Kalil deixa prefeitura de Belo Horizonte e negocia apoio de Lula para disputar governo de MG


Prefeito anunciou a renúncia nesta manhã; após se manter ‘avesso’ à polarização entre PT e PSDB no Estado, Kalil aposta em aliança com Lula para superar Zema

Por Daniel Reis e Carlos Eduardo Cherem
Atualização:

O prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) renunciou ao cargo nesta sexta-feira, 25. Ele está à frente do Executivo da capital mineira desde 2017, quando foi eleito a seu primeiro cargo público, e se despede para disputar as eleições ao governo de Minas Gerais, tendo como principal adversário o atual governador Romeu Zema (Novo).

Kalil tinha prazo até o próximo sábado, de acordo com a legislação eleitoral, para deixar a prefeitura, mas optou por fazê-lo hoje, dia em que completa 64 anos.

“Vou andar pelo Estado. Não quero fila de desempregados, não queremos empregada doméstica recebendo indecentes R$ 300. Sem promessas e sem mentiras”, afirmou Kalil, criticando indiretamente Zema. Diversas vezes, durante um discurso de 20 minutos, Kalil afirmou “ter a consciência de que fez o melhor para a população da capital mineira”: “Posso dizer sem medo: fizemos o que devíamos fazer”. Agora, a prefeitura de Belo Horizonte será liderada pelo vice-prefeito Fuad Noman (PSD), que foi Secretário-Executivo da Casa Civil da Presidência da República durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Em Minas Gerais, foi secretário de Fazenda e de Transporte e Obras Públicas, no governo do deputado Aécio Neves (PSDB-MG), e secretário de Coordenação de Investimentos, na gestão de Antônio Anastasia. Em Belo Horizonte, antes de ser vice-prefeito, Noman esteve à frente da Secretaria de Fazenda, no primeiro mandato de Kalil.

continua após a publicidade
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, tem discutido palanque com Lula. Foto: Uarlen Valério/O Tempo

Confronto

Em greve desde a última semana, professores e outros servidores que atuam na área da educação realizavam um protesto na frente da prefeitura durante o anúncio da renúncia, e entraram em confronto com guardas municipais. A categoria reivindica recomposição do piso salarial nacional, sem exclusão de níveis de carreira.  Diversas bombas de efeito moral explodiram durante o pronunciamento de Kalil. O professor Wanderson Rocha, candidato à Prefeitura de Belo Horizonte em 2020, pelo PSTU, caiu desacordado com um sangramento na cabeça e foi encaminhado para o pronto-socorro do Hospital João 23, na área central da capital mineira. 

continua após a publicidade

“Mais uma vez o governo Kalil manda bater em professor. Agrediram fisicamente o Wanderson Rocha, a Laura e outros professores que já foram para o (pronto-socorro do Hospital) João 23", disse a diretora do sindicato que representa a categoria (Sind-Rede BH), Evangely Rodrigues, em entrevista à rádio Itatiaia.

O secretário de Segurança de Belo Horizonte, Genilson Zeferino, afirmou à rádio que os agentes reagiram a uma tentativa de invasão da prefeitura. “As imagens são horríveis de se ver, mas, infelizmente, elas foram produto de uma reação da Guarda Municipal ao tentar fazer a contenção de uma pessoa que insistia em invadir a festa. Ou seja, a despedida do prefeito”, afirmou o secretário.

Lula

continua após a publicidade

Quando foi eleito pela primeira vez, Kalil afirmou: “acabou coxinha, acabou mortadela, o prato agora é kibe”, em alusão à sua descendência Síria e à derrota do PT e PSDB nas eleições municipais de 2016. Agora, no entanto, o prefeito faz um movimento de aproximação com o PT. Ele foi recebido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite da última segunda-feira, 21, em São Paulo, para discutir a formação de uma aliança nas eleições de outubro.

O ex-ministro Walfrido Mares Guia, que deve coordenar a campanha de Lula no Estado, também esteve presente na conversa e o presidente do PSD, Gilberto Kassab, participou rapidamente do encontro. 

Essa foi a segunda reunião entre eles no ano. Em fevereiro, se reuniram em São Paulo e, desde então, mantêm conversas sobre a aliança no Estado.

continua após a publicidade

Kalil é visto por Lula como o candidato ideal para dividir palanque no segundo maior colégio eleitoral do País e rivalizar com o atual governador Romeu Zema (Novo) na disputa pelo governo do Estado. Ontem, 24, em entrevista à Rádio Super FM, o petista afirmou que “a única coisa que eu tenho certeza é que Kalil precisa de mim e que eu preciso do Kalil”. Segundo Lula, a possibilidade deles estarem juntos nas eleições é “muito grande”. 

Já para o prefeito, conquistar o apoio do ex-presidente pode ser crucial para ganhar votos, principalmente no interior de Minas Gerais, e conseguir ultrapassar o atual governador. De acordo com a pesquisa Genial/Quaest, divulgada na última sexta-feira, 18, num eventual segundo turno entre Kalil e Zema, o atual governador tem 49% das intenções de voto contra 33% do prefeito. Porém, no cenário em que Kalil é apoiado por Lula e Zema por Bolsonaro, o prefeito vira a disputa e atinge 49%, contra 35% do seu adversário.

Enquanto o prefeito se inclina ao PT, o atual governador Romeu Zema tenta mudar algumas regras internas dentro do próprio partido para permitir alianças com outras agremiações.

continua após a publicidade

Impasse

Kalil poderia deixar a prefeitura até o dia 2 de abril, data limite para que candidatos a cargos que não ocupam se descompatibilizem dos seus postos no Executivo. O prefeito também completa 64 anos hoje, data que, coincidentemente, é aniversário da fundação do Atlético Mineiro, clube que presidiu e ganhou visibilidade para entrar na carreira política.

A principal divergência entre as duas partes é a candidatura ao Senado. O PT pretende lançar o deputado federal Reginaldo Lopes, líder do partido na Câmara. Já o PSD deve optar por Alexandre Silveira, que ocupa a cadeira deixada pelo ex-governador Antonio Anastasia na Casa desde fevereiro, quando o ex-governador renunciou para assumir como ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).  

continua após a publicidade

De acordo com Lopes, “não há problema caso Kalil queira lançar um nome ao Senado”. No entanto, segundo ele, o PT não abrirá mão de concorrer ao pleito. “Tenho base popular”, justifica. 

O deputado aparece com 10% das intenções de voto ao Senado no Estado, enquanto o senador possui 8%, de acordo com pesquisa da Quest. Eles ficam atrás de Cleitinho Azevedo (Cidadania), com 13%. No entanto, ainda há muitos votos para serem disputados. 30% dos entrevistados afirmaram que não pretendem votar e 26% estão indecisos, segundo o levantamento.

Presidente do PT em Minas Gerais, o deputado Cristiano Silveira afirma que o PSD deveria fazer um gesto pela aliança. “Como o PT leva todo o apoio do Lula e da sua militância e não ganha espaço na chapa? A nossa pedida é o Senado”, afirmou.

Segundo Cristiano Silveira, o último encontro entre Lula e Kalil só não teve uma definição sobre a aliança por causa da divergência no Senado.

Apesar das negociações, o deputado observa que o partido ainda não descartou uma candidatura própria. A legenda chegou a anunciar o prefeito de Teófilo Otoni Daniel Sucupira como pré-candidato. De acordo com a pesquisa Genial/Quaest, Sucupira tem apenas 1% das intenções de voto no Estado.  

Durante as duas eleições que disputou, em 2016 e 2020, Kalil manteve distanciamento do PT. Na primeira, ao ser questionado se buscaria o apoio do então governador Fernando Pimentel (PT) no segundo turno, Kalil rejeitou. “Não espero apoio do governador. Eu não tenho cacique e não quero cacique nenhum. Não quis no primeiro turno e não quero no segundo, no terceiro ou no quarto turno”.

Sobre sua relação com o PT e PSDB, Kalil afirmou ao Estadão, em janeiro, que nunca teve visão crítica de nenhum partido. "O que eu não deixei foi que pregassem a estrela do PT no meu peito como quiseram. Nunca tive visão radical contra PT e PSDB. Tenho divergências pessoais nos dois partidos, mas tenho também amigos fraternos em ambos”, afirmou.

Em 2018, o prefeito apoiou Ciro Gomes (PDT) no primeiro turno da disputa presidencial e não declarou apoio nem a Haddad nem a Bolsonaro no segundo.

O prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) renunciou ao cargo nesta sexta-feira, 25. Ele está à frente do Executivo da capital mineira desde 2017, quando foi eleito a seu primeiro cargo público, e se despede para disputar as eleições ao governo de Minas Gerais, tendo como principal adversário o atual governador Romeu Zema (Novo).

Kalil tinha prazo até o próximo sábado, de acordo com a legislação eleitoral, para deixar a prefeitura, mas optou por fazê-lo hoje, dia em que completa 64 anos.

“Vou andar pelo Estado. Não quero fila de desempregados, não queremos empregada doméstica recebendo indecentes R$ 300. Sem promessas e sem mentiras”, afirmou Kalil, criticando indiretamente Zema. Diversas vezes, durante um discurso de 20 minutos, Kalil afirmou “ter a consciência de que fez o melhor para a população da capital mineira”: “Posso dizer sem medo: fizemos o que devíamos fazer”. Agora, a prefeitura de Belo Horizonte será liderada pelo vice-prefeito Fuad Noman (PSD), que foi Secretário-Executivo da Casa Civil da Presidência da República durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Em Minas Gerais, foi secretário de Fazenda e de Transporte e Obras Públicas, no governo do deputado Aécio Neves (PSDB-MG), e secretário de Coordenação de Investimentos, na gestão de Antônio Anastasia. Em Belo Horizonte, antes de ser vice-prefeito, Noman esteve à frente da Secretaria de Fazenda, no primeiro mandato de Kalil.

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, tem discutido palanque com Lula. Foto: Uarlen Valério/O Tempo

Confronto

Em greve desde a última semana, professores e outros servidores que atuam na área da educação realizavam um protesto na frente da prefeitura durante o anúncio da renúncia, e entraram em confronto com guardas municipais. A categoria reivindica recomposição do piso salarial nacional, sem exclusão de níveis de carreira.  Diversas bombas de efeito moral explodiram durante o pronunciamento de Kalil. O professor Wanderson Rocha, candidato à Prefeitura de Belo Horizonte em 2020, pelo PSTU, caiu desacordado com um sangramento na cabeça e foi encaminhado para o pronto-socorro do Hospital João 23, na área central da capital mineira. 

“Mais uma vez o governo Kalil manda bater em professor. Agrediram fisicamente o Wanderson Rocha, a Laura e outros professores que já foram para o (pronto-socorro do Hospital) João 23", disse a diretora do sindicato que representa a categoria (Sind-Rede BH), Evangely Rodrigues, em entrevista à rádio Itatiaia.

O secretário de Segurança de Belo Horizonte, Genilson Zeferino, afirmou à rádio que os agentes reagiram a uma tentativa de invasão da prefeitura. “As imagens são horríveis de se ver, mas, infelizmente, elas foram produto de uma reação da Guarda Municipal ao tentar fazer a contenção de uma pessoa que insistia em invadir a festa. Ou seja, a despedida do prefeito”, afirmou o secretário.

Lula

Quando foi eleito pela primeira vez, Kalil afirmou: “acabou coxinha, acabou mortadela, o prato agora é kibe”, em alusão à sua descendência Síria e à derrota do PT e PSDB nas eleições municipais de 2016. Agora, no entanto, o prefeito faz um movimento de aproximação com o PT. Ele foi recebido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite da última segunda-feira, 21, em São Paulo, para discutir a formação de uma aliança nas eleições de outubro.

O ex-ministro Walfrido Mares Guia, que deve coordenar a campanha de Lula no Estado, também esteve presente na conversa e o presidente do PSD, Gilberto Kassab, participou rapidamente do encontro. 

Essa foi a segunda reunião entre eles no ano. Em fevereiro, se reuniram em São Paulo e, desde então, mantêm conversas sobre a aliança no Estado.

Kalil é visto por Lula como o candidato ideal para dividir palanque no segundo maior colégio eleitoral do País e rivalizar com o atual governador Romeu Zema (Novo) na disputa pelo governo do Estado. Ontem, 24, em entrevista à Rádio Super FM, o petista afirmou que “a única coisa que eu tenho certeza é que Kalil precisa de mim e que eu preciso do Kalil”. Segundo Lula, a possibilidade deles estarem juntos nas eleições é “muito grande”. 

Já para o prefeito, conquistar o apoio do ex-presidente pode ser crucial para ganhar votos, principalmente no interior de Minas Gerais, e conseguir ultrapassar o atual governador. De acordo com a pesquisa Genial/Quaest, divulgada na última sexta-feira, 18, num eventual segundo turno entre Kalil e Zema, o atual governador tem 49% das intenções de voto contra 33% do prefeito. Porém, no cenário em que Kalil é apoiado por Lula e Zema por Bolsonaro, o prefeito vira a disputa e atinge 49%, contra 35% do seu adversário.

Enquanto o prefeito se inclina ao PT, o atual governador Romeu Zema tenta mudar algumas regras internas dentro do próprio partido para permitir alianças com outras agremiações.

Impasse

Kalil poderia deixar a prefeitura até o dia 2 de abril, data limite para que candidatos a cargos que não ocupam se descompatibilizem dos seus postos no Executivo. O prefeito também completa 64 anos hoje, data que, coincidentemente, é aniversário da fundação do Atlético Mineiro, clube que presidiu e ganhou visibilidade para entrar na carreira política.

A principal divergência entre as duas partes é a candidatura ao Senado. O PT pretende lançar o deputado federal Reginaldo Lopes, líder do partido na Câmara. Já o PSD deve optar por Alexandre Silveira, que ocupa a cadeira deixada pelo ex-governador Antonio Anastasia na Casa desde fevereiro, quando o ex-governador renunciou para assumir como ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).  

De acordo com Lopes, “não há problema caso Kalil queira lançar um nome ao Senado”. No entanto, segundo ele, o PT não abrirá mão de concorrer ao pleito. “Tenho base popular”, justifica. 

O deputado aparece com 10% das intenções de voto ao Senado no Estado, enquanto o senador possui 8%, de acordo com pesquisa da Quest. Eles ficam atrás de Cleitinho Azevedo (Cidadania), com 13%. No entanto, ainda há muitos votos para serem disputados. 30% dos entrevistados afirmaram que não pretendem votar e 26% estão indecisos, segundo o levantamento.

Presidente do PT em Minas Gerais, o deputado Cristiano Silveira afirma que o PSD deveria fazer um gesto pela aliança. “Como o PT leva todo o apoio do Lula e da sua militância e não ganha espaço na chapa? A nossa pedida é o Senado”, afirmou.

Segundo Cristiano Silveira, o último encontro entre Lula e Kalil só não teve uma definição sobre a aliança por causa da divergência no Senado.

Apesar das negociações, o deputado observa que o partido ainda não descartou uma candidatura própria. A legenda chegou a anunciar o prefeito de Teófilo Otoni Daniel Sucupira como pré-candidato. De acordo com a pesquisa Genial/Quaest, Sucupira tem apenas 1% das intenções de voto no Estado.  

Durante as duas eleições que disputou, em 2016 e 2020, Kalil manteve distanciamento do PT. Na primeira, ao ser questionado se buscaria o apoio do então governador Fernando Pimentel (PT) no segundo turno, Kalil rejeitou. “Não espero apoio do governador. Eu não tenho cacique e não quero cacique nenhum. Não quis no primeiro turno e não quero no segundo, no terceiro ou no quarto turno”.

Sobre sua relação com o PT e PSDB, Kalil afirmou ao Estadão, em janeiro, que nunca teve visão crítica de nenhum partido. "O que eu não deixei foi que pregassem a estrela do PT no meu peito como quiseram. Nunca tive visão radical contra PT e PSDB. Tenho divergências pessoais nos dois partidos, mas tenho também amigos fraternos em ambos”, afirmou.

Em 2018, o prefeito apoiou Ciro Gomes (PDT) no primeiro turno da disputa presidencial e não declarou apoio nem a Haddad nem a Bolsonaro no segundo.

O prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) renunciou ao cargo nesta sexta-feira, 25. Ele está à frente do Executivo da capital mineira desde 2017, quando foi eleito a seu primeiro cargo público, e se despede para disputar as eleições ao governo de Minas Gerais, tendo como principal adversário o atual governador Romeu Zema (Novo).

Kalil tinha prazo até o próximo sábado, de acordo com a legislação eleitoral, para deixar a prefeitura, mas optou por fazê-lo hoje, dia em que completa 64 anos.

“Vou andar pelo Estado. Não quero fila de desempregados, não queremos empregada doméstica recebendo indecentes R$ 300. Sem promessas e sem mentiras”, afirmou Kalil, criticando indiretamente Zema. Diversas vezes, durante um discurso de 20 minutos, Kalil afirmou “ter a consciência de que fez o melhor para a população da capital mineira”: “Posso dizer sem medo: fizemos o que devíamos fazer”. Agora, a prefeitura de Belo Horizonte será liderada pelo vice-prefeito Fuad Noman (PSD), que foi Secretário-Executivo da Casa Civil da Presidência da República durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Em Minas Gerais, foi secretário de Fazenda e de Transporte e Obras Públicas, no governo do deputado Aécio Neves (PSDB-MG), e secretário de Coordenação de Investimentos, na gestão de Antônio Anastasia. Em Belo Horizonte, antes de ser vice-prefeito, Noman esteve à frente da Secretaria de Fazenda, no primeiro mandato de Kalil.

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, tem discutido palanque com Lula. Foto: Uarlen Valério/O Tempo

Confronto

Em greve desde a última semana, professores e outros servidores que atuam na área da educação realizavam um protesto na frente da prefeitura durante o anúncio da renúncia, e entraram em confronto com guardas municipais. A categoria reivindica recomposição do piso salarial nacional, sem exclusão de níveis de carreira.  Diversas bombas de efeito moral explodiram durante o pronunciamento de Kalil. O professor Wanderson Rocha, candidato à Prefeitura de Belo Horizonte em 2020, pelo PSTU, caiu desacordado com um sangramento na cabeça e foi encaminhado para o pronto-socorro do Hospital João 23, na área central da capital mineira. 

“Mais uma vez o governo Kalil manda bater em professor. Agrediram fisicamente o Wanderson Rocha, a Laura e outros professores que já foram para o (pronto-socorro do Hospital) João 23", disse a diretora do sindicato que representa a categoria (Sind-Rede BH), Evangely Rodrigues, em entrevista à rádio Itatiaia.

O secretário de Segurança de Belo Horizonte, Genilson Zeferino, afirmou à rádio que os agentes reagiram a uma tentativa de invasão da prefeitura. “As imagens são horríveis de se ver, mas, infelizmente, elas foram produto de uma reação da Guarda Municipal ao tentar fazer a contenção de uma pessoa que insistia em invadir a festa. Ou seja, a despedida do prefeito”, afirmou o secretário.

Lula

Quando foi eleito pela primeira vez, Kalil afirmou: “acabou coxinha, acabou mortadela, o prato agora é kibe”, em alusão à sua descendência Síria e à derrota do PT e PSDB nas eleições municipais de 2016. Agora, no entanto, o prefeito faz um movimento de aproximação com o PT. Ele foi recebido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite da última segunda-feira, 21, em São Paulo, para discutir a formação de uma aliança nas eleições de outubro.

O ex-ministro Walfrido Mares Guia, que deve coordenar a campanha de Lula no Estado, também esteve presente na conversa e o presidente do PSD, Gilberto Kassab, participou rapidamente do encontro. 

Essa foi a segunda reunião entre eles no ano. Em fevereiro, se reuniram em São Paulo e, desde então, mantêm conversas sobre a aliança no Estado.

Kalil é visto por Lula como o candidato ideal para dividir palanque no segundo maior colégio eleitoral do País e rivalizar com o atual governador Romeu Zema (Novo) na disputa pelo governo do Estado. Ontem, 24, em entrevista à Rádio Super FM, o petista afirmou que “a única coisa que eu tenho certeza é que Kalil precisa de mim e que eu preciso do Kalil”. Segundo Lula, a possibilidade deles estarem juntos nas eleições é “muito grande”. 

Já para o prefeito, conquistar o apoio do ex-presidente pode ser crucial para ganhar votos, principalmente no interior de Minas Gerais, e conseguir ultrapassar o atual governador. De acordo com a pesquisa Genial/Quaest, divulgada na última sexta-feira, 18, num eventual segundo turno entre Kalil e Zema, o atual governador tem 49% das intenções de voto contra 33% do prefeito. Porém, no cenário em que Kalil é apoiado por Lula e Zema por Bolsonaro, o prefeito vira a disputa e atinge 49%, contra 35% do seu adversário.

Enquanto o prefeito se inclina ao PT, o atual governador Romeu Zema tenta mudar algumas regras internas dentro do próprio partido para permitir alianças com outras agremiações.

Impasse

Kalil poderia deixar a prefeitura até o dia 2 de abril, data limite para que candidatos a cargos que não ocupam se descompatibilizem dos seus postos no Executivo. O prefeito também completa 64 anos hoje, data que, coincidentemente, é aniversário da fundação do Atlético Mineiro, clube que presidiu e ganhou visibilidade para entrar na carreira política.

A principal divergência entre as duas partes é a candidatura ao Senado. O PT pretende lançar o deputado federal Reginaldo Lopes, líder do partido na Câmara. Já o PSD deve optar por Alexandre Silveira, que ocupa a cadeira deixada pelo ex-governador Antonio Anastasia na Casa desde fevereiro, quando o ex-governador renunciou para assumir como ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).  

De acordo com Lopes, “não há problema caso Kalil queira lançar um nome ao Senado”. No entanto, segundo ele, o PT não abrirá mão de concorrer ao pleito. “Tenho base popular”, justifica. 

O deputado aparece com 10% das intenções de voto ao Senado no Estado, enquanto o senador possui 8%, de acordo com pesquisa da Quest. Eles ficam atrás de Cleitinho Azevedo (Cidadania), com 13%. No entanto, ainda há muitos votos para serem disputados. 30% dos entrevistados afirmaram que não pretendem votar e 26% estão indecisos, segundo o levantamento.

Presidente do PT em Minas Gerais, o deputado Cristiano Silveira afirma que o PSD deveria fazer um gesto pela aliança. “Como o PT leva todo o apoio do Lula e da sua militância e não ganha espaço na chapa? A nossa pedida é o Senado”, afirmou.

Segundo Cristiano Silveira, o último encontro entre Lula e Kalil só não teve uma definição sobre a aliança por causa da divergência no Senado.

Apesar das negociações, o deputado observa que o partido ainda não descartou uma candidatura própria. A legenda chegou a anunciar o prefeito de Teófilo Otoni Daniel Sucupira como pré-candidato. De acordo com a pesquisa Genial/Quaest, Sucupira tem apenas 1% das intenções de voto no Estado.  

Durante as duas eleições que disputou, em 2016 e 2020, Kalil manteve distanciamento do PT. Na primeira, ao ser questionado se buscaria o apoio do então governador Fernando Pimentel (PT) no segundo turno, Kalil rejeitou. “Não espero apoio do governador. Eu não tenho cacique e não quero cacique nenhum. Não quis no primeiro turno e não quero no segundo, no terceiro ou no quarto turno”.

Sobre sua relação com o PT e PSDB, Kalil afirmou ao Estadão, em janeiro, que nunca teve visão crítica de nenhum partido. "O que eu não deixei foi que pregassem a estrela do PT no meu peito como quiseram. Nunca tive visão radical contra PT e PSDB. Tenho divergências pessoais nos dois partidos, mas tenho também amigos fraternos em ambos”, afirmou.

Em 2018, o prefeito apoiou Ciro Gomes (PDT) no primeiro turno da disputa presidencial e não declarou apoio nem a Haddad nem a Bolsonaro no segundo.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.