São Paulo - Depois do apoio da família de Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco morto em agosto, e de Marina Silva (PSB), candidata mais votada no Estado no 1.º turno, o tucano Aécio Neves esperava melhorar seu desempenho em um dos mais importantes colégios eleitorais do Nordeste e, com isso, abrir um flanco na região mais petista do País. Parte da missão funcionou: o candidato do PSDB subiu dos 6% obtidos no dia 5 para 30% dos votos válidos no domingo passado, 26, mas ainda assim ficou atrás da presidente reeleita Dilma Rousseff (PT). A sempre lembrada "transferência de votos", como de costume, não existiu. A única exceção foi uma cidade quase na divisa com a Paraíba: Taquaritinga do Norte, a 180 quilômetros do Recife.
No 1º turno, Marina recebeu 47,72% dos votos válidos, e foi seguida por Dilma, com 36,86%, e Aécio Neves, com 14,15%. Nas três semanas que separaram os turnos, o tucano virou o jogo. No domingo, 26, ele teve 51,52% dos votos, contra 48,48% da presidente. O funcionário público Ronaldo Veiga, de 35 anos, foi um dos eleitores de Marina que migrou para Aécio.
"Escolhi a Marina por uma sede de mudanças. No 2º turno, entre mudar ou ficar com o que a gente já conhece, preferi mudar pra arriscar", afirma.
Atualmente, o Executivo de Taquaritinga é comandado por um prefeito filiado ao PSB. Para Veiga, este é um dos motivos pelos quais Marina recebeu uma grande votação no 1º turno. "Havia muita campanha para ela na cidade. No 2º turno, já não tinha mais tanta de nenhum dos dois candidatos."
A cidade pernambucana tem cerca de 27 mil habitantes e fica no agreste do Estado. No 2º turno das eleições presidenciais de 2010, Taquaritinga votou em peso em Dilma. A petista levou 59,97% dos votos válidos e José Serra (PSDB), seu adversário à época, 40,03%. Há quatro anos, todas as cidades pernambucanas votaram em Dilma.
"De dois anos para cá, os recursos repassados da União para o município diminuíram. Acho que isso influenciou da queda de votos de Dilma", diz o funcionário público.