Os resultados das eleições municipais devem impor derrotas surpreendentes para o PT e o PMDB. A avaliação não é de membros dos partidos da oposição ou de cientistas políticos, mas de um integrante do primeiro escalão do governo federal: Moreira Franco, ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Para ele, os dois principais partidos da base de sustentação da presidente Dilma Rousseff não estão interpretando corretamente as manifestações do eleitorado e podem sofrer derrota similar à do regime militar em 1974, quando o oposicionista MDB surpreendeu a Arena governista conquistando 16 das 22 cadeiras do Senado em disputa."O que o eleitor está dizendo é que esses partidos não mandam tanto quanto pensam. Isso é geral. Você pega o quadro nacional e mostra isso. Sobretudo nos grandes centros", afirmou Moreira, que ocupa a secretaria por indicação pessoal do vice-presidente Michel Temer.O ministro preferiu não citar exemplos concretos. Ele se esquivou ao ser questionado se a disputa em São Paulo - onde Fernando Haddad, do PT, Gabriel Chalita, do PMDB, e José Serra, do PSDB, partido que controla o Estado, estão sendo superados por Celso Russomanno, do PRB - seria um exemplo que poderia ilustrar sua afirmação.Moreira preferiu limitar-se a responder que o fenômeno do enfraquecimento das máquinas partidárias está ocorrendo em praticamente todos os Estados. "Isso vale para o PT e PMDB, mas vale também para os outros partidos, dependendo da realidade em que vivem. Pega estado por estado, você vai ver que está sendo dado o mesmo tom", disse o ministro."As máquinas estão postas sob xeque. Toda eleição, sobretudo a eleição municipal, a máquina partidária, de quem está no governo, tem um peso muito grande. Mas essas máquinas estão sendo questionadas e postas em xeque", concluiu Moreira. "Partidos perdem eleição. Foi o que houve em 1974 e o que deve acontecer este ano em muitos Estados".