BRASÍLIA - O resultado do segundo turno das eleições municipais de 2020 confirmou o pior desempenho de deputados federais e senadores candidatos na disputa pelas prefeituras desde 1992. Dos 69 congressistas que foram candidatos a prefeito ou a vice-prefeito neste ano, apenas 12 se elegeram, aponta levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Nunca houve um número tão baixo desde 1992, início da série histórica. O estudo considera aqueles candidatos que estiveram no exercício do mandato na Câmara ou no Senado durante a campanha.
Do total de parlamentares "prefeitáveis", 57 terminaram a eleição municipal derrotados. Além do número absoluto, o desempenho também foi o pior na proporção entre congressistas candidatos e vencedores, considerando a série histórica do Diap: apenas 17%. Esta também foi a eleição com o menor número de integrantes do Congresso Nacional como candidatos na disputa pelo Executivo municipal. No Senado, nenhum dos dois candidatos foi eleito, confirmando uma tendência desde a redemocratização: dos 32 que se candidataram para prefeito na Casa, apenas seis se elegeram no período.
Um dos motivos apontados é a pandemia de covid-19, que desmotivou parlamentares a assumirem prefeituras com dificuldades financeiras e provocou uma eleição difícil para novatos. Dos 69 candidatos, 40 estão no primeiro mandato no Congresso Nacional. "O eleitor optou por prefeitos em reeleição ou de tradição política nos municípios. Esses novatos, como não vieram de um ambiente de construção nos municípios, mas vieram na onda da antipolítica e do bolsonarismo, de fato não conseguiram emplacar", comentou o analista político do Diap Neuriberg Dias ao Estadão/Broadcast Político.
Considerando os 12 vitoriosos, sete deles são de partidos que se colocam entre o centro e a direita do cenário político. O resultado também expressa o quadro geral da eleição, que acabou beneficiando candidatos fora dos extremos. "A centro direita e o centro deram a tônica para a eleição dos parlamentares na disputa municipal. Esses grupos consolidaram a função eleitoral e mostraram ter mais força para a eleição das presidências da Câmara e do Senado, em 2021, e para a eleição presidencial de 2022", afirmou o analista.
O número de eleitos ainda pode ficar menor. O deputado Wladimir Garotinho (PSD) foi o mais votado na disputa pela prefeitura de Campos dos Goytacazes (RJ), eleição que foi para o segundo turno. A candidatura, no entanto, está sub judice e ainda será julgada pela Justiça Eleitoral. Só com aval do Tribunal Regional Eleitoral é que a vitória poderá ser confirmada.
Eleição faz PT cair e empatar com PSL como maior partido da Câmara
Com a dança das cadeiras após as eleições, a bancada do PT vai perder a liderança isolada de maior partido da Câmara. A deputada Margarida Salomão (PT-MG) foi eleita prefeita de Juiz de Fora (MG) e o suplente Aelton de Freitas (PL-MG), filiado a um partido do Centrão, assumirá o mandato no lugar dela. Com isso, o PT passará de 54 deputados em exercício, para 53, empatado com o tamanho do PSL na Casa.
O PL, por sua vez, vai crescer e elevar a bancada para 42 parlamentares sob a liderança de Wellington Roberto (PL-PB). Quem também vai reduzir de tamanho é o PSB. O deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB), venceu o segundo turno da eleição em Maceió e vai comandar a capital alagoana. Na Câmara, ele dará lugar para Pedro Vilela, do PSDB.
Vilela foi eleito deputado federal nas eleições de 2014, mas não conseguiu se reeleger em 2018 e ficou como suplente da coligação. Sua entrada agora na Câmara aumenta a bancada tucana para 32 deputados.
O PSB também elegeu João Campos para a prefeitura de Recife. O suplente é Milton Coelho da Silva Neto, do mesmo partido, o que não altera o tamanho da bancada. O Patriota pode aumentar sua bancada caso Wladimir Garotinho (PSD-RJ) assuma a prefeitura de Campos do Goytacazes. Eleito, o parlamentar ainda depende da Justiça Eleitoral para ser confirmado no cargo. O suplente na fila é Ricardo Correa de Barros (Patriota-RJ).