Eleições 2020: veja quem são os candidatos a prefeito no RJ


Catorze candidaturas foram confirmadas para as eleições à prefeitura do Rio de Janeiro; confira a lista completa

Por Caio Sartori e Wilson Tosta

RIO - A dois meses do primeiro turno das eleições municipais de 2020, em 15 de novembro, catorze candidatos foram confirmados para concorrer à prefeitura do Rio. O quadro é de possível nacionalização da disputa, mesmo que o presidente Jair Bolsonaro tenha dito que não vai interferir nas eleições, ao menos do primeiro turno. 

Marcelo Crivella (PRB), Martha Rocha (PDT) e Eduardo Paes (DEM) Foto: Gabriela Biló/Estadão, Rafael Wallace/Alerj e José Lucena/Futura Press
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O Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) confirmou a decisão de tornar o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) inelegível até 2026 em 24 de setembro. Para o tribunal, o prefeito em busca da reeleição está inapto para disputa deste ano, mas a defesa acredita que é possível concorrer enquanto recorre da decisão. 

Enquanto isso, adversários podem impugnar a candidatura baseados no entendimento do TRE. O mandatário é acusado de abuso de poder e prática de conduta vedada. Antes disso, Crivella tentou se aproximar de Bolsonaro, para se viabilizar como candidato de eleitores mais conservadores. O presidente, porém, estava evitando um compromisso que poderia lhe custar votos em 2022.

Em seu esforço para atrair o voto bolsonarista, o atual prefeito conseguiu a filiação de dois filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, ao partido Republicanos.

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Ao centro, mas também buscando apoio do bolsonarismo, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) é um nome forte, que tende a ir ao segundo turno, avaliam adversários. Paes tem se beneficiado com a situação política do Rio, tanto com as más avaliações do governo de Crivella quanto com a falta de um nome forte na esquerda e a desunião dos partidos dessa ala. Tudo isso poderia favorecer o crescimento do fator “saudade” de sua gestão entre os eleitores. O ex-prefeito ainda tem conseguido escapar de um possível desgaste com a Lava Jato, já que foi aliado do ex-governador Sérgio Cabral Filho, que está preso, e ainda há processos tramitando.

No entanto, uma denúncia do Ministério Público Eleitoral pode pôr em xeque a imagem de Paes. A menos de 20 dias do início da campanha, ele virou réu na Justiça Eleitoral por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral.

Pela esquerda, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) chegou a anunciar pré-candidatura para disputar o Executivo carioca pela terceira vez, mas desistiu da corrida em maio. Apesar de ter demonstrado força nas pesquisas e ter ficado em segundo colocado na disputa em 2016, atrás de Crivella no segundo turno, Freixo estava tendo dificuldades para formar uma aliança em torno de sua candidatura. Com a desistência, o PSOL decidiu apostar na deputada estadual Renata Souza.

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Enquanto isso, o PT, que cogitava lançar Benedita da Silva como vice de Freixo, decidiu torná-la sua própria candidata. Evangélica, Benedita tem chance de vencer resistências entre eleitores desse público, decisivo em 2018, mas o partido ficou em baixa no Estado desde quando se aliou a Anthony Garotinho (então no PDT), no início dos anos 2000.

Já o PDT se juntou em uma coligação com o PSB e para lançar a deputada estadual Martha Rocha. Após desistir da aliança com o partido, a Rede o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello como candidato próprio.

Outras oito candidaturas foram oficializadas: Cyro Garcia (PSTU); Clarissa Garotinho (PROS), Glória Heloiza Lima da Silva (PSC), sigla do governador afastado Wilson Witzel e do interino Cláudio Castro; Fernando Bicudo (PTB);  Fred Luz (Novo); Luiz Lima (PSL); Paulo Messina (MDB) e Sued Haidar (PMB).

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Veja abaixo os nomes que estão concorrendo à Prefeitura do Rio:

Benedita da Silva (PT)

O PT decidiu que sua candidata à Prefeitura do Rio é Benedita da Silva, de 78 anos. A deputada federal já tentou o cargo em 1992 e, impulsionada pelo impeachment do presidente Fernando Collor, venceu o primeiro turno. Sob pressão de denúncias contra um dos filhos, perdeu no segundo turno para Cesar Maia, então no PMDB. 

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Foi vice-governadora em 1998 em chapa formada por aliança dos partidos de esquerda e assumiu o governo em abril de 2002, quando o governador Anthony Garotinho renunciou para se candidatar a presidente da República pelo PSB. Benedita foi ministra da Secretaria Especial de Trabalho e Assistência Social no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2018, foi a única deputada federal do PT eleita pelo Rio de Janeiro.

Sua candidatura a prefeita demonstra a dificuldade de renovação do partido. A deputada estadual Enfermeira Rejane, do PCdoB, desistiu de candidatura própria para compor a chapa como vice.

Clarissa Garotinho (PROS)

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Deputada federal Clarissa Garotinho (PROS - RJ) Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Filha dos ex-governadores Rosinha e Anthony Garotinho, a deputada federal Clarissa Garotinho tenta cavar um espaço ao centro. Sua possível candidatura representará a sobrevivência da família Garotinho na disputa. 

Clarissa tem criticado a polarização entre direita e esquerda na política brasileira. Afirma que esse embate tem atrapalhado a solução de problemas do País. Apresenta-se como independente: apoiou alguns projetos do governo Bolsonaro na Câmara, mas votou contra a reforma da Previdência, em 2019. No Rio, critica o atual prefeito e o ex-prefeito.

Fernando Bicudo (PTB)

O PTB de Roberto Jefferson, presidente nacional do partido e aliado de Bolsonaro, escolheu Fernando Bicudo como seu candidato. O ex-diretor do Teatro Municipal do Rio foi selecionado depois que a Justiça do Estado optou por manter Cristiane Brasil em prisão preventiva.

Filha de Jefferson, Cristiane era a candidata do PTB e Bicudo seria seu vice na chapa. Ela está presa desde 11 de setembro, acusada de desvios em contratos da Fundação Leão XIII, que é voltada para a assistência social. Não haveria impeditivos legais para a candidatura da ex-deputada, mas o tempo de permanência na cadeia poderia inviabilizar a campanha.

Cyro Garcia (PSTU)

Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense e com histórico no movimento sindical bancário, Cyro Garcia é o presidente do diretório municipal no Rio do PSTU. Concorreu à prefeitura carioca em 2016, quando obteve apenas 0,19% dos votos. Em 2018, foi candidato a senador pelo Rio de Janeiro - não se elegeu, com 0,33% do total de votos válidos. A vice na chapa é a professora Elisa Guimarães.

Eduardo Bandeira de Mello (Rede)

Ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello é o candidato da Rede à prefeitura do Rio de Janeiro. Antes de exercer cargo no clube, de 2013 a 2018, o administrador de formação trabalhou por mais de três décadas no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A ex-vereadora Andrea Gouvêa Vieira, também Rede, é a vice na chapa. Antes de decidir pela candidatura própria, em 15 de setembro, o partido tinha expectativa de formar aliança com a PDT, da candidata Martha Rocha.

Eduardo Paes (DEM)

O ex-prefeitodo Rio, Eduardo Paes Foto: Marcos de Paula/Estadão

Há um consenso entre todos os candidatos a prefeito do Rio: Eduardo Paes desponta como o candidato a ser batido. Seu vice é o presidente municipal do PL, Nilton Caldeira. A candidatura tem o apoio de outros seis partidos: Cidadania, PV, Avante, Democracia Cristã, PL e PSDB.

Os aliados de outros partidos reconhecem a força política do ex-prefeito, que poderia confrontar Crivella com dados efetivos de sua gestão, que se deu num período em que o Rio passou por grandes obras e mudanças urbanísticas.

Entretanto, às vésperas do início da campanha, o Ministério Público Eleitoral acusou Paes de suposto recebimento de propinas de cerca de R$10,8 milhões do Grupo Odebrecht, para financiamento da campanha de reeleição em 2012. O processo pode afetar a imagem pública do candidato.

Com 50 anos e bacharel em Direito, ex-prefeito passou a maior parte de sua trajetória política filiado ao antigo PFL, atual DEM, sigla pela qual foi deputado federal de 1998 a 2002. Em 2003, transferiu-se ao PSDB, concorrendo ao governo do Estado em 2006. Perdeu no primeiro turno e apoiou o governador Sérgio Cabral (MDB) no segundo. 

Em 2007, passou para o MDB, e foi eleito prefeito da capital em 2008, quando venceu o jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira (PV) no segundo turno. O ex-prefeito do Rio foi eleito novamente em 2012, no primeiro turno, ainda pelo MDB.

Em 2018, voltou ao DEM e apesar de derrotado por Witzel na eleição para governador, venceu na capital. O resultado eleitoral do ex-prefeito do Rio foi ruim na periferia da Região Metropolitana e no interior do Estado, que votaram maciçamente no governador afastado.

Fred Luz (Novo)

Formado pela PUC-Rio, foi engenheiro de equipamentos na Petrobrás de 1975 a 1980. Além de ter passado por diversas empresas privadas, atuou na gestão do Flamengo de 2013 a 2018, quando se filiou ao Novo. Integrou a equipe de transição do governador eleito de Minas Gerais, Romeu Zema, da mesma sigla.

O empresário foi oficializado em convenção virtual do Novo. Sua vice na chapa é a bióloga Giselle Gomes, servidora pública do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e doutora em biofísica.

Glória Heloiza (PSC)

Com a ex-juíza, o PSC tenta repetir a estratégia que elegeu Witzel para o governo estadual em 2018. O candidato também abandonou a carreira na magistratura para disputar seu primeiro cargo eletivo e superou políticos tradicionais, como Eduardo Paes e Romário (Podemos). 

Desta vez, a tática pode ser prejudicada pelas denúncias que envolvem o governador afastado e o pastor Everaldo Pereira, que era presidente do PSC até sua recente prisão sob acusação de integrar um esquema de corrupção no governo do Estado do Rio de Janeiro. Witzel deverá perder influência sobre a candidatura do seu partido, após ter afastamento do cargo de 180 dias confirmado pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A candidata de 51 anos atuava, até janeiro, na 2ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da capital. Venceu a disputa interna da sigla contra o deputado federal Otoni de Paula que, embora no mesmo partido, faz oposição a Witzel e defende a família Bolsonaro.

Luiz Lima (PSL)

O deputado federal e ex-nadador olímpico Luiz Lima é o candidato a prefeito do Rio pelo PSL. A vice na chapa é a advogada Flávia Ribeiro dos Santos, do mesmo partido.

De 2016 a 2017, Lima exerceu o cargo de Secretário Nacional de Esportes de Alto Rendimento. No ano seguinte, se candidatou a deputado federal e foi eleito com 115 mil votos. Em aliança com o PSD, o delegado Fernando Veloso é o indicado do partido para compor a chapa como vice.

Marcelo Crivella (PRB)

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, anunciou o pagamento do 13º dos funcionários Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), o prefeito Marcelo Crivella assumiu a cidade em contexto de ressaca dos grandes eventos. Sua gestão descreveu uma curva decrescente de popularidade: 40% de ruim e péssimo em outubro de 2017, 61% em março de 2018 e 72% em dezembro de 2019. A candidatura foi oficializada quatro dias após um processo de impeachment por improbidade administrativa contra o prefeito ser rejeitado. Conta com apoio dos partidos Patriota, Progressistas, Solidariedade, Podemos, PTC e PRTB. Sua vice é a tenente-coronel Andréa Firmo, também do Republicanos.

Crivella tem articulado nos bastidores para chegar forte à disputa pela reeleição. Usou o episódio da Bienal do Livro, considerado censura pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para aparecer no noticiário e reforçar um posicionamento conservador.

No final de agosto, a TV Globo denunciou esquema de funcionários da prefeitura - chamados de “Guardiões de Crivella” -, que faziam plantão na porta de unidades municipais de saúde para impedir reportagens sobre o mau funcionamento dos hospitais e postos. O MP-RJ instaurou inquérito para apurar se o prefeito cometeu crimes ou atos de improbidade administrativa.

Em 24 de setembro, o TRE-RJ confirmou a decisão de tornar o mandatário inelegível até 2026, com base em acusações de abuso de poder e prática de conduta vedada. Crivella anunciou que vai recorrer da decisão. O tribunal afirma que ele já está inapto para a disputa deste ano, enquanto a defesa acredita que é possível concorrer enquanto recorre.

Martha Rocha (PDT)

A delegada Martha Rocha (PDT) Foto: José Cruz/Agência Brasil

Deputada estadual por um partido que tem história no Rio de Janeiro, o PDT, Martha Rocha conta ainda com outro ativo: é delegada da Polícia Civil e chegou a presidir a corporação.

Ela já chegou a ser apontada como “vice dos sonhos” tanto de Eduardo Paes quanto de Marcelo Freixo, quando este ainda pensava em concorrer para prefeito. Agora, irá concorrer em coligação com o PSB. Do partido, seu vice na chapa é o cineasta Anderson Quack.

Na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Martha é uma das deputadas mais ativas. Parlamentar de segundo mandato, comanda a comissão que apura os supostos desvios na Saúde durante a pandemia, além do Conselho de Ética.

Paulo Messina (MDB)

Vereador Paulo Messina (PRTB) Foto: Renan Olaz/CMRJ

Ex-braço direito de Marcelo Crivella, de quem foi secretário da Casa Civil, o vereador Paulo Messina, que está no terceiro mandato, rompeu com o prefeito e concorre ao Executivo carioca. Também do MDB, a vice na chapa é a psicóloga Sheila Barbosa.

Renata Souza (PSOL)

A deputada estadual Renata Souza entrou no lugar de Marcelo Freixo como candidata do PSOL à prefeitura. Ela era chefe de gabinete da vereadora Marielle Franco, que foi assassinada em março de 2018 e foi eleita naquele mesmo ano pela primeira vez.

A escolha por Renata indica uma aposta do partido na memória de Marielle, já que a história da pré-candidata é parecida com sua antiga companheira, principalmente ligada à militância na área de direitos humanos.

Durante os governos de Sérgio Cabral Filho (MDB) no Estado, e de Paes (atualmente no DEM), na prefeitura, o PSOL foi o único partido de esquerda que em nenhum momento compôs as bases aliadas ou ocupou cargos nas gestões. 

Com isso, a legenda, que é pequena nacionalmente, construiu no Rio sua principal trincheira. A saída de Freixo da disputa, porém, pode trazer alguma dificuldade. O vice na chapa é o coronel reformado da Polícia Militar carioca Ibis Pereira.

Sued Haidar (PMB)

Presidente e fundadora do Partido da Mulher Brasileira (PMB), Sued Haidar foi oficializada como candidata da sigla. Em 2018, concorreu a deputada federal e não foi eleita. Antes da escolha de Sued, o ex-vereador  e ex-policial Jerônimo Guimarães Filho, conhecido como Jerominho, desistiu da disputa.

Apontado como líder da milícia Liga da Justiça, com atuação na zona oeste da capital, Jerominho cumpriu pena de prisão por crimes como homicídio e por integrar o grupo paramilitar. Disse que não concorreria ao cargo por problemas de saúde. Sua sobrinha, a advogada Jéssica Rabello Guimarães, será a vice na chapa. Jéssica é filha de Natalino Guimarães, que também cumpriu pena por participar da milícia.

RIO - A dois meses do primeiro turno das eleições municipais de 2020, em 15 de novembro, catorze candidatos foram confirmados para concorrer à prefeitura do Rio. O quadro é de possível nacionalização da disputa, mesmo que o presidente Jair Bolsonaro tenha dito que não vai interferir nas eleições, ao menos do primeiro turno. 

Marcelo Crivella (PRB), Martha Rocha (PDT) e Eduardo Paes (DEM) Foto: Gabriela Biló/Estadão, Rafael Wallace/Alerj e José Lucena/Futura Press

O Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) confirmou a decisão de tornar o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) inelegível até 2026 em 24 de setembro. Para o tribunal, o prefeito em busca da reeleição está inapto para disputa deste ano, mas a defesa acredita que é possível concorrer enquanto recorre da decisão. 

Enquanto isso, adversários podem impugnar a candidatura baseados no entendimento do TRE. O mandatário é acusado de abuso de poder e prática de conduta vedada. Antes disso, Crivella tentou se aproximar de Bolsonaro, para se viabilizar como candidato de eleitores mais conservadores. O presidente, porém, estava evitando um compromisso que poderia lhe custar votos em 2022.

Em seu esforço para atrair o voto bolsonarista, o atual prefeito conseguiu a filiação de dois filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, ao partido Republicanos.

Ao centro, mas também buscando apoio do bolsonarismo, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) é um nome forte, que tende a ir ao segundo turno, avaliam adversários. Paes tem se beneficiado com a situação política do Rio, tanto com as más avaliações do governo de Crivella quanto com a falta de um nome forte na esquerda e a desunião dos partidos dessa ala. Tudo isso poderia favorecer o crescimento do fator “saudade” de sua gestão entre os eleitores. O ex-prefeito ainda tem conseguido escapar de um possível desgaste com a Lava Jato, já que foi aliado do ex-governador Sérgio Cabral Filho, que está preso, e ainda há processos tramitando.

No entanto, uma denúncia do Ministério Público Eleitoral pode pôr em xeque a imagem de Paes. A menos de 20 dias do início da campanha, ele virou réu na Justiça Eleitoral por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral.

Pela esquerda, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) chegou a anunciar pré-candidatura para disputar o Executivo carioca pela terceira vez, mas desistiu da corrida em maio. Apesar de ter demonstrado força nas pesquisas e ter ficado em segundo colocado na disputa em 2016, atrás de Crivella no segundo turno, Freixo estava tendo dificuldades para formar uma aliança em torno de sua candidatura. Com a desistência, o PSOL decidiu apostar na deputada estadual Renata Souza.

Enquanto isso, o PT, que cogitava lançar Benedita da Silva como vice de Freixo, decidiu torná-la sua própria candidata. Evangélica, Benedita tem chance de vencer resistências entre eleitores desse público, decisivo em 2018, mas o partido ficou em baixa no Estado desde quando se aliou a Anthony Garotinho (então no PDT), no início dos anos 2000.

Já o PDT se juntou em uma coligação com o PSB e para lançar a deputada estadual Martha Rocha. Após desistir da aliança com o partido, a Rede o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello como candidato próprio.

Outras oito candidaturas foram oficializadas: Cyro Garcia (PSTU); Clarissa Garotinho (PROS), Glória Heloiza Lima da Silva (PSC), sigla do governador afastado Wilson Witzel e do interino Cláudio Castro; Fernando Bicudo (PTB);  Fred Luz (Novo); Luiz Lima (PSL); Paulo Messina (MDB) e Sued Haidar (PMB).

Veja abaixo os nomes que estão concorrendo à Prefeitura do Rio:

Benedita da Silva (PT)

O PT decidiu que sua candidata à Prefeitura do Rio é Benedita da Silva, de 78 anos. A deputada federal já tentou o cargo em 1992 e, impulsionada pelo impeachment do presidente Fernando Collor, venceu o primeiro turno. Sob pressão de denúncias contra um dos filhos, perdeu no segundo turno para Cesar Maia, então no PMDB. 

Foi vice-governadora em 1998 em chapa formada por aliança dos partidos de esquerda e assumiu o governo em abril de 2002, quando o governador Anthony Garotinho renunciou para se candidatar a presidente da República pelo PSB. Benedita foi ministra da Secretaria Especial de Trabalho e Assistência Social no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2018, foi a única deputada federal do PT eleita pelo Rio de Janeiro.

Sua candidatura a prefeita demonstra a dificuldade de renovação do partido. A deputada estadual Enfermeira Rejane, do PCdoB, desistiu de candidatura própria para compor a chapa como vice.

Clarissa Garotinho (PROS)

Deputada federal Clarissa Garotinho (PROS - RJ) Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Filha dos ex-governadores Rosinha e Anthony Garotinho, a deputada federal Clarissa Garotinho tenta cavar um espaço ao centro. Sua possível candidatura representará a sobrevivência da família Garotinho na disputa. 

Clarissa tem criticado a polarização entre direita e esquerda na política brasileira. Afirma que esse embate tem atrapalhado a solução de problemas do País. Apresenta-se como independente: apoiou alguns projetos do governo Bolsonaro na Câmara, mas votou contra a reforma da Previdência, em 2019. No Rio, critica o atual prefeito e o ex-prefeito.

Fernando Bicudo (PTB)

O PTB de Roberto Jefferson, presidente nacional do partido e aliado de Bolsonaro, escolheu Fernando Bicudo como seu candidato. O ex-diretor do Teatro Municipal do Rio foi selecionado depois que a Justiça do Estado optou por manter Cristiane Brasil em prisão preventiva.

Filha de Jefferson, Cristiane era a candidata do PTB e Bicudo seria seu vice na chapa. Ela está presa desde 11 de setembro, acusada de desvios em contratos da Fundação Leão XIII, que é voltada para a assistência social. Não haveria impeditivos legais para a candidatura da ex-deputada, mas o tempo de permanência na cadeia poderia inviabilizar a campanha.

Cyro Garcia (PSTU)

Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense e com histórico no movimento sindical bancário, Cyro Garcia é o presidente do diretório municipal no Rio do PSTU. Concorreu à prefeitura carioca em 2016, quando obteve apenas 0,19% dos votos. Em 2018, foi candidato a senador pelo Rio de Janeiro - não se elegeu, com 0,33% do total de votos válidos. A vice na chapa é a professora Elisa Guimarães.

Eduardo Bandeira de Mello (Rede)

Ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello é o candidato da Rede à prefeitura do Rio de Janeiro. Antes de exercer cargo no clube, de 2013 a 2018, o administrador de formação trabalhou por mais de três décadas no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A ex-vereadora Andrea Gouvêa Vieira, também Rede, é a vice na chapa. Antes de decidir pela candidatura própria, em 15 de setembro, o partido tinha expectativa de formar aliança com a PDT, da candidata Martha Rocha.

Eduardo Paes (DEM)

O ex-prefeitodo Rio, Eduardo Paes Foto: Marcos de Paula/Estadão

Há um consenso entre todos os candidatos a prefeito do Rio: Eduardo Paes desponta como o candidato a ser batido. Seu vice é o presidente municipal do PL, Nilton Caldeira. A candidatura tem o apoio de outros seis partidos: Cidadania, PV, Avante, Democracia Cristã, PL e PSDB.

Os aliados de outros partidos reconhecem a força política do ex-prefeito, que poderia confrontar Crivella com dados efetivos de sua gestão, que se deu num período em que o Rio passou por grandes obras e mudanças urbanísticas.

Entretanto, às vésperas do início da campanha, o Ministério Público Eleitoral acusou Paes de suposto recebimento de propinas de cerca de R$10,8 milhões do Grupo Odebrecht, para financiamento da campanha de reeleição em 2012. O processo pode afetar a imagem pública do candidato.

Com 50 anos e bacharel em Direito, ex-prefeito passou a maior parte de sua trajetória política filiado ao antigo PFL, atual DEM, sigla pela qual foi deputado federal de 1998 a 2002. Em 2003, transferiu-se ao PSDB, concorrendo ao governo do Estado em 2006. Perdeu no primeiro turno e apoiou o governador Sérgio Cabral (MDB) no segundo. 

Em 2007, passou para o MDB, e foi eleito prefeito da capital em 2008, quando venceu o jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira (PV) no segundo turno. O ex-prefeito do Rio foi eleito novamente em 2012, no primeiro turno, ainda pelo MDB.

Em 2018, voltou ao DEM e apesar de derrotado por Witzel na eleição para governador, venceu na capital. O resultado eleitoral do ex-prefeito do Rio foi ruim na periferia da Região Metropolitana e no interior do Estado, que votaram maciçamente no governador afastado.

Fred Luz (Novo)

Formado pela PUC-Rio, foi engenheiro de equipamentos na Petrobrás de 1975 a 1980. Além de ter passado por diversas empresas privadas, atuou na gestão do Flamengo de 2013 a 2018, quando se filiou ao Novo. Integrou a equipe de transição do governador eleito de Minas Gerais, Romeu Zema, da mesma sigla.

O empresário foi oficializado em convenção virtual do Novo. Sua vice na chapa é a bióloga Giselle Gomes, servidora pública do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e doutora em biofísica.

Glória Heloiza (PSC)

Com a ex-juíza, o PSC tenta repetir a estratégia que elegeu Witzel para o governo estadual em 2018. O candidato também abandonou a carreira na magistratura para disputar seu primeiro cargo eletivo e superou políticos tradicionais, como Eduardo Paes e Romário (Podemos). 

Desta vez, a tática pode ser prejudicada pelas denúncias que envolvem o governador afastado e o pastor Everaldo Pereira, que era presidente do PSC até sua recente prisão sob acusação de integrar um esquema de corrupção no governo do Estado do Rio de Janeiro. Witzel deverá perder influência sobre a candidatura do seu partido, após ter afastamento do cargo de 180 dias confirmado pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A candidata de 51 anos atuava, até janeiro, na 2ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da capital. Venceu a disputa interna da sigla contra o deputado federal Otoni de Paula que, embora no mesmo partido, faz oposição a Witzel e defende a família Bolsonaro.

Luiz Lima (PSL)

O deputado federal e ex-nadador olímpico Luiz Lima é o candidato a prefeito do Rio pelo PSL. A vice na chapa é a advogada Flávia Ribeiro dos Santos, do mesmo partido.

De 2016 a 2017, Lima exerceu o cargo de Secretário Nacional de Esportes de Alto Rendimento. No ano seguinte, se candidatou a deputado federal e foi eleito com 115 mil votos. Em aliança com o PSD, o delegado Fernando Veloso é o indicado do partido para compor a chapa como vice.

Marcelo Crivella (PRB)

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, anunciou o pagamento do 13º dos funcionários Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), o prefeito Marcelo Crivella assumiu a cidade em contexto de ressaca dos grandes eventos. Sua gestão descreveu uma curva decrescente de popularidade: 40% de ruim e péssimo em outubro de 2017, 61% em março de 2018 e 72% em dezembro de 2019. A candidatura foi oficializada quatro dias após um processo de impeachment por improbidade administrativa contra o prefeito ser rejeitado. Conta com apoio dos partidos Patriota, Progressistas, Solidariedade, Podemos, PTC e PRTB. Sua vice é a tenente-coronel Andréa Firmo, também do Republicanos.

Crivella tem articulado nos bastidores para chegar forte à disputa pela reeleição. Usou o episódio da Bienal do Livro, considerado censura pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para aparecer no noticiário e reforçar um posicionamento conservador.

No final de agosto, a TV Globo denunciou esquema de funcionários da prefeitura - chamados de “Guardiões de Crivella” -, que faziam plantão na porta de unidades municipais de saúde para impedir reportagens sobre o mau funcionamento dos hospitais e postos. O MP-RJ instaurou inquérito para apurar se o prefeito cometeu crimes ou atos de improbidade administrativa.

Em 24 de setembro, o TRE-RJ confirmou a decisão de tornar o mandatário inelegível até 2026, com base em acusações de abuso de poder e prática de conduta vedada. Crivella anunciou que vai recorrer da decisão. O tribunal afirma que ele já está inapto para a disputa deste ano, enquanto a defesa acredita que é possível concorrer enquanto recorre.

Martha Rocha (PDT)

A delegada Martha Rocha (PDT) Foto: José Cruz/Agência Brasil

Deputada estadual por um partido que tem história no Rio de Janeiro, o PDT, Martha Rocha conta ainda com outro ativo: é delegada da Polícia Civil e chegou a presidir a corporação.

Ela já chegou a ser apontada como “vice dos sonhos” tanto de Eduardo Paes quanto de Marcelo Freixo, quando este ainda pensava em concorrer para prefeito. Agora, irá concorrer em coligação com o PSB. Do partido, seu vice na chapa é o cineasta Anderson Quack.

Na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Martha é uma das deputadas mais ativas. Parlamentar de segundo mandato, comanda a comissão que apura os supostos desvios na Saúde durante a pandemia, além do Conselho de Ética.

Paulo Messina (MDB)

Vereador Paulo Messina (PRTB) Foto: Renan Olaz/CMRJ

Ex-braço direito de Marcelo Crivella, de quem foi secretário da Casa Civil, o vereador Paulo Messina, que está no terceiro mandato, rompeu com o prefeito e concorre ao Executivo carioca. Também do MDB, a vice na chapa é a psicóloga Sheila Barbosa.

Renata Souza (PSOL)

A deputada estadual Renata Souza entrou no lugar de Marcelo Freixo como candidata do PSOL à prefeitura. Ela era chefe de gabinete da vereadora Marielle Franco, que foi assassinada em março de 2018 e foi eleita naquele mesmo ano pela primeira vez.

A escolha por Renata indica uma aposta do partido na memória de Marielle, já que a história da pré-candidata é parecida com sua antiga companheira, principalmente ligada à militância na área de direitos humanos.

Durante os governos de Sérgio Cabral Filho (MDB) no Estado, e de Paes (atualmente no DEM), na prefeitura, o PSOL foi o único partido de esquerda que em nenhum momento compôs as bases aliadas ou ocupou cargos nas gestões. 

Com isso, a legenda, que é pequena nacionalmente, construiu no Rio sua principal trincheira. A saída de Freixo da disputa, porém, pode trazer alguma dificuldade. O vice na chapa é o coronel reformado da Polícia Militar carioca Ibis Pereira.

Sued Haidar (PMB)

Presidente e fundadora do Partido da Mulher Brasileira (PMB), Sued Haidar foi oficializada como candidata da sigla. Em 2018, concorreu a deputada federal e não foi eleita. Antes da escolha de Sued, o ex-vereador  e ex-policial Jerônimo Guimarães Filho, conhecido como Jerominho, desistiu da disputa.

Apontado como líder da milícia Liga da Justiça, com atuação na zona oeste da capital, Jerominho cumpriu pena de prisão por crimes como homicídio e por integrar o grupo paramilitar. Disse que não concorreria ao cargo por problemas de saúde. Sua sobrinha, a advogada Jéssica Rabello Guimarães, será a vice na chapa. Jéssica é filha de Natalino Guimarães, que também cumpriu pena por participar da milícia.

RIO - A dois meses do primeiro turno das eleições municipais de 2020, em 15 de novembro, catorze candidatos foram confirmados para concorrer à prefeitura do Rio. O quadro é de possível nacionalização da disputa, mesmo que o presidente Jair Bolsonaro tenha dito que não vai interferir nas eleições, ao menos do primeiro turno. 

Marcelo Crivella (PRB), Martha Rocha (PDT) e Eduardo Paes (DEM) Foto: Gabriela Biló/Estadão, Rafael Wallace/Alerj e José Lucena/Futura Press

O Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) confirmou a decisão de tornar o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) inelegível até 2026 em 24 de setembro. Para o tribunal, o prefeito em busca da reeleição está inapto para disputa deste ano, mas a defesa acredita que é possível concorrer enquanto recorre da decisão. 

Enquanto isso, adversários podem impugnar a candidatura baseados no entendimento do TRE. O mandatário é acusado de abuso de poder e prática de conduta vedada. Antes disso, Crivella tentou se aproximar de Bolsonaro, para se viabilizar como candidato de eleitores mais conservadores. O presidente, porém, estava evitando um compromisso que poderia lhe custar votos em 2022.

Em seu esforço para atrair o voto bolsonarista, o atual prefeito conseguiu a filiação de dois filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, ao partido Republicanos.

Ao centro, mas também buscando apoio do bolsonarismo, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) é um nome forte, que tende a ir ao segundo turno, avaliam adversários. Paes tem se beneficiado com a situação política do Rio, tanto com as más avaliações do governo de Crivella quanto com a falta de um nome forte na esquerda e a desunião dos partidos dessa ala. Tudo isso poderia favorecer o crescimento do fator “saudade” de sua gestão entre os eleitores. O ex-prefeito ainda tem conseguido escapar de um possível desgaste com a Lava Jato, já que foi aliado do ex-governador Sérgio Cabral Filho, que está preso, e ainda há processos tramitando.

No entanto, uma denúncia do Ministério Público Eleitoral pode pôr em xeque a imagem de Paes. A menos de 20 dias do início da campanha, ele virou réu na Justiça Eleitoral por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral.

Pela esquerda, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) chegou a anunciar pré-candidatura para disputar o Executivo carioca pela terceira vez, mas desistiu da corrida em maio. Apesar de ter demonstrado força nas pesquisas e ter ficado em segundo colocado na disputa em 2016, atrás de Crivella no segundo turno, Freixo estava tendo dificuldades para formar uma aliança em torno de sua candidatura. Com a desistência, o PSOL decidiu apostar na deputada estadual Renata Souza.

Enquanto isso, o PT, que cogitava lançar Benedita da Silva como vice de Freixo, decidiu torná-la sua própria candidata. Evangélica, Benedita tem chance de vencer resistências entre eleitores desse público, decisivo em 2018, mas o partido ficou em baixa no Estado desde quando se aliou a Anthony Garotinho (então no PDT), no início dos anos 2000.

Já o PDT se juntou em uma coligação com o PSB e para lançar a deputada estadual Martha Rocha. Após desistir da aliança com o partido, a Rede o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello como candidato próprio.

Outras oito candidaturas foram oficializadas: Cyro Garcia (PSTU); Clarissa Garotinho (PROS), Glória Heloiza Lima da Silva (PSC), sigla do governador afastado Wilson Witzel e do interino Cláudio Castro; Fernando Bicudo (PTB);  Fred Luz (Novo); Luiz Lima (PSL); Paulo Messina (MDB) e Sued Haidar (PMB).

Veja abaixo os nomes que estão concorrendo à Prefeitura do Rio:

Benedita da Silva (PT)

O PT decidiu que sua candidata à Prefeitura do Rio é Benedita da Silva, de 78 anos. A deputada federal já tentou o cargo em 1992 e, impulsionada pelo impeachment do presidente Fernando Collor, venceu o primeiro turno. Sob pressão de denúncias contra um dos filhos, perdeu no segundo turno para Cesar Maia, então no PMDB. 

Foi vice-governadora em 1998 em chapa formada por aliança dos partidos de esquerda e assumiu o governo em abril de 2002, quando o governador Anthony Garotinho renunciou para se candidatar a presidente da República pelo PSB. Benedita foi ministra da Secretaria Especial de Trabalho e Assistência Social no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2018, foi a única deputada federal do PT eleita pelo Rio de Janeiro.

Sua candidatura a prefeita demonstra a dificuldade de renovação do partido. A deputada estadual Enfermeira Rejane, do PCdoB, desistiu de candidatura própria para compor a chapa como vice.

Clarissa Garotinho (PROS)

Deputada federal Clarissa Garotinho (PROS - RJ) Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Filha dos ex-governadores Rosinha e Anthony Garotinho, a deputada federal Clarissa Garotinho tenta cavar um espaço ao centro. Sua possível candidatura representará a sobrevivência da família Garotinho na disputa. 

Clarissa tem criticado a polarização entre direita e esquerda na política brasileira. Afirma que esse embate tem atrapalhado a solução de problemas do País. Apresenta-se como independente: apoiou alguns projetos do governo Bolsonaro na Câmara, mas votou contra a reforma da Previdência, em 2019. No Rio, critica o atual prefeito e o ex-prefeito.

Fernando Bicudo (PTB)

O PTB de Roberto Jefferson, presidente nacional do partido e aliado de Bolsonaro, escolheu Fernando Bicudo como seu candidato. O ex-diretor do Teatro Municipal do Rio foi selecionado depois que a Justiça do Estado optou por manter Cristiane Brasil em prisão preventiva.

Filha de Jefferson, Cristiane era a candidata do PTB e Bicudo seria seu vice na chapa. Ela está presa desde 11 de setembro, acusada de desvios em contratos da Fundação Leão XIII, que é voltada para a assistência social. Não haveria impeditivos legais para a candidatura da ex-deputada, mas o tempo de permanência na cadeia poderia inviabilizar a campanha.

Cyro Garcia (PSTU)

Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense e com histórico no movimento sindical bancário, Cyro Garcia é o presidente do diretório municipal no Rio do PSTU. Concorreu à prefeitura carioca em 2016, quando obteve apenas 0,19% dos votos. Em 2018, foi candidato a senador pelo Rio de Janeiro - não se elegeu, com 0,33% do total de votos válidos. A vice na chapa é a professora Elisa Guimarães.

Eduardo Bandeira de Mello (Rede)

Ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello é o candidato da Rede à prefeitura do Rio de Janeiro. Antes de exercer cargo no clube, de 2013 a 2018, o administrador de formação trabalhou por mais de três décadas no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A ex-vereadora Andrea Gouvêa Vieira, também Rede, é a vice na chapa. Antes de decidir pela candidatura própria, em 15 de setembro, o partido tinha expectativa de formar aliança com a PDT, da candidata Martha Rocha.

Eduardo Paes (DEM)

O ex-prefeitodo Rio, Eduardo Paes Foto: Marcos de Paula/Estadão

Há um consenso entre todos os candidatos a prefeito do Rio: Eduardo Paes desponta como o candidato a ser batido. Seu vice é o presidente municipal do PL, Nilton Caldeira. A candidatura tem o apoio de outros seis partidos: Cidadania, PV, Avante, Democracia Cristã, PL e PSDB.

Os aliados de outros partidos reconhecem a força política do ex-prefeito, que poderia confrontar Crivella com dados efetivos de sua gestão, que se deu num período em que o Rio passou por grandes obras e mudanças urbanísticas.

Entretanto, às vésperas do início da campanha, o Ministério Público Eleitoral acusou Paes de suposto recebimento de propinas de cerca de R$10,8 milhões do Grupo Odebrecht, para financiamento da campanha de reeleição em 2012. O processo pode afetar a imagem pública do candidato.

Com 50 anos e bacharel em Direito, ex-prefeito passou a maior parte de sua trajetória política filiado ao antigo PFL, atual DEM, sigla pela qual foi deputado federal de 1998 a 2002. Em 2003, transferiu-se ao PSDB, concorrendo ao governo do Estado em 2006. Perdeu no primeiro turno e apoiou o governador Sérgio Cabral (MDB) no segundo. 

Em 2007, passou para o MDB, e foi eleito prefeito da capital em 2008, quando venceu o jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira (PV) no segundo turno. O ex-prefeito do Rio foi eleito novamente em 2012, no primeiro turno, ainda pelo MDB.

Em 2018, voltou ao DEM e apesar de derrotado por Witzel na eleição para governador, venceu na capital. O resultado eleitoral do ex-prefeito do Rio foi ruim na periferia da Região Metropolitana e no interior do Estado, que votaram maciçamente no governador afastado.

Fred Luz (Novo)

Formado pela PUC-Rio, foi engenheiro de equipamentos na Petrobrás de 1975 a 1980. Além de ter passado por diversas empresas privadas, atuou na gestão do Flamengo de 2013 a 2018, quando se filiou ao Novo. Integrou a equipe de transição do governador eleito de Minas Gerais, Romeu Zema, da mesma sigla.

O empresário foi oficializado em convenção virtual do Novo. Sua vice na chapa é a bióloga Giselle Gomes, servidora pública do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e doutora em biofísica.

Glória Heloiza (PSC)

Com a ex-juíza, o PSC tenta repetir a estratégia que elegeu Witzel para o governo estadual em 2018. O candidato também abandonou a carreira na magistratura para disputar seu primeiro cargo eletivo e superou políticos tradicionais, como Eduardo Paes e Romário (Podemos). 

Desta vez, a tática pode ser prejudicada pelas denúncias que envolvem o governador afastado e o pastor Everaldo Pereira, que era presidente do PSC até sua recente prisão sob acusação de integrar um esquema de corrupção no governo do Estado do Rio de Janeiro. Witzel deverá perder influência sobre a candidatura do seu partido, após ter afastamento do cargo de 180 dias confirmado pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A candidata de 51 anos atuava, até janeiro, na 2ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da capital. Venceu a disputa interna da sigla contra o deputado federal Otoni de Paula que, embora no mesmo partido, faz oposição a Witzel e defende a família Bolsonaro.

Luiz Lima (PSL)

O deputado federal e ex-nadador olímpico Luiz Lima é o candidato a prefeito do Rio pelo PSL. A vice na chapa é a advogada Flávia Ribeiro dos Santos, do mesmo partido.

De 2016 a 2017, Lima exerceu o cargo de Secretário Nacional de Esportes de Alto Rendimento. No ano seguinte, se candidatou a deputado federal e foi eleito com 115 mil votos. Em aliança com o PSD, o delegado Fernando Veloso é o indicado do partido para compor a chapa como vice.

Marcelo Crivella (PRB)

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, anunciou o pagamento do 13º dos funcionários Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), o prefeito Marcelo Crivella assumiu a cidade em contexto de ressaca dos grandes eventos. Sua gestão descreveu uma curva decrescente de popularidade: 40% de ruim e péssimo em outubro de 2017, 61% em março de 2018 e 72% em dezembro de 2019. A candidatura foi oficializada quatro dias após um processo de impeachment por improbidade administrativa contra o prefeito ser rejeitado. Conta com apoio dos partidos Patriota, Progressistas, Solidariedade, Podemos, PTC e PRTB. Sua vice é a tenente-coronel Andréa Firmo, também do Republicanos.

Crivella tem articulado nos bastidores para chegar forte à disputa pela reeleição. Usou o episódio da Bienal do Livro, considerado censura pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para aparecer no noticiário e reforçar um posicionamento conservador.

No final de agosto, a TV Globo denunciou esquema de funcionários da prefeitura - chamados de “Guardiões de Crivella” -, que faziam plantão na porta de unidades municipais de saúde para impedir reportagens sobre o mau funcionamento dos hospitais e postos. O MP-RJ instaurou inquérito para apurar se o prefeito cometeu crimes ou atos de improbidade administrativa.

Em 24 de setembro, o TRE-RJ confirmou a decisão de tornar o mandatário inelegível até 2026, com base em acusações de abuso de poder e prática de conduta vedada. Crivella anunciou que vai recorrer da decisão. O tribunal afirma que ele já está inapto para a disputa deste ano, enquanto a defesa acredita que é possível concorrer enquanto recorre.

Martha Rocha (PDT)

A delegada Martha Rocha (PDT) Foto: José Cruz/Agência Brasil

Deputada estadual por um partido que tem história no Rio de Janeiro, o PDT, Martha Rocha conta ainda com outro ativo: é delegada da Polícia Civil e chegou a presidir a corporação.

Ela já chegou a ser apontada como “vice dos sonhos” tanto de Eduardo Paes quanto de Marcelo Freixo, quando este ainda pensava em concorrer para prefeito. Agora, irá concorrer em coligação com o PSB. Do partido, seu vice na chapa é o cineasta Anderson Quack.

Na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Martha é uma das deputadas mais ativas. Parlamentar de segundo mandato, comanda a comissão que apura os supostos desvios na Saúde durante a pandemia, além do Conselho de Ética.

Paulo Messina (MDB)

Vereador Paulo Messina (PRTB) Foto: Renan Olaz/CMRJ

Ex-braço direito de Marcelo Crivella, de quem foi secretário da Casa Civil, o vereador Paulo Messina, que está no terceiro mandato, rompeu com o prefeito e concorre ao Executivo carioca. Também do MDB, a vice na chapa é a psicóloga Sheila Barbosa.

Renata Souza (PSOL)

A deputada estadual Renata Souza entrou no lugar de Marcelo Freixo como candidata do PSOL à prefeitura. Ela era chefe de gabinete da vereadora Marielle Franco, que foi assassinada em março de 2018 e foi eleita naquele mesmo ano pela primeira vez.

A escolha por Renata indica uma aposta do partido na memória de Marielle, já que a história da pré-candidata é parecida com sua antiga companheira, principalmente ligada à militância na área de direitos humanos.

Durante os governos de Sérgio Cabral Filho (MDB) no Estado, e de Paes (atualmente no DEM), na prefeitura, o PSOL foi o único partido de esquerda que em nenhum momento compôs as bases aliadas ou ocupou cargos nas gestões. 

Com isso, a legenda, que é pequena nacionalmente, construiu no Rio sua principal trincheira. A saída de Freixo da disputa, porém, pode trazer alguma dificuldade. O vice na chapa é o coronel reformado da Polícia Militar carioca Ibis Pereira.

Sued Haidar (PMB)

Presidente e fundadora do Partido da Mulher Brasileira (PMB), Sued Haidar foi oficializada como candidata da sigla. Em 2018, concorreu a deputada federal e não foi eleita. Antes da escolha de Sued, o ex-vereador  e ex-policial Jerônimo Guimarães Filho, conhecido como Jerominho, desistiu da disputa.

Apontado como líder da milícia Liga da Justiça, com atuação na zona oeste da capital, Jerominho cumpriu pena de prisão por crimes como homicídio e por integrar o grupo paramilitar. Disse que não concorreria ao cargo por problemas de saúde. Sua sobrinha, a advogada Jéssica Rabello Guimarães, será a vice na chapa. Jéssica é filha de Natalino Guimarães, que também cumpriu pena por participar da milícia.

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