Para Cláudio Lembo, Alckmin é 'o menos ruim entre os piores' nas eleições 2018


O ex-governador de São Paulo vê vitória do tucano mais por defeitos dos adversários do que por méritos próprios

Por José Maria Mayrink

Paulistano do bairro do Bixiga, 83 anos, o advogado Cláudio Salvador Lembo, que foi presidente da Arena no período da ditadura militar e governador de São Paulo de março de 2006 a janeiro de 2007, quando era vice e Geraldo Alckmin renunciou para se candidatar a presidente da República, vê com pessimismo o Brasil, a dois meses das eleições 2018. Acredita que Alckmin, apoiado pelo seu partido, o PSD, será o vencedor por ser “o menos ruim entre os piores, ao ser comparado com a falta de qualidades de seus adversários”.

O ex-governador de São Paulo Cláudio Lembro Foto: VALÉRIA GONCALVEZ/ESTADÃO

“Nós estamos com déficit de democracia nestes últimos 30 anos da Constituição de 1988. Passaram-se 30 anos e não fomos capazes de criar novas lideranças para o jogo político. O Brasil se tornou um deserto de ideias”, afirmou Lembo, ao justificar seu pessimismo. “O quadro não é otimista e não vai mudar, temos de suportar essa situação e assim mesmo votar, exercendo nossa cidadania pelo voto”, acrescentou ele ao Estado.

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Apesar de não haver novos líderes, Lembo afirmou que a democracia não corre risco. “Primeiro, por causa da fragilização política do segmento militar. A não permanência, além de quatro anos, dos comandos militares em seus postos não permite a formação de lideranças militares, como no passado. Também internacionalmente não existe clima para qualquer aventura autoritária. Isso é bom, é uma coisa positiva que temos no momento. Portanto, o cenário negativo é o próprio campo político. É só examinar as qualidades dos candidatos a presidente.”

Poderá haver uma exceção, admite o advogado e ex-governador, não pelas qualidades do candidato, mas pelos defeitos de seus adversários. “Entre todos os ruins, o menos ruim é Geraldo Alckmin. Esta previsão não se deve ao fato de meu partido apoiá-lo, mas à avaliação que faço do quadro eleitoral.” Pesa também o tempo de televisão que Alckmin terá. “O candidato Jair Bolsonaro (PSL), que conta com a rede social, mal aparecerá no horário gratuito do rádio e da televisão”, disse Lembo. “A democracia, que está institucionalizada no Brasil, é um regime de crises, porque há liberdade. A liberdade leva a crises, que levam à criatividade para sair da crise.”

Professor de Direito Constitucional e de Direito Processual Civil na Universidade Presbiteriana Mackenzie, Lembo considera injusta e ilegal a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, no processo do apartamento triplex de Guarujá. Prevê que ele deverá ser libertado, provavelmente antes das eleições, por liminar de um juiz do Supremo Tribunal Federal, nesse processo, “porque sua prisão, na decisão de Curitiba, foi injusta”. O que ocorrerá depois é uma incógnita, pois o petista tem outras ações contra ele.

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“Lula não passa como candidato pela jurisprudência do STF, mas será um grande cabo eleitoral. Preso ou solto, poderá ter influência muito grande nas eleições. Sua libertação poderá ser in limine ou a posteriori. Estamos diante de uma incógnita, de um fenômeno político. Minha posição sobre Lula é pessoal, meu escritório não foi contratado para sua defesa”, afirmou Lembo.

Na avaliação do ex-governador, falta um candidato com raízes nacionais no momento político atual. “Falta hoje nacionalidade. É patético constatar a venda de todas as empresas nacionais e não haver protesto nenhum. É uma falta de nacionalidade imensa. Isso pode levar a um risco, à explosão de um candidato fora do sistema. É um risco, inclusive para o Alckmin.”

Lembo disse que, nesta hora em que todos parecem preocupados apenas com a eleição do presidente da República e dos governadores, os eleitores deveriam voltar os olhos para o Congresso. “O dramático é o Legislativo, porque o nível dos deputados e dos senadores é muito baixo e não tende a mudar.” Segundo ele, os candidatos ao Parlamento são os mesmos, “pois político é animal muito persistente, em qualquer regime”. Ex-presidente estadual da Arena e candidato derrotado ao Senado, portanto um político, Lembo disse que admira a capacidade de sobrevivência dos políticos, qualidade que ele não teve. “Fui presidente da Arena, que havia sido derrotada, porque ninguém queria o cargo e escolheram esse ingênuo, que sou eu.” Eleito vice-governador na chapa de Alckmin, assumiu o governo de São Paulo em março de 2006.

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Como ex-governador, Lembo não tem privilégios nem aposentadoria, nem seguranças. “Ando pelas ruas sozinho, todo mundo me trata bem, ninguém me xinga”, afirmou com bom humor. No domingo passado, ele foi passear a pé pelo centro da cidade. Voltou horrorizado com o cenário de sujeira e miséria, ao ver centenas de mendigos e de moradores de rua. Da janela de seu escritório, na Rua Peixoto Gomide, ele admira o verde das árvores do Parque Trianon, que encobrem a pobreza da região da Avenida Paulista. Lembo foi prefeito interino de São Paulo, entre 1986 e 1989, na administração de Jânio Quadros.

Paulistano do bairro do Bixiga, 83 anos, o advogado Cláudio Salvador Lembo, que foi presidente da Arena no período da ditadura militar e governador de São Paulo de março de 2006 a janeiro de 2007, quando era vice e Geraldo Alckmin renunciou para se candidatar a presidente da República, vê com pessimismo o Brasil, a dois meses das eleições 2018. Acredita que Alckmin, apoiado pelo seu partido, o PSD, será o vencedor por ser “o menos ruim entre os piores, ao ser comparado com a falta de qualidades de seus adversários”.

O ex-governador de São Paulo Cláudio Lembro Foto: VALÉRIA GONCALVEZ/ESTADÃO

“Nós estamos com déficit de democracia nestes últimos 30 anos da Constituição de 1988. Passaram-se 30 anos e não fomos capazes de criar novas lideranças para o jogo político. O Brasil se tornou um deserto de ideias”, afirmou Lembo, ao justificar seu pessimismo. “O quadro não é otimista e não vai mudar, temos de suportar essa situação e assim mesmo votar, exercendo nossa cidadania pelo voto”, acrescentou ele ao Estado.

Apesar de não haver novos líderes, Lembo afirmou que a democracia não corre risco. “Primeiro, por causa da fragilização política do segmento militar. A não permanência, além de quatro anos, dos comandos militares em seus postos não permite a formação de lideranças militares, como no passado. Também internacionalmente não existe clima para qualquer aventura autoritária. Isso é bom, é uma coisa positiva que temos no momento. Portanto, o cenário negativo é o próprio campo político. É só examinar as qualidades dos candidatos a presidente.”

Poderá haver uma exceção, admite o advogado e ex-governador, não pelas qualidades do candidato, mas pelos defeitos de seus adversários. “Entre todos os ruins, o menos ruim é Geraldo Alckmin. Esta previsão não se deve ao fato de meu partido apoiá-lo, mas à avaliação que faço do quadro eleitoral.” Pesa também o tempo de televisão que Alckmin terá. “O candidato Jair Bolsonaro (PSL), que conta com a rede social, mal aparecerá no horário gratuito do rádio e da televisão”, disse Lembo. “A democracia, que está institucionalizada no Brasil, é um regime de crises, porque há liberdade. A liberdade leva a crises, que levam à criatividade para sair da crise.”

Professor de Direito Constitucional e de Direito Processual Civil na Universidade Presbiteriana Mackenzie, Lembo considera injusta e ilegal a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, no processo do apartamento triplex de Guarujá. Prevê que ele deverá ser libertado, provavelmente antes das eleições, por liminar de um juiz do Supremo Tribunal Federal, nesse processo, “porque sua prisão, na decisão de Curitiba, foi injusta”. O que ocorrerá depois é uma incógnita, pois o petista tem outras ações contra ele.

“Lula não passa como candidato pela jurisprudência do STF, mas será um grande cabo eleitoral. Preso ou solto, poderá ter influência muito grande nas eleições. Sua libertação poderá ser in limine ou a posteriori. Estamos diante de uma incógnita, de um fenômeno político. Minha posição sobre Lula é pessoal, meu escritório não foi contratado para sua defesa”, afirmou Lembo.

Na avaliação do ex-governador, falta um candidato com raízes nacionais no momento político atual. “Falta hoje nacionalidade. É patético constatar a venda de todas as empresas nacionais e não haver protesto nenhum. É uma falta de nacionalidade imensa. Isso pode levar a um risco, à explosão de um candidato fora do sistema. É um risco, inclusive para o Alckmin.”

Lembo disse que, nesta hora em que todos parecem preocupados apenas com a eleição do presidente da República e dos governadores, os eleitores deveriam voltar os olhos para o Congresso. “O dramático é o Legislativo, porque o nível dos deputados e dos senadores é muito baixo e não tende a mudar.” Segundo ele, os candidatos ao Parlamento são os mesmos, “pois político é animal muito persistente, em qualquer regime”. Ex-presidente estadual da Arena e candidato derrotado ao Senado, portanto um político, Lembo disse que admira a capacidade de sobrevivência dos políticos, qualidade que ele não teve. “Fui presidente da Arena, que havia sido derrotada, porque ninguém queria o cargo e escolheram esse ingênuo, que sou eu.” Eleito vice-governador na chapa de Alckmin, assumiu o governo de São Paulo em março de 2006.

Como ex-governador, Lembo não tem privilégios nem aposentadoria, nem seguranças. “Ando pelas ruas sozinho, todo mundo me trata bem, ninguém me xinga”, afirmou com bom humor. No domingo passado, ele foi passear a pé pelo centro da cidade. Voltou horrorizado com o cenário de sujeira e miséria, ao ver centenas de mendigos e de moradores de rua. Da janela de seu escritório, na Rua Peixoto Gomide, ele admira o verde das árvores do Parque Trianon, que encobrem a pobreza da região da Avenida Paulista. Lembo foi prefeito interino de São Paulo, entre 1986 e 1989, na administração de Jânio Quadros.

Paulistano do bairro do Bixiga, 83 anos, o advogado Cláudio Salvador Lembo, que foi presidente da Arena no período da ditadura militar e governador de São Paulo de março de 2006 a janeiro de 2007, quando era vice e Geraldo Alckmin renunciou para se candidatar a presidente da República, vê com pessimismo o Brasil, a dois meses das eleições 2018. Acredita que Alckmin, apoiado pelo seu partido, o PSD, será o vencedor por ser “o menos ruim entre os piores, ao ser comparado com a falta de qualidades de seus adversários”.

O ex-governador de São Paulo Cláudio Lembro Foto: VALÉRIA GONCALVEZ/ESTADÃO

“Nós estamos com déficit de democracia nestes últimos 30 anos da Constituição de 1988. Passaram-se 30 anos e não fomos capazes de criar novas lideranças para o jogo político. O Brasil se tornou um deserto de ideias”, afirmou Lembo, ao justificar seu pessimismo. “O quadro não é otimista e não vai mudar, temos de suportar essa situação e assim mesmo votar, exercendo nossa cidadania pelo voto”, acrescentou ele ao Estado.

Apesar de não haver novos líderes, Lembo afirmou que a democracia não corre risco. “Primeiro, por causa da fragilização política do segmento militar. A não permanência, além de quatro anos, dos comandos militares em seus postos não permite a formação de lideranças militares, como no passado. Também internacionalmente não existe clima para qualquer aventura autoritária. Isso é bom, é uma coisa positiva que temos no momento. Portanto, o cenário negativo é o próprio campo político. É só examinar as qualidades dos candidatos a presidente.”

Poderá haver uma exceção, admite o advogado e ex-governador, não pelas qualidades do candidato, mas pelos defeitos de seus adversários. “Entre todos os ruins, o menos ruim é Geraldo Alckmin. Esta previsão não se deve ao fato de meu partido apoiá-lo, mas à avaliação que faço do quadro eleitoral.” Pesa também o tempo de televisão que Alckmin terá. “O candidato Jair Bolsonaro (PSL), que conta com a rede social, mal aparecerá no horário gratuito do rádio e da televisão”, disse Lembo. “A democracia, que está institucionalizada no Brasil, é um regime de crises, porque há liberdade. A liberdade leva a crises, que levam à criatividade para sair da crise.”

Professor de Direito Constitucional e de Direito Processual Civil na Universidade Presbiteriana Mackenzie, Lembo considera injusta e ilegal a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, no processo do apartamento triplex de Guarujá. Prevê que ele deverá ser libertado, provavelmente antes das eleições, por liminar de um juiz do Supremo Tribunal Federal, nesse processo, “porque sua prisão, na decisão de Curitiba, foi injusta”. O que ocorrerá depois é uma incógnita, pois o petista tem outras ações contra ele.

“Lula não passa como candidato pela jurisprudência do STF, mas será um grande cabo eleitoral. Preso ou solto, poderá ter influência muito grande nas eleições. Sua libertação poderá ser in limine ou a posteriori. Estamos diante de uma incógnita, de um fenômeno político. Minha posição sobre Lula é pessoal, meu escritório não foi contratado para sua defesa”, afirmou Lembo.

Na avaliação do ex-governador, falta um candidato com raízes nacionais no momento político atual. “Falta hoje nacionalidade. É patético constatar a venda de todas as empresas nacionais e não haver protesto nenhum. É uma falta de nacionalidade imensa. Isso pode levar a um risco, à explosão de um candidato fora do sistema. É um risco, inclusive para o Alckmin.”

Lembo disse que, nesta hora em que todos parecem preocupados apenas com a eleição do presidente da República e dos governadores, os eleitores deveriam voltar os olhos para o Congresso. “O dramático é o Legislativo, porque o nível dos deputados e dos senadores é muito baixo e não tende a mudar.” Segundo ele, os candidatos ao Parlamento são os mesmos, “pois político é animal muito persistente, em qualquer regime”. Ex-presidente estadual da Arena e candidato derrotado ao Senado, portanto um político, Lembo disse que admira a capacidade de sobrevivência dos políticos, qualidade que ele não teve. “Fui presidente da Arena, que havia sido derrotada, porque ninguém queria o cargo e escolheram esse ingênuo, que sou eu.” Eleito vice-governador na chapa de Alckmin, assumiu o governo de São Paulo em março de 2006.

Como ex-governador, Lembo não tem privilégios nem aposentadoria, nem seguranças. “Ando pelas ruas sozinho, todo mundo me trata bem, ninguém me xinga”, afirmou com bom humor. No domingo passado, ele foi passear a pé pelo centro da cidade. Voltou horrorizado com o cenário de sujeira e miséria, ao ver centenas de mendigos e de moradores de rua. Da janela de seu escritório, na Rua Peixoto Gomide, ele admira o verde das árvores do Parque Trianon, que encobrem a pobreza da região da Avenida Paulista. Lembo foi prefeito interino de São Paulo, entre 1986 e 1989, na administração de Jânio Quadros.

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