A negociação do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), com o ex-prefeito Gilberto Kassab, que planeja lançar o gaúcho à Presidência da República pelo PSD, tem causado indignação entre os tucanos. Os dois se reuniram na manhã desta quinta-feira, 15, em São Paulo e estão próximos de chegar a um acordo.
Segundo o tesoureiro nacional do PSDB, César Gontijo, a provável saída de Eduardo Leite do partido será um "desastre financeiro". O dirigente tucano lembrou que o gaúcho recebeu R$ 1,2 milhão da legenda para disputar as prévias contra o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio e o governador de São Paulo, João Doria, que venceu a disputa interna.
"As prévias custaram R$ 10 milhões e só aconteceram porque Eduardo Leite se comprometeu a ficar na legenda se perdesse. É uma questão ética. Por isso fizemos esse investimento. Ele vai enterrar a carreira se sair do PSDB. Quem vai acreditar em Eduardo Leite depois disso?", afirmou Gontijo ao Estadão.
Ainda segundo o tesoureiro, o governador do Rio Grande do Sul até agora não chamou a direção do partido para conversar.
Ana Amélia no PSD
Nesta quarta-feira, 16, Kassab e Leite estarão juntos em Porto Alegre no evento de filiação da ex-senadora Ana Amélia ao PSD. Egressa do Progressistas, ela chega ao novo partido após negociação combinada com o governador, inclusive porque é secretária de Relações Federativas e Internacionais do Rio Grande do Sul. Integrante da executiva nacional do PSD, o sindicalista Ricardo Pattah, presidente da UGT, disse que a legenda vai estender o "tapete vermelho" para Leite e defendeu o governador das críticas dos tucanos. "Sou contra qualquer patrulhamento ideológico. Como dizia Tancredo Neves, política é como nuvem. Se ele não está à vontade no PSDB, tem uma janela partidária que permite mudar", afirmou Pattah. A expectativa da cúpula do PSD é que Leite formalize a adesão à sigla na semana que vem. Após se reunir com Kassab de manhã, na tarde desta terça, 15, Leite tem encontro marcado com integrantes do PSDB que o apoiaram nas prévias, como o senador Tasso Jereissati (CE) e o deputado Aécio Neves (MG).