Campanhas políticas na Bahia têm ‘guerra de garrafas’, aglomerações e menos teste de covid-19


Em Ribeira do Pombal, no nordeste da Bahia, dez pessoas ficaram feridas em confronto entre grupos adversários

Por Daniel Aloísio
Atualização:

SALVADOR – Uma guerra de garrafas tomou conta da principal avenida de Ribeira do Pombal, cidade localizada no nordeste da Bahia, no último fim de semana. Centenas de partidários dos candidatos Eriksson (PSD), apoiado pelo atual prefeito Ricardo Maia (PSD), e Nay de Zé Grilo (Progressistas) se encontraram na Avenida Oliveira Brito, conhecida como Passarela do Álcool, e arremessaram garrafas uns contra os outros. No total, segundo estimativas não-oficiais, dez pessoas ficaram feridas.

Vídeosmostramobjetos sendo arremessados para cima Foto: Reprodução
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Vídeos que circularam nas redes sociais mostram que os objetos eram arremessados para cima. “Parecia uma chuva de garrafas. Eu mesmo levei uma na cabeça, mas felizmente não houve corte”, disse o auditor ambiental Rodrigo Matos, de 32 anos. Ele faz parte de um dos grupos políticos e estava no local com amigos, como o engenheiro Ricardo Macedo, de 28 anos, que teve a canela cortada por estilhaços de vidro. “Foi uma coisa horrível. Não esperávamos isso. São pessoas conhecidas, amigos, de uma cidade pequena, que estavam se agredindo desse jeito, colocando a vida de crianças e idosos em risco”, desabafou Ricardo. Não é possível afirmar quem começou o confronto. 

Segundo testemunhas, os grupos bebiam em bares diferentes da Passarela do Álcool desde o meio-dia da última sexta-feira, 23, e se encontraram durante dois momentos: a primeira vez, às 18h30, com ofensas verbais sendo deferidas e, depois, às 21h, com o que veio a se tornar a chuva de garrafas. 

Um dia depois do ato, o juiz eleitoral Paulo Henrique Santos Santana proibiu a realização de qualquer ato presencial de campanha em Ribeira do Pombal e na vizinha Banzaê. Isso fez com que o grupo político de Nay de Zé Grilo cancelasse um evento que iria realizar no domingo, 25, no distrito Vila Rodrigues, conhecido como Barrocão

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Mesmo assim, pessoas foram para o local, como os jovens Ricardo Macedo e Rodrigo Matos. A Polícia Militar da Bahia (PM-BA), no entanto, interveio e moradores acusaram os policiais de terem jogado spray de pimenta para dispersá-los. “Nessa hora, tinha gente dos dois lados políticos, mas sem confusão. Muitas crianças e idosos passaram mal”, disse Ricardo. 

Em nota, a PM negou ter usado o spray de pimenta. Disse que uma guarnição flagrou uma aglomeração de veículos e pessoas, de cunho político, descumprindo a determinação judicial. “Ao passarem pela multidão, os policiais militares foram hostilizados com vaias e palavras de baixo calão pelo público presente. A PM iniciou a negociação com alguns líderes do grupo para o encerramento do evento, porém, como não houve sucesso, foi necessário o uso escalonado da força para dispersar as pessoas, sem utilizar spray de pimenta”, afirmaram.

Imagens que foram compartilhadas nas redes sociais mostram o momento em que policiais jogam um spray nas pessoas, que logo depois começam a tossir e lacrimejar.

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Atos em outros municípios

Ribeira do Pombal não está sozinha ao registrar aglomerações políticas. Nesse mesmo fim de semana, Cipó, Jussiape, Érico Cardoso e Banzaê também tiveram atos que não respeitavam as medidas de distanciamento social ou sequer o uso de máscaras de proteção. Desde o início da campanha eleitoral, em 27 de setembro, cenas de eventos com aglomerações surgem de diversas cidades. Na Bahia, um decreto estadual proíbe a realização de qualquer evento presencial com mais de 100 pessoas.

Mesmo com essa realidade preocupante, segundo a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), algumas cidades têm reduzido a quantidade de testes RT-PCR realizados nos seus habitantes. Só em Lagoa Real, cidade de 16 mil moradores, localizada no centro-sul baiano, a queda no número de testes feitos foi de 90%, passando de 41 exames, entre 14 e 30 de setembro para apenas 4 nos 16 primeiros dias de outubro. 

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Segundo o secretário Fábio Vilas-Boas, as cidades podem estar se recusando a aplicar testes com receio do efeito eleitoral negativo que isso poderia causar. “As cidades não estão manifestando interesse. Por isso, a gente reduziu o volume de testes realizados”, justificou o titular da Sesab. Essa redução foi de 40%: antes eram feitos 5 mil testes por dia, que é a capacidade máxima. Hoje, o número está por volta de 3 mil testes diários.

Sesab também emitiu uma nota técnica ao Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) solicitando a proibição de comícios, passeatas e caminhadas. Para o órgão, o único ato político que pode ser realizado é a carreata, se não tiver pessoas acompanhando a pé durante o percurso.

Em resposta, o TRE-BA afirmou que os juízes eleitorais, de ofício ou por provocação, no exercício do poder de polícia, devem coibir atos de campanha que violem as regulamentações sanitárias, podendo fazer uso, inclusive, do auxílio de força policial, se necessário. “Os atos de campanha que provocarem aglomeração irregular de pessoas e não respeitarem as medidas sanitárias obrigatórias serão enquadrados como crime de desobediência nos termos do artigo 347 do Código Eleitoral”, informou a nota. 

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Por causa dessas aglomerações políticas, aliadas à flexibilização das medidas de isolamento social, o Comitê Científico do Consórcio Nordeste fez um alerta de que a região pode viver uma segunda onda de covid-19 nos próximos meses. “Há um risco real de que tenhamos um fluxo de portadores do Sar-cov-2, até de cepas diferentes das que aqui prevalecem”, alertou Miguel Nicolelis, neurocientista e um dos coordenadores do comitê.

SALVADOR – Uma guerra de garrafas tomou conta da principal avenida de Ribeira do Pombal, cidade localizada no nordeste da Bahia, no último fim de semana. Centenas de partidários dos candidatos Eriksson (PSD), apoiado pelo atual prefeito Ricardo Maia (PSD), e Nay de Zé Grilo (Progressistas) se encontraram na Avenida Oliveira Brito, conhecida como Passarela do Álcool, e arremessaram garrafas uns contra os outros. No total, segundo estimativas não-oficiais, dez pessoas ficaram feridas.

Vídeosmostramobjetos sendo arremessados para cima Foto: Reprodução

Vídeos que circularam nas redes sociais mostram que os objetos eram arremessados para cima. “Parecia uma chuva de garrafas. Eu mesmo levei uma na cabeça, mas felizmente não houve corte”, disse o auditor ambiental Rodrigo Matos, de 32 anos. Ele faz parte de um dos grupos políticos e estava no local com amigos, como o engenheiro Ricardo Macedo, de 28 anos, que teve a canela cortada por estilhaços de vidro. “Foi uma coisa horrível. Não esperávamos isso. São pessoas conhecidas, amigos, de uma cidade pequena, que estavam se agredindo desse jeito, colocando a vida de crianças e idosos em risco”, desabafou Ricardo. Não é possível afirmar quem começou o confronto. 

Segundo testemunhas, os grupos bebiam em bares diferentes da Passarela do Álcool desde o meio-dia da última sexta-feira, 23, e se encontraram durante dois momentos: a primeira vez, às 18h30, com ofensas verbais sendo deferidas e, depois, às 21h, com o que veio a se tornar a chuva de garrafas. 

Um dia depois do ato, o juiz eleitoral Paulo Henrique Santos Santana proibiu a realização de qualquer ato presencial de campanha em Ribeira do Pombal e na vizinha Banzaê. Isso fez com que o grupo político de Nay de Zé Grilo cancelasse um evento que iria realizar no domingo, 25, no distrito Vila Rodrigues, conhecido como Barrocão

Mesmo assim, pessoas foram para o local, como os jovens Ricardo Macedo e Rodrigo Matos. A Polícia Militar da Bahia (PM-BA), no entanto, interveio e moradores acusaram os policiais de terem jogado spray de pimenta para dispersá-los. “Nessa hora, tinha gente dos dois lados políticos, mas sem confusão. Muitas crianças e idosos passaram mal”, disse Ricardo. 

Em nota, a PM negou ter usado o spray de pimenta. Disse que uma guarnição flagrou uma aglomeração de veículos e pessoas, de cunho político, descumprindo a determinação judicial. “Ao passarem pela multidão, os policiais militares foram hostilizados com vaias e palavras de baixo calão pelo público presente. A PM iniciou a negociação com alguns líderes do grupo para o encerramento do evento, porém, como não houve sucesso, foi necessário o uso escalonado da força para dispersar as pessoas, sem utilizar spray de pimenta”, afirmaram.

Imagens que foram compartilhadas nas redes sociais mostram o momento em que policiais jogam um spray nas pessoas, que logo depois começam a tossir e lacrimejar.

Atos em outros municípios

Ribeira do Pombal não está sozinha ao registrar aglomerações políticas. Nesse mesmo fim de semana, Cipó, Jussiape, Érico Cardoso e Banzaê também tiveram atos que não respeitavam as medidas de distanciamento social ou sequer o uso de máscaras de proteção. Desde o início da campanha eleitoral, em 27 de setembro, cenas de eventos com aglomerações surgem de diversas cidades. Na Bahia, um decreto estadual proíbe a realização de qualquer evento presencial com mais de 100 pessoas.

Mesmo com essa realidade preocupante, segundo a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), algumas cidades têm reduzido a quantidade de testes RT-PCR realizados nos seus habitantes. Só em Lagoa Real, cidade de 16 mil moradores, localizada no centro-sul baiano, a queda no número de testes feitos foi de 90%, passando de 41 exames, entre 14 e 30 de setembro para apenas 4 nos 16 primeiros dias de outubro. 

Segundo o secretário Fábio Vilas-Boas, as cidades podem estar se recusando a aplicar testes com receio do efeito eleitoral negativo que isso poderia causar. “As cidades não estão manifestando interesse. Por isso, a gente reduziu o volume de testes realizados”, justificou o titular da Sesab. Essa redução foi de 40%: antes eram feitos 5 mil testes por dia, que é a capacidade máxima. Hoje, o número está por volta de 3 mil testes diários.

Sesab também emitiu uma nota técnica ao Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) solicitando a proibição de comícios, passeatas e caminhadas. Para o órgão, o único ato político que pode ser realizado é a carreata, se não tiver pessoas acompanhando a pé durante o percurso.

Em resposta, o TRE-BA afirmou que os juízes eleitorais, de ofício ou por provocação, no exercício do poder de polícia, devem coibir atos de campanha que violem as regulamentações sanitárias, podendo fazer uso, inclusive, do auxílio de força policial, se necessário. “Os atos de campanha que provocarem aglomeração irregular de pessoas e não respeitarem as medidas sanitárias obrigatórias serão enquadrados como crime de desobediência nos termos do artigo 347 do Código Eleitoral”, informou a nota. 

Por causa dessas aglomerações políticas, aliadas à flexibilização das medidas de isolamento social, o Comitê Científico do Consórcio Nordeste fez um alerta de que a região pode viver uma segunda onda de covid-19 nos próximos meses. “Há um risco real de que tenhamos um fluxo de portadores do Sar-cov-2, até de cepas diferentes das que aqui prevalecem”, alertou Miguel Nicolelis, neurocientista e um dos coordenadores do comitê.

SALVADOR – Uma guerra de garrafas tomou conta da principal avenida de Ribeira do Pombal, cidade localizada no nordeste da Bahia, no último fim de semana. Centenas de partidários dos candidatos Eriksson (PSD), apoiado pelo atual prefeito Ricardo Maia (PSD), e Nay de Zé Grilo (Progressistas) se encontraram na Avenida Oliveira Brito, conhecida como Passarela do Álcool, e arremessaram garrafas uns contra os outros. No total, segundo estimativas não-oficiais, dez pessoas ficaram feridas.

Vídeosmostramobjetos sendo arremessados para cima Foto: Reprodução

Vídeos que circularam nas redes sociais mostram que os objetos eram arremessados para cima. “Parecia uma chuva de garrafas. Eu mesmo levei uma na cabeça, mas felizmente não houve corte”, disse o auditor ambiental Rodrigo Matos, de 32 anos. Ele faz parte de um dos grupos políticos e estava no local com amigos, como o engenheiro Ricardo Macedo, de 28 anos, que teve a canela cortada por estilhaços de vidro. “Foi uma coisa horrível. Não esperávamos isso. São pessoas conhecidas, amigos, de uma cidade pequena, que estavam se agredindo desse jeito, colocando a vida de crianças e idosos em risco”, desabafou Ricardo. Não é possível afirmar quem começou o confronto. 

Segundo testemunhas, os grupos bebiam em bares diferentes da Passarela do Álcool desde o meio-dia da última sexta-feira, 23, e se encontraram durante dois momentos: a primeira vez, às 18h30, com ofensas verbais sendo deferidas e, depois, às 21h, com o que veio a se tornar a chuva de garrafas. 

Um dia depois do ato, o juiz eleitoral Paulo Henrique Santos Santana proibiu a realização de qualquer ato presencial de campanha em Ribeira do Pombal e na vizinha Banzaê. Isso fez com que o grupo político de Nay de Zé Grilo cancelasse um evento que iria realizar no domingo, 25, no distrito Vila Rodrigues, conhecido como Barrocão

Mesmo assim, pessoas foram para o local, como os jovens Ricardo Macedo e Rodrigo Matos. A Polícia Militar da Bahia (PM-BA), no entanto, interveio e moradores acusaram os policiais de terem jogado spray de pimenta para dispersá-los. “Nessa hora, tinha gente dos dois lados políticos, mas sem confusão. Muitas crianças e idosos passaram mal”, disse Ricardo. 

Em nota, a PM negou ter usado o spray de pimenta. Disse que uma guarnição flagrou uma aglomeração de veículos e pessoas, de cunho político, descumprindo a determinação judicial. “Ao passarem pela multidão, os policiais militares foram hostilizados com vaias e palavras de baixo calão pelo público presente. A PM iniciou a negociação com alguns líderes do grupo para o encerramento do evento, porém, como não houve sucesso, foi necessário o uso escalonado da força para dispersar as pessoas, sem utilizar spray de pimenta”, afirmaram.

Imagens que foram compartilhadas nas redes sociais mostram o momento em que policiais jogam um spray nas pessoas, que logo depois começam a tossir e lacrimejar.

Atos em outros municípios

Ribeira do Pombal não está sozinha ao registrar aglomerações políticas. Nesse mesmo fim de semana, Cipó, Jussiape, Érico Cardoso e Banzaê também tiveram atos que não respeitavam as medidas de distanciamento social ou sequer o uso de máscaras de proteção. Desde o início da campanha eleitoral, em 27 de setembro, cenas de eventos com aglomerações surgem de diversas cidades. Na Bahia, um decreto estadual proíbe a realização de qualquer evento presencial com mais de 100 pessoas.

Mesmo com essa realidade preocupante, segundo a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), algumas cidades têm reduzido a quantidade de testes RT-PCR realizados nos seus habitantes. Só em Lagoa Real, cidade de 16 mil moradores, localizada no centro-sul baiano, a queda no número de testes feitos foi de 90%, passando de 41 exames, entre 14 e 30 de setembro para apenas 4 nos 16 primeiros dias de outubro. 

Segundo o secretário Fábio Vilas-Boas, as cidades podem estar se recusando a aplicar testes com receio do efeito eleitoral negativo que isso poderia causar. “As cidades não estão manifestando interesse. Por isso, a gente reduziu o volume de testes realizados”, justificou o titular da Sesab. Essa redução foi de 40%: antes eram feitos 5 mil testes por dia, que é a capacidade máxima. Hoje, o número está por volta de 3 mil testes diários.

Sesab também emitiu uma nota técnica ao Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) solicitando a proibição de comícios, passeatas e caminhadas. Para o órgão, o único ato político que pode ser realizado é a carreata, se não tiver pessoas acompanhando a pé durante o percurso.

Em resposta, o TRE-BA afirmou que os juízes eleitorais, de ofício ou por provocação, no exercício do poder de polícia, devem coibir atos de campanha que violem as regulamentações sanitárias, podendo fazer uso, inclusive, do auxílio de força policial, se necessário. “Os atos de campanha que provocarem aglomeração irregular de pessoas e não respeitarem as medidas sanitárias obrigatórias serão enquadrados como crime de desobediência nos termos do artigo 347 do Código Eleitoral”, informou a nota. 

Por causa dessas aglomerações políticas, aliadas à flexibilização das medidas de isolamento social, o Comitê Científico do Consórcio Nordeste fez um alerta de que a região pode viver uma segunda onda de covid-19 nos próximos meses. “Há um risco real de que tenhamos um fluxo de portadores do Sar-cov-2, até de cepas diferentes das que aqui prevalecem”, alertou Miguel Nicolelis, neurocientista e um dos coordenadores do comitê.

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