Saúde, educação, emprego, economia e segurança estão entre os termos mais buscados no Google durantes as eleições 2018, de acordo com dados da plataforma Google Trends. Os candidatos ao Governo de São Paulo João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB), que avançaram para o segundo turno, apresentam metas para cada uma dessas áreas em seus planos de governo, que devem ser implementados caso sejam eleitos.
O candidato tucano foi mais econômico em suas propostas: o plano de Doria para as eleições de 2018 conta com 21 páginas, frente às 68 páginas de seu concorrente. Veja a seguir uma comparação entre os dois planos de governo nas propostas dos temas mais buscados.
Caso queira ver o PDF do programa completo de cada um, clique aqui:
Plano de governo - Márcio França
Plano de Governo para Educação
João Doria. O plano de governo do ex-prefeito de São Paulo não enumera um plano de ações para a educação do Estado, mas traz quatro metas principais. São elas: educação integral, uma nova escola, políticas governamentais que deem continuidade aos estudos e alfabetização de crianças até sete anos de idade. Essa última medida já uma prioridade dentre os objetivos da Secretaria de Educação estadual. No restante do país, a idade máxima é 8 anos.
O documento de Doria submetido ao TSE define que a educação integral será voltada a habilitar crianças e jovens para o novo "mercado de trabalho 4.0" -isto é, a adoção cada vez maior de inovações de automação e controle de informação.
A "nova escola" definida pelo candidato tucano consiste em professores valorizados e gestão voltada a alcançar metas educativas. Sobre a continuidade dos estudos, o plano afirma compromisso em ir além do ensino médio, possibilitando acesso aos ensinos técnico e profissional, faculdades e universidades.
Sobre a última meta, a alfabetização de crianças até 7 anos de idade, o plano diz que isso é uma dívida educacional do passado e uma realidade que não cabe para os dias de hoje.
Márcio França. Já as propostas do atual governador para educação tratam da revitalização da escola pública. Isso é resumido em três pontos: devolver a dignidade dos professores, incrementar o ensino e trazer qualidade social.
Assim como Doria, França também coloca como metas a educação em tempo integral, habilitação para a nova revolução tecnológica, formação técnico-profissional para alunos de ensino médio e alfabetização de crianças até os sete anos.
Ao todo, o plano do candidato do PSB traz 32 propostas em tópicos. A maioria diz respeito aos professores e à gestão das escolas. Formação continuada dos educadores, melhorar a condição de trabalho para prevenir doenças profissionais nos professores e aumentar a segurança nas escolas estão entre as ideias apresentadas.
Ampliar a rede de creches em conjunto com o Governo Federal e garantir a permanência de pessoas com deficiência na rede estadual também são pontos levantados. Para alcançar o primeiro, é sugerido o repasse dos prédios ociosos do Estado.
Plano de Governo para Saúde
João Doria. O tucano coloca que saúde é uma das prioridades de seu eventual governo. Mas, assim como acontece na área de educação, o plano também não traz muitos detalhes sobre formas de implementação. As propostas são resumidas em dois pontos: apoio às ações de assistência e a manutenção dos serviços do Estado.
O caminho para isso, segundo o programa, é fortalecer a rede de hospitais de São Paulo e apoiar os municípios, principalmente nos atendimentos mais complexos. Adotar recursos mais atualizados de tecnologia da informação e comunicação é visto como um meio necessário para melhora da saúde.
O ex-prefeito de São Paulo também propõe integrar em rede os hospitais próprios do Estado, aqueles dirigidos pelas Organizações Sociais de Saúde e as Santas Casas conveniadas. Além disso, fala em incrementar os Ambulatórios Médicos de Especialidades com novos serviços, sem especificar quais.
Também é mencionada a continuidade de projetos já existentes do governo, como o Dose Certa - que fornece medicamentos a municípios com população inferior a 270 mil habitantes - e os Institutos, como o Butantan e o Pasteur.
Doria também aproveita para elogiar a própria administração na Prefeitura. Afirma que irá apoiar a atenção básica dos municípios ao orientá-los a "reproduzir programas vitoriosos da nossa gestão municipal”. São citados Corujão da Saúde, Dr. Saúde de Carretas, Projeto Redenção, entre outros. Sobre o Corujão, a ação zerou a fila de atendimentos, mas não conseguiu diminuir o tempo de espera médio para realizar exames de imagem.
Márcio França. A proposta principal do atual governador do Estado é fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), em parceria com os municípios e a União. O plano apresenta 29 tópicos com esse foco.
O programa coloca que o envelhecimento da população é um desafio da saúde para os próximos anos, já que o aumento da longevidade faz crescer a incidência de doenças crônicas. Dessa forma, França escreve que, para além de atendimentos hospitalares e ambulatoriais, é importante pensar em prevenção.
Por conta disso, são abordados assuntos bastante diversos relacionados à saúde, que vão de vigilância sanitária ao estímulo de atividade física. Das 29 metas apresentadas, pouco menos da metade diz respeito à melhoria do atendimento hospitalar de forma direta.
Nesses 13 pontos relacionados à assistência direta, há temas bastante gerais - como modernizar os hospitais de São Paulo, humanizar os serviços, valorizar os profissionais da área - e outros mais específicos. Ampliar o tratamento de infecções sexualmente transmissíveis, Aids e os locais especializados em saúde mental estão entre eles.
As outras propostas são, em sua maioria, voltadas à prevenção. E, mais uma vez, os assuntos tratados são variados. Uma delas fala da prevenção de gravidez na adolescência em escolas e associações comunitárias, outra aborda a obesidade infantil. Dois tópicos são especificamente voltados a idosos e um fala sobre rever o Código Sanitário Estadual, revisitado pela última vez em 1998.
Assim como Doria, França também fala de ações voltadas a Santas Casas, auxílio aos municípios, distribuição de remédios e ao Instituto Butantan, especificamente.
Dentro do foco de fortalecer o SUS, o candidato do PSB propõe expandir o Programa de Saúde da Família. A ação, que foi criada em 1994 pelo Governo Federal, não tem mais esse nome desde 2011. Atualmente, chama-se Estratégia de Saúde da Família. O projeto visa a promover a qualidade de vida e intervir em fatores de risco, como má alimentação e uso de tabaco.
Plano de Governo para Segurança Pública
João Doria. O plano tucano de governo começa elogiando os avanços da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Estado. Doria escreve que a redução no número de homicídios de São Paulo é uma das mais bem sucedidas experiências mundiais de redução de mortes. Nesse quesito, compara o nível de sucesso na redução de homicídios a Nova York e a Bogotá, capital da Colômbia, porém não cita número desses dois. O programa também não especifica se Nova York, no caso, se refere ao Estado ou à cidade.
Além disso, o programa também congratula o Regime Disciplinar Diferenciado, que vigora desde 2003. A medida permite que o detento condenado ou temporariamente recluso seja mantido em cela individual 22 horas por dia. No documento, consta que ação é destinada a líderes de organizações criminosas.
Segurança Pública (assim como Economia, mais à frente) são os temas, entre os analisados no programa do candidato do PSDB, que apresentam propostas mais específicas e de maneira organizada. A primeira das cinco frisa repetir o sucesso no combate ao crime organizado e aumentar a integração operacional, com a adoção de banco de dados e sistema compartilhados.
Os demais pontos falam de valorizar e redistribuir os policiais, enfrentar crimes contra a mulher, e apoiar a aproximação com as Guardas Municipais. A última proposta trata do aumento de vagas nas penitenciárias, também com as parcerias público-privadas (PPDs), para que o detento trabalhe para permitir a sua reinserção na sociedade e diminuir a reincidência.
Márcio França. O plano do candidato ao governo do PSB para segurança pública e administração penitenciária começa definindo a violência como um problema complexo. O programa aponta que as causas do fenômeno são várias: desemprego, concentração de renda, exclusão social, crime organizado, entre outros. Para França, impunidade, lentidão da justiça, corrupção policial e crise do sistema penitenciário são fatores que pioram o quadro.
Como solução, o documento coloca que é necessário atacar tanto as causas sociais, quanto melhorar o sistema prisional, judicial e policial. São, então, apresentadas 26 metas. Assim como Doria, o candidato também trata da valorização e integração de policiais, banco de dados, aumento de vagas, ações voltadas a mulher einserção do detento do mercado de trabalho - embora, neste último, não seja por meio das PPDs.
Sobre novas vagas, o atual governador as menciona indiretamente ao tratar da criação de Centros de Detenção Provisória e da construção de presídios específicos para cumprimento de penas no regime semiaberto.
Das 26 metas, duas falam especificamente de crimes contra mulher e uma delas aborda o assunto em conjunto. O atendimento respeitoso e o acolhimento humanitário nas delegacias são levantados em duas dessas.
O primeiro ponto trata de priorizar o Serviço de Inteligência Policial, com ações coordenadas entre as esferas federal, estadual e municipal, sem mencionar como integrá-las. Outra questão levantada é o combate à corrupção na polícia, por meio do aperfeiçoando os mecanismos de controle interno. O combate à pedofilia e à pornografia infantojuvenil também são colocados em meta específica.
Plano de Governo para Economia
João Doria. Apesar de citar medidas econômicas de forma indireta em outros tópicos, como em Agricultura e transportes, o plano de governo de Doria fala mais claramente do tema nas seções Economia criativa e Economia e gestão.
Gestão. Foi neste mote que o candidato ao governo do PSDB calcou sua campanha vencedora à Prefeitura de São Paulo em 2016. No programa de governo atual, ele começa tratando da dificuldade em manter o orçamento do Estado equilibrado. Aponta que há resistência em aumentar as receitas e rigidez das despesas públicas.
Para não onerar o cidadão e os cofres públicos, o candidato propõe medidas como incentivar o desenvolvimento da atividade econômica, gerar empregos, simplificar a abertura de empresas, estimular o empreendedorismo, intensificar o uso de parcerias com o setor privado, atração de capital estrangeiro e racionalização de recursos públicos.
Sobre economia criativa, Doria afirma que é uma das grandes estratégias de crescimento socioeconômico. Acrescenta que o método já é muito adotado em países desenvolvidos.
Assim, o ex-prefeito propõe o programa Cidades Criativas, com políticas compartilhadas com a gestão estadual. Fortalecer a indústria criativa local e aumentar a competitividade e “eficiência da economia paulista” são apontados como objetivos.
Além disso, escreve que a indústria criativa é vital para a organização das atividades empreendedoras principalmente de negros, jovens e mulheres.
Márcio França. Assim como Doria, o candidato ao governo do PSB fala de economia em alguns tópicos, como Ciência e tecnologia ou Trabalho e renda. De forma bastante direta, o assunto é tratado em Desenvolvimento sustentável e, assim como o tucano, em Economia criativa.
No primeiro, França ressalta a força econômica de São Paulo no país. No entanto, escreve que a agropecuária e a construção civil, dois setores paulistas, perderam peso na economia nacional. Para estimular a economia do Estado nesse cenário de recessão, o candidato do PSB que passou ao segundo turno defende o desenvolvimento sustentável, com responsabilidade ambiental, geração de riqueza e o desenvolvimento social.
O plano do atual governador define economia criativa de forma mais específica que o de seu concorrente no segundo turno. Ele cita design tecnológico industria, artesanato de qualidade, produção cinematográfica, teatral, musical e de dança e criação de softwares e de robôs como segmentos criativos em ascensão. Também fala do uso intensivo de tecnologia que precisará ser explorado.
Em seguida, apresenta 17 metas relacionadas a esses assuntos, como fortalecer marcas paulistas no mercado internacional, reduzir - com incentivos - a informalidade da economia e dar apoio à transformação digital das empresas.
Plano de Governo para Emprego
João Doria. O candidato escreve sobre emprego no início do seu plano e nas seções de Empreendedorismo e Agricultura. A criação de mais empregos e oportunidades em todas as regiões do Estado é classificado como o principal compromisso do eventual governo tucano.
Para gerar trabalho, são propostos apoio ao empreendedorismo, atração de capitais para economia de São Paulo, estímulo especialmente para micro e pequenas empresas e amplo programa de desestatização.
Doria escreve que a agricultura gera quase 2 milhões de empregos formais no Estado e estabelece como meta o fomento ao setor.
No tópico de Empreendedorismo, fala que as empresas inovadoras lucram mais e empregam com melhores salários. Assim, confirma a necessidade de incentivar start-ups e incubadoras de empresas, porém não menciona ações específicas.
Márcio França. O candidato ao governo nas eleições 2018 cita a palavra "trabalho" por todo seu programa, principalmente em relação à inclusão e promoção da igualdade de certos grupos no mercado. Ações pontuais são previstas para jovens, negros, pessoas com deficiência, idosos e mulheres - este último com a menção ao mesmo salário para mesma função.
Além disso, há uma seção especializada em emprego e renda. Nessa, políticas públicas que reduzam as desigualdades sociais e estímulo iniciativas de empreendedorismo são a prioridade. Entre as 19 ações apresentadas, há algumas voltadas ao apoio a micro e pequenas empresas e agricultura familiar.