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Estadão receberá ao longo da semana os candidatos a vice-prefeito de São Paulo. Nesta quinta-feira, o convidado é Ivan Valente (PSOL), vice na chapa de Luiza Erundina (PSOL)
O candidato a vice na chapa de Luiza Erundina (PSOL), deputado federal Ivan Valente (PSOL), rebateu hoje, em sabatina no Grupo Estado, a tese propagada pelo candidato do PT, Fernando Haddad, e seus correligionários de que ele é a candidatura viável de esquerda para disputar o segundo turno neste pleito. "Essa questão não se coloca neste momento, o candidato Haddad teve três minutos de TV contra 10 segundos nossos e a rejeição de sua administração e de seu partido são muito altas", afirmou Valente, lembrando que pesquisas já detectaram que apenas 20% dos votos do PSOL e de Erundina poderiam migrar para o voto útil na iminência de aposta numa candidatura de esquerda que pudesse fazer frente ao atual cenário, com João Doria (PSDB) e Celso Russomanno (PRB) como potenciais candidatos ao segundo turno. E reitera que o PSOL é a única candidatura verdadeiramente de esquerda.
O vice na chapa de Luiza Erundina destacou também, na entrevista, que a questão do voto útil não está colocada no atual cenário porque tanto Erundina, quanto Haddad e Marta Suplicy (PMDB) oscilaram positivamente na mesma proporção, em 1%, na última pesquisa Ibope, divulgada na quarta-feira, 28. E argumentou que há um pragmatismo onde o eleitor pode ou não optar por esse caminho "Então, acredito que essa questão se resolve com a melhor proposta e a melhor candidatura, que é a nossa."
O deputado disse que tempo de TV tem uma influência muito grande na informação, mas há parcela do eleitorado informada e definida ideologicamente. "Quero lembrar que em 1988 Erundina tinha 7% dos votos e ganhou a eleição (para a Prefeitura), nesta eleição o Doria com toda a máquina (do governo estadual) parou de crescer, Russomanno vem caindo, outros sobem um pouco, então por tudo que aconteceu neste ano, podemos ter surpresa nesta reta final de campanha."
Indagado se o eleitor menos informado pode achar que Erundina, Haddad e Marta são todos ligados ao PT, Valente disse que ainda era muito identificada com o PT na periferia. "Quando começaram a esclarecer (sua ligação com o PMDB de Michel Temer), ela (Marta) começou a cair nas pesquisas. Haddad também tentou se diferenciar do próprio PT e com um gestor." Ao falar novamente do voto útil, disse que isso pode até acontecer, mas lembrou que muita coisa aconteceu no Brasil recentemente e frisou que "a única legenda que passou incólume a todos os escândalos foi o PSOL." E emendou: "Há um eleitorado sedento por transformações,por maior participação popular, não acreditando que se governa com base em mensalão, esse eleitorado é o que tem maior preferência por nosso partido. O PSOL é forte e Erundina tem um bom recall popular."
Na entrevista, o vice de Erundina falou também de uma das bandeiras de sua chapa, o Passe Livre no transporte coletivo da capital. E reiterou que a tarifa zero poderia ser implantada inicialmente, por exemplo, aos finais de semana e no transporte entre os bairros, antes de ser estendida. Valente defendeu também uma "justa reforma tributária", com taxação dos mais ricos, citando como exemplo o candidato tucano João Doria, "que disse num debate que paga R$ 250 mil de IPTU da mansão que ele tem, de valor venal de R$ 12 milhões, mas na verdade ele deveria pagar mais de R$ 1 milhão porque a mansão vale muito mais. Esses é que têm de pagar, 98% da população não deveria nem pagar IPTU, quem paga imposto é o pobre, através do ICMS."
Valente disse ainda que não descarta a tentativa do parlamento tentar voltar com o financiamento privado de campanha. "Há uma enorme pressão no Congresso, sem contratar cabos eleitorais, marqueteiros famosos, certamente eles vão tentar." Mas disse que defende o voto em lista, defendido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Sou favorável ao fortalecimento dos partidos."