Pouco antes de entrar na sede do Instituto Lula, em São Paulo, onde se reuniria com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, afirmou, na manhã desta terça-feira, 19, que "parte do PT está de salto alto", e reclamou do fato de não ter sido "defendido" pelo alto escalão do partido após ser vaiado em um ato com sindicalistas na semana passada. Após a reunião, no entanto, deixou o prédio acompanhado de Gleisi e declarou apoio ao PT em 2022.
"Primeiro que a vaia foi de uma parte da militância do PT. Não era povo em geral, era militante. Eu sei como funciona isso. Isso é grave e o mais grave é não ter sido defendido pelo Lula ou por alguém do PT", disse Paulinho ao chegar para o encontro. "Isso mostra, do nosso ponto de vista, que a aliança que o PT imagina seja menor do que nós imaginamos. Nós imaginamos que uma aliança para ganhar do Bolsonaro precisa ser ampla, precisa ser com todos aqueles que são contra. Independente de quem votou no impeachment da Dilma ou não." Ele foi favorável à cassação da petista.
Após a reunião, o presidente do Solidariedado deixou o prédio acompanhado da presidente do PT e reiterou o apoio à candidatura de Lula. "Primeiro, tivemos uma conversa bastante prolongada com a Gleisi e o presidente e esclarecemos alguns pontos que eu venho colocando para ampliação da aliança, que é o desejo da Gleisi e do presidente Lula de juntar o máximo de partidos e movimentos sociais, e esse é um papel que eu quero desenvolver na campanha", disse.
"Hoje, selamos os nossos compromissos. Vamos fazer um evento da direção da Executiva nacional do Solidariedade no dia 3, conforme tinha combinado com a Gleisi, para selar a aliança do Solidariedade com o Lula e vamos no lançamento da candidatura do Lula no dia 7 de maio", afirmou ainda Paulinho, que, incomodado com as vaias, chegou a cancelar na semana passada a reunião da Executiva marcada para 3 de maio.
O dirigente partidário afirmou à imprensa que tenta buscar partidos para uma "grande aliança". Entre as legendas que, segundo Paulinho, estão "na dúvida" sobre quem apoiar ao Planalto, estão o MDB, que está dividido sobre o lançamento da senadora Simone Tebet (MDB), e o PSD. "É possível conversar com o próprio Kassab, com o Baleia Rossi. Com o Avante, eu acho que é possível também", disse ele, referindo-se aos presidentes do PSD, Gilberto Kassab, e do MDB, Baleia Rossi.
Vaias
Já a presidente do PT minimizou as vaias dos sindicalistas a Paulinho e afirmou que conta com o presidente do Solidariedade como articulador. "Infelizmente, aconteceu um fato que a gente lamenta, não tem nada a ver com o PT e sua militância. Queríamos fazer essa reunião para esclarecer isso. E para falar da importância que tem o Solidariedade e o Paulinho nessa frente que estamos formando", disse Gleisi.
Nesta segunda-feira, 18, Paulinho se encontrou em São Paulo com o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) e com o deputado federal Aécio Neves (PSDB). Durante a reunião com o PT, o presidente do Solidariedade não foi cobrado pela aproximação com o PSDB, segundo interlocutores. Um dos participantes da reunião disse ao Estadão que petistas levam em conta que a aproximação com outros partidos, mesmo aqueles que lancem candidatos em um eventual primeiro turno, pode ser útil em um eventual segundo turno.