Morro da Lua, no Campo Belo (Zona Sul).
Foi candidato à Presidência da República nas eleições de 2018 pelo PSOL e, com apenas 0,58% dos votos, ficou na 10ª posição no primeiro turno. Sua chapa com a ex-prefeita Luiza Erundina como vice foi confirmada nas prévias do partido, derrotando a deputada federal Sâmia Bomfim e o deputado estadual Carlos Gianazzi na disputa pela indicação.
O candidato já recebeu um manifesto de apoio de figuras historicamente ligadas ao PT, como os artistas Caetano Veloso e Chico Buarque, e os intelectuais Marilena Chauí e Luís Fernando Veríssimo. Para minimizar as manifestações, o PT de São Paulo pretende antecipar a entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de Jilmar Tatto, candidato da sigla.
O PCB retirou a candidatura do professor Antonio Carlos Mazzeo para apoiar Boulos. Em movimento similar, a recém-criada Unidade Popular retirou sua candidata, Vivian Mendes, para se juntar à aliança.
Jilmar Tatto (PT)
Com a negativa do ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad de se candidatar novamente à Prefeitura, o PT escolheu o ex-secretário de Transportes de São Paulo Jilmar Tatto como candidato da sigla nas eleições 2020. O partido anunciou o deputado federal Carlos Zarattini como vice na chapa.
Em eleição interna, Tatto derrotou o deputado Alexandre Padilha por pequena vantagem. O grupo de Tatto exerce domínio sobre a máquina do PT na capital, mas o candidato é visto como um nome de pouca expressão eleitoral. Para o Senado, na única eleição para cargo majoritário que disputou, em 2018, o ex-secretário ficou sétimo lugar com apenas 6% dos votos.
Durante as prévias internas, o ex-presidente Lula chegou a dizer que o PT seria “esmagado” entre as candidaturas de Guilherme Boulos (PSOL), à esquerda, e Márcio França (PSB), ao centro, caso não tivesse um candidato forte como Haddad. A candidatura, oficializada em 12 de setembro, marca a primeira vez em que o PT está isolado na disputa.
Joice Hasselmann (PSL)
Ex-líder do governo no Congresso, a deputada demonstrava publicamente seu interesse na Prefeitura de São Paulo há meses. Antes do racha na sigla, chegou a declarar que tinha o apoio do presidente Jair Bolsonaro e de Luciano Bivar, presidente do PSL, para a campanha. "Não sou mulher de amarelar", disse em entrevista concedida em julho ao Estadão.
Joice era parte de uma disputa interna do PSL paulista, que era presidido pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente. No entanto, a saída anunciada do grupo de Bolsonaro do PSL deixou o caminho livre para ela, que tenta se colocar como a candidata da direita, mas descolada do presidente da República. No dia da confirmação da candidatura, bolsonaristas atacaram a deputada nas redes sociais e a hashtag #JoiceNemAPau foi um dos assuntos mais comentados no Twitter brasileiro.
Para a escolha do seu vice na chapa, Joice barrou aliados de Jair Bolsonaro e optou pelo empresário Ivan Leão Sayeg, herdeiro da Casa Leão Joalheria. A definição ocorreu quando o deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP), defensor do presidente e herdeiro da família real, passou a pleitear o cargo.
Favorito da candidata, o ex-secretário da Receita Marcos Cintra vai coordenar o programa de governo e disputar uma vaga de vereador na capital.
Levy Fidelix (PRTB)
Também conhecido como o “candidato do aerotrem”, o presidente do PRTB, Levy Fidelix, anunciou que iria concorrer à Prefeitura de São Paulo em fevereiro. Essa é a quarta vez que vai disputar o cargo. Apesar de nunca ter sido eleito para nenhum dos cargos para os quais já se candidatou, o seu trunfo neste ano será o vice-presidente Hamilton Mourão, que é membro de seu partido. O advogado Jairo Glikson é o candidato a vice-prefeito.
Márcio França (PSB)
Ex-vice-governador de Geraldo Alckmin em São Paulo, Márcio França ocupou a cadeira de governador do Estado em 2018 após o tucano anunciar sua candidatura à Presidência da República. Foi candidato a governador e, com 21,5% dos votos válidos, chegou ao segundo turno contra o candidato tucano João Doria, que foi eleito com 51,75% dos votos válidos.
No entanto, França obteve 58% dos votos na capital, contra 42% de João Doria, o que fortalece seu nome para a disputa da Prefeitura. Durante a oficialização de sua candidatura em evento na Câmara Municipal, França criticou tanto Doria quanto o presidente Jair Bolsonaro – este de forma mais branda.
Além do Avante, França recebeu o apoio do PDT em um movimento que sela uma aliança nacional entre as duas siglas. Com chapas conjuntas em capitais, PDT e PSB tentam quebrar a polarização entre bolsonaristas e o PT nas eleições. No entanto, em agosto, o ex-governador compareceu a um evento com o presidente da República. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, ameaçou terminar a aliança caso a aproximação continuasse. A aliança foi oficializada e Antonio Neto, presidente municipal do PDT, entrou como vice na chapa.
O Solidariedade anunciou apoio a França. A ex-prefeita Marta Suplicy deixou a sigla para apoiar a reeleição Covas.
Marina Helou (Rede)
A Rede homologou Marina Helou como sua candidata à Prefeitura de São Paulo. A oficialização da candidatura foi feita em conferência online ao vivo. Diferente do anúncio de pré-candidatura, a ex-senadora Marina Silva não estava presente.
No primeiro mandato como deputada estadual, Marina não deve deixar o posto para disputar a prefeitura. Formada em administração pública, ela participou do movimento de renovação política Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps), com laços com o movimento Acredito. O empreendedor e jornalista Marco Dipreto, também da Rede, é o vice na chapa.
Orlando Silva (PCdoB)
O deputado federal Orlando Silva teve candidatura oficializada à prefeitura paulistana pelo PCdoB. Historicamente ligado a chapas petistas, o partido lançou um candidato próprio em São Paulo pela primeira vez. Silva foi vereador, ministro do Esporte de Lula e Dilma e deputado federal. Na Câmara dos Deputados, foi vice-líder do governo de Dilma Rousseff entre 2015 e 2016. Atualmente, exerce seu segundo mandato como deputado. A sindicalista e enfermeira Andrea Barcelos é a candidata a vice-prefeita do partido.
Vera Lúcia (PSTU)
Candidata à Presidência pelo PSTU em 2018, Vera Lúcia entra para disputar a Prefeitura de São Paulo pela mesma sigla neste ano. No primeiro turno da corrida presidencial, recebeu 0,04% dos votos válidos, ocupando a 12ª posição entre os candidatos. Formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Sergipe, também teve candidatura lançada à Prefeitura de Aracaju em 2012. É a presidente do partido em Sergipe. O candidato a vice será o professor Lucas Antônio Nizuma Simabukulo, também do PSTU.
/COLABORARAM JOÃO KER, BRUNO NOMURA, FERNANDA BOLDRIN, RENATO VASCONCELOS E MÍLIBI ARRUDA.