Boulos diz que sua ida para o segundo turno em São Paulo é o início da derrota do bolsonarismo


Candidato do PSOL enfrentará o prefeito Bruno Covas (PSDB) e ataca o governador João Doria

Por Ricardo Galhardo

O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, disse que a sua chegada ao segundo turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo é o início “da derrota do bolsonarismo”. Com 99,67% dos votos apurados, Boulos se mantinha em segundo lugar, com 20,24% dos votos válidos, à frente de Márcio França, com 13,65%. Ele deve disputar o segundo turno com o prefeito Bruno Covas (PSDB).

“Não é só uma eleição, estamos falando do projeto de uma geração. Isso sinaliza o começo da derrota do bolsonarismo”, disse o candidato, antes mesmo do término da apuração. “Se confirmando os resultados, nós derrotamos o Bolsonaro no primeiro turno e agora vamos derrotar o Doria”, disse ao se referir a Celso Russomanno (Republicanos), que teve o apoio do presidente, e o governador João Doria (PSDB), aliado de Covas. 

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“Em 2018 as pessoas votaram com ódio. Vimos até foto de gente usando cano de arma para apertar o botão da urna. Hoje em São Paulo a gente viu um voto de esperança”, afirmou. Ele rebateu a declaração de Covas de que “a esperança vai vencer o radicalismo” em São Paulo. “Eu vi a declaração do Bruno de que a disputa seria da ponderação contra o radicalismo. A disputa não é essa. Ele está errado. A disputa é da mesmice com a esperança.”

Boulos disputará o segundo turno com o prefeito Bruno Covas (PSDB) Foto: Taba Benedicto/Estadão

No segundo turno, Boulos terá como principal desafio se tornar mais conhecido, principalmente do eleitor para quem seu discurso é direcionado: o morador da periferia. O desconhecimento por parte dessa camada da população foi considerado o maior entrave da candidatura do PSOL no primeiro turno em São Paulo.

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Até ontem Boulos dispunha de apenas 17 segundos nos blocos e dois comerciais por dia no horário eleitoral de rádio e TV. No segundo turno, os dois candidatos terão o mesmo tempo. Pelos cálculos da campanha de Boulos, o candidato teve 80 comerciais no primeiro turno contra 900 de Covas. “No primeiro turno eles tinham 11 jogadores e a gente quatro”, disse o marqueteiro Chico Malfitani. 

A primeira iniciativa da campanha será aumentar a equipe responsável pelos programas de TV, até ontem formada por apenas seis profissionais sob o comando de Malfitani. Novos colaboradores serão incorporados e a estrutura de equipamentos também terá de ser ampliada com a alocação de recursos.

Ontem à noite, a discussão na equipe de comunicação de Boulos era se a linha adotada no primeiro turno será mantida com poucos ajustes ou se haverá mudança significativa. A decisão será tomada hoje, em reunião da coordenação da campanha. 

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No primeiro turno, a prioridade do PSOL foi no campo digital, onde iniciativas inovadoras e relativamente baratas, como a utilização de uma linguagem informal, bem humorada e ágil fizeram com que o candidato ganhasse forte engajamento espontâneo nas redes sociais, principalmente na faixa etária dos 16 aos 24 anos, os chamados nativos digitais.

Estratégias de campanha de rua como o “Se Vira nos 50”, na qual o candidato responde perguntas de eleitores em até 50 segundos, e “Fala na Lata”, espécie de pegadinha em que Boulos aparece do nada enquanto eleitores falam suas impressões sobre o líder do MTST, devem ser mantidas.

A partir de agora a campanha digital vai dividir a prioridade com a TV que, segundo o Ibope, ainda é o meio mais utilizado pelo eleitorado de baixa renda para se informar sobre a eleição, citada por 55% dos entrevistados que ganham até um salário mínimo. 

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Em outro flanco, o PSOL vai buscar apoio das outras forças de esquerda para montar uma frente contra Covas. Já foram iniciadas conversas com o PT, PC do B, Rede e PDT. O partido de Boulos acha difícil conseguir apoio do PSB devido à proximidade de Marcio França com o PSDB, mas a direção nacional do partido também será procurada. No PSOL, há resistência de alguns setores sobre a possível participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha – no começo da madrugada o candidato petista Jilmar Tatto escreveu no Twitter que Boulos poderia contar com “a valente militância para virar o jogo em São Paulo”. O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também declarou apoio a Boulos pela rede social. 

Boulos disse que trabalhará por alianças. “Pretendo telefonar para candidatos progressistas. Não fiz isso ainda porque os resultados não estão consolidados. O que a gente precisa construir é uma frente contra a desigualdade e a injustiça social em São Paulo.” 

Voto

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O candidato do PSOL votou às 10h40 na PUC, em Perdizes. Em rápida fala a jornalistas, Boulos disse que em um segundo turno, com paridade de tempo no horário eleitoral e debates em todas as grandes redes de TV, terá mais condições de virar o resultado das pesquisas, que apontam o favoritismo do candidato à reeleição. 

“Chegamos até aqui em segundo lugar nas pesquisas com 17 segundos na TV, sem apoio da máquina dos governos federal e estadual e só com engajamento de gente de verdade, sem robôs, sem fake news. Imagine no segundo turno quando 17 segundos virarem 10 minutos todo dia, com debate em todas as grandes redes de TV, olho no olho”, disse.

A exemplo do que tinha feito no sábado, Boulos ressaltou que sua campanha representava um resgate na forma de disputar eleições, sem grandes estruturas financeiras nem de marketing. “Se a gente puder avaliar o que foram estes meses, além de apresentar um projeto novo e ousado para São Paulo, com foco nas periferias, está sendo um resgate de um jeito de fazer política com esperança, sonho, princípios”, disse o candidato.

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Depois de votar, Boulos foi para casa, no Jardim Catanduva, bairro do distrito de Campo Limpo. Ele passou o dia com a mulher, Natalia Szermeta, coordenadora do MTST, e as filhas Laura e Sofia, de 9 e 10 anos, além de integrantes mais próximos de sua equipe de campanha, candidatos a vereador e dirigentes do PSOL como o deputado Ivan Valente (SP).

O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, disse que a sua chegada ao segundo turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo é o início “da derrota do bolsonarismo”. Com 99,67% dos votos apurados, Boulos se mantinha em segundo lugar, com 20,24% dos votos válidos, à frente de Márcio França, com 13,65%. Ele deve disputar o segundo turno com o prefeito Bruno Covas (PSDB).

“Não é só uma eleição, estamos falando do projeto de uma geração. Isso sinaliza o começo da derrota do bolsonarismo”, disse o candidato, antes mesmo do término da apuração. “Se confirmando os resultados, nós derrotamos o Bolsonaro no primeiro turno e agora vamos derrotar o Doria”, disse ao se referir a Celso Russomanno (Republicanos), que teve o apoio do presidente, e o governador João Doria (PSDB), aliado de Covas. 

“Em 2018 as pessoas votaram com ódio. Vimos até foto de gente usando cano de arma para apertar o botão da urna. Hoje em São Paulo a gente viu um voto de esperança”, afirmou. Ele rebateu a declaração de Covas de que “a esperança vai vencer o radicalismo” em São Paulo. “Eu vi a declaração do Bruno de que a disputa seria da ponderação contra o radicalismo. A disputa não é essa. Ele está errado. A disputa é da mesmice com a esperança.”

Boulos disputará o segundo turno com o prefeito Bruno Covas (PSDB) Foto: Taba Benedicto/Estadão

No segundo turno, Boulos terá como principal desafio se tornar mais conhecido, principalmente do eleitor para quem seu discurso é direcionado: o morador da periferia. O desconhecimento por parte dessa camada da população foi considerado o maior entrave da candidatura do PSOL no primeiro turno em São Paulo.

Até ontem Boulos dispunha de apenas 17 segundos nos blocos e dois comerciais por dia no horário eleitoral de rádio e TV. No segundo turno, os dois candidatos terão o mesmo tempo. Pelos cálculos da campanha de Boulos, o candidato teve 80 comerciais no primeiro turno contra 900 de Covas. “No primeiro turno eles tinham 11 jogadores e a gente quatro”, disse o marqueteiro Chico Malfitani. 

A primeira iniciativa da campanha será aumentar a equipe responsável pelos programas de TV, até ontem formada por apenas seis profissionais sob o comando de Malfitani. Novos colaboradores serão incorporados e a estrutura de equipamentos também terá de ser ampliada com a alocação de recursos.

Ontem à noite, a discussão na equipe de comunicação de Boulos era se a linha adotada no primeiro turno será mantida com poucos ajustes ou se haverá mudança significativa. A decisão será tomada hoje, em reunião da coordenação da campanha. 

No primeiro turno, a prioridade do PSOL foi no campo digital, onde iniciativas inovadoras e relativamente baratas, como a utilização de uma linguagem informal, bem humorada e ágil fizeram com que o candidato ganhasse forte engajamento espontâneo nas redes sociais, principalmente na faixa etária dos 16 aos 24 anos, os chamados nativos digitais.

Estratégias de campanha de rua como o “Se Vira nos 50”, na qual o candidato responde perguntas de eleitores em até 50 segundos, e “Fala na Lata”, espécie de pegadinha em que Boulos aparece do nada enquanto eleitores falam suas impressões sobre o líder do MTST, devem ser mantidas.

A partir de agora a campanha digital vai dividir a prioridade com a TV que, segundo o Ibope, ainda é o meio mais utilizado pelo eleitorado de baixa renda para se informar sobre a eleição, citada por 55% dos entrevistados que ganham até um salário mínimo. 

Em outro flanco, o PSOL vai buscar apoio das outras forças de esquerda para montar uma frente contra Covas. Já foram iniciadas conversas com o PT, PC do B, Rede e PDT. O partido de Boulos acha difícil conseguir apoio do PSB devido à proximidade de Marcio França com o PSDB, mas a direção nacional do partido também será procurada. No PSOL, há resistência de alguns setores sobre a possível participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha – no começo da madrugada o candidato petista Jilmar Tatto escreveu no Twitter que Boulos poderia contar com “a valente militância para virar o jogo em São Paulo”. O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também declarou apoio a Boulos pela rede social. 

Boulos disse que trabalhará por alianças. “Pretendo telefonar para candidatos progressistas. Não fiz isso ainda porque os resultados não estão consolidados. O que a gente precisa construir é uma frente contra a desigualdade e a injustiça social em São Paulo.” 

Voto

O candidato do PSOL votou às 10h40 na PUC, em Perdizes. Em rápida fala a jornalistas, Boulos disse que em um segundo turno, com paridade de tempo no horário eleitoral e debates em todas as grandes redes de TV, terá mais condições de virar o resultado das pesquisas, que apontam o favoritismo do candidato à reeleição. 

“Chegamos até aqui em segundo lugar nas pesquisas com 17 segundos na TV, sem apoio da máquina dos governos federal e estadual e só com engajamento de gente de verdade, sem robôs, sem fake news. Imagine no segundo turno quando 17 segundos virarem 10 minutos todo dia, com debate em todas as grandes redes de TV, olho no olho”, disse.

A exemplo do que tinha feito no sábado, Boulos ressaltou que sua campanha representava um resgate na forma de disputar eleições, sem grandes estruturas financeiras nem de marketing. “Se a gente puder avaliar o que foram estes meses, além de apresentar um projeto novo e ousado para São Paulo, com foco nas periferias, está sendo um resgate de um jeito de fazer política com esperança, sonho, princípios”, disse o candidato.

Depois de votar, Boulos foi para casa, no Jardim Catanduva, bairro do distrito de Campo Limpo. Ele passou o dia com a mulher, Natalia Szermeta, coordenadora do MTST, e as filhas Laura e Sofia, de 9 e 10 anos, além de integrantes mais próximos de sua equipe de campanha, candidatos a vereador e dirigentes do PSOL como o deputado Ivan Valente (SP).

O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, disse que a sua chegada ao segundo turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo é o início “da derrota do bolsonarismo”. Com 99,67% dos votos apurados, Boulos se mantinha em segundo lugar, com 20,24% dos votos válidos, à frente de Márcio França, com 13,65%. Ele deve disputar o segundo turno com o prefeito Bruno Covas (PSDB).

“Não é só uma eleição, estamos falando do projeto de uma geração. Isso sinaliza o começo da derrota do bolsonarismo”, disse o candidato, antes mesmo do término da apuração. “Se confirmando os resultados, nós derrotamos o Bolsonaro no primeiro turno e agora vamos derrotar o Doria”, disse ao se referir a Celso Russomanno (Republicanos), que teve o apoio do presidente, e o governador João Doria (PSDB), aliado de Covas. 

“Em 2018 as pessoas votaram com ódio. Vimos até foto de gente usando cano de arma para apertar o botão da urna. Hoje em São Paulo a gente viu um voto de esperança”, afirmou. Ele rebateu a declaração de Covas de que “a esperança vai vencer o radicalismo” em São Paulo. “Eu vi a declaração do Bruno de que a disputa seria da ponderação contra o radicalismo. A disputa não é essa. Ele está errado. A disputa é da mesmice com a esperança.”

Boulos disputará o segundo turno com o prefeito Bruno Covas (PSDB) Foto: Taba Benedicto/Estadão

No segundo turno, Boulos terá como principal desafio se tornar mais conhecido, principalmente do eleitor para quem seu discurso é direcionado: o morador da periferia. O desconhecimento por parte dessa camada da população foi considerado o maior entrave da candidatura do PSOL no primeiro turno em São Paulo.

Até ontem Boulos dispunha de apenas 17 segundos nos blocos e dois comerciais por dia no horário eleitoral de rádio e TV. No segundo turno, os dois candidatos terão o mesmo tempo. Pelos cálculos da campanha de Boulos, o candidato teve 80 comerciais no primeiro turno contra 900 de Covas. “No primeiro turno eles tinham 11 jogadores e a gente quatro”, disse o marqueteiro Chico Malfitani. 

A primeira iniciativa da campanha será aumentar a equipe responsável pelos programas de TV, até ontem formada por apenas seis profissionais sob o comando de Malfitani. Novos colaboradores serão incorporados e a estrutura de equipamentos também terá de ser ampliada com a alocação de recursos.

Ontem à noite, a discussão na equipe de comunicação de Boulos era se a linha adotada no primeiro turno será mantida com poucos ajustes ou se haverá mudança significativa. A decisão será tomada hoje, em reunião da coordenação da campanha. 

No primeiro turno, a prioridade do PSOL foi no campo digital, onde iniciativas inovadoras e relativamente baratas, como a utilização de uma linguagem informal, bem humorada e ágil fizeram com que o candidato ganhasse forte engajamento espontâneo nas redes sociais, principalmente na faixa etária dos 16 aos 24 anos, os chamados nativos digitais.

Estratégias de campanha de rua como o “Se Vira nos 50”, na qual o candidato responde perguntas de eleitores em até 50 segundos, e “Fala na Lata”, espécie de pegadinha em que Boulos aparece do nada enquanto eleitores falam suas impressões sobre o líder do MTST, devem ser mantidas.

A partir de agora a campanha digital vai dividir a prioridade com a TV que, segundo o Ibope, ainda é o meio mais utilizado pelo eleitorado de baixa renda para se informar sobre a eleição, citada por 55% dos entrevistados que ganham até um salário mínimo. 

Em outro flanco, o PSOL vai buscar apoio das outras forças de esquerda para montar uma frente contra Covas. Já foram iniciadas conversas com o PT, PC do B, Rede e PDT. O partido de Boulos acha difícil conseguir apoio do PSB devido à proximidade de Marcio França com o PSDB, mas a direção nacional do partido também será procurada. No PSOL, há resistência de alguns setores sobre a possível participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha – no começo da madrugada o candidato petista Jilmar Tatto escreveu no Twitter que Boulos poderia contar com “a valente militância para virar o jogo em São Paulo”. O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também declarou apoio a Boulos pela rede social. 

Boulos disse que trabalhará por alianças. “Pretendo telefonar para candidatos progressistas. Não fiz isso ainda porque os resultados não estão consolidados. O que a gente precisa construir é uma frente contra a desigualdade e a injustiça social em São Paulo.” 

Voto

O candidato do PSOL votou às 10h40 na PUC, em Perdizes. Em rápida fala a jornalistas, Boulos disse que em um segundo turno, com paridade de tempo no horário eleitoral e debates em todas as grandes redes de TV, terá mais condições de virar o resultado das pesquisas, que apontam o favoritismo do candidato à reeleição. 

“Chegamos até aqui em segundo lugar nas pesquisas com 17 segundos na TV, sem apoio da máquina dos governos federal e estadual e só com engajamento de gente de verdade, sem robôs, sem fake news. Imagine no segundo turno quando 17 segundos virarem 10 minutos todo dia, com debate em todas as grandes redes de TV, olho no olho”, disse.

A exemplo do que tinha feito no sábado, Boulos ressaltou que sua campanha representava um resgate na forma de disputar eleições, sem grandes estruturas financeiras nem de marketing. “Se a gente puder avaliar o que foram estes meses, além de apresentar um projeto novo e ousado para São Paulo, com foco nas periferias, está sendo um resgate de um jeito de fazer política com esperança, sonho, princípios”, disse o candidato.

Depois de votar, Boulos foi para casa, no Jardim Catanduva, bairro do distrito de Campo Limpo. Ele passou o dia com a mulher, Natalia Szermeta, coordenadora do MTST, e as filhas Laura e Sofia, de 9 e 10 anos, além de integrantes mais próximos de sua equipe de campanha, candidatos a vereador e dirigentes do PSOL como o deputado Ivan Valente (SP).

O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, disse que a sua chegada ao segundo turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo é o início “da derrota do bolsonarismo”. Com 99,67% dos votos apurados, Boulos se mantinha em segundo lugar, com 20,24% dos votos válidos, à frente de Márcio França, com 13,65%. Ele deve disputar o segundo turno com o prefeito Bruno Covas (PSDB).

“Não é só uma eleição, estamos falando do projeto de uma geração. Isso sinaliza o começo da derrota do bolsonarismo”, disse o candidato, antes mesmo do término da apuração. “Se confirmando os resultados, nós derrotamos o Bolsonaro no primeiro turno e agora vamos derrotar o Doria”, disse ao se referir a Celso Russomanno (Republicanos), que teve o apoio do presidente, e o governador João Doria (PSDB), aliado de Covas. 

“Em 2018 as pessoas votaram com ódio. Vimos até foto de gente usando cano de arma para apertar o botão da urna. Hoje em São Paulo a gente viu um voto de esperança”, afirmou. Ele rebateu a declaração de Covas de que “a esperança vai vencer o radicalismo” em São Paulo. “Eu vi a declaração do Bruno de que a disputa seria da ponderação contra o radicalismo. A disputa não é essa. Ele está errado. A disputa é da mesmice com a esperança.”

Boulos disputará o segundo turno com o prefeito Bruno Covas (PSDB) Foto: Taba Benedicto/Estadão

No segundo turno, Boulos terá como principal desafio se tornar mais conhecido, principalmente do eleitor para quem seu discurso é direcionado: o morador da periferia. O desconhecimento por parte dessa camada da população foi considerado o maior entrave da candidatura do PSOL no primeiro turno em São Paulo.

Até ontem Boulos dispunha de apenas 17 segundos nos blocos e dois comerciais por dia no horário eleitoral de rádio e TV. No segundo turno, os dois candidatos terão o mesmo tempo. Pelos cálculos da campanha de Boulos, o candidato teve 80 comerciais no primeiro turno contra 900 de Covas. “No primeiro turno eles tinham 11 jogadores e a gente quatro”, disse o marqueteiro Chico Malfitani. 

A primeira iniciativa da campanha será aumentar a equipe responsável pelos programas de TV, até ontem formada por apenas seis profissionais sob o comando de Malfitani. Novos colaboradores serão incorporados e a estrutura de equipamentos também terá de ser ampliada com a alocação de recursos.

Ontem à noite, a discussão na equipe de comunicação de Boulos era se a linha adotada no primeiro turno será mantida com poucos ajustes ou se haverá mudança significativa. A decisão será tomada hoje, em reunião da coordenação da campanha. 

No primeiro turno, a prioridade do PSOL foi no campo digital, onde iniciativas inovadoras e relativamente baratas, como a utilização de uma linguagem informal, bem humorada e ágil fizeram com que o candidato ganhasse forte engajamento espontâneo nas redes sociais, principalmente na faixa etária dos 16 aos 24 anos, os chamados nativos digitais.

Estratégias de campanha de rua como o “Se Vira nos 50”, na qual o candidato responde perguntas de eleitores em até 50 segundos, e “Fala na Lata”, espécie de pegadinha em que Boulos aparece do nada enquanto eleitores falam suas impressões sobre o líder do MTST, devem ser mantidas.

A partir de agora a campanha digital vai dividir a prioridade com a TV que, segundo o Ibope, ainda é o meio mais utilizado pelo eleitorado de baixa renda para se informar sobre a eleição, citada por 55% dos entrevistados que ganham até um salário mínimo. 

Em outro flanco, o PSOL vai buscar apoio das outras forças de esquerda para montar uma frente contra Covas. Já foram iniciadas conversas com o PT, PC do B, Rede e PDT. O partido de Boulos acha difícil conseguir apoio do PSB devido à proximidade de Marcio França com o PSDB, mas a direção nacional do partido também será procurada. No PSOL, há resistência de alguns setores sobre a possível participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha – no começo da madrugada o candidato petista Jilmar Tatto escreveu no Twitter que Boulos poderia contar com “a valente militância para virar o jogo em São Paulo”. O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também declarou apoio a Boulos pela rede social. 

Boulos disse que trabalhará por alianças. “Pretendo telefonar para candidatos progressistas. Não fiz isso ainda porque os resultados não estão consolidados. O que a gente precisa construir é uma frente contra a desigualdade e a injustiça social em São Paulo.” 

Voto

O candidato do PSOL votou às 10h40 na PUC, em Perdizes. Em rápida fala a jornalistas, Boulos disse que em um segundo turno, com paridade de tempo no horário eleitoral e debates em todas as grandes redes de TV, terá mais condições de virar o resultado das pesquisas, que apontam o favoritismo do candidato à reeleição. 

“Chegamos até aqui em segundo lugar nas pesquisas com 17 segundos na TV, sem apoio da máquina dos governos federal e estadual e só com engajamento de gente de verdade, sem robôs, sem fake news. Imagine no segundo turno quando 17 segundos virarem 10 minutos todo dia, com debate em todas as grandes redes de TV, olho no olho”, disse.

A exemplo do que tinha feito no sábado, Boulos ressaltou que sua campanha representava um resgate na forma de disputar eleições, sem grandes estruturas financeiras nem de marketing. “Se a gente puder avaliar o que foram estes meses, além de apresentar um projeto novo e ousado para São Paulo, com foco nas periferias, está sendo um resgate de um jeito de fazer política com esperança, sonho, princípios”, disse o candidato.

Depois de votar, Boulos foi para casa, no Jardim Catanduva, bairro do distrito de Campo Limpo. Ele passou o dia com a mulher, Natalia Szermeta, coordenadora do MTST, e as filhas Laura e Sofia, de 9 e 10 anos, além de integrantes mais próximos de sua equipe de campanha, candidatos a vereador e dirigentes do PSOL como o deputado Ivan Valente (SP).

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