Os candidatos ao governo do Estado de São Paulo João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB) disputarão a vaga no segundo turno. Doria ficou com 31,77% dos votos e França, 21,53%.
França foi a grande surpresa do pleito. Ele já vinha mostrando uma trajetória de melhora nas pesquisas Ibope, mas estava atrás de Paulo Skaf (MDB), em terceiro lugar, até o último levantamento, no sábado, atrás dele em 12 pontos. O emedebista terminou com 21,1% dos votos.
Há 16 anos não se via um segundo turno no Estado. Na última vez em que isto ocorreu, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) enfrentou o petista José Genoino. Em seguida, foram três vitórias tucanas consecutivas em primeiro turno, com José Serra (2006), e Alckmin (2010 e 2014).
Embora Doria tenha passado para a segunda etapa do pleito em primeiro lugar, o número de votos alcançados por ele (6,3 milhões) foi o menor de um candidato tucano ao governo do Estado desde 1998, quando Mário Covas passou em segundo lugar, com 3,8 milhões de votos, contra Paulo Maluf. Nas quatro eleições estaduais seguintes, o postulante do PSDB sempre registrou entre 7,5 milhões de votos e 12,3 milhões, este último registrado por Serra na eleição de 2006.
A eleição deste ano em São Paulo bateu outra marca de 1998: foi a disputa mais apertada entre dois candidatos brigando por uma vaga no segundo turno desde o processo de redemocratização do País, em 1985.
Em 1998, Covas passou ao segundo turno com apenas 74,4 mil votos a frente de Marta Suplicy, então no PT, terceira colocada. No pleito deste ano, a diferença entre França e Skaf com 99% das urnas apuradas era de apenas 70,5 mil.
Mesmo antes de todas as urnas terem sido apuradas, França já comemorava o resultado parcial em seu Twitter. Ele publicou uma foto com a mulher e a frase “quem espera sempre alcança”. Durante toda a apuração, França ficou praticamente empatado com Skaf, mas virou no fim da apuração. A boca de urna divulgada pelo Ibope às 19h mostrava Skaf e França empatados, ambos com 21%. A disputa entre os dois seguiu voto a voto.
Quando foi votar, na Escola Estadual Ludovina Credídio Peixoto, no Itaim Bibi, na zona sul, França ironizou o ex-prefeito de São Paulo. “Votei no Alckmin com orgulho. Doria votou contrariado. Todo mundo sabe que ele queria ser candidato à Presidência da República e o governo do Estado é um prêmio de consolação que ele foi buscar.” França também disse que o presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, não estava melhor nas pesquisas pelas circunstâncias emocionais que a campanha tomou. “A eleição começou e acabou com aquela facada”, em referência ao atentado contra Bolsonaro.
Doria, que votou no Colégio St. Paul’s, na zona sul, declarou ter dado um “voto solidário” a Alckmin. Ele também afirmou que não tem preferência de adversário para o segundo turno. “Eu não escolho candidato, eu disputo e venço candidato.”
Doria e França: provocações e ataques durante campanha
Doria e França já vinham rivalizando desde o início da campanha, com provocações mútuas e ataques constantes durante os debates na televisão. Em abril, Doria chegou a chamá-lo de “Márcio Cuba”, tentando colar nele a imagem de esquerdista. O tucano também fez vídeos criticando o candidato do PSB. Já França vinha insistindo na ideia de que Doria abandonou seus eleitores ao deixar a Prefeitura antes de cumprir o mandato para disputar o governo do Estado.
Em quarto lugar ficou o petista Luiz Marinho (PT), com 12,66% dos votos, seguido de Major Costa e Silva (DC), com 3,69%, Rogério Chequer, com 3,32%, Rodrigo Tavares (PRTB), com 3,21%, Professora Lisete, com 2,51%, Professor Claudio Fernando, com 0,14% e Toninho Ferreira com 0,08%. Não foram divulgados votos dos candidatos Marcelo Cândido (PDT) e Lilian Miranda (PCO).
Rejeição é entrave para Doria
O principal entrave de Doria segue sendo a rejeição. Depois de cair de 33% para 29%, ela voltou a oscilar para cima na pesquisa deste sábado, indo a 31%. É o candidato mais rejeitado pelos eleitores. França, por outro lado, tinha um índice de rejeição de 9% na última pesquisa Ibope, do sábado, 6. Já França enfrentava a dificuldade de ser desconhecido da população no início da campanha. /COLABOROU GILBERTO AMÊNDOLA