Em sabatina à Rádio Eldorado nesta segunda-feira, 2, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que é candidato à reeleição, não respondeu se é a favor ou não do impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O afastamento do ministro é uma das pautas do ato de Sete de Setembro na Avenida Paulista, no qual Nunes estará presente.
“Não vou defender impeachment (de ministros do STF). Quem tem que tratar de impeachment são os senadores”, disse o prefeito da capital paulista, afirmando que a passeata do próximo sábado, por sua vez, é uma “manifestação em defesa da liberdade” e do “Estado democrático de direito”.
O candidato à reeleição desconversou sobre a possibilidade aberta pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um dos mobilizadores do ato, para que o empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB) participe da passeata. Para Ricardo Nunes, não houve convite do ex-presidente a Marçal, e sim uma decisão “acertada” de tornar a manifestação “apartidária”
Nunes também minimizou a debandada do vereador Rubinho Nunes (União Brasil). Rubinho é candidato a mais um mandato na Câmara Municipal de São Paulo na chapa que apoia a reeleição do prefeito, mas passou a apoiar Pablo Marçal para o Executivo da capital paulista. O atual mandatário desconversou sobre o apoio do vereador, afirmando que já vinha tendo “divergências” com o parlamentar.
Sobre as políticas para a população LGBT+ em um eventual segundo mandato, Nunes reforçou que manterá os programas implementados na atual gestão e não cederá a nenhum tipo de pressão para encerrar as iniciativas.
‘Cabe aos senadores’, diz Nunes sobre impeachment de Moraes
Questionado sobre a possibilidade de afastamento do STF do ministro Alexandre de Moraes, Nunes foi evasivo e disse que, a esse respeito, cabe manifestação do Senado Federal. Do contrário, avaliou o emebedista, estaria emitindo uma declaração “irresponsável” ao exercício do cargo.
“Sou prefeito da maior cidade da América Latina. Tenho perfeitamente a consciência da minha responsabilidade, daquilo que preciso e devo me posicionar. como prefeito da cidade de São Paulo, jamais vou cometer uma fala irresponsável pelo exercício do meu cargo. Quem define sobre isso são os senadores, ninguém a não ser o Senado Federal. Cabe aos senadores fazer a avaliação”, disse o candidato do MDB.
Nunes estará no ato de Sete de Setembro da Avenida Paulista, uma passeata que, em edições anteriores, contou com a presença de faixas com motes antidemocráticos, instando, por exemplo, pedidos de intervenção militar. O prefeito qualificou o ato como “democrático” e afirmou que, de sua parte, não apoiará nenhuma palavra de ordem contra o Estado democrático de direito.
“Se alguém levantar uma faixa, não vou me constranger por nada que as outras pessoas façam. O que eu tenho que ter é meu comportamento, que sempre foi o de alguém que defendeu a democracia”, disse Nunes. “Não vou levantar faixa nenhuma. Vou estar lá com minha camisa amarela demonstrando meu amor à minha pátria, ao meu País, à minha nação, minha defesa enfática da democracia e da liberdade”.
Prefeito diz que não houve ‘convite’ de Bolsonaro a Marçal
Na semana passada, Jair Bolsonaro publicou um vídeo em suas redes sociais expressando que todos os candidatos à Prefeitura de São Paulo interessados em participar do ato poderiam comparecer à Avenida Paulista. O recado do ex-presidente, na prática, libera a presença de Pablo Marçal na passeata.
Para o prefeito, contudo, a declaração de Jair Bolsonaro não representou um “convite”. “Em absolutamente nenhum momento ele fez qualquer convite”, disse Nunes, afirmando que o vídeo do ex-presidente, em verdade, representa uma decisão “acertada”, para reforçar o caráter apartidário do ato.
Nunes, sobre Rubinho: ‘O lugar dele é lá, das pessoas que são ruins’
Sobre a debandada de Rubinho Nunes, que pertence a um partido que integra sua coligação de apoio, Ricardo Nunes desconversou. “É algo tão irrelevante”, afirmou o candidato do MDB.
“A gente já vinha tendo alguma divergência, do ponto de vista da forma de pensar”, disse o prefeito, com ênfase na crítica a um projeto de lei de Rubinho que previa multa de R$ 17 mil a quem doasse comida a pessoas em situação de rua.
“Ele pensa muito diferente de mim, acho que ele pensa muito igual o Pablo. Ele tem que estar lá mesmo, o lugar dele é lá, das pessoas que são ruins”.
Ao Estadão, Rubinho Nunes rebateu a acusação do prefeito. “Eu seria uma pessoa ruim se ficasse enganando meus eleitores e sugerindo o voto a uma pessoa que não é um candidato de direita, não é conservador”, disse o vereador. “Na verdade, eu estou sendo fiel aos meus princípios e ao que me trouxe até aqui”.
Políticas LGBT+
Ao ser questionado sobre como pretende lidar com a pressão bolsonarista em relação às políticas LGBT+ de sua gestão em um possível segundo mandato, Nunes afirmou que “de jeito nenhum” cederia a pressões para encerrar essas políticas.
Ele ressaltou que “governa para todos” e que sua administração criou o primeiro centro de acompanhamento para pessoas trans, ampliou o programa Transcidadania, iniciado na gestão de Fernando Haddad (PT), e abriu abrigos para homens e mulheres trans em situação de rua.
“Toda a população que vive nessa cidade vai continuar sendo muito bem cuidada por mim. Homens, mulheres, negros, trans,” afirmou Nunes, negando pressão de bolsonaristas sobre essa pauta. “De jeito nenhum (cederia a pressões do tipo). Não existe isso. Às vezes, queremos criar divisões, mas precisamos cuidar de todos; a política pública é para todos. (...) A questão das políticas públicas para a população LGBT ela tem que acontecer e vai continuar acontecendo”.