Em pronunciamento feito pelas redes sociais pouco depois de reconhecer a derrota na eleição para a Prefeitura de São Paulo, o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, apontou para o futuro, deu a entender que voltará a disputar eleições, e disse que sua campanha, que uniu todos os partidos de esquerda no segundo turno, é um exemplo para o Brasil.
“Hoje não é o fim de uma caminhada, é o começo”, disse Boulos. “Apesar de a gente não ter ganho esta eleição, saímos vitoriosos. É o início de um ciclo que se anuncia”, completou o líder do MTST.
O candidato fez questão de agradecer nominalmente os adversários que o apoiaram no segundo turno, os partidos que aderiram à sua candidatura (PT, PDT, PSB, PC do B e Rede, além de PSOL, PCB e UP que estavam com ele desde o começo) e as lideranças nacionais Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes, Marina Silva e Flávio Dino.
“Vou trabalhar para que o que a gente construiu aqui em São Paulo sirva de exemplo e inspiração. O que a gente viveu em São Paulo nestes meses é forte e potente”, disse Boulos.
Aos 38 anos de idade, o candidato deu sinais de que voltará a disputar eleições. “A vitória vai vir (…) este dia ainda não foi hoje mas vai chegar”, afirmou.
Para o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, o desempenho de Boulos nesta eleição o coloca como a maior liderança da esquerda em São Paulo. “A votação mostra que uma grande quantidade de pessoas optou por uma mudança drástica na forma de administrar a cidade e alça Boulos à condição de principal líder da esquerda em São Paulo”, disse o dirigente.
Além dos mais de dois milhões de votos obtidos no segundo turno, Medeiros destaca um outro patrimônio político conquistado por Boulos nesta campanha, o fato de ter conseguido reunir em torno de sua candidatura as principais forças da esquerda nacional.
Medeiros não quis falar sobre os planos políticos para o futuro de Boulos, mas garantiu que o candidato vai continuar fazendo “oposição contundente” ao governo Jair Bolsonaro. “Ainda vamos refletir, entender melhor o que aconteceu. Mas Boulos passa a ser um dos principais nomes da oposição ao Bolsonaro, fez isso durante a campanha e vai continuar fazendo”, afirmou.
Isolamento
Em isolamento desde que recebeu o diagnóstico positivo para covid-19 na sexta-feira, Boulos passou o dia em casa com a mulher, Natalia Szermeta, e nem pôde ir votar.
Isso não impediu que eleitores fossem até a porta da sua casa, no Campo Limpo, para manifestar apoio. No início da noite integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e militantes do PSOL se abraçavam, emocionados, à medida em que o resultado ficava claro. Um grupo de cerca de 30 apoiadores dançavam ao som das músicas de campanha. O clima, segundo integrantes da campanha, era de “dever cumprido” independentemente do resultado.
“Foi uma campanha muito pautada pela conversa e pelo respeito”, disse a militante Nilva Luz, que dançava com uma bandeira em frente à casa de Boulos. “É uma campanha que coloca num outro patamar a discussão nacional.”
Por volta das 19h30, antes de fazer o pronunciamento nas redes, Boulos apareceu na varanda, para uma rápida saudação aos militantes que ainda o aguardavam. Ele exibiu um pôster no qual se lia “lute como quem sonha”.