Planos de Covas e Boulos superam gastos atuais da Prefeitura


Desde 2017, administração municipal investiu R$ 12,2 bi; tucano estima ampliar em 50% os recursos destinados a suas propostas, enquanto candidato do PSOL prevê direcionar 137% a mais

Por Adriana Ferraz, Túlio Kruse e Bianca Gomes

Os planos de governo dos candidatos que disputam o segundo turno em São Paulo têm custos superiores aos investimentos realizados pela Prefeitura nos últimos quatro anos. Guilherme Boulos (PSOL) prevê gastar cerca de 137% a mais e Bruno Covas (PSDB), o atual prefeito, estima ampliar em 50% o total de recursos destinados a novas obras ou políticas públicas. De 2017 até agora, a Prefeitura aplicou R$ 12,2 bilhões em melhorias diversas na cidade, cerca de 40% a menos que a administração anterior, de Fernando Haddad (PT).

Em ambas as listas constam gastos altos com ações para zerar a fila das creches, promover melhorias na mobilidade urbana, dotar as salas de aula da rede municipal com internet e ainda urbanizar favelas e construir moradias populares. Apesar de se apresentarem como opções totalmente distintas ao eleitorado, Covas e Boulos convergem em muitas propostas.

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A avaliação dos planos, no entanto, mostra que Boulos tem promessas mais dispendiosas. Para custear a meta de oferecer tarifa zero para desempregados e estudantes no transporte, por exemplo, o candidato prevê gastar R$ 4 bilhões ao longo do mandato, a mesma quantia prevista para uma de suas prioridades: a construção de moradias populares. Segundo ele, serão 100 mil. 

O tucano planeja investimentos mais volumosos em inovações na educação, como a compra de 465 mil tablets para estudantes, avaliada em R$ 821 milhões, e a construção de 90 km de corredores de ônibus – Boulos fala em 120 km. Na média, o custo de cada km de corredor é de R$ 48 milhões, segundo cálculos feitos por especialistas da Rede Nossa São Paulo. 

Os valores foram obtidos pela reportagem com as campanhas dos candidatos e depois checados com os preços praticados no mercado ou mesmo previstos no plano de metas da atual gestão. Há divergências. O custo do metro quadrado de calçada reformada previsto agora por Covas é de R$ 170, enquanto seu próprio plano do governo estipula em R$ 400. 

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“Os custos não condizem com valores apresentados anteriormente ou até mesmo conhecido por especialistas”, diz Carolina Guimarães, coordenadora da entidade.

Obras de conjunto habitacional na zona leste Foto: Alex Silva/Estadão

Demandas

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Diante da crise econômica acentuada pela pandemia de covid-19, analistas econômicos ouvidos pelo Estadão afirmam que qualquer plano de futuro deve ter os pés no chão e compromissos com as necessidades da população. 

“É uma equação delicada. As possibilidades fiscais exigem gestão. Nunca é uma conta exata e deve ser um processo de equilíbrio para não se acomodar nem exceder o cenário fiscal”, diz a economista Mariana Almeida, que é superintendente da Fundação Tide Setubal e professora do Insper.

Segundo a especialista, São Paulo recuperou sua capacidade de endividamento, após a renegociação da dívida da capital com a União feita pela gestão Haddad. “Em função disso, pôde ampliar o investimento. Esse é um processo que ainda está amadurecendo. É claro que há muita incerteza, mas a situação fiscal permite um pouco de ousadia nos planos”, completa.

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Professor de Administração Pública da FGV-SP, Gustavo Fernandes destaca que o plano de Covas representa uma continuidade, que cabe, em tese, no orçamento. Segundo ele, as metas de Boulos também são factíveis. “E isso ocorre mesmo em função da renegociação da dívida, que nos permitiu ampliar o endividamento de São Paulo, desde que com responsabilidade. Isso é importante destacar”, diz o professor.

Para Fernandes, não se deve contar, no entanto, com fontes incertas, como renegociação de contratos e recuperação da dívida ativa.

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Candidatos divergem na execução dos recursos 

A fonte de recursos que vai bancar as promessas em cada plano de governo é uma das principais diferenças entre os dois candidatos que disputam o segundo turno das eleições na cidade de São Paulo. Com um programa mais caro, Boulos tem defendido usar o caixa da Prefeitura, que tem R$ 11,2 bilhões em recursos livres para investimento, entre outras fontes de receita. O prefeito é contra a medida, e diz que o saque desse caixa teria de ser compensado posteriormente.

“Vou retomar a taxa de investimento anterior (à gestão Doria), que foi de R$ 20 bilhões em quatro anos”, disse Boulos durante a sabatina do Estadão, na quarta-feira passada. “Cabe no Orçamento da cidade, que é de R$ 70 bilhões ao ano.”

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Covas comparou a retirada de verbas do caixa a um empréstimo no banco. “Que bom que a Prefeitura não teve de entrar no ‘cheque especial’ para poder pagar todas as ações”, comentou Covas, também durante sua sabatina, na quinta-feira. 

Em seu plano, o candidato do PSOL ainda promete aumentar a contratação no serviço público, com prioridade para as áreas de saúde, assistência social e educação. Entre os contratados também estariam procuradores municipais. Boulos diz que pode aumentar a arrecadação ao cobrar grandes devedores – por meio de mais servidores e digitalização de processos.

Já o programa de Covas fala em novas privatizações e concessões municipais, mas não detalha quais áreas teriam prioridade nesse plano. 

Desde a eleição da chapa com João Doria, em 2016, a Prefeitura tem defendido essas medidas como forma de liberar espaço no Orçamento para ações prioritárias.

Os planos de governo dos candidatos que disputam o segundo turno em São Paulo têm custos superiores aos investimentos realizados pela Prefeitura nos últimos quatro anos. Guilherme Boulos (PSOL) prevê gastar cerca de 137% a mais e Bruno Covas (PSDB), o atual prefeito, estima ampliar em 50% o total de recursos destinados a novas obras ou políticas públicas. De 2017 até agora, a Prefeitura aplicou R$ 12,2 bilhões em melhorias diversas na cidade, cerca de 40% a menos que a administração anterior, de Fernando Haddad (PT).

Em ambas as listas constam gastos altos com ações para zerar a fila das creches, promover melhorias na mobilidade urbana, dotar as salas de aula da rede municipal com internet e ainda urbanizar favelas e construir moradias populares. Apesar de se apresentarem como opções totalmente distintas ao eleitorado, Covas e Boulos convergem em muitas propostas.

A avaliação dos planos, no entanto, mostra que Boulos tem promessas mais dispendiosas. Para custear a meta de oferecer tarifa zero para desempregados e estudantes no transporte, por exemplo, o candidato prevê gastar R$ 4 bilhões ao longo do mandato, a mesma quantia prevista para uma de suas prioridades: a construção de moradias populares. Segundo ele, serão 100 mil. 

O tucano planeja investimentos mais volumosos em inovações na educação, como a compra de 465 mil tablets para estudantes, avaliada em R$ 821 milhões, e a construção de 90 km de corredores de ônibus – Boulos fala em 120 km. Na média, o custo de cada km de corredor é de R$ 48 milhões, segundo cálculos feitos por especialistas da Rede Nossa São Paulo. 

Os valores foram obtidos pela reportagem com as campanhas dos candidatos e depois checados com os preços praticados no mercado ou mesmo previstos no plano de metas da atual gestão. Há divergências. O custo do metro quadrado de calçada reformada previsto agora por Covas é de R$ 170, enquanto seu próprio plano do governo estipula em R$ 400. 

“Os custos não condizem com valores apresentados anteriormente ou até mesmo conhecido por especialistas”, diz Carolina Guimarães, coordenadora da entidade.

Obras de conjunto habitacional na zona leste Foto: Alex Silva/Estadão

Demandas

Diante da crise econômica acentuada pela pandemia de covid-19, analistas econômicos ouvidos pelo Estadão afirmam que qualquer plano de futuro deve ter os pés no chão e compromissos com as necessidades da população. 

“É uma equação delicada. As possibilidades fiscais exigem gestão. Nunca é uma conta exata e deve ser um processo de equilíbrio para não se acomodar nem exceder o cenário fiscal”, diz a economista Mariana Almeida, que é superintendente da Fundação Tide Setubal e professora do Insper.

Segundo a especialista, São Paulo recuperou sua capacidade de endividamento, após a renegociação da dívida da capital com a União feita pela gestão Haddad. “Em função disso, pôde ampliar o investimento. Esse é um processo que ainda está amadurecendo. É claro que há muita incerteza, mas a situação fiscal permite um pouco de ousadia nos planos”, completa.

Professor de Administração Pública da FGV-SP, Gustavo Fernandes destaca que o plano de Covas representa uma continuidade, que cabe, em tese, no orçamento. Segundo ele, as metas de Boulos também são factíveis. “E isso ocorre mesmo em função da renegociação da dívida, que nos permitiu ampliar o endividamento de São Paulo, desde que com responsabilidade. Isso é importante destacar”, diz o professor.

Para Fernandes, não se deve contar, no entanto, com fontes incertas, como renegociação de contratos e recuperação da dívida ativa.

Candidatos divergem na execução dos recursos 

A fonte de recursos que vai bancar as promessas em cada plano de governo é uma das principais diferenças entre os dois candidatos que disputam o segundo turno das eleições na cidade de São Paulo. Com um programa mais caro, Boulos tem defendido usar o caixa da Prefeitura, que tem R$ 11,2 bilhões em recursos livres para investimento, entre outras fontes de receita. O prefeito é contra a medida, e diz que o saque desse caixa teria de ser compensado posteriormente.

“Vou retomar a taxa de investimento anterior (à gestão Doria), que foi de R$ 20 bilhões em quatro anos”, disse Boulos durante a sabatina do Estadão, na quarta-feira passada. “Cabe no Orçamento da cidade, que é de R$ 70 bilhões ao ano.”

Covas comparou a retirada de verbas do caixa a um empréstimo no banco. “Que bom que a Prefeitura não teve de entrar no ‘cheque especial’ para poder pagar todas as ações”, comentou Covas, também durante sua sabatina, na quinta-feira. 

Em seu plano, o candidato do PSOL ainda promete aumentar a contratação no serviço público, com prioridade para as áreas de saúde, assistência social e educação. Entre os contratados também estariam procuradores municipais. Boulos diz que pode aumentar a arrecadação ao cobrar grandes devedores – por meio de mais servidores e digitalização de processos.

Já o programa de Covas fala em novas privatizações e concessões municipais, mas não detalha quais áreas teriam prioridade nesse plano. 

Desde a eleição da chapa com João Doria, em 2016, a Prefeitura tem defendido essas medidas como forma de liberar espaço no Orçamento para ações prioritárias.

Os planos de governo dos candidatos que disputam o segundo turno em São Paulo têm custos superiores aos investimentos realizados pela Prefeitura nos últimos quatro anos. Guilherme Boulos (PSOL) prevê gastar cerca de 137% a mais e Bruno Covas (PSDB), o atual prefeito, estima ampliar em 50% o total de recursos destinados a novas obras ou políticas públicas. De 2017 até agora, a Prefeitura aplicou R$ 12,2 bilhões em melhorias diversas na cidade, cerca de 40% a menos que a administração anterior, de Fernando Haddad (PT).

Em ambas as listas constam gastos altos com ações para zerar a fila das creches, promover melhorias na mobilidade urbana, dotar as salas de aula da rede municipal com internet e ainda urbanizar favelas e construir moradias populares. Apesar de se apresentarem como opções totalmente distintas ao eleitorado, Covas e Boulos convergem em muitas propostas.

A avaliação dos planos, no entanto, mostra que Boulos tem promessas mais dispendiosas. Para custear a meta de oferecer tarifa zero para desempregados e estudantes no transporte, por exemplo, o candidato prevê gastar R$ 4 bilhões ao longo do mandato, a mesma quantia prevista para uma de suas prioridades: a construção de moradias populares. Segundo ele, serão 100 mil. 

O tucano planeja investimentos mais volumosos em inovações na educação, como a compra de 465 mil tablets para estudantes, avaliada em R$ 821 milhões, e a construção de 90 km de corredores de ônibus – Boulos fala em 120 km. Na média, o custo de cada km de corredor é de R$ 48 milhões, segundo cálculos feitos por especialistas da Rede Nossa São Paulo. 

Os valores foram obtidos pela reportagem com as campanhas dos candidatos e depois checados com os preços praticados no mercado ou mesmo previstos no plano de metas da atual gestão. Há divergências. O custo do metro quadrado de calçada reformada previsto agora por Covas é de R$ 170, enquanto seu próprio plano do governo estipula em R$ 400. 

“Os custos não condizem com valores apresentados anteriormente ou até mesmo conhecido por especialistas”, diz Carolina Guimarães, coordenadora da entidade.

Obras de conjunto habitacional na zona leste Foto: Alex Silva/Estadão

Demandas

Diante da crise econômica acentuada pela pandemia de covid-19, analistas econômicos ouvidos pelo Estadão afirmam que qualquer plano de futuro deve ter os pés no chão e compromissos com as necessidades da população. 

“É uma equação delicada. As possibilidades fiscais exigem gestão. Nunca é uma conta exata e deve ser um processo de equilíbrio para não se acomodar nem exceder o cenário fiscal”, diz a economista Mariana Almeida, que é superintendente da Fundação Tide Setubal e professora do Insper.

Segundo a especialista, São Paulo recuperou sua capacidade de endividamento, após a renegociação da dívida da capital com a União feita pela gestão Haddad. “Em função disso, pôde ampliar o investimento. Esse é um processo que ainda está amadurecendo. É claro que há muita incerteza, mas a situação fiscal permite um pouco de ousadia nos planos”, completa.

Professor de Administração Pública da FGV-SP, Gustavo Fernandes destaca que o plano de Covas representa uma continuidade, que cabe, em tese, no orçamento. Segundo ele, as metas de Boulos também são factíveis. “E isso ocorre mesmo em função da renegociação da dívida, que nos permitiu ampliar o endividamento de São Paulo, desde que com responsabilidade. Isso é importante destacar”, diz o professor.

Para Fernandes, não se deve contar, no entanto, com fontes incertas, como renegociação de contratos e recuperação da dívida ativa.

Candidatos divergem na execução dos recursos 

A fonte de recursos que vai bancar as promessas em cada plano de governo é uma das principais diferenças entre os dois candidatos que disputam o segundo turno das eleições na cidade de São Paulo. Com um programa mais caro, Boulos tem defendido usar o caixa da Prefeitura, que tem R$ 11,2 bilhões em recursos livres para investimento, entre outras fontes de receita. O prefeito é contra a medida, e diz que o saque desse caixa teria de ser compensado posteriormente.

“Vou retomar a taxa de investimento anterior (à gestão Doria), que foi de R$ 20 bilhões em quatro anos”, disse Boulos durante a sabatina do Estadão, na quarta-feira passada. “Cabe no Orçamento da cidade, que é de R$ 70 bilhões ao ano.”

Covas comparou a retirada de verbas do caixa a um empréstimo no banco. “Que bom que a Prefeitura não teve de entrar no ‘cheque especial’ para poder pagar todas as ações”, comentou Covas, também durante sua sabatina, na quinta-feira. 

Em seu plano, o candidato do PSOL ainda promete aumentar a contratação no serviço público, com prioridade para as áreas de saúde, assistência social e educação. Entre os contratados também estariam procuradores municipais. Boulos diz que pode aumentar a arrecadação ao cobrar grandes devedores – por meio de mais servidores e digitalização de processos.

Já o programa de Covas fala em novas privatizações e concessões municipais, mas não detalha quais áreas teriam prioridade nesse plano. 

Desde a eleição da chapa com João Doria, em 2016, a Prefeitura tem defendido essas medidas como forma de liberar espaço no Orçamento para ações prioritárias.

Os planos de governo dos candidatos que disputam o segundo turno em São Paulo têm custos superiores aos investimentos realizados pela Prefeitura nos últimos quatro anos. Guilherme Boulos (PSOL) prevê gastar cerca de 137% a mais e Bruno Covas (PSDB), o atual prefeito, estima ampliar em 50% o total de recursos destinados a novas obras ou políticas públicas. De 2017 até agora, a Prefeitura aplicou R$ 12,2 bilhões em melhorias diversas na cidade, cerca de 40% a menos que a administração anterior, de Fernando Haddad (PT).

Em ambas as listas constam gastos altos com ações para zerar a fila das creches, promover melhorias na mobilidade urbana, dotar as salas de aula da rede municipal com internet e ainda urbanizar favelas e construir moradias populares. Apesar de se apresentarem como opções totalmente distintas ao eleitorado, Covas e Boulos convergem em muitas propostas.

A avaliação dos planos, no entanto, mostra que Boulos tem promessas mais dispendiosas. Para custear a meta de oferecer tarifa zero para desempregados e estudantes no transporte, por exemplo, o candidato prevê gastar R$ 4 bilhões ao longo do mandato, a mesma quantia prevista para uma de suas prioridades: a construção de moradias populares. Segundo ele, serão 100 mil. 

O tucano planeja investimentos mais volumosos em inovações na educação, como a compra de 465 mil tablets para estudantes, avaliada em R$ 821 milhões, e a construção de 90 km de corredores de ônibus – Boulos fala em 120 km. Na média, o custo de cada km de corredor é de R$ 48 milhões, segundo cálculos feitos por especialistas da Rede Nossa São Paulo. 

Os valores foram obtidos pela reportagem com as campanhas dos candidatos e depois checados com os preços praticados no mercado ou mesmo previstos no plano de metas da atual gestão. Há divergências. O custo do metro quadrado de calçada reformada previsto agora por Covas é de R$ 170, enquanto seu próprio plano do governo estipula em R$ 400. 

“Os custos não condizem com valores apresentados anteriormente ou até mesmo conhecido por especialistas”, diz Carolina Guimarães, coordenadora da entidade.

Obras de conjunto habitacional na zona leste Foto: Alex Silva/Estadão

Demandas

Diante da crise econômica acentuada pela pandemia de covid-19, analistas econômicos ouvidos pelo Estadão afirmam que qualquer plano de futuro deve ter os pés no chão e compromissos com as necessidades da população. 

“É uma equação delicada. As possibilidades fiscais exigem gestão. Nunca é uma conta exata e deve ser um processo de equilíbrio para não se acomodar nem exceder o cenário fiscal”, diz a economista Mariana Almeida, que é superintendente da Fundação Tide Setubal e professora do Insper.

Segundo a especialista, São Paulo recuperou sua capacidade de endividamento, após a renegociação da dívida da capital com a União feita pela gestão Haddad. “Em função disso, pôde ampliar o investimento. Esse é um processo que ainda está amadurecendo. É claro que há muita incerteza, mas a situação fiscal permite um pouco de ousadia nos planos”, completa.

Professor de Administração Pública da FGV-SP, Gustavo Fernandes destaca que o plano de Covas representa uma continuidade, que cabe, em tese, no orçamento. Segundo ele, as metas de Boulos também são factíveis. “E isso ocorre mesmo em função da renegociação da dívida, que nos permitiu ampliar o endividamento de São Paulo, desde que com responsabilidade. Isso é importante destacar”, diz o professor.

Para Fernandes, não se deve contar, no entanto, com fontes incertas, como renegociação de contratos e recuperação da dívida ativa.

Candidatos divergem na execução dos recursos 

A fonte de recursos que vai bancar as promessas em cada plano de governo é uma das principais diferenças entre os dois candidatos que disputam o segundo turno das eleições na cidade de São Paulo. Com um programa mais caro, Boulos tem defendido usar o caixa da Prefeitura, que tem R$ 11,2 bilhões em recursos livres para investimento, entre outras fontes de receita. O prefeito é contra a medida, e diz que o saque desse caixa teria de ser compensado posteriormente.

“Vou retomar a taxa de investimento anterior (à gestão Doria), que foi de R$ 20 bilhões em quatro anos”, disse Boulos durante a sabatina do Estadão, na quarta-feira passada. “Cabe no Orçamento da cidade, que é de R$ 70 bilhões ao ano.”

Covas comparou a retirada de verbas do caixa a um empréstimo no banco. “Que bom que a Prefeitura não teve de entrar no ‘cheque especial’ para poder pagar todas as ações”, comentou Covas, também durante sua sabatina, na quinta-feira. 

Em seu plano, o candidato do PSOL ainda promete aumentar a contratação no serviço público, com prioridade para as áreas de saúde, assistência social e educação. Entre os contratados também estariam procuradores municipais. Boulos diz que pode aumentar a arrecadação ao cobrar grandes devedores – por meio de mais servidores e digitalização de processos.

Já o programa de Covas fala em novas privatizações e concessões municipais, mas não detalha quais áreas teriam prioridade nesse plano. 

Desde a eleição da chapa com João Doria, em 2016, a Prefeitura tem defendido essas medidas como forma de liberar espaço no Orçamento para ações prioritárias.

Os planos de governo dos candidatos que disputam o segundo turno em São Paulo têm custos superiores aos investimentos realizados pela Prefeitura nos últimos quatro anos. Guilherme Boulos (PSOL) prevê gastar cerca de 137% a mais e Bruno Covas (PSDB), o atual prefeito, estima ampliar em 50% o total de recursos destinados a novas obras ou políticas públicas. De 2017 até agora, a Prefeitura aplicou R$ 12,2 bilhões em melhorias diversas na cidade, cerca de 40% a menos que a administração anterior, de Fernando Haddad (PT).

Em ambas as listas constam gastos altos com ações para zerar a fila das creches, promover melhorias na mobilidade urbana, dotar as salas de aula da rede municipal com internet e ainda urbanizar favelas e construir moradias populares. Apesar de se apresentarem como opções totalmente distintas ao eleitorado, Covas e Boulos convergem em muitas propostas.

A avaliação dos planos, no entanto, mostra que Boulos tem promessas mais dispendiosas. Para custear a meta de oferecer tarifa zero para desempregados e estudantes no transporte, por exemplo, o candidato prevê gastar R$ 4 bilhões ao longo do mandato, a mesma quantia prevista para uma de suas prioridades: a construção de moradias populares. Segundo ele, serão 100 mil. 

O tucano planeja investimentos mais volumosos em inovações na educação, como a compra de 465 mil tablets para estudantes, avaliada em R$ 821 milhões, e a construção de 90 km de corredores de ônibus – Boulos fala em 120 km. Na média, o custo de cada km de corredor é de R$ 48 milhões, segundo cálculos feitos por especialistas da Rede Nossa São Paulo. 

Os valores foram obtidos pela reportagem com as campanhas dos candidatos e depois checados com os preços praticados no mercado ou mesmo previstos no plano de metas da atual gestão. Há divergências. O custo do metro quadrado de calçada reformada previsto agora por Covas é de R$ 170, enquanto seu próprio plano do governo estipula em R$ 400. 

“Os custos não condizem com valores apresentados anteriormente ou até mesmo conhecido por especialistas”, diz Carolina Guimarães, coordenadora da entidade.

Obras de conjunto habitacional na zona leste Foto: Alex Silva/Estadão

Demandas

Diante da crise econômica acentuada pela pandemia de covid-19, analistas econômicos ouvidos pelo Estadão afirmam que qualquer plano de futuro deve ter os pés no chão e compromissos com as necessidades da população. 

“É uma equação delicada. As possibilidades fiscais exigem gestão. Nunca é uma conta exata e deve ser um processo de equilíbrio para não se acomodar nem exceder o cenário fiscal”, diz a economista Mariana Almeida, que é superintendente da Fundação Tide Setubal e professora do Insper.

Segundo a especialista, São Paulo recuperou sua capacidade de endividamento, após a renegociação da dívida da capital com a União feita pela gestão Haddad. “Em função disso, pôde ampliar o investimento. Esse é um processo que ainda está amadurecendo. É claro que há muita incerteza, mas a situação fiscal permite um pouco de ousadia nos planos”, completa.

Professor de Administração Pública da FGV-SP, Gustavo Fernandes destaca que o plano de Covas representa uma continuidade, que cabe, em tese, no orçamento. Segundo ele, as metas de Boulos também são factíveis. “E isso ocorre mesmo em função da renegociação da dívida, que nos permitiu ampliar o endividamento de São Paulo, desde que com responsabilidade. Isso é importante destacar”, diz o professor.

Para Fernandes, não se deve contar, no entanto, com fontes incertas, como renegociação de contratos e recuperação da dívida ativa.

Candidatos divergem na execução dos recursos 

A fonte de recursos que vai bancar as promessas em cada plano de governo é uma das principais diferenças entre os dois candidatos que disputam o segundo turno das eleições na cidade de São Paulo. Com um programa mais caro, Boulos tem defendido usar o caixa da Prefeitura, que tem R$ 11,2 bilhões em recursos livres para investimento, entre outras fontes de receita. O prefeito é contra a medida, e diz que o saque desse caixa teria de ser compensado posteriormente.

“Vou retomar a taxa de investimento anterior (à gestão Doria), que foi de R$ 20 bilhões em quatro anos”, disse Boulos durante a sabatina do Estadão, na quarta-feira passada. “Cabe no Orçamento da cidade, que é de R$ 70 bilhões ao ano.”

Covas comparou a retirada de verbas do caixa a um empréstimo no banco. “Que bom que a Prefeitura não teve de entrar no ‘cheque especial’ para poder pagar todas as ações”, comentou Covas, também durante sua sabatina, na quinta-feira. 

Em seu plano, o candidato do PSOL ainda promete aumentar a contratação no serviço público, com prioridade para as áreas de saúde, assistência social e educação. Entre os contratados também estariam procuradores municipais. Boulos diz que pode aumentar a arrecadação ao cobrar grandes devedores – por meio de mais servidores e digitalização de processos.

Já o programa de Covas fala em novas privatizações e concessões municipais, mas não detalha quais áreas teriam prioridade nesse plano. 

Desde a eleição da chapa com João Doria, em 2016, a Prefeitura tem defendido essas medidas como forma de liberar espaço no Orçamento para ações prioritárias.

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