O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira, 4, que pretende tirar “quase oito mil militares que estão em cargos” comissionados no governo federal caso volte a ocupar a Presidência da República. O petista disse que, mais difícil do que vencer as eleições neste ano, vai ser “desfazer o desmonte das instituições” realizado, segundo ele, pelo governo de Jair Bolsonaro.
“Nós vamos ter que começar o governo sabendo que nós vamos ter que tirar quase oito mil militares que estão em cargos, pessoas que não prestaram concursos”, declarou Lula, durante reunião da Direção Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2020 apontou que o número de militares que ocupavam cargos civis no governo federal mais do que dobrou em relação ao governo Temer. A quantidade de militares – tanto da ativa quanto da reserva – havia passado de 2.765, em 2018, para 6.157, segundo o relatório.
Um levantamento do Poder360 feito no mesmo ano a partir de dados da Lei de Acesso à Informação, indicou 8.450 militares da reserva ocupando postos em ministérios, comandos e tribunais militares.
Nos governos do PT, a sigla era acusada de lotear o Planalto com aliados, entre eles sindicalistas. Quando Bolsonaro assumiu, o na época ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que era preciso “despetizar o Brasil”.
Lula diz que vai trabalhar para evitar eleição de ‘pilantras’ no Congresso
No mesmo evento, o ex-presidente disse que a eleição de deputados estará no centro da estratégia do PT para as eleições deste ano. “Como é que a gente vai trabalhar para não deixar eleger pilantras, como a gente vai fazer para não deixar a direita ter uma maioria”, disse o petista.
O ex-presidente também citou a nova configuração do Congresso, após as trocas feitas durante a janela partidária. Segundo o petista, os partidos viraram “cooperativas” de deputados. “O que vale é a repartição do fundo eleitoral”, afirmou.
A relação de Lula com o Congresso foi marcada pelo escândalo do mensalão, esquema de compra de votos de parlamentares que ameaçou derrubar o primeiro governo do petista, em 2005. A revelação feita pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB) de que congressistas recebiam uma espécie de mesada para votar a favor dos projetos do governo virou ação penal julgada pelo Supremo Tribunal Federal em 2012 - 25 réus foram condenados.