PORTO ALEGRE - O último debate entre os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul antes do primeiro turno das eleições 2018, promovido pela RBS, afiliada da TV Globo, foi marcado por ataques aos candidatos Eduardo Leite (PSDB) e José Ivo Sartori (MDB), líderes nas pesquisas de intenção de votos. O tucano foi cobrado principalmente pelas denúncias de fraude em exames de câncer em Pelotas, durante sua gestão na prefeitura do município, e o atual governador, pela sua administração à frente do Estado. O Rio Grande do Sul foi o único Estado que realizou o debate nesta quarta-feira, 3.
Na pesquisa Ibope divulgada no dia 27 de setembro, Leite registrou 30% das intenções de voto; Sartori está com 29%. Miguel Rossetto (PT) tem 12% e Jairo Jorge (PDT) está com 8%. Além destes quatro candidatos, esteve presente o postulante ao Palácio Piratini Roberto Robaina (PSOL), que tem 1% das intenções.
Robaina e Jorge questionaram Leite sobre sua atitude acerca de supostas fraudes em resultados de exames de câncer em Pelotas, governada pelo tucano entre 2013 e 2016. Robaina, em sua primeira pergunta, cobrou Leite sobre “a tentativa do candidato de se afastar da responsabilidade que teve no caso”.
O tucano pediu para que o adversário “não faltasse com a verdade” e alertou Robaina acerca de decisão judicial que garantiu direito de resposta contra Júlio Flores (PSTU) porque Flores o culpou por mortes relacionadas à fraude. Na réplica, Robaina chamou o caso de “escândalo” e comparou o candidato ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), “que tira o corpo fora”.
Jorge questionou a “falta de atitude” do tucano e citou “quatro oportunidades em que o prefeito poderia agir”. Leite se defendeu, afirmou que os adversários estão “distorcendo o assunto”. O pedetista disse não estar “atacando” o tucano e citou números e dados que compõem a denúncia. Leite voltou a se defender, afirmou ter “compromisso com a saúde” e falou sobre a construção de UPA em Pelotas “somente com dinheiro do município”.
Plebiscito. Os líderes nas pesquisas também promoveram embate. No terceiro bloco, Sartori questionou Leite das razões pelas quais o tucano foi contra a realização de plebiscito junto com as eleições para autorizar a privatização de estatais. “Você foi contra o plebiscito para ouvir a população. Ficou ao lado do PT. Não se governa com marketing e discurso”, criticou Sartori.
Leite afirmou que “o Brasil nunca fez plebiscito junto com eleições” e que o tema deveria ter mais tempo para discussão. “Com todo o respeito, eleitoreira foi a sua posição. Não venha acusar a mim o que o senhor fez”, respondeu o tucano.
Em outro momento do debate, Rossetto chamou a política econômica do governador de “desastrosa” e disse que Leite estaria junto. “Vamos atrair investimentos privados nacionais e internacionais. Diferente da tua candidatura (se referindo a Leite), que quer trazer uma política de recessão, como feita no governo Yeda Crusius (PSDB, 2007-2010) e Marchezan (Nelson Marchezan Júnior, do PSDB, atual prefeito de Porto Alegre)”, disse o petista. Leite se defendeu. “Vamos reduzir impostos e burocracia. Estas são diferenças grandes entre minha candidatura e a do PT, que hostiliza o empreendedor”, afirmou o tucano.
Sartori também foi criticado pelo petista. Utilizando-se do jingle do candidato à reeleição - “o gringo tá certo” -, Rossetto questionou o governador se “500 mil desempregados, hospitais fechados, salários atrasados e menos policiais estaria certo”. Sartori afirmou que está “arrumando a casa” e criticou o governo petista de Tarso Genro (2011-2014). “O nosso oponente questiona como se tudo fosse terra arrasada. Recebemos herança que não nos permitiu outro caminho”, se defendeu o governador, citando o plano de recuperação fiscal, que permite ajuda federal ao Estado.
Jorge também criticou o plano de recuperação de Sartori e disse querer “renegociar com altivez” novos termos para a crise no Rio Grande do Sul. “O governador aumentou impostos e não resolveu o problema, não pagou a dívida, extinguiu fundações e não resolveu o problema”, disse.
Sartori criticou adversários e disse “estar ouvindo muitas promessas mágicas”. “É preciso respeitar as pessoas. É preciso ter esses recursos para investir mais em saúde, segurança e educação”, afirmou o governador ao defender o plano de recuperação fiscal. Segundo ele, R$ 11,3 bilhões ficariam no Estado para investimento caso a proposta seja aceita. No fim do debate, Sartori falou em “festival de mentiras e ataques”.