RECIFE - A morte do presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Guilherme Uchoa, nesta terça-feira, 3, alterou o ambiente político estadual a menos de 45 dias do início da campanha para as eleições 2018. Cientistas políticos ouvidos pelo Estado acreditam que a ausência do parlamentar, que por 12 anos presidiu a Casa, aumenta a pressão sobre o governo Paulo Câmara (PSB), já que o PP, mesmo sendo da base, chega à presidência da Casa almejando ampliar o poder da legenda.
Pelo regimento da Alepe, primeiro vice-presidente, o deputado estadual Cleiton Collins (PP), assume interinamente o comando da casa por cinco sessões plenárias ordinárias. Depois disso precisa convocar novas eleições. Como a Assembleia entrou em recesso nesta terça-feira, o pleito só deve ocorrer em agosto.
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“Este período de recesso será decisivo para o governo, pois precisará trabalhar muito para que seja eleito um aliado que não altere os planos de composição da chapa majoritária. A morte de Uchoa neste momento de reestruturação de alianças se tornou fator decisivo no cenário local, podemos dizer que a campanha começa agora”, disse o cientista político e professor do Centro Universitário Guararapes Isaac Luna.
De acordo com Luna, a lacuna deixada por Uchoa coloca o PP em outro patamar no Estado. O partido é maioria na Assembleia pernambucana, ocupando 14 das 49 cadeiras. No poder Executivo, o PP comanda o Porto de Suape, Instituto de Pesos e Medidas (Ipem), Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe), as secretarias de Desenvolvimento Social e Desenvolvimento Econômico, além da administração de Fernando de Noronha.
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“O PP assume um papel estratégico e agora passa a ter mais um argumento para exigir seu espaço na chapa. A pré-candidatura ao Senado pode ter sido decidida agora com o falecimento de Uchoa”, afirmou Luna.
O deputado estadual e presidente em exercício da Alepe, Cleiton Collins, já acenou que o objetivo é mesmo ampliar o espaço do seu partido. Ele disse que pretende costurar imediatamente uma aliança com os parlamentares pernambucanos para que ele possa, pelo menos, concluir o biênio, que se encerra em janeiro de 2019, no comando da casa.
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“Vou conversar com as bancadas e os líderes partidários de forma que a gente possa achar essa harmonia. Temos poucos meses, estamos dentro de uma campanha e temos projetos importantes que a casa precisa deliberar. Estou deixando para discutir tudo isso amanhã (nesta quarta-feira, 4)”, afirmou.
Para o cientista político e professor da Universidade Federal de Campina Grande (PB) Leon Victor Queiroz, o governo Paulo Câmara deverá ceder à pressão e apoiar o PP na eleição para a mesa diretora da Assembleia. “O PP vai se aproveitar desse tamanho que tem agora e com o apoio do Palácio do Campo das Princesas deve eleger o presidente, até porque o governo não vai querer se indispor com o maior partido que tem na base durante este período de pré-campanha”, disse.
O professor de ciência política da Universidade Federal de Pernambuco Adriano Oliveira também aposta que o PP deverá brigar pela presidência da Assembleia e por uma vaga na majoritária, porém o governo deverá “mostrar sua força” e conter os ânimos do partido. “Não deve mudar em nada a eleição para governador e senador com a morte de Uchoa. A movimentação do PP vai causar muita turbulência, mas nada de concreto. Acredito que quem tem o poder para decidir o novo presidente da Assembleia é o governo”, declarou.