Último presidenciável a participar da Sabatina Estadão-Faap, o candidato do PSDB à Presidência da República nas eleições 2018, Geraldo Alckmin, disse nesta quinta-feira, 6, que o presidente Michel Temer carece de legitimidade, em meio a críticas públicas do emedebista à sua campanha, e considerou a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL)"um passaporte para a volta do PT ao poder". O tucano também relativizou os números da pesquisa Estadão/Ibope/TV Globo, que o colocou em quarto lugar na corrida presidencial, e fez um aceno ao eleitorado feminino ao criticar a violência contra a mulher e a desigualdade salarial entre gêneros.
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"O PSDB votou naquilo que acredita e não é por ser do governo", disse Alckmin. "Na época defendi não participar do governo. O problema não são os ministros é o presidente, que não tem a liderança que precisa ter nem a legitimidade que precisa ter."
Entre a noite de quarta-feira, 5, e a manhã desta quinta, Temer publicou dois vídeos em suas redes sociais nos quais vincula Alckmin e seus aliados a seu governo e pede que o tucano "não minta" para conquistar votos.
Sobre Bolsonaro, Alckmin considerou que o candidato do PSL é o melhor cenário para uma candidatura do PT sair-se vencedora no segundo turno. "No fundo, muita gente está votando no Bolsonaro como anti-PT. O PT vai poupar o Bolsonaro. Eles só batem em mim. Tudo que eles querem é um segundo turno com Bolsonaro", disse o tucano, que fecha a série de sabatinas Estadão-Faap com Presidenciáveis. "Não é que Bolsonaro traga risco, ele é fraco, 28 anos de carreira política, é corporativismo puro."
O ex-governador disse também que os anúncios de sua campanha sobre Bolsonaro consistem em mostrar as posições do candidato do PSL para que a população se informe. "Se ele falou besteira, o problema é dele", afirmou.
O candidato tucano disse que ainda é cedo para fazer prognósticos sobre a pesquisa Ibope, que o colocou em quarto lugar, com 9% das intenções de voto, empatado tecnicamente com Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT), que têm 12% . Na avaliação do tucano, a campanha começa para valer na próxima semana e o levantamento não captou ainda o impacto do programa eleitoral no rádio e na TV, no qual ele detém o maior tempo entre os candidatos. Aliados de Alckmin veem sua baixa rejeição como fato positivo. Ainda de acordo com o levantamento, Bolsonaro ficou com 22% e Fernando Haddad, o provável substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chegou a 6%, também empatado com o tucano dentro da margem de erro.
Alckmin busca antagonismo com Bolsonaro
Na sabatina, o ex-governador esforçou-se em distanciar de Bolsonaro e fazer um aceno ao eleitorado feminino - considerado ponto fraco do rival - ao criticar os altos índices de violência contra a mulher no País. Ele também condenou a desigualdade salarial entre os gêneros e citou o exemplo de outros países, como a Alemanha, que criaram leis para diminuir essa diferença.
"Tem um machismo. Antigamente, o advogado assassinava a mulher e ainda o advogado do réu ia para a tribuna defender", disse. "É preciso agir duro. É uma discussão que vale a pena aprofundar. A civilização estabelece regras de convívio em sociedade, é óbvio que temos que fazer justiça às mulheres. São Paulo foi o primeiro Estado do Brasil a criar delegacia de defesa da mulher".
Apesar disso, Alckmin disse ser favorável à manutenção da legislação atual sobre o aborto. "Não vejo razão para mudar (a legislação de aborto). O que precisamos é evitar a gravidez indesejada",afirmou.
Ainda na questão das pautas identitárias, o tucano defendeu as cotas em universidades. "A USP tem. A Unesp, a Unicamp tem. E o Centro Paula Souza tem", disse.
Questionado sobre a aliança com o Centrão e a voracidade do grupo de partidos no governo, o tucano disse que escolheria os melhores quadros de cada partido para seu ministério.
Alckmin foi o sexto e último candidato a participar da sabatina do Estado feita em parceria com a Faap para as eleições presidenciais 2018.
A série de encontros Estadão-Faap começou em 27 de agosto e entrevistou Alvaro Dias (Podemos), João Amoêdo (Novo), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Henrique Meirelles (MDB). O candidato Jair Bolsonaro (PSL) declinou do convite e a participação de Fernando Haddad, vice na chapa do ex-presidente Lula, foi suspensa até que a situação do registro do PT na Justiça esteja resolvida.