O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou na noite desta sexta-feira, 21, em evento em São Paulo, que o Brasil precisa de uma "utopia viável". Sem citar nominalmente nenhum candidato à Presidência da República nas eleições 2018, FHC afirmou, dentro de um contexto eleitoral, que o Brasil vai "trepidar" e que é preciso saber se "alguém" tem plano de voo para enfrentar o atual momento, classificado por ele como "difícil".
FHC participou de uma conversa com o ex-presidente americano Bill Clinton promovida pela XP Investimentos. Ao comparar a eleição a um voo, o tucano disse ainda que a circunstância não garante um bom caminho. Segundo ele, falta horizonte ao brasileiro.
Diante de Clinton, o ex-presidente brasileiro citou a Operação Lava Jato para ilustrar a falta de confiança da sociedade nas instituições políticas e criticou os partidos pela ausência de ideologia. Resgatar essa confiança faz parte, segundo FHC, de um processo que combata o ódio e a raiva presentes no dia a dia político.
Clinton falou sobre os riscos do "nós contra ele" e defendeu a diversidade, a união entre pessoas de nacionalidade diferentes em prol da democracia. "O mundo seria melhor se fossemos mais inclusivos", afirmou Clinton.
Nesta quinta-feira, 20, FHC divulgou uma carta aos eleitores na qual faz um apelo para conter o que classificou como “marcha da insensatez”.
FHC afirmou que “ante a dramaticidade do quadro atual, ou se busca a coesão política, com coragem para falar o que já se sabe e a sensatez para juntar os mais capazes para evitar que o barco naufrague, ou o remendo eleitoral da escolha de um salvador da Pátria ou de um demagogo, mesmo que bem intencionado, nos levará ao aprofundamento da crise econômica, social e política.”
No evento, FHC foi mais genérico e otimista. Disse que o mais o preocupa é o ódio que não aceita a opinião do outro. Mas afirmou ter crença de que "muitas coisas nos unem e que vamos dar certo".
Clinton apelou para que, mesmo quem não participe do processo eleitoral como candidato, seja ativo politicamente. "A democracia está passando por uma fase difícil. O truque do mundo moderno é reconhecer as diferenças dos outros num tribalismo positivo", encerrou.