As direções da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP se posicionaram a respeito de casos relacionados às eleições 2018 que ocorreram dentro da instituição nesta segunda-feira, 29.
A manifestação da FEA é relacionada a uma foto de alunos do curso de Administração dentro de uma sala de aula, que circulou nas redes sociais nesta segunda, em conjunto com a manchete da eleição de Jair Bolsonaro (PSL) ocorrida neste domingo, 28 e a sigla "B17" escrita na lousa.
Três estudantes estão sentados em frente à uma mesa, onde foi posicionada uma placa com a frase “está com medo, petista safada?” e “a nova era está chegando”, vestindo fantasias de exército e em apoio ao presidente americano Donald Trump. O terceiro estudante veste uma roupa em referência ao ditador norte-coreano Kim-Jong Un, e segura um revólver, que ainda não se sabe se é falso ou não. Um quarto estudante está escondido por trás de uma bandeira histórica americana, atualmente símbolo do patriotismo do país.
A nota da FEA se posiciona em repúdio às “ações de incitação à violência que estão ocorrendo dentro do ambiente da USP, e particularmente da FEA”, também afirmando que o “que pode ser pensado como ‘brincadeira’ pode ser o estopim para um aumento da agressividade e mesmo ameaças”, além de assegurar que “ações que intimidem, ofendam e causem reações e danos serão rigorosamente coibidas e punidas”.
Por telefone, a assessoria informou que a nota não especifica o episódio da imagem em si porque também tem a intenção de se posicionar a respeito de um segundo episódio ocorrido nesta segunda, onde manifestantes haviam agendado um ato pró-Bolsonaro que sairia do prédio da Escola Politécnica (Poli) e iria em direção ao prédio da FFLCH.
O evento no Facebook da “Marcha do Chola Mais”, marcado para as 14h desta segunda, tinha quase 3 mil confirmados e 15 mil interessados até as 16h da segunda. Entretanto, segundo alunos e a reitoria da USP, poucas pessoas se mobilizaram. Em contraponto, alunos da FFLCH e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) se reuniram nos pátios dos prédios das Faculdades em protesto ao ato pró-Bolsonaro, aguardando a chegada do grupo. A reitoria estima que 700 estudantes e professores estiveram presentes.
A Polícia Militar acompanhou o grupo de militantes que saíram da Poli. Eles se dispersaram antes de chegar ao prédio da FFLCH, não havendo confrontos, como era temido pela reitoria. Em texto compartilhado pelo Centro Acadêmico no Whatsapp, pedia-se cautela para evitar confusão e informava que os portões da USP seriam fechados para pessoas sem vínculo à universidade ao meio-dia, o que segundo a reitoria, não ocorreu. A nota também informa que a organização do ato é ligada ao Movimento Brasil Livre (MBL).
Em vídeo divulgado no site da FFLCH, a diretora afirma que contatou a reitoria da USP ainda na noite de domingo, 28, que “prontamente se mobilizou para ajudar e está absolutamente envolvida nas resoluções dessas questões”. A diretora tranquiliza os estudantes, afirmando que “Não temos nada a temer e tampouco devemos aceitar provocações de pessoas externas à nossa comunidade. A nossa comunidade tem a sua identidade, e não cabe de maneira nenhuma aceitar qualquer tipo de violação aos nossos princípios”.
A FFLCH é conhecida no âmbito da USP por se mobilizar em pautas da esquerda, e o ato pró-Bolsonaro marcado para acontecer dentro do prédio foi visto como uma provocação por parte de alunos da POLI, menos envolvidos em tais questões.