As monografias na Escola de Comando e Estado-Maior dos generais que acompanham Jair Bolsonaro mostram a influência da geopolítica na formação desses oficiais. Aléssio Ribeiro Souto estudou novas tecnologias que deviam ser desenvolvidas no País. Seu trabalho defende obrigar as empresa beneficiadas por medidas governamentais a investir em pesquisa científica. Pede a concessão de benefícios para que empresas possam “penetrar no mercado internacional” e a criação de centros integrados de empresas, universidades e governo. “É imperioso considerar Ciência e Tecnologia mais uma expressão do Poder Nacional”, escreveu.
Oswaldo de Jesus Ferreira dedicou-se a estudar a matriz energética da América Latina. Preocupado em aproveitar melhor os recursos hídricos e evitar “desflorestamentos”, ele defendeu em 1991 a necessidade de o País ampliar a exploração de petróleo em águas profundas. Augusto Heleno Ribeiro Pereira escreveu sobre a Guerra do Chaco, entre a Bolívia e o Paraguai, e a influência estrangeira no conflito.
Um ponto em comum une os trabalhos: a análise de como os processos políticos e as características geográficas influenciam as relações de poder entre as nações e a sociedade. São todos ligados à geopolítica pensada por generais como Carlos de Meira Matos e Golbery do Couto e Silva. Não é à toa que o general Aléssio concluía então que, entre as estratégias necessárias para desenvolver tecnologias de ponta no País, estava a de “mobilizar a vontade nacional”. Não dizia, em sua tese, como. Hoje o staff de Bolsonaro já sabe o jeito de fazer isso: por meio das redes sociais.