Atualizado às 15h50
São Paulo - O candidato do PRTB à Presidência, Levy Fidelix, afirmou nesta terça-feira, 30, em entrevista ao Estado que "não corre do pau" e que continua mantendo a posição sobre o casamento gay, defendida por ele durante o debate realizado pela TV Record no domingo. Fidelix disse que se sente perseguido pelas instituições que o processaram pelas declarações homofóbicas feitas no debate. O candidato disse ter recebido mensagem de solidariedade do deputado Jair Bolsonaro (PP), conhecido por também ser contrário ao apoio de causas do movimento gay.
"Eu não corro do pau. A minha posição é a mesma, não é nada de homofobia. Ao contrário, defendo a posição do pai, da mãe, da família tradicional. E nem por isso é discriminação. Discriminação é o que fazem comigo, me chamar de nanico. Não me dão os espaços que preciso e mereço", afirmou o candidato do PRTB.
Após ouvir a pergunta da candidata Luciana Genro (PSOL), Levy afirmou: "Jogo pesado esse aí agora. Nesse, jamais eu poderia entrar". "Aparelho excretor não reproduz", afirmou, causando indignação em alguns integrantes da plateia. "Como é que pode um pai de família, um avô, ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro não ter esses votos", disse ainda o candidato.
Fidelix disse também que as entidades que moveram ações contra ele por causa das declarações homofobias são pagas com dinheiro público. Acusou também o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Coelho, de instrumentalizar o órgão que, segundo disse, deveria ser imparcial e não posturas antidemocráticas. A Comissão Especial de Diversidade Sexual da OAB protocolou nessa segunda na Procuradoria-Geral Eleitoral e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um pedido requerendo a cassação da candidatura de Fidelix. A entidade pediu ainda direito de resposta.
"Acho que ele (Marcus Vinicius Coelho) está instrumentalizando o órgão que deveria ser imparcial e não assumir uma postura contra a democracia. Ele está defendo um segmento que está se sentindo ofendido e está tentando me emparedar", afirmou.
"Estou defendendo a legitimidade de expressão. Eu não concordo com a questão homoafetiva. Ainda mais com essa forma a que eles se propõem, de fazer isso em público. Essas demonstrações de carinho poderiam ser feitas na intimidade. Eu sou a favor dos bons costumes e da família tradicional. Não estou com agressividade nenhuma. Jamais discriminei alguém".
Fidelix afirmou ainda que está sendo perseguido pelas instituições.
A Ouvidoria de Direitos Humanos, ligada à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, vai apresentar nesta terça ao Ministério Público Federal denúncia coletiva sob acusação de incitação ao ódio e discriminação por orientação sexual e identidade de gênero. O PSOL e o PV anunciaram que também vão recorrer à Justiça, alegando que houve incitação ao ódio.
O presidenciável disse que seus adversários estão fazendo uso eleitoral do tema para angariar votos, servindo-se de Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV) de exemplo.
"A Luciana (Genro) quanto o Eduardo (Jorge) querem fazer voto. Eles querem o aborto, querem a maconha. São posições diametralmente opostas às minhas, mas que vou defender. Eu não estou atacando ninguém", afirmou. "Eles (Luciana e Eduardo Jorge) estão provocando as condições de heterofobia. Não pode. Do mesmo jeito que eu estou fazendo homofobia. E eu não estou. Eu não estou fazendo apologia dos heteros. Obedeçam as leis: vocês ficam para lá e eu fico para cá."
Nessa segunda, Fidelix disse ter sido procurado por Bolsonaro e pelo pastor Silas Malafaia, figura também polêmica pelas declarações contra as minorias. Ambos, segundo o candidato do PRTB, telefonaram para manifestar solidariedade a Fidelix.
Processo. Fidelix passou o dia sem sair do seu comitê, localizado no bairro Moema, em São Paulo. Ele ressaltou por diversas vezes que não é contra os gays e que, inclusive, já teve funcionários homossexuais. "Eu já tive aqui no partido um rapaz que tinha essa 'característica'. Dei carinho, afeto e nunca deixei fazerem bullying com ele", disse. "Ninguém escutou nenhuma palavra minha dizendo: vamos bater, agredir os gays. Sou contra isso e defendo respeito para todos. Quem incitou isso foi a Luciana Genro", acusou.
O candidato do PRTB disse que já se reuniu com seus advogados e pretende processar a Luciana Genro pelas injúrias cometidas contra o seu nome. "Vou processar a Luciana Genro, o PSOL pela injúria que está cometendo e pela apologia às drogas. A melhor defesa é o ataque. E eu vou pro ataque", afirmou.
Quando perguntando sobre o que ele faria se o seu filho ou algum membro fosse homossexual, Fidelix se manteve em silêncio e, no fim, se limitou a dizer: "Esse assunto está esgotado pra mim. Não quero mais pensar sobre isso".