A candidata do PCdoB à prefeitura do Rio, Jandira Feghali, atribuiu a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cidade à pulverização da base do governo, com o lançamento de nomes pelo PT, PCdoB, PMDB e PRB. Segundo ela, o racha da esquerda dificulta ainda mais a posição do presidente no Rio, diferentemente do caso de São Paulo. "A dificuldade de Lula aparecer em São Paulo é menor, porque nós do PCdoB retiramos a candidatura do Aldo (Rebelo) para ser vice da Marta (Suplicy). Nós cumprimos nosso papel pela unidade em São Paulo", fustigou Jandira, em referência à falta de contrapartida petista no Rio. "Em algum momento, ele (Lula) vai se posicionar. Quando, também, não sou eu que vou dizer", acrescentou. Em sabatina promovida pelo Grupo Estado, nesta sexta-feira, a candidata tentou desfazer a recente polêmica com seus concorrentes do PT e do PSOL, depois de ter pedido aos eleitores o voto útil de esquerda -- o que a favoreceria diretamente por estar em posição de liderança, tecnicamente empatada com Marcelo Crivella (PRB) e Eduardo Paes (PMDB). A médica disse jamais ter usado essa expressão e negou conflitos com esquerdistas: "No segundo turno, vamos ficar todos juntos, espero que em torno de mim. Todos eles têm responsabilidade com a cidade, cada um ao seu modo, em sua candidatura. Acho impossível que no segundo turno esses partidos mais à esquerda não se unifiquem comigo." FORÇAS ARMADAS Questionada sobre as possíveis incompatibilidades entre um projeto de governo concebido por um partido comunista e a realidade prática do exercício da prefeitura, Jandira afirmou não ser dogmática. "Acreditamos no socialismo. Mas, num país capitalista, a prefeitura não será socialista. Isso não existe", ponderou ela. "A prefeitura apenas comanda a política. Por exemplo, quem vai comandar o transporte público é a prefeitura. Os empresários vão ter que cumprir a política da prefeitura eleita. Isso não impede fazer licitações nem a atuação de concessionárias na área." Jandira voltou a dizer que é contrária à presença das Forças Armadas em favelas cariocas e criticou a atuação dos guardas municipais na repressão dos camelôs da cidade: "Bater em vendedor ambulante? Na minha gestão, não bate." Caso seja eleita, a médica prometeu começar o mandato, em janeiro de 2009, auge do verão, fazendo mutirão contra a dengue nas ruas da cidade. (Reportagem de Carla Marques)